Capítulo 116 - No dia seguinte

De imediato, ao abrir os olhos, Grissom se assustou, pois a primeira imagem que vira foi de uma cabeleira loira espalhada sobre seu peito nu.

O que foi que houve aqui?

Sua pergunta feita em pensamento foi logo respondida pelos vários flashes da noite passada, que vieram pipocando aos montes em sua mente.

Ele e Teri tinham passado a noite juntos. Conseguia agora recordar-se ainda que vagamente deles ali, naquela cama, juntos.

Céus! Aquilo jamais devia ter acontecido!

Ele não podia ter cedido às investidas dela e deixado que as coisas fossem adiante e chegassem aonde chegaram.

Olhou para o chão do quarto e viu suas roupas – todas as peças - misturadas as de Teri que se encontravam jogadas e espalhadas por ali. Novamente sua mente gritou e protestou que aquilo jamais devia ter acontecido.

Como pode deixar que algo assim viesse a acontecer?

Se encontrava completamente arrependido por ter consentido que aquela situação ocorresse. Não sentia nada por aquela mulher além de amizade, enquanto que Teri ainda era apaixonada por ele.

Grissom tinha quase certeza que o que acontecera, alimentaria as esperanças da loira de quê eles pudessem reatar o que tiveram no passado, coisa que para o supervisor seria impossível de voltar a suceder por ‘’N’’ motivos.

Não se sentia em condições de começar um novo relacionamento com qualquer mulher que fosse, muito menos com Teri a quem não amava. Seu coração apesar de ainda bastante ferido e magoado, continuava a bater fortemente por Sara, a quem Grissom se impôs a dura e árdua tarefa de tentar esquecer e deixar de amar a qualquer custo. Todavia, essa tarefa estava difícil demais de cumprir! Entretanto, encontraria uma forma de conseguir isso. Contudo, por agora, o que ele tinha que fazer era ir embora daquele quarto, daquela casa. Só que antes disso necessitava ter uma conversa franca e sincera com a mulher adormecida sobre seu peito.

Chamou-a uma vez e depois mais duas vezes até que ela foi despertando lentamente.

_Bom dia!

Ele ouviu-a dizer-lhe sorrindo após levantar a cabeça de seu peito. Naquele instante, sentiu-se mal pelo que estava prestes a fazer a ela. Iria magoá-la, só que não tinha outro jeito de ser diferente.

_O que foi? Que cara é essa? - Foi impossível Teri não notar a cara fechada de Grissom.

_Isso não devia ter acontecido, Teri! – Foi tudo o que ele conseguiu dizer enquanto olhando pra ela.

_Por que não? Você é livre e eu também. Qual é o problema?

Ela pôs-se a sentar na cama e ele a imitou.

_O problema é que isso foi um erro, pois não sinto nada além de amizade por você.

Ele precisava ser sincero acima de tudo.

Levou uns segundos pra ela engolir e digerir tais palavras, e logo depois, rebatê-las dizendo que não foi bem isso que pareceu ontem enquanto ele fazia amor com ela naquela cama!

Grissom quis corrigi-la imediatamente dizendo que não havia feito amor coisa alguma com ela, porque só houveram duas mulheres com as quais fez amor nessa vida, e Teri não estava entre essas duas. Entretanto, ele se limitou a apenas dizer que: estava bêbado!

_Vai usar a bebida como desculpa para o que houve aqui?

_Não totalmente. Mas você sabe que ela foi em parte a responsável por ‘’facilitar’’ o que aconteceu!... Desculpe-me, Teri...

Em seu estado ‘’normal’’ essa noite que tiveram jamais aconteceria. Ele jamais cederia a isso. E Teri também sabia disso, tanto que quando supervisor ficou bêbado, ela aproveitou-se dessa oportunidade pra lhe dar o bote certeiro. Não ia desperdiçar essa oportunidade que lhe veio em bandeja de prata.

_Sei que o que houve... – O supervisor retomou sua fala após um breve instante de pausa. _... Fará você ter esperanças de quê talvez possamos vir a ter algo novamente, só que... Isso não será possível. Eu não posso te dar o que quer, Teri!

A bem da verdade é que ele não podia dar a ela e nem a qualquer outra que surgisse em sua vida, um décimo do que deu a Sara durante o relacionamento que teve com a morena. Depois de sua ex, ele não se via tendo relação alguma com outra mulher que fosse.

_Você já me deu na noite passada, Gil. E a julgar pela forma como as coisas entre nós ocorreram aqui... – Ela apontou para a cama. _... Nós ainda podemos perfeitamente tentar um...

