Capítulo 107 - Acredite em mim, por favor, Jim!
Lá fora fazia um dia bonito, ensolarado, mas pra Sara aquilo pouco importava. Dentro dela as coisas estavam totalmente ao revés do que via pela janela de seu quarto.
Por não conseguir pregar o olho quando se deitou em sua cama, ela então se dirigiu a janela e ali já permanecia, parada feito uma estátua, por um bom par de horas, com sua mente e seus pensamentos o tempo todo em Grissom. Ele devia estar odiando-a naquele momento.
Pegou o celular do bolso do roupão e resolveu fazer mais uma tentativa das muitas que já havia feito. Ligou para o celular do marido, só que novamente deu na caixa postal. O número do apartamento dele nem adiantava tentar, porque Grissom havia desligado assim que se mudou de lá pra casa de Sara.
Ela queria vê-lo, falar com ele e tentar desfazer essa armação toda, mas era óbvio que ele não queria falar com ela, porque já tinha acreditado no que vira logo mais cedo.
Sara enxugou as lágrimas que novamente já escapavam de seus olhos. Não fez outra coisa nessas últimas horas senão ... chorar e chorar.
Um filme de horror era o que ela estava vivendo desde o ocorrido ... o mesmo filme de horror que Grissom vivia longe dali.
O supervisor também não conseguiu pregar o olho nas várias horas em que já estava deitado naquela cama. Toda vez que tentava fazer isso, vinha imediatamente em sua mente a visão da esposa na cama de outro.
Quanto ódio ele sentia naquele momento!
Ódio dele por ter se envolvido com ela e ódio dela por ter lhe enganado daquela maneira!
Ele desejava imensamente se livrar de todas aquelas lembranças felizes dele com Sara. Elas vinham atormentá-lo, torturá-lo a cada segundo ... a cada minuto que se encontrava deitado.
Eu te amo, Gil!
Essas quatro palavras ecoavam na cabeça do supervisor sem descanso.
''Sentia-me vivo quando ela falava que me amava, e só agora vejo como dói o amor.
Sinto na pele essa tal dor, essa angústia que cresceu dentro de mim, por descobri a farsa que era a mulher que eu amava.
Sinto-me quebrado e despedaçado na alma, como se nada mais me restasse.
Como dói a traição ... como dói a mentira!''
_Como eu pude me enganar tanto com ela?!
Seus olhos se fecharam e sem que ele quisesse, a imagem de Susan se 'pintou' em sua mente e ele se sentiu mal. Que grande estúpido ele tinha sido por trair a memória da falecida esposa com alguém que agora descobriu, não valer nada.
Silenciosamente ele pediu perdão a Susan. Nunca devia ter aberto as portas de seu coração pra outra; devia ter mantido a promessa de conservar seu coração e seu amor sempre de Susan. Mas quem é que manda nos sentimentos e no coração??
Ele se apaixonou por Sara e na ocasião lhe pareceu ser a melhor coisa que havia lhe acontecido, mas agora ele via que tinha sido a pior.
E pensar que ele era grato a ela por ter lhe tirado do abismo que se encontrava e lhe mostrado um amor que ele até então, não conhecia. Porém, agora, ela tornou a lhe jogar de volta ao mesmo abismo, após aquela descoberta dele de que ela lhe enganava.
Ele tinha que arranjar um jeito de se refazer daquele duro golpe e arranjaria. Ela que ficasse com aquele bastardo se quisesse, porque ele não a queria mais. Sara Sidle pra Gil Grissom não interessava mais! Ele ia achar um modo de esquecê-la, de tirá-la de dentro dele de qualquer modo!
*****
Sara deu-se uma olhada no espelho e constatou que seu esforço de tentar esconder as olheiras com maquiagem, tinham sido bem sucedido. Porém, maquiagem alguma seria capaz de esconder seus olhos vermelhos por conta do excesso de choro e nem tampouco, a tristeza que aqueles mesmos olhos carregavam.
Em instantes iria para o laboratório e estava apreensiva pelo encontro de logo mais com Grissom. Não sabia qual seria a reação dele ou o que ouviria do marido quando se vissem depois do ocorrido.
O ódio que viu estampado no rosto de Grissom antes dele sair do quarto de Dylan, era algo que lhe fazia pensar que nada do que dissesse faria com que ele lhe perdoasse por aquela situação toda. Mas ela tentaria, não queria perdê-lo e faria de tudo pra convencê-lo de que era tão vítima quanto ele naquele rolo todo.
_Sara??
A morena virou-se pra encontrar Any parada na soleira da porta do quarto.
_Alguma ligação ou notícia dele, Any?
_Infelizmente, não. - Ela entrou no quarto, fechando a porta.
_Será que aconteceu alguma coisa ruim com ele?? ... - Sara se preocupou com o sumiço do marido dada a forma transtornada com a qual ele saiu do quarto de Dylan. _Não vou me perdoar se tiver acontecido algo ou se ele tiver feito alguma besteira por aí, Any. Vai ter sido por minha culpa.
