Capítulo 109 - Dura conversa

Grissom terminava de se vestir após ter tomado uma ducha pra esfriar a cabeça, quando ouviu a campainha tocar. Quem poderia ser?? Talvez Jim?? Duvidava, pois havia deixado explícito ao amigo no bilhete, que precisava ficar sozinho. Então só podia ser o porteiro, pois ninguém além dele e de Jim, sabiam de sua presença ali.

Mais uma vez a campainha tocou.

O supervisor a contragosto, pois não estava com vontade alguma de falar com quem quer que fosse, foi atender a porta. Quando Grissom abriu a porta surpreendeu-se negativamente quando viu quem estava ali.

Mas como ela descobriu que ele estava ali??

De todas as pessoas Ela era a que ele menos desejava ver naquele momento e pelos próximos dias.

"Jim pedi pra não contar onde eu estava!"

De certo seu amigo capitão tenha dado com a língua nos dentes e dito a Sara onde possivelmente encontrá-lo, contrariando seu apelo de quê não fizesse isso e também, de que queria ficar sozinho. Só que o capitão era completamente inocente nisso!

_O que quer aqui? - A frieza em sua voz e em seus olhos foi um baque enorme em Sara.

_Falar com você!

_Eu não quero te ouvir. Vai embora!

Ele ia bater a porta na cara de Sara, mas a morena o impediu disso ao barrar com uma das mãos e dos pés o fechamento da porta.

_Por favor, Gil, me escuta! - Ela implorou.

Grissom suspirou e encostou a testa na porta.

O que aquela mulher queria que ele escutasse??

Explicações sobre algo que não tinha explicação??

Ele não se sentia em condições de ouvir nada que viesse dela, até porque não acreditaria em nada. E tampouco estava preparado para aquele 'confronto' com ela. Ainda se encontrava tão desnorteado, tão chocado com tudo o que houve, que vê-la e ouvi-la era a última coisa que queria que acontecesse agora.

_Não quero escutar nada de você, já disse. Então vai embora!

_Eu não vou a canto algum sem antes falar com você!

Ela tinha vindo disposta a fazê-lo ouvi-la. E não hesitaria em ficar ali em sua porta o tempo que fosse até que ele lhe desse uma chance de ser ... ouvida.

Do outro lado da porta Grissom suspirou novamente.

Talvez, fosse melhor logo, ele ouvi-la, enfrentá-la e acabar de uma vez por todas com isso!

A porta que já estava quase sendo fechada, foi aberta novamente pelo supervisor que encarou a esposa com um semblante completamente fechado.

Sem proferir uma palavra sequer, ele se afastou da porta, deixando pra esposa a tarefa de fechá-la quando entrasse. E assim a morena fez.

Apertando as mãos, ela adentrou o apartamento e parou perto do sofá. Por um breve instante, ela pôs-se a fitar silenciosamente o marido que estava de costas pra ela e de frente pra janela do apartamento.

_Só me diga, por quê, Sara?? - Ele se pronunciou quebrando o silêncio que reinava por segundos na sala. _Por quê me enganar dessa forma?? Por quê me fazer de idiota??

Grissom virou-se pra encará-la. Ainda que fosse desgostoso pra ele agora olhar pra ela, o supervisor precisava estar assim ... cara a cara naquele 'confronto'.

_Eu não enganei você com ele, Gil.

_Eu te peguei na cama dele! ... Como você ainda tem coragem de dizer que não me enganou? - Seu tom de voz elevou-se um pouco.

Sara era ciente de que aquele fato contava e muito contra ela. Todavia, tentaria reverter isso, contando como realmente as coisas aconteceram. Seu marido tinha que acreditar nela!

_Gil, me escuta ... Dylan me ligou logo após nosso turno terminar, dizendo que precisava falar comigo a respeito da Liv. Pediu que eu o encontrasse no restaurante do hotel onde está hospedado, eu relutei em ir. Disse pra ele ir a minha casa para falarmos lá, mas ele disse que não podia porque não se sentia bem. - Ela fez uma pausa curta e então retomou sua fala: _Mesmo não querendo, eu fui encontrá-lo porque Dylan disse que se tratava da Liv. Então inventei pra você sobre a reunião na escola. Esse foi o meu grande erro nessa história toda, mas achei que estava fazendo o certo. Não queria mais uma briga entre a gente por causa do Dylan ... - Grissom ia interrompê-la porque não estava acreditando em nada, mas Sara fez um gesto com a mão pra que ele não fizesse isso e continuasse a ouvi-la. A contragosto o supervisor continuou calado. _... Chegando lá, Dylan e eu, começamos a conversar e ...

Sara então parou de falar tentando se recordar do resto, porém não conseguiu. Tudo era um borrão em sua mente. A última lembrança nítida que tinha era de estar falando com Dylan no restaurante do hotel, um pouco antes de começar a sentir os efeitos do ''boa noite Cinderela''.

_E eu não lembro de mais nada. Só de acorda naquela maldita cama!

Grissom a encarou brevemente antes de se pronunciar.

_Acha mesmo que vou acreditar nessa história toda que acabou de contar?? Por acaso me acha tão idiota assim?? ... Você inventou que ia a escola da sua filha pra uma reunião com a diretora, pra ir se encontrar com o seu AMANTE!

Quanto doía e lhe enojava dizer aquela palavra.