_Não, não podemos, entenda! – Ele a interrompeu. Será que era tão difícil assim pra ela compreender que ele não a queria como mulher só como amiga? _Teri, eu só posso ser seu amigo. Sinto muito pelo que houve e por ter criado esperanças em você. Não era minha intenção. Desculpe-me, mas não posso me envolver com você como quer.

Ele levantou-se da cama e após catar suas peças de roupas do chão, começou a vestir-se pra ir embora dali.

Droga! , Teri resmungou em pensamentos, vendo o homem a sua frente vestir-se após ter lhe dito àquelas coisas que ela ainda se recusava a aceitar. Não se dando por vencida após esse ‘’discurso’’ dele. Ela resolveu insistir mais, não desistiria assim dele. Não depois de ter conseguido levá-lo pra cama depois de anos de espera.

_Eu amo você! Será que não pode me dar uma chance de tentar te reconquistar?

Ele parou de abotoar sua camisa e encarou Teri. Suspirando, sentou-se a cama, bem de frente pra mulher também ali sentada. Amaldiçoou-se por ter criado essa situação toda. Se pudesse voltar no tempo não teria vindo a casa dela e nem bebido tanto a ponto de aceitar passivamente ir para cama com ela, a quem não ama.

_Infelizmente não posso. Não posso sequer corresponder novamente aos seus sentimentos, por que... Eu amo outra.

_Outra essa que te enganava! – Teri rebateu como se aquilo fosse realmente verdade e não algo forjado por ela e o ex de Sara. _Você me disse ontem que pretendia deixar de amá-la. Que precisava deixar de amá-la.

_E pretendo deixar. Mas isso não quer dizer que necessariamente pra conseguir isso, eu deva me envolver com você ou outra mulher que apareça. Eu não vou fazer isso! ... E talvez pra seu próprio bem, pra que não se machuque mais, seja melhor nos afastarmos já que o que quer de mim é algo totalmente diferente do que posso lhe oferecer.

Ele ia se levantar pra terminar de se vestir e apanhar seus sapatos, só que Teri lhe deteve.

_Não faça isso! Se não pode me oferecer o que quero, então aceito o que tem pra me oferecer.

Teri não queria em hipótese alguma o supervisor longe dela a essa altura da situação. Por hora se contentaria em continuar bancando a boa amiga dele. Sabia que não corria riscos assim. Tinha certeza de que com a foto que enviou a Sara ontem, havia posto um fim definitivo no último resquício de esperança por menor que fosse de aqueles dois virem a se acertar futuramente.

_Eu não acho que essa nossa proximidade toda seja benéfica a você, depois dessa noite e de tudo o que acabei de dizer.

_Não me importo com o que disse. Só quero estar do seu lado e se for apenas como amiga então que seja.

Ele não conseguia entender aquele fato. Depois de tudo o que foi dito por ele, era de se esperar que ela o expulsasse dali e se recusasse a olhar em sua cara. Entretanto, ela ainda insistia em manter-se perto dele. Realmente, ela o amava pra se sujeitar a aceitar tão pouco em relação ao que queria dele. Mas se ela queria assim, assim seria.

Ele não se afastaria dela até porque nos últimos dias, ela se tornara sua mais constante companheira, amiga e ouvinte de suas dores e angústias.

_Tudo bem, então!... Agora quanto ao que aconteceu aqui...

_Não se preocupe que isso eu vou guardar como uma boa lembrança e não tocaremos mais no assunto.

*****

Enquanto terminava de se arrumar diante do espelho pra ir trabalhar, Sara teve sua mente novamente invadida por aquela maldita foto. Era a centésima ou talvez, milésima vez que isso acontecia desde que recebera aquilo.

Aquela fotografia vinha somente lhe perturbar a mente e estraçalhar mais ainda seu coração. Não teve um instante sequer durante o dia todo que se passou em que Sara não recordasse daquela foto que já até tinha deletado do celular, mas que ainda se mantinha bem clara e límpida em sua cabeça.

Já tinha ouvido pela rádio fofoca do laboratório alguns comentários acerca de quão próximos Grissom e Teri andavam de uns tempos pra cá. E pelo visto, não demorou muito pra seu ex-marido cair nos braços da ‘’amiguinha’’ dele.

Ele é um homem livre! , sua mente lhe lembrou. E vocês não tem chance de voltar depois de tudo o que ele lhe disse! , completou novamente sua mente.

E isso era verdade. Pra Sara, eles não tinham mais chance alguma de voltarem. Não conseguia perdoá-lo, estava magoada e ressentida demais pra isso. O que ele disse a seu respeito e as acusações duras que fez, seriam algo que talvez, jamais esqueceria.

