40 - Luzes e Sombras;
"Eu vi aquele olhar no seu rosto e eu sabia. Já era tarde demais para a verdade. Uma culpa que eu nunca senti. Oh inferno." Always Never - Ghost in the night.
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O dia amanheceu ensolarado, a porta da varanda estava aberta, raios solares adentravam o quarto, trazendo calor e luminosidade.
Na cama enorme, Jeon dormia, agarrado a um dos travesseiros, ao seu lado, já desperto e vestido, Taehyung o observava, vez ou outra acariciava a pele que aos poucos voltava a ter brilho e calor.
Tudo aquilo não passava de mentiras muito bem plantadas e cultivadas — O mais velho percebia o quão afetado estava, e como seus sentidos estavam ainda mais em conflito.
Todavia, a ciência de como tudo andava poderia ser assustadora, perder-se em momentos ilusórios o deixava agoniado, por isto, não dormia, não comia bem, o cansaço era visível pelas marcas escuras ao redor dos olhos, a pele amorenada tomando uma tonalidade fosca, era impossível descansar quando tudo caminha numa corda bamba, a qualquer momento tudo irá se dissolver em pó.
Saindo da cama, aproveitou para deixar a mesa arrumada para o café da manhã, admirando a paisagem, tomou um pouco do café fresco e amargo, o cigarro foi tragado, a fumaça solta rodopiava no ar até sumir, Taehyung queria dolorosamente que seus pensamentos sumissem da mesma forma — A lembrança que o acordou no meio da noite foi o suficiente para mantê-lo longe de seu subconsciente.
A culpa estava o matando e sentindo o líquido quente e escuro lhe aquecendo o interior, foi arrastado novamente pela memória maldita da qual jamais se livrará.
O terraço do edifício foi o ponto que estudou a meses, os cabelos escuros eram jogados em direções opostas pelo vento frio, aproveitaria a vista de tirar o fôlego se o objetivo não fosse mais do que importante.
O fuzil SVLK-14 Sumrak estava posicionado sobre o tripé apoiado no parapeito, o indicador tremia e o olhar estava direcionado no casal a tantos metros dali.
Pela mira, viu Jimin numa posição perfeita, os luzeiros marejaram, sua mente gritava para que parasse com aquilo, sua mente formava mil cenários dos três juntos e felizes, conquanto, o egoísmo falou mais alto, seu lado sombrio e infernal uivou numa ordem clara.
Respirando o ar gelado, pressionou o gatilho, a bala cortou o ar, em menos de dez segundos atravessou o vidro grosso, acertando a cabeça do loiro — O coração tão fragilizado errou as batidas e sangrou pela morte de um inocente.
Kim desmontou a arma tremendo, proferindo palavrões, guardou o equipamento e correu em direção às escadas, adentrando o elevador. Não deixou nenhuma evidência para trás.
No carro luxuoso, seguiu a distância o policial que transtornado caminhava entre lágrimas, gritando aos quatro ventos implorando a Deus para que aquilo tenha sido mentira.
Mas não era.
Era a dolorosa realidade de alguém que obtém um demônio no encalço.
A despeito das dores escorrendo por todos os lados, Kim parou o carro, descendo, indo em direção ao corpo encolhido em lamento no concreto sujo e empoeirado.
A cada segundo o moreno dizia mentalmente que aquilo era o certo. Que matar Jimin foi a melhor decisão.
Mas não era.
Com o coração sangrando, sua alma padecia, aquela única chama que impedia a escuridão de fixar-se por completo, apagou — As sombras tomaram o controle.
A próxima vez que chover, será das verdades que virão à tona junto a sangue fresco.
Os devaneios foram interrompidos pelo toque quente contra seu pescoço, seguido por braços o envolvendo num abraço por trás, piscando os olhos algumas vezes, viu a silhueta de Jeon parado diante de si, vestindo apenas sua camisa que o cobria até as coxas grossas — Puxando-o para seu colo, inalou o cheiro gostoso de leite e mel que cobria a pele leitosa. Depositando um beijo casto ali, sorriu.
— A quanto tempo estava aqui? — O tom ainda que carinhoso, soou rouco, fazia horas que não ouvia a própria voz.
— Quase meia hora. — Respondeu. — Estava distante. No que você tanto pensa?
— Em nada importante. — Beijou o ombro esquerdo um pouco exposto pela camisa larga. — Tomou café?
— Uhum. Apenas o suco e alguns pedaços de morangos e manga. Estou sem muita fome.
— Hoje iremos cavalgar. — Lembrou. — Os cavalos já foram selados. Ainda quer ir? — Apertou a cintura pequena, tirando um suspiro surpreso deste que apertou um pouco os ombros do mais velho.
— Quero. Podemos aproveitar o dia. Tá tão lindo, amor. — Sorriu.
Taehyung admirou a beleza santificada do garoto, o sorriso que o desconcertou, as pintinhas que fazia-o recordar de uma noite estrelada durante o verão — Os cabelos que estavam maiores que o costumeiro, o quanto a pele leitosa beijada pelo sol era sublime.
