Fim
J.J levanta-se com dificuldades da cama. Os ferimentos ainda estão doloridos. Ele caminha com dificuldades até o espelho do banheiro. Seus olhos ainda estão roxos. Levanta a bata do hospital e observa os hematomas e as escoriações na altura da barriga. A porta abre-se e Denise entra no quarto.
-O senhor já está trelando?- Fala Denise brincando.
-Estou quebrado. O corpo está todo dolorido.
-Mais uns dois dias você deve receber alta.
-Ainda dois dias? – J.J olha para trás insatisfeito.
-A assassina está aqui também. Há alguns quartos daqui. –Fala Denise.
-É... Eu sei. Escutei duas enfermeiras falando sobre isso. – J.J volta para a cama, senta-se e olha para a esposa e diz:
-No meu coração só encontro perdão e pena por essa moça. Só o Pai sabe quanto e o que ela agüentou.
-Mesmo assim não justifica o que ela fez. Ela foi perversa, hedionda e má.
-É eu sei. Mas mesmo assim Deus a ama. Queria ter tido mais oportunidade para dizer isso. -
-Mas você falou. Ela é que não estava com o coração aberto para ouvir. -Responde Denise.
-E nossa filha como está?
-Deve chegar logo. E com surpresas.
-Boas ou ruins? –Pergunta J.J
-Vai depender do seu bom humor. Como está hoje? – Pergunta Denise.
XXX
-Esse camarão ao termidor está uma delícia.
-É verdade. –Responde Larsson a Medeiros.
-Como é o humor de seu pai?
-Não acredito que o temido Larsson está com medo de um coroa no hospitalizado...
-Não é isso. É difícil. Nunca passei por isso.
-É grandão sempre tem a primeira vez. Mas ele é tranqüilo. Acho que o pior vai ser minha mãe.
Risos de novo.
-Você sempre vem nesse restaurante? -Pergunta Medeiros.
-Acho a vista do Rio Capibaribe é linda, e me faz reportar a minha infância.
-Como assim?-Pergunta Medeiros
-Quando era guri, pegava caranguejo nas margens do Capibaribe. Todos ficavam calados e só escutávamos os disparos das armadilhas que prendiam essas iguarias. Com o passar dos anos, me acostumei com o cheiro da maresia e como esse cheiro me deixava sereno.
-Entendo. –Fala Medeiros bebendo numa taça de champanhe.
-Depois, com o passar dos anos sempre vinha ao "Mirante" para sentir essa brisa e o cheiro da maresia. Principalmente quando estava tenso... Igual a hoje.
Medeiros olha aquele homenzarrão e acha engraçado que há três dias atrás eles estavam quase sendo devorados e ele não estava nem um pouco nervoso como está agora.
-Vamos?-Chama Medeiros.
-Agora?
-Sim grandão. Agora.
O Mirante é um dos mais badalados da cidade. Além da belíssima vista do Rio Capibaribe, a culinária do Chief Kaká, um dos mais respeitados chefes do mundo, é espetacular. O seu sócio Paulo Andrade que fez fortuna por causa do seu paladar em reconhecer um bom vinho .
Depois de pagarem a conta, Eles vão até a moto Ninja, de cor vermelha e partem em direção ao Hospital da Restauração. A nova iluminação da Av. Agamenon Magalhães está belíssima. O prefeito numa das viagens à Rússia viu as ornamentações iluminadas com os rostos dos grandes líderes do passado e ao chegar a Grande Recife as fez igual. Apenas acrescentou os temas nordestinos.
Eles param ao lado do Hospital da Restauração e se dirigem para visitar J.J. Larsson pára num quiosque de flores e compra Rosas da Índia. Medeiros sorrir. Ele coloca o bouquet na mão esquerda e aceita com o braço direito o abraço de Medeiros. Sobem até o décimo primeiro andar.
-Podemos entrar? –Pergunta Medeiros abrindo a porta vagarosamente.
-Minha filha. – Sai do lado da cama e abraça os dois.
-Papai... Como o senhor está?
-Até agora bem... Daqui a algumas horas não sei... – Olha para Larsson seriamente que desvia o olhar. Ela beija a testa de J.J
-Sra. Denise trouxemos essas rosas para a senhora. – Fala Larsson colocando o ramalhete nos braços de Denise.
-São lindas. –Fala Denise provando o aroma.
