_Você entendeu bem o que tem que fazer? - Dylan questionou o garçom.

Era fim de tarde e os dois estavam conversando em frente ao hotel, após Joel largar do serviço.

_Entendi, mas não sei se quero fazer isso, senhor.

Joel era um homem de bem e aquilo que aquele hóspede do hotel estava lhe propondo pra ter em troca um dinheiro que poderia salvar a vida de seu filho de quatro anos, não era algo que uma pessoa de bem faria.

_Pensa na grana que eu tô te oferecendo, ela pode salvar seu filho! - Dylan estava jogando pesado pra fazer Joel aceitar participar daquele plano todo, armado por ele e Teri.

_Eu tô pesando nisso, mas ... O que me pede, é algo muito complicado. E se a sua esposa descobrir?

Ao garçom Dylan havia dito que Sara ainda era sua esposa e que só faria tal coisa somente pra tê-la de volta. Em nenhum momento, ele disse a Joel que aquilo era pra separar a ex-mulher do atual companheiro dela.

_Ela não vai descobrir! - Rebateu Dylan.

_Eu posso perder meu emprego! Esse é o único meio que tenho de sustentar minha família e ter dinheiro pra compra alguns dos remédios do meu filho.

_Eu sei e te garanto que não vai perder seu emprego, porque ninguém vai saber o que você vai fazer ... Olha, vou acrescentar mais cinco mil nessa grana que estou te dando e você fica com 20 mil, só pra colar o tal remédio na bebida da minha esposa ... e aí topa? ... 20 mil e você salva a vida do seu filho!

Joel ficou entre a cruz e a espada. Precisava demais da grana, mas só que a forma como a estava ganhando, não lhe parecia a melhor.

Pensou no filho e no que o médico dele lhe disse ontem, durante mais uma das rotineiras internações do garoto.

''Seu filho está piorando cada vez mais do coração, Joel. Ele precisa fazer o quanto antes essa cirurgia!''

Essas palavras martelaram e ecoaram diversas vezes dentro da cabeça de Joel em um curto espaço de tempo e o fez tomar uma decisão.

_Topo! - Ele disse após alguns segundos.

Indo contra o que acha certo, Joel resolveu aceitar fazer aquilo que Dylan lhe propôs, mas só pela necessidade da grana, pois já havia tentado de tudo pra conseguir aquele dinheiro, desde empréstimos em bancos à hipotecar a casa, mas nada disso foi possível.

Dylan sorriu de puro alívio e também alegria pela resposta de Joel.

Acertou com o sujeito que o serviço seria feito daqui a cinco dias. E no fim do mesmo dia, o agente lhe entregaria a grana em 'cash' como Joel havia pedido que fosse. Dylan acertou também de dar ao garçom o remédio no mesmo dia da execução do plano, um pouco antes que sua esposa chegasse ao hotel.

Assim que Joel se foi, a única coisa que Dylan pensou foi que em cinco dias o tal de Grissom não estaria mais ao lado de 'sua esposa' e que logo ela voltaria pra ele.

*****

Grissom mal podia acreditar que fosse possível ser tão feliz quanto estava sendo nos últimos meses. Em um ano ele mudou e sua vida mudou junto!

De um homem ranzinza que vivia imerso a tristeza e a dor da perda da mulher amada; que se martirizada por ficar preso ao passado e sofrendo por esse mesmo passado durante anos ... Ele virou um homem alegre, feliz, que havia reencontrado num novo amor, num verdadeiro amor ... um motivo pra sair do buraco ao qual se encontrava e viver novamente a vida!

_Um milhão de beijos pelos seus pensamentos! - Sara sentou-se ao seu lado de Grissom no banco da pracinha que ficava perto da casa deles.

A pedido de Liv, eles todos foram ao parque naquele fim de tarde pra tomar sorvete.

_Acho que quem tinha que dar tudo isso de beijos em alguém, seria eu em você!

_Ah é? E por quê? - Ela o olhou em divertimento.

Ele segurou sua mão entrelaçando seus dedos e depois sem olhar pra esposa e sim pra Liv que brincava mais adiante num balanço que era empurrado por Any, ele respondeu:

_Porque você mudou minha vida!

_Oh...

_Desde aquele encontro desastroso no supermercado que eu não fui mais o mesmo, Sara! ... E a culpada disso é você, somente você! - Ele terminou de falar e só então olhou pra Sara e lhe sorriu.

Ela também sorriu e em retribuição às suas palavras, lhe deu um beijo que a seu ver expressaria mil vezes melhor seu agradecimento diante daquela declaração dele.