_Ei ... ei ... ei. - Any foi até Sara e segurou sua mão. _Não diga uma coisa dessas. Tenho certeza que não deve ter acontecido nada de ruim com ele. Ou do contrário, nós já saberíamos, pois: Notícia ruim, chega depressa!
_Ele saiu tão transtornado do quarto do Dylan, você tinha que ver.
Sara largou a mão de Any e foi até a janela de seu quarto.
_Onde ele deve estar? Quero vê-lo, falar com ele.
_Você terá a oportunidade de vê-lo no laboratório em instantes. Mas creio que lá não seja o melhor lugar pra você conversar com ele sobre um assunto tão grave e particular desses.
_Só que eu quero o quanto antes falar sobre isso, Any. Eu preciso.
_Eu sei, mas...
_Por favor ... deixe-me fazer as coisas do meu jeito, Any?? - Sara pediu voltando sua atenção a babá.
Tudo bem que o lugar não era o certo como Any acabara de dizer, mas Sara não queria adiar essa conversa. Que fosse onde fosse! Ela só queria tentar desfazer aquela situação que estava contra ela.
_OK, então! Faça como quiser. - A babá ergueu as mãos em sinal de rendição. Não ia adiantar nada tentar fazer Sara mudar de idéia a respeito daquilo.
_Eu preciso ir agora ou vou chegar muito atrasada. - A morena pegou sua bolsa de cima da cama.
_Você não vai comer antes de sair??
_Não! Não estou com fome.
_Mas Sara, você não comeu nada o dia inteiro. Isso não faz bem.
_Eu sei que não, Any. Mas estou sem apetite algum. E a Liv, está no quarto dela??
_Sim!
_Vou me despedir rápido dela antes de ir.
Any apenas assentiu e viu Sara sair do quarto logo em seguida.
_Por que ela é tão teimosa??? - A babá bufou cruzando os braços.
Sara chegou ao quarto de Liv e encontrou a filha entretida brincando com suas bonecas na cama enquanto era vigiada por Hank e Sam que estavam ali no quarto com ela. Os dois cães depois de uns dias de convívio já se entendiam melhor.
Não demorou nem dois segundos que estava ali na porta do quarto pra ter sua presença notada pelos cães e por Liv.
_Oi!
Sara foi até a filha. Deu-lhe um beijo na testa e sentou-se ao seu lado na cama.
_Puxa você dormiu muito.
_É que a mamãe estava muito cansada.
_Já vai trabalhar??
_Sim. Já estou até atrasada pra ir.
_E o Gil, cadê??
Sara ficou momentaneamente sem saber o que dizer. Era óbvio que a menina perguntaria por Grissom. E agora, o que diria pra justificar a ausência do supervisor??
Resolveu inventar uma mentira. Disse a filha que Grissom tinha viajado de manhã, logo após sair do laboratório, pra resolver uns assuntos de trabalho, mas voltaria logo, talvez amanhã mesmo. Pelo menos, a morena esperava que seu marido voltasse pra casa nesse tempo que disse.
Lívia deu-se por satisfeita com essa resposta da mãe e não perguntou mais nada a respeito de Grissom. Sara aproveitou a falta de mais perguntas da filha pra se despedir dela e ir logo.
*****
Na sala de descanso...
_Grissom e Sara estão atrasados.
_Será que aconteceu alguma coisa com eles?
_Acho que não, porque lá vem a Sara ali. - Warrick apontou com a cabeça na direção do corredor e todos puderam ver Sara vindo.
A medida que ela foi se aproximando da sala, os amigos notaram algo de errado na expressão dela, parecia ... triste e abatida. E assim que ela entrou ali, eles tiveram certeza de quê a amiga estava triste e abatida!
Logo começou uma enxurrada de perguntas pra cima da morena.
Sara até tentou desmentir dizendo que não tinha acontecido nada, porque naquele momento não sabia como contar aos amigos o que tinha acontecido de fato. Mas seus amigos não acreditaram muito em sua resposta.
_Como não aconteceu nada?? Está visível na sua expressão que aconteceu. O que foi, Sara?? - Insistiu Nick.
Ela olhou pra cada um dos amigos e decidiu contar meia verdade, pois sabia que eles não lhe deixariam em paz se não dissesse nada.
_Um mal entendido fez com que Grissom e eu nos desentendêssemos feio de manhã e desde então não o vejo. - Contou olhando para o chão.
Os quatro peritos ali se entreolharam e antes que qualquer pergunta fosse feita sobre o fato contado pela morena, Jim apareceu na sala. O olhar do capitão bateu direto em Sara e ele percebeu que ela parecia tão mal quanto vira Grissom antes de sair de casa.
_Boa noite pessoal! - O capitão os cumprimentou. _ Catherine, a pedido de Ecklie, eu trouxe os casos dessa noite pra você dividi-los, pois Grissom não virá trabalhar hoje.
Todos imediatamente olharam pra Sara que estava tão surpresa com aquilo quanto os demais.
_Não virá?? Por que?? - Catherine fez a pergunta que todos inclusive Sara, ensaiavam fazer.