_Ele não é meu amante, por Deus! Eu não tenho nada com ele. Sei quê o que viu ontem dá a entender o contrário disso ... mas acredite em mim ... eu não tenho caso algum com o Dylan. Tenho certeza que aquele estúpido armou aquela cena toda. Quem eu amo é você, Gil ... jamais te trairia.

_PARA!! - Ele gritou, assustando-a. _Para de dizer mentiras, Sara!! CHEGA!!

Ele estava perdendo o controle com tudo aquilo. Por que ela continuava a negar aquele fato se tudo apontava para o contrário??

_Eu não acredito em nada do que diz, Sara. Tudo não passa de mentiras suas.

_Gil ... - Ela tentou se aproximar dele, mas viu seu marido recuar.

_Não chega perto de mim!

Se ela se aproximasse um centímetro que fosse dele, talvez,  perdesse todo o controle que a muito custo mantinha e provavelmente, faria alguma besteira a ela.

_Nessa história eu sou tão vítima quanto você, Grissom.

Era muito cinismo da parte dela dizer que era vítima. Vítima de quê?? Ele é que era a vítima, ou melhor, o palhaço daquele circo todo.

_Sabe o que mais doí ?? É que eu te dei meu coração, Sara ... o meu amor ... e seria capaz até ... de te dar a minha vida se preciso fosse ... - Dos olhos dele algumas lágrimas começaram a escorrer enquanto falava._... E olha como você me retribuiu ... me traindo com aquele desgraçado!

Grissom fechou os olhos ao pronunciar as últimas palavras e mais lágrimas vieram. Por mais esforço que ele fizesse pra não derramar uma que fosse, foi em vão. Elas vieram tão forte como as de ontem, que o supervisor não teve como segurá-las. E assim como ele, Sara também derramava as dela.

_Eu tenho nojo de você, sabia?! - Ele murmurou alguns segundos depois, ainda chorando e mantendo os olhos fechados. Não olhar pra mulher a sua frente feria bem menos o seu coração já completamente despedaçado.

Ouvir isso foi a pior coisa que Sara poderia ter ouvido. Doeu!

_Não diz isso, Gil. - Ela pediu com a voz embargada.

_E tenho até nojo de mim por ter me envolvido com você. Quantas vezes você não deve ter dormido com ele depois de dormir comigo ou o contrário, o que é pior ainda, meu Deus!

_Isso jamais aconteceu, Grissom. Eu juro pra você que ...

_Não perca seu tempo me jurando nada ... - Ele a interrompeu enxugando as lágrimas do rosto. Sua cota de chorar por aquela mulher e pelo que ela tinha lhe feito, já havia se encerrado naquele momento. _... Já disse que não acredito em nada do que diz! ... Você foi um erro na minha vida, Sara. E te conhecer foi a pior coisa que me aconteceu! ... Eu te odeio com a mesma intensidade com a qual um dia te amei. Você pra mim é uma mulher mentirosa, farsante ... uma qualquer que não vale nada!

Um estalo alto e seco ecoou na sala. Era Sara que havia acabado de dar um tapa em Grissom.

_Eu não vou admitir que me insulte dessa forma. Não sou nada disso que acabou de dizer. Você pode estar magoado e revoltado como for comigo pelo que viu ontem, mas eu não vou deixar que me chame de algo que não sou. Sei que aquele maldito flagra faz a situação pesar contra mim, mas repito que sou inocente nisso, que não tenho nada com o pai da minha filha e vou te provar isso. Vou te provar que aquilo foi armado e vou fazer você engolir uma a uma as palavras que acabou de me dizer.

Novamente as lágrimas escorriam por seu rosto. Mas essas, agora, eram de pura raiva pelo que tinha acabado de ouvir do marido.

Ser chamada de qualquer, era algo que jamais esqueceria e tampouco perdoaria. Não tirava dele a razão de estar do jeito que estava pela cena que viu, mas isso não queria dizer que aceitaria calada que ele lhe insultasse daquele jeito.

_Some da minha frente, Sara! Eu não quero mais nada com você. Tudo entre nós está terminado! E amanhã mesmo vou dar entrada nos papéis do divórcio. - Grissom anunciou secamente.

Em hipótese alguma ia continuar vivendo com ela. Aquele era o fim da linha pra eles. Que ela fosse viver com o pai de sua filha já que tinha um caso com ele, e que fosse muito ... infeliz com ele.

Depois de ter ouvido coisas desagradáveis do marido, era Sara agora, quem não queria mais nada com ele. Ia fazer de tudo pra provar sua inocência e depois faria o que disse a ele ... sumiria de sua vida e ... pra sempre!

_Eu vou sumir da sua frente, não se preocupe, Grissom. E também vou sumir da sua vida pra sempre, assim que provar que sou inocente. E se tudo está acabado entre nós, então ... - Com dor no coração ela tirou a aliança do dedo e depositou a jóia sobre a mesinha de centro. _... Não preciso mais usar isso ... fiquei com ela, jogue fora ou faça o que quiser, já que foi você quem comprou.

Com o coração se despedaçando, Sara caminhou em direção a porta sendo acompanhada pelo olhar frio e quase gélido do marido.

Quando a porta se fechou depois de Sara tê-la cruzada, foi como se o mundo viesse todo a baixo tanto pra ela quanto pra Grissom. E mais uma vez ambos se renderam as lágrimas e choraram. Ele sentado no sofá e ela dentro do elevador.

conto de fadas deles que seria pra sempre ... não foi pra sempre! Acabou!

Todos os planos que tínhamos juntos
Desfizeram-se em fumaça e estão para sempre acabados ...

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