_Você também mudou a minha vida ... limão azedo! - Ela murmurou em seu ouvido logo após o beijo deles, causando risos em Grissom por aquele apelido que ele já até aprendera a gostar.

Muitos minutos depois enquanto o casal conversava com Any, um senhor que trabalhava ali na praça tirando fotos, se aproximou dos três e perguntou se não queriam tirar uma foto.

Sara olhou para o marido e lhe questionou o que achava daquilo, ele respondeu que seria uma boa, pois essa seria a primeira foto deles ... ''em família''.

Concordando com isso, ela pediu a Any que chamasse Lívia que estava brincando lá mais adiante com um grupinho de meninas, pra que ela viesse tirar a foto com eles.

Enquanto a babá foi chamar a menina o homem da foto sugeriu que eles tirassem uma deles dois e depois uma com a filha deles.

Quando o fotógrafo se referiu a Lívia como filha do casal, Grissom prontamente olhou pra Sara todo bobo, pois havia gostado de ouvir aquilo e ela sabia bem disso.

Eles tiraram a foto deles dois e depois quando Liv veio, tiraram uma com ela.

_Agora uma da família inteira ... vem Any. - Grissom chamou a babá que arregalou os olhos surpresa.

_Eu??

_Sim, você! ... Vem!

Any olhou pra Sara que apertava os lábios pra não rir da cara que ela fazia. A babá não esperava por aquilo e sua expressão demonstrava exatamente isso.

_Vem, Any! - Insistiu Grissom sendo imitado logo em seguida por Sara e Liv.

Sem ter como dizer não aqueles três insistentes chamados, a babá foi então tirar a foto com eles, aquela era a última.

Depois dela o fotógrafo disse a Grissom que em quinze minutos entregaria as fotos já que seu estúdio ficava do outro lado da rua que passava em frente a praça, o supervisor assentiu.

Enquanto o homem não voltava com as fotos pra assim irem, Liv foi aproveitar e brincar mais com as novas amiguinhas que tinha feito ali na praça.

Quinze minutos depois e lá estava o fotógrafo entregando as fotos a Grissom que logo em seguida o pagou.

_Olha só, ficaram lindas!

_Sim! ... Se importa se eu pegar essa e levar pra colocar na minha sala? - Grissom mostrou a que estava Sara, Liv e ele.

_Não!

_Então está é minha! E assim que chegar no laboratório vou pôr num porta-retrato que tenho. - Ele contou enquanto separava e guardava a foto no envelope em que elas vieram. Depois entregou as outras a Any pra que ela visse e guardasse em casa.

Instantes depois todos eles já iam embora pra casa. Não demorou muito e ele e Sara já seguiam para o laboratório. Como ninguém da equipe tinha chego ainda, Sara então seguiu com Grissom pra sala dele.

A primeira coisa que o supervisor fez ao chegar na sua sala foi procurar o porta-retrato pra colocar logo nele a sua fotografia com a esposa e a enteada. Porém antes que ele começasse a fazer isso, o telefone tocou. Era Judy lhe avisando que Ecklie pediu pra que o supervisor fosse a sala dele.

_Tudo bem ... já estou indo! - Ele disse antes de desligar.

_O que foi?

_Ecklie quer falar comigo. Só espero que não seja pra me torrar a paciência.

_Meio difícil não ser pra isso.

_Enquanto vou lá, você procura pra mim o porta-retrato? Ele está em uma dessas gavetas aqui da mesa.

_Tá, eu procuro!

Ele saiu e ela se pôs a procurar o tal porta-retrato. Não demorou muito e Sara o encontrou, porém havia uma foto nele.

A fotografia trazia um Grissom sorridente abraçado a uma mulher loira de um sorriso angelical e lindos olhos verdes. No mesmo instante Sara se lembrou da descrição que Catherine tinha lhe feito muitos meses atrás de Susan e deduziu que aquela mulher da foto era a falecida esposa do supervisor. Uma mulher bonita por quem Grissom foi apaixonado e casado durante anos; alguém por quem ele se culpava pela trágica morte e por quem ele sofreu dois anos.

No canto inferior direito da foto, Sara viu escrito caprichosamente com uma caligrafia feminina, as seguintes palavras: ''Eu e o marido mais lindo do mundo!''

Sorrindo a morena concordou mentalmente com aquela frase. Realmente Grissom é o marido mais lindo do mundo!

Por incontáveis segundos ela ficou olhando aquela foto, só desviou a atenção dela quando Grissom apareceu de volta a sala.