Novamente a foto povoou sua mente.

Respirou bem fundo fechando os olhos.

Se ele estava agora com aquela mulher, então que fosse feliz com ela lá no quinto dos infernos!

_Maldito!... Eu vou te...

_Sara!!

A morena virou-se pra encarar Any e se assustou com a expressão de pânico que ela tinha no rosto.

_O que houve?

_A Liv! Ela não está bem.

Imediatamente Sara passou que nem um raio por Any pra seguir ao quarto da filha.

Enquanto se encaminhavam para o cômodo, a babá disse que a menina ardia demais de febre.

O dia todo Liv não passara bem. Quase não falou e nem comer direito comeu. Passou o dia todo só em seu quarto, deitada na cama, tendo Sam sempre ao seu lado.

_Meu Deus! Ela está por demais febril! – Sara murmurou ao tocar a testa da filha.

_Gil... Eu quero vê o Gil!... Gil... Gil... – A menina dizia em delírio, fazendo sua mãe e Any trocarem um olhar.

_Precisamos levá-la a um hospital, Sara.

Carregando a menina no colo, Sara saiu com ela do quarto. Pediu a Any que pegasse a chave do carro no quarto e seguiram imediatamente para o hospital.

No meio do caminho, Liv teve uma convulsão por conta da febre altíssima e Sara entrou em desespero quando após a convulsão a menina ficou inerte em seus braços.

Chegaram ao hospital com ela ainda desacordada. Prontamente Lívia foi levada pra ala de emergência pra receber os primeiros cuidados. Coube a Sara e Any ficarem na recepção do hospital pra esperarem notícias da menina, já que não podiam acompanhá-la.

_ Se acontecer alguma coisa séria com a minha filha, não sei se o que vou fazer.

_Não vai acontecer nada grave. Vai ficar tudo bem com ela. Fica calma!

Any tentava acalmá-la. Apesar de transparecer calma, por dentro a babá estava tão desesperada quanto Sara. Tinha um amor enorme por Lívia e ver a menina passando mal daquele jeito, era a pior coisa pra ela. Mas tinha que se manter calma pra tentar acalmar Sara que estava bastante nervosa. As mãos dela tremiam demais e o medo estava visível em seus olhos castanhos.

_Eu não consigo me acalmar. Ela entrou desacordada, Any.

_Logo o médico virá nos dizer que ela acordou e foi só um susto.

_Assim espero!

_Você precisa avisar ao Dylan.

_Toma! – Ela estendeu o celular a Any. _Avisa você. Eu não estou em condições de fazer isso. E também liga para o Nick e pedi pra ele avisar a Catherine que não vou hoje. Explica o que aconteceu.

_Ok! – Ela concordou pegando o celular.

Afastando-se um pouco Any fez as ligações. Primeiro foi pra Dylan que ao saber do que houve disse que iria pra o hospital encontrá-las naquele instante e seus pais iriam junto com ele. Depois a babá ligou para Nick.

_Oi, Sara! – Ele disse ao atender a ligação.

_Nick é Any.

_Any?? Aconteceu alguma coisa? Sua voz está meio chorosa.

Ela contou o que havia ocorrido com Liv e pediu a ele que avisasse Catherine que Sara não iria trabalhar por conta do que houve.

_Tudo bem, eu aviso a ela sim. – Ele disse olhando para os amigos que aquela altura já o encaravam com certa preocupação por conta do pouco que tinham entendido da conversa. _E Any, por favor, me liga quando tiver notícias do estado da Liv.

_Pode deixar. Até, Nick!

_Até!

Ele encerrou a ligação e foi imediatamente bombardeado pelos amigos.

_Any acabou de me avisar que Sara está no hospital com Liv. À menina não está bem. Com muita febre e a caminho do hospital teve até uma convulsão e chegou desacordada lá.

_Meu Deus! - Catherine exclamou preocupada.

_Sara pediu pra te avisar que não vem, Cath.

_Tudo bem. Mas a menina já foi atendida?

_Está sendo examinada. E assim que tiver notícias, Any vai me ligar avisando.

_E a Sara, Nick?

_Any disse que ela está uma pilha nervos e desesperada.

_Não é pra menos, gente. É a filha dela. Como mãe, eu sei bem o quão desesperador é uma situação dessas.

_Aí gente, lá vem o Grissom. – Greg resmungou aos amigos após avistar a aproximação do chefe.

_Ninguém diz nada. Ele não tem porquê saber disso.

Nenhum dos amigos ousou contestar as palavras de Nick. Também entenderam que aquilo não era mesmo do interesse do supervisor.

