"trust me?"

Rubby

"Eu avisei, não avisei?"

Rubby seguiu Crowley até a instituição sem que ele a notasse, óbvio que o seguiu, sabia que assim que notassem ele o jogariam nas masmorras.

....

Ela tava certa.

A garota observava aquela cena do teto das masmorras, apagando sua aura e se misturando entre as sombras.

-- Diretora! Gaia! -- ele gritou pelas grades. -- Não fui eu! Por favor me escute! Aonde está o cavaleiro Dale!? Fale com ele! ... eu posso falar com o Dale?

Gaia deu um suspiro frustrado, parecia ter uma estranha tristeza falsa em seu tom de voz ao falar.

-- não tem nada para escutar, Crowley. -- Gaia respondeu, Rubby era incapaz de decifrar aquela mancha em sua aura.

-- escuta, me escuta! -- ela o olhou. -- eu não matei o rei, alguém trocou minha espada!

-- a única pessoa que tinha acesso a sua espada era você. -- ela respondeu.

-- eu? E o escudeiro? -- ele grunhiu. -- tinha algo de errado na minha espada quando ele me entregou ela!

-- Wolf é incapaz de projetar um raio de negatividade igual aquele. -- ela fechou a cara. -- é só peculiar que você era, é, bem capaz. Já que brincar com armas as desmontando e remontando é seu passatempo desde pequeno.

-- isso não justifica nada! Não faz sentido! Por que eu?!

-- Porque você não deveria ter se tornado cavaleiro... -- ela suspirou tristemente. -- Você não poderá falar com mais ninguém. -- ela encarou a prótese do rapaz antes de começar a caminhar em direção a porta, que fechava apagando a luz do ambiente.

-- espera! Diretora! Não fui e- -- o estalo da porta de fechando o calou.

Rubby ficou em silêncio o observando, ele se sentou no banco do canto da cela, olhando o chão enquanto fechava o punho com força. Rubby suspeitava que ele estava cravando as unhas na palma da mão.
Sua expressão estava completamente vazia, ele encarava o chão como se encarasse o nada.

Sua aura era como uma nuvem negra espessa que o rodeava, era como olhar para um lago de águas turvas, era tão inexpressiva quanto ele, Rubby não conseguia decifrar nada na aura dele, isso a incomodava profundamente.

Dando um suspiro, a garota se materializou ao lado dele, segurando a prótese.
Mas ao sentar do lado que de seu rosto coberto pela franja, em total e puro silêncio, fez com que ele não a notasse.

"Como será que ele ficou cego aí?"

Rubby suspirou de volta, levantando a prótese e o cutucando com ela.
O rapaz olhou pro lado dela rapidamente, com o olhar arregalado.

-- o que você tá fazendo aqui? -- ele perguntou incrédulo.

-- vim te salvar, chefia. -- ela sorriu.

-- não preciso que me salve.

Rubby desfez o sorriso, com cansaço.

-- você é teimoso, chefe, mas eu sou mais. -- seu sorriso voltou, mas em seguida tomou um ar melancólico. -- admiro sua determinação para tentar convence-los que você não é o monstro que dizem ser. Mas depois que as pessoas te enxergam como monstro, é quase impossível mudar essa visão. Experiência própria.

-- experiência própria é? -- ele segurou a prótese quando Rubby a ofereceu, colocando no lugar.

-- É. -- Rubby respondeu.

-- como entrou aqui? Esse lugar é cheio de guardas -- ele olhou para a grade da cela. -- e a cela está trancada. -- seu olhar virou para Rubby novamente, mas a garota já não estava ali.

-- Sério? -- a voz dela ecoou das grades, fazendo Crowley olhar em sua direção.

Agora Rubby estava parada do lado externo da cela, apoiada nas grades.
Ela sorria descontraída mexendo a longa cauda atrás de suas costas.
Crowley encarou a cauda, reparando que não tinha notado ela antes.

-- como você foi parar aí? -- ele perguntou, se aproximando das grades.

-- eu sei a senha! -- ela foi até a lateral da porta da cela, aonde tinha a placa de senha.

-- isso não explica n-

Ela clicou em alguns números sem nem encarar a placa, cantarolando baixo enquanto clicava.
Até que a placa falou com uma voz robótica:

"Senha incorret-"

Antes que a voz terminasse, Rubby desferiu um soco na placa que a quebrou e soltou vários pequenos raios de eletricidade, mas a porta da cela abriu em seguida.

-- .... Está brincando comigo? -- Crowley perguntou.

Rubby deu uma risada.

-- o importante é que abriu. Vamos? -- ela sorriu, colocando as mãos nos bolsos enquanto se virava pra porta de entrada.

-- Sabe que isso só vai piorar a situação não sabe? -- ele a seguiu.

-- piorar mais do que já tá? -- a garota riu, virando o rosto na direção dele enquanto dava outro soco na placa de senha da porta de saída das masmorras e a porta abria.

-- Certo, mas vamos sair daqui sem chamar atenção. -- ele passou por ela, indo em sua frente.

-- Sou a favor desse plano. -- ela sorriu tranquilamente, o acompanhando.

Crowley caminhava pelos corredores com familiaridade, notou Rubby.
E ela o seguia em silêncio e olhando em volta.

Não tinha nenhum guarda ali, claro que não tinha, ela apagou todos e os tirou do caminho quando estava vindo, mas Crowley não sabia disso, o que lhe rendeu uma expressão confusa e uma olhada em Rubby.

-- aonde estão os guardas? Deveria estar infestado de guardas aqui. -- ele perguntou, fechando a cara.

Rubby deu ombros.