_Ecklie não tem o que fazer mesmo. Me chama só pra me informar que dentro de uns dias vai viajar pra resolver uns assuntos relacionados ao laboratório e que por ordem do Xerife, eu iria ficar no lugar dele no comando do laboratório.

_Que ótimo! Pois nos veremos livres daquele chato por uns dias.

_Sim! ... Ei, você achou o porta-retrato!

_Sim ... e tem uma foto nele. - Ela virou o objeto e Grissom pôde ver a foto. _Uma foto sua e da Susan.

Sara viu seu marido se aproximar dela  s dizer nada. Ele então pegou o porta-retrato delicadamente da mão da esposa sem tirar os olhos da foto.

_Ela era bonita! - Sara comentou olhando para o marido que não tirava os olhos daquela fotografia. Não havia ciúmes da parte de Sara ao comentar aquilo e nem por ver a forma carinhosa com a qual seu marido admirava a foto da ex. Se fosse lá atrás até houvesse, mas hoje não.

_Sim ... Ela era bonita! Parecia um anjo. Eu costumava brincar dizendo que ela era o meu ''anjo que caiu do céu''. - Ele sorriu lembrando-se daquilo e depois olhou pra Sara.

_Bem, agora ela é um anjo que olha por você lá do céu.

_É ...

_E eu concordo com o que ela escreveu aí.

Ele sorriu e contou que Susan tinha feito questão de escrever aquilo, mesmo Grissom sendo contra por discordar daquela frase.

_Pois eu concordo plenamente com ela. - Sara repetiu fazendo novamente o marido sorrir.

_Sabe o que eu me dei conta ... - Ele falou enquanto ia tirando a foto do porta-retrato. _ ... Que eu tive que perder a Susan pra encontrar você!

_Ela era muito diferente de mim, assim no jeito, Gil?

Enquanto colocava a nova foto no porta-retrato, ele respondeu.

_Totalmente! Ela era a calma em pessoa, você é a agitação em pessoa; ela era como uma brisa suave, você é como um vendaval levando tudo pela frente; - Ele sorriu sendo imitado por Sara. Depois continuou a falar, agora olhando pra esposa. _Ela foi a mulher da minha vida, você é a razão da minha vida; e o mais importante de tudo isso ... ela eu amei, não amo mais ... já você, eu amo e sempre vou amar!

*****

Andando pelos corredores do laboratório lendo uns papéis que trazia consigo, o supervisor sem querer acabou esbarrando em Teri que por conta do caso complicado que pegara, ainda se encontrava além de seu horário ali no laboratório.

_Me desculpe ... vim tão distraído com esses papéis que não lhe vi.

_Tudo bem, Gil! ... Como está? Desde o que houve entre Sara e eu que quase nem nos falamos mais.

_Eu estou bem.

_Ouvi os cometários pelos corredores do laboratório de que se casou.

_Casei, sim. Há dois dias!

_Meus mais sinceros parabéns! - Teri desejou fingidamente.

_Obrigado! - Ele agradeceu surpreso com a atitude da ex.

_Sei que causei alguns problemas com a sua agora esposa e que isso acabou estremecendo a relação de amizade que você tem ou tinha por mim, mas mesmo que não me considere mais sua amiga como antes, quero que saiba que desejo que seja feliz com a sua nova esposa.

Aquelas palavras eram tão falsas, quanto a pessoa que as dizia!

Mais surpreso ainda Grissom ficou depois dessas palavras da loira. Ela parecia estar sendo sincera, porém o supervisor tinha um pé atrás com aquilo já que sua ''amiga'' certa vez, havia conseguido lhe enganar fingindo uma sinceridade que ela não tinha.

_Novamente, obrigado!

_Queria te dar um abraço de felicitação ... Posso? - Ela pediu.

O bom senso lhe dizia pra responder que não, mas a educação falou mais alto e Grissom acabou consentindo o abraço que a loira lhe pedira.

De forma rápida ele trocou um abraço com Teri pra não correr o risco de ser flagrado pela sua esposa ciumenta. Não queria nem imaginar a encrenca que se meteria se ela visse aquilo!

Depois de desfazer o abraço, Grissom mais uma vez agradeceu as felicitações da ''amiga'', e lhe disse que agora precisava ir cuidar de seu serviço, ao que ela assentiu.

_Logo, logo você não estará mais casado com a Sara, Gil! E será meu, de novo! - Teri murmurou enquanto via Grissom sumir pelo corredor. Mais cedo Dylan já havia lhe ligado informando que o garçom havia aceitado fazer o que eles queriam, agora era só esperar cinco dias pra pôr fim aquele ''conto de fadas'' de Grissom e Sara.