— Tem razão. Vista-se apropriadamente. Deixei suas roupas separadas.
— Obrigado. Volto logo. — Desceu do colo alheio, totalmente animado e entrou correndo para vestir-se.
Suspirando, Kim levantou da cadeira de balanço que nem percebeu que em meio a lembranças, havia se sentado — O café foi substituído por álcool, a calça de montaria marcava as pernas e coxas, a camisa era larga, o tecido suave para não sentir tanto calor.
Em instantes, Jungkook surgiu em seu campo de visão, as roupas semelhantes às suas, o jeitinho quase infantil, a empolgação o deixava meigo e totalmente hiperativo.
— Vamos? Por favor!
— Sim. Vamos ao estábulo.
De mãos dadas caminharam para fora do castelo, sendo recebidos pelo sol por completo, no estábulo os cavalos estavam à espera. Uma linda ègua puro-sangue inglês, a pelagem era alva como a neve, ao lado um de raça frísio, também chamado de friesian, é uma raça de cavalos de cor negra originária da Frísia. É um animal de temperamento dócil e fisicamente bastante robusto. É criado principalmente na Frísia, litoral norte dos Países Baixos, de onde se origina seu nome. É difícil datar a origem do cavalo frísio com precisão.
— São lindos. Meu Deus! — Os olhos arregalados denunciavam seu fascínio.
— Está é Winter. — Apontou para a égua albina. — Este aqui é o Maximus. — Acariciou a pelagem negra e brilhante do cavalo.
— Eles são lindos. — Elogiou.
O homem à espera de comandos cumprimentou os dois, como Jeon não era fluente em italiano, Kim tomou a frente, conversando com o homem e ordenando que mantivesse a água fresca para os animais e ração para quando retornarem o que não demoraria muito.
— Grazie, signore Antônio. Obrigado senhor. — Voltou o olhar para o mais novo. — Irei te ajudar a montar.
Depois de certas tentativas, Jungkook montou graciosamente em Winter. Taehyung já estava segurando as rédeas de Maximus, o cavalo relinchou, batendo a pata dianteira de modo impaciente, enquanto a égua permanecia calma, recebendo carinho no pescoço.
— Ela é obediente, então não precisa ficar com medo, estarei ao seu lado o tempo todo. — Avisou mantendo o sorriso neutro.
Os animais trotaram para fora do estábulo, Jeon não demorou a pegar jeito para comandar e Kim permanecia por perto enquanto o parceiro avançava devagar.
— Não paro de me surpreender com este lugar. — Ouviu a voz melodiosa soar. — Me sinto muito em paz e estranhamente em casa.
Apreciando o tempo fresco e a paz que reinava pelo local, chegaram no campo, os cacos batiam contra a terra seca, levantando um pouco de poeira — Jungkook sorriu pelo relinchar da égua, preocupado acariciou novamente a pelagem alva.
— Está calado. O que foi, amor?
— Estou muito cansado.
— Vamos voltar. Podemos cavalgar mais tarde. — Ordenou sem dar espaço ao mais velho de negar. O passeio não durou como pretendiam, os animais foram deixados aos cuidados de Antônio. Jeon segurou a mão direita de Kim, o guiando para dentro do castelo.
— Jung... — Foi calado pelo olhar intenso.
— Percebo o quão cansado está. Só quero que durma um pouco, que descanse. Mas antes, tome um banho.
— Jungkook-ah. Estou bem. É apenas trabalho.
— Faça o que peço, por favor? Hum?
— Tome banho comigo, prometo que é apenas banho.
Mantendo a expressão neutra, caminhou até o anexo, tirando as roupas e as deixando dentro do cesto — O tom pálido do mármore em meio ao dourado transmitia uma certa paz de espírito.
Ligando o registro, deixou a água morna cair por seu corpo, o vidro do box aos poucos ficou embaçado, apoiando a mão direita na parede fria, Kim fechou os olhos e chorou, tudo estava o sufocando e precisava desesperadamente de alívio.
Encontrando lágrimas um pouco daquilo, Jungkook observava conforme tirava as próprias roupas e entrava no box, apoiando a mão direita nas costas alheias, acariciando, o confortando em silêncio.
Jungkook podia sentir Taehyung tremer em suas mãos.
— Tá tudo bem, Tae.
Não estava e infelizmente os motivos não podiam ser ditos a ele, não quando o estado era frágil em meio a noções totalmente irreais.
O choro foi cessando aos poucos, virando para encarar o mais novo, tomou os lábios rapidamente, envolvendo a língua macia com a sua, dando início a um ósculo afoito, como se aquilo fosse uma tentativa fútil de manter-se inteiro.
— Tae. — Sussurrou contra os lábios a centímetros dos seus. — Conta para mim o que está havendo?
— É apenas cansaço. Nada além.