Ao entrar naquela sala, a primeira coisa que Grissom notou foi a ausência de Sara entre os outros CSI’S.

Era inevitável isso, por mais que tivesse se imposto à tarefa de esquecê-la. Por mais que agora a desprezasse, odiasse e não a quisesse mais consigo, ainda assim, sua ausência não passava despercebida por ele.

Olhou para cada um dos subordinados e quis por pura curiosidade, perguntar a eles onde a morena se encontrava pra poder dar início ao turno, distribuindo os casos. Só que o orgulho lhe impediu disso.

Pelo que se lembrava, aquele dia não era folga dela, então era pra ela estar ali. Vai ver então não havia chego ou talvez estivesse no banheiro, ou...

_Grissom??

Ele olhou rapidamente e assustado pra Catherine após o chamado alto dela. Ele não sabia, mas aquela era a terceira vez que sua amiga lhe chamava.

_O que espera pra distribuir os casos?

Ainda falta alguém!

Catherine pareceu ouvir os pensamentos do supervisor e disse que se ele estava, por acaso, esperando a chegada de mais ALGUÉM para dar início ao trabalho, então que não esperasse, porque ela não viria trabalhar hoje por motivos pessoais.

Obviamente a loira não diria o real motivo por conta do que Nick disse e também porque já cansou de ouvir diversas vezes de Grissom, que nada que tivesse a ver com a ex, lhe interessava.

Diante do que ouviu, o supervisor deu início ao trabalho. Pegou um caso solo e montou duas duplas, dando a cada uma delas, um caso.

*****

No hospital Sara andava de um lado para outro, angustiada com a demora por notícias da filha. Fazia quase meia hora que a menina tinha sido levada desacordada e até agora nenhum médico veio lhe dizer nada sobre o estado dela.

Igualmente a Sara, Dylan também se encontrava angustiado pela falta de notícias da filha. Quinze minutos após a ligação de Any, ele e seus pais chegaram ao hospital e ali, permaneciam todos a espera de notícias que vieram após mais dez minutos de espera.

_O que minha filha tem doutor? – Sara foi logo o interrogando assim que o médico apareceu na sala de espera.

_Fizemos uma bateria de exames nela pra descobrir a razão da febre. Os resultados não mostraram nada.

_Então por quê essa febre toda se ela não tem nada?

_Nada fisicamente.

_Como assim?

_Tenho 99% de certeza que o que está causando essa febre toda em sua filha é algo de ordem... Psicológica.

_Psicológica? Não estou entendendo o que quer dizer.

_Nem eu! – Dylan resmungou ao lado de Sara. Do outro lado da morena se encontravam os ex-sogros e Any.

Se abstendo de explicações, o médico indagou Sara a respeito de quem era Gil, já que Liv em delírio chamava constantemente por esse nome enquanto ele a atendia.

_Ele é meu ex-marido. – Contou Sara com certo desconforto. _Minha filha criou um enorme apego a ele. Só que ele e eu, nos separamos há pouquíssimo tempo.

_Depois da separação a menina não o viu mais?

_Não, mas por escolha dele que quis cortar laços definitivos comigo e isso incluía a minha filha.

_Olha, o que isso tem a ver com o que está se passando com a minha filha? – Dylan perguntou com certa rispidez. _Por acaso acha que ela ficou assim porque não viu mais esse sujeito?

_Exatamente, senhor. – confirmou o médico. _O que a filha de vocês tem é simplesmente... Saudade desse homem que ela tanto chama.

_O senhor só pode estar de piada! – Revoltou-se Dylan.

_Sou médico e não comediante, senhor. – Rebateu o doutor lançando um olhar reprovador ao outro homem.

_O que sugere que eu faça doutor? – Sara o indagou após dar uma olhada séria pra Dylan pelo comentário que fizera.

_Ligue para seu ex. Peça a ele que faça uma visita à menina. Ela precisa vê-lo!...Explique que ela ficou doente. Ele não se recusará a visitá-la. E tenho certeza que assim que ele fizer isso, sua filha vai melhorar.

_Agora aquele velho virou o remédio pra minha filha.

_Dylan!! – Recriminou Oswald.

O médico se ateve de dizer mais alguma coisa a respeito desse assunto. Limitou-se a apenas pedir que os pais da menina o acompanhassem, pois ele os levaria até onde a filha deles estava tomando soro, já que a mesma apresentara certo grau de desidratação.

Os dois seguiram o doutor enquanto que na sala de espera permaneceram Oswald, Elizabeth e Any já que não podiam ir todos até onde Liv estava.

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