-O que vocês têm para me falar? –J.J vai direto ao assunto .
-Bem... –começa Larsson – Eu... desejaria...
-Não! Claro que não. – Interrompe J.J a
Larsson.
-Pai?
-Querido?
As mãos de Larsson suam.
-Claro que não negarei a benção no namoro de vocês! – Fala rindo mostrando a testa suada de Larsson. A porta do banheiro se abre...
-Rafael? –Fala Medeiros espantada e temerosa com a presença carrancuda do irmão, que sorri largamente para ela e depois lhe dar um abraço demorado e cheio de amor. Uma belíssima reunião familiar num quarto de hospital. Um pequeno retrato da graça. Do lado dos fora dois vigilantes observam pela janela. Thell e Athos. O General e o mais novo Valente.
XXX
A madrugada vai chegando e as ocorrências no Hospital da Restauração vão aumentando. O transito e as drogas continuam sendo os maiores ceifadores de vidas dos pernambucanos.
Próximo ao quarto de J.J uma figura move-se com dificuldade. Caroline está vestindo uma bata branca e o ombro preso ao corpo num imenso curativo. Ela está pensativa. Abre a porta com cuidado e ver o guarda cochilando em pé. O segundo policial ela não sabe onde está, deve ter ido ao banheiro, pensa ela. Com dificuldade dirigi-se até o quinto quarto. Abre a porta. Caroline ver o jornalista deitado. Senta-se ao lado dele. Observa o sono tranqüilo. Sem ele perceber deixa embaixo do travesseiro um livro, parece uma agenda com a capa de couro marrom rasgado e velho. Toca gentilmente no rosto do jornalista e sai. Ao chegar ao quarto, pega um Novo Testamento, quadrado, fino e azul escuro. A marca é um cântaro a direita da capa.
-Estás pronta? –Fala uma voz gutural.
-Quem é você? –Pergunta Caroline.
-Meu nome é Aam- Aam é um demônio que atuava no Egito e os bruxos egípcios, que dominavam a arte negra das trevas, o considerava o devorador que presidia a destruição da alma do morto condenado pelo tribunal de "Osíris". É descrito como um monstro gigantesco com cabeça de crocodilo, tronco de leão e a parte posterior do corpo de hipopótamo.
-Sinto lhe informar, mas não vou com você. –Fala Caroline ainda apreensiva com o desfecho.
-Sei que você sabe quem sou. – O gigante vai falando e se aproximando. – Malachai antes de sair para pelejar contra o Anjo general, ele pediu-me um favor... E... Aqui estou para fazer cumprir o acordo Quando o gigante pega no braço de Caroline, uma imensa luz branca se apresenta no quarto. Aam reconhece quem é e teme.
-Meu Senhor!-Fala Caroline abismada e aliviada.
Diante do nome pronunciado, o demônio transfigurado no monstro, ajoelha-se.
-Ela não te pertence mais. –Avisa o Rei dos reis. – Sai daqui e não volte mais.
Da mesma forma como Aam apareceu, ele some. Caroline está no canto do quarto, chorando.
-Sua vida corre perigo. O teu inimigo não sossegará. Foge daqui.
-Para onde vou?-Pergunta Caroline.
-Meu mensageiro te guiará. – Fala Jesus suavemente. – Procure Lucas.
-Lucas? O pastor que tentei matar?
-Quando você o vir diga para ele: setenta vezes sete. -Setenta vezes sete? –Ao repetir, O Rei dos reis desaparece. Um enfermeiro entra no quarto.
-Troque de roupa, estamos de saída.
-Quem é você? –Pergunta Caroline.
-Pode me chamar de Allende. –Ao tocar no ombro de Caroline, uma paz e tranqüilidade enchem seu coração. Eles cruzam o corredor do hospital sem serem notados, entram no elevador e descem. No estacionamento do hospital, Allende tira uma folha com um endereço.
-Faça conforme o Mestre ordenou. –Reforça Allende. -Obrigado. – Fala Caroline com lágrimas nos olhos. -Não chore por tristeza mais, se for chorar, faça-o por alegria, pois você agora pertence a Ele. Os homens podem matar o corpo, mas sua alma é dele. Vá em paz.
Caroline entra num taxi que a estava aguardando e segue na direção que estava orientada.
Thell acompanha tudo ao longe, com sua nova roupa dada pelo General Miguel
Fim
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