-- pausa pro café? -- ela sorriu brincalhona, mas Crowley não desfez a expressão.

Crowley andou mais um pouco, parando em frente a uma sala aberta, Rubby piscou, vendo a expressão dele ficar incrédula ao ver os corpos dos guardas desacordados dentro da sala.

-- mas o que- -- ele olhou feio para Rubby.

Rubby sorriu dando ombros.

-- já estavam assim quando eu cheguei.

O alarme tocou logo em seguida, atraindo a atenção de Rubby e de Crowley pro corredor onde tinham vindo.

Rubby riu, levando os dedos ao rosto, aonde linhas azuis foram puxadas do risco em seu rosto.

-- acho que temos companhia. -- ela sorriu, a luz piscante deu um ar estranho para a garota, Crowley reparou.

-- vamos! -- ele puxou ela pelo braço, correndo pra direção oposta.

-- Sabe que a saída era pro outro lado né? -- Ela falou, com um movimento com a mão, as linhas bateram com força um guarda na parede do corredor. -- aonde está indo?

-- preciso falar com meu irmão. -- Crowley respondeu, tirando um suspiro de Rubby.

-- Como sabe que ele não vai te atacar? -- ela derrubou um pedestal com uma batida da cauda, tampando uma porta que ameaçava abrir.

-- Meu irmão não me atacaria. -- ele disse, virando o corredor.

Rubby olhou em silêncio para o braço dele, mas calou a boca ao ver três de guardas os esperando em frente.
Ela bateu os guardas na parede usando a linha, Crowley correu até a porta e a abriu, dando de cara com Dale.

De repente tudo ficou em silêncio, os dois se encararam e Dale apoiou a mão no cabo da espada na cintura, sem desviar o olhar do irmão.

-- Crowley? -- ele murmurou.

-- Dale eu- -- Crowley começou a falar, mas vozes encoaram, e uma dúzia de guardas surgiu do corredor.

Rubby gunhiu, apontando pra porta atrás de Dale.

-- olha é a Andressa?! -- ela gritou, os guardas olharam pra lá por segundos suficiente para ela puxar Crowley para uma sala antes que ele fosse atingido por flechas, e então fechou a porta atrás de si com uma batida.

Crowley caiu ajoelhado em sua frente, olhando em direção a Rubby que continuava segurando a porta.

-- vamos morrer. -- ele disse num suspiro cansado. -- não tem saída aqui.

-- você não me ajuda também! Confia em mim? -- ela grunhiu.

-- confiar em você? -- ele arqueou a sobrancelha. -- eu tenho escolha?

-- promete que não vai surtar comigo? -- ela o olhou, ele notou o desespero na voz dela, com uma batida uma espada atravessou a madeira da porta perto da cintura de Rubby.

-- Não, não vou surtar. -- ele falou, se levantando e dando uns passos pra trás cuidadosamente.

Rubby suspirou, as rachaduras em seu corpo estalaram, um líquido negro começou a escorrer dos quebrados até inundar o redor dela e cobri-la, deixando com o dobro do tamanho, parecendo um enorme cachorro demoníaco, com olhos roxos e uma saliva ciano escorrendo dos dentes afiados.

Crowley arregalou os olhos, pensou em recuar mais, mas Rubby o puxou pra perto, o colocando em cima de si e quebrou a porta, jogando os guardas que tentavam quebra-la longe.

-- mas que- -- Crowley perguntou, Rubby respondeu com um rosnado alto o mandando segurar.

A garota bateu a enorme pata nos guardas, os jogando para os lados e passando direto pela porta, sem bater em Dale pois sabia que Crowley a mataria se fizesse isso.

Crowley apertou as mãos no pescoço dela, abaixando mais contra o corpo da garota para não cair com a velocidade que ela corria.

Rubby derrapou em um corredor, batendo na parede e derrubando meia dúzia de quadros e pedestais, mas de algum jeito protegendo Crowley pra que ele não fosse pego no impacto.
Segundos depois ela voltou a correr.

Crowley percebeu que ela aumentou mais de tamanho, ao passar por um dos corredores Crowley conseguiu ver Gaia saindo de uma das salas.
Ela olhou diretamente pra ele, encarando o enorme cão negro por alguns segundos com os olhos arregalados, o rapaz viu ela abrir a boca, mas antes que pudesse ouvir o que ela ia falar, Rubby saltou por um dos vitrais.

Crowley olhou pra baixo arregalando os olhos, apertando as unhas em Rubby até enfia-las no pescoço da garota.
Rubby se mexeu, e então a gosma abriu, Rubby, a garota, surgiu entre aquele líquido negro, e o mesmo diminuiu, formando enormes asas nas costas dela.
Deixando Crowley por alguns segundos completamente sozinho no ar.

Ele pensou em gritar com ela, mas Rubby voou até ele e o segurou, usando as asas para se defender da chuva de flechas que vinham em sua direção, ricocheteando na gosma e caindo penhasco abaixo.

Rubby segurou ele e começou a flutuar pra fora do alcance das flechas, mas as asas começaram a falhar quando estavam perto da floresta, a uns 5 metros do chão.
A garota perdeu a força nos braços, puxando Crowley contra o peito e usando o que restava das asas para o proteger de bater com tudo em uma árvore.

Quando os dois atingiram o chão, a gosma evitou ossos quebrados e membros deslocados.
Mas Crowley havia desmaiado com o impacto, e Rubby precisou deitar por uns segundos ao lado do rapaz para que sua visão parasse de girar.

-- eu disse que era suicida. -- ela riu fraca, recolhendo a gosma e se levantando.

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