_Ele não está bem pra isso. - O capitão olhou pra Sara.
O olhar dele fez a morena preocupar-se. Será que tinha acontecido algo de ruim com ele como pensava?? Tratou de tirar essa dúvida e perguntou a Jim.
_Ele está bem fisicamente, Jim??
_Sim! Fisicamente ele está, Sara. Mas emocionalmente ... ele está péssimo e você sabe bem porquê.
Essa resposta foi um soco no estômago da morena. Era de se imaginar que seu marido estivesse péssimo com tudo o que houve, mas ela também estava.
Novamente o pensamento de quê ele devia estar odiando-a veio e a morena sentiu um medo, um pavor tão grande de que tudo aquilo fosse o começo do fim ... o fim de um bonito relacionamento e de um casamento que nem bem tinha começado!
Os que desconheciam os acontecimentos que sucederam, queriam fazer perguntas pra saber o que houve, mas não sabiam como fazer isso. Olhavam de Sara pra Jim que se fitavam de um jeito estranho e não sabiam a quem questionar.
_Bem ... era isso que eu tinha pra fazer aqui. Quando Grissom vier trabalhar amanhã, caso ele já se sinta melhor pra isso, vocês o bombardeiam com essas perguntas que estou vendo pitadas na cara de cada um de vocês. Agora eu preciso ir!
O capitão saiu da sala não dando tempo pra ninguém questioná-lo e com essa atitude ele largou a tarefa de 'explicar' a situação à Sara.
Só que a morena não estava com cabeça pra isso e assim que Catherine se dirigiu a ela pra contestá-la em busca de respostas, a morena a cortou categoricamente.
_Agora não, Catherine. Eu preciso falar com o Jim, nesse instante, com licença. - Ela tinha que saber do paradeiro do marido e algo lhe dizia que o capitão sabia bem disso.
Sara saiu em disparada da sala sob o olhar curioso e intrigado dos demais.
_Será que o fato do Grissom não está bem pra vir trabalhar hoje, tem a ver com a briga que a Sara disse que eles tiveram de manhã??
_Algo me diz que tem tudo a ver, Warrick! - Catherine resmungou ao companheiro de trabalho.
Jim estava virando o corredor quando ouviu seu nome ser dito em alto e bom som por Sara. Prontamente ele parou e esperou a morena se aproximar dele.
_Você sabe o que houve, não sabe??
_Sim! Eu fui com ele até o hotel.
_Por favor, Jim, me diga onde ele está agora.
_Me desculpe, mas não posso. Grissom me pediu pra não dizer isso.
_Eu preciso falar com ele, Jim. Explicar que não tenho caso algum com o Dylan. Eu não faço idéia de como fui parar no quarto dele.
Jim a olhava impassível tentando ver algum traço de verdade no que a mulher a sua frente dizia. Uma parte dele até conseguia enxergar isso e chegava a acreditar nela ao ver em seus olhos a dor e o abatimento que aquela situação lhe causava. Porém a outra parte, duvidava em virtude das fotos e do próprio flagrante, que eram provas bem comprometedoras e que mostravam o contrário do que a morena afirmava.
_Você não acredita em mim, não é?? - Sara lançou a pergunta segundos depois de ver Jim ficar lhe encarando em silêncio. _Mas eu juro pra você, Jim, pela minha filha, que eu não tenho caso algum com o pai dela. Eu amo o Grissom demais e jamais o trairia dessa forma ... acredite em mim, por favor, Jim! - Com os olhos já marejados, ela pediu ... suplicou.
Houve uns poucos segundos de silêncio até que Jim disse:
_Eu acredito!
Que se danassem todas as 'evidências' que 'falavam' contra Sara. O capitão acreditava na mulher a sua frente.
_Acredito em você, Sara. - Reforçou Jim. _Só que o Grissom ... bem ... ele infelizmente não.
_Eu já imaginava isso. - Murmurou tristemente Sara. _Então me deixe tentar reverter isso falando com ele. Me diga onde ele está, Jim.
_Sara ... - O capitão pousou uma de suas mãos sobre o ombro dela. _É melhor não. Grissom está muito nervoso e uma conversa agora com ele nesse estado, não vai ser muito bom pra vocês.
_Ele está me odiando, não é??
_Você quer a verdade?? - Ela assentiu. _Sim, ele está.
_Céus! ... Como vou fazê-lo acreditar em mim?
_Olha ... eu gostaria de conversar com mais calma com você a respeito disso que aconteceu, mas fora daqui. Quero te ajudar nessa confusão toda, Sara, porque acredito que você é inocente nessa história. Mas pra isso preciso que me ajude e diga como toda essa situação começou, sem me esconder nada.
_Tudo bem.
_Amanhã te ligo e marcamos uma hora pra termos essa conversa. Agora eu preciso ir trabalhar e você também.
_Você não vai me dizer mesmo onde ele está, não é??
_Não posso já disse. Acredite que faço isso também para o seu bem. Se falar com ele agora vai ouvir coisas desagradáveis demais da parte dele. Nos falamos depois. - O capitão foi embora.
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