Visto que este não diria mais nada, ajudou-o com o banho, alguns minutos depois, já vestidos, Kim separava os itens que precisaria para fazer o almoço, Jungkook observava enquanto segurava delicadamente a taça de cristal, contendo vinho tinto.
— Me fale da sua filha, amor. — Pediu, o homem arregalou os olhos de pronto.
— Como sabe que tive uma filha? — Procurou perguntar com cautela, o medo de a memória alheia voltar era constante.
— Não me recordo do momento, mas você falou para mim. Acho que foi quando estávamos nos conhecendo. — Explicou.
— Certamente. — Lavou os tomates em um recipiente antes de cortá-los. — Aurora era uma criança alegre e gentil, nunca foi mimada ou birrenta. — Sorriu um pouco. — Nossa condição nunca foi usada para diminuir ninguém, sempre ensinei valores a ela, ainda que muito pequena, compreendeu perfeitamente. — A carne bem cortada foi posta numa travessa de vidro, junto aos tomates, alho descascado, e outros temperos para logo ir ao forno pré aquecido. — No dia das crianças, dei a ela um parque de diversões inteiro. — Lembrou nostálgico. — Antes dessa surpresa, entregamos presentes no hospital do câncer que ajudo desde sua fundação. — O coração deu um leve aperto. — Ela era incrível. — Concluiu.
— Igual a você. — Completou. — Onde ela estiver, saiba que sente orgulho do homem que é.
Não. Ela não teria orgulho, Jungkook. Disse mentalmente, engolindo a ânsia de chorar novamente.
Cerca de uma hora, com a mesa posta na varanda, apreciam a culinária italiana, apreciando um bom vinho, curtindo a paz e o conforto que se findou rapidamente.
— Tae. Encontrei esse livro. Leia para mim? Por favor? — Pediu, entregando o livro de capa dura em um tom azul claro com o desenho de um pássaro na capa junto ao título e nome do autor.
Estava em italiano e por isso pediu para Kim ler, amava o sotaque firme e como o idioma soava tão sensual e profundo na voz deste.
No início da tarde estavam na sala, o sol adentrava as paredes de vidro, iluminando os móveis rústicos em tons suaves — Num chamar silencioso, Jeon sentou em seu colo, encolhendo um pouco o corpo, encostando o rosto na curvatura do pescoço, inalando o cheiro amadeirado do mais velho.
— Un posto bellissimo. Um Belo Lugar. — Começou, o livro infantil trazia uma imaginação extensa do que ali é imposto, do autor brasileiro Alexandre Rampazo. — Solo la materia vivente era così bella. Caetano Veloso. Apenas a matéria vida era tão fina.
Uma vez minha mãe me contou sobre um pássaro
Era chamado de pássaro da felicidade por alguns
e um pássaro celeste por outros
Esse pássaro era um grou.
Ela disse que na lenda, que sua mãe lhe contou
e que era a mesma lenda que a mãe da mãe dela havia contado,
esse pássaro, com suas poderosas asas, levava para um belo lugar as almas dos que partiam
Um lugar que não é aqui nem lá, é só um belo lugar.
Tive um tatuzinho de jardim que eu guardava num pote de vidro e ele morreu.
Tive uma borboleta azul e um sabiá-tanajura também, e fiquei triste todas as vezes que isso aconteceu.
E a mãe me contou de grou e como ele havia ajudado minha avó e meus bichos a chegarem nesse belo lugar.
Tempos depois, eu pensei.
Como o grou vai fazer quando a alma dele mesmo tiver que ser levada para um belo lugar?
O dia em que eu tiver um filho, vou contar para ele a mesma lenda que a mãe me contou e que a mãe dela contou para ela.
Mas também vou dizer ao meu filho que um belo lugar é estar aqui, ao lado dele.
Para Hélio,que antes de seguir
para um belo lugar, tornou aquela outrora agora,
um belo lugar para se estar.
Concluindo a leitura, passou os dedos na última página, havia comprado para Aurora, havia visto ali o sorriso da sua menina, a felicidade e o amor pela leitura. A saudade doía, mas a culpa queimava e dissolvia tudo dentro de si.
Jungkook havia adormecido, a respiração estava suave e o corpo totalmente encolhido, agarrando em Taehyung — Deixando o livro no sofá, segurou-o com firmeza antes de levantar e caminhar com cuidado para levá-lo para cama.
Conforme as horas avançavam, o sol já havia sido coberto pelas nuvens, acomodado no sofá, fechou os olhos, encostando a cabeça mantendo uma posição relaxada, desejando um pouco do sono apenas para não desmoronar de vez. O cochilo durou horas, para seu alívio foi um sono sem pesadelo algum, quando despertou estava na penumbra, o céu noturno era iluminado pela luz prateada da lua cheia.
No quarto, Jungkook ainda dormia, tomando um banho rápido voltou ao cômodo, deitou na cama, suspirando enquanto observava a escuridão e seus pensamentos que novamente estavam o assombrando.
— Tae. — O timbre rouco o chamou.
— Sim?
Jungkook estava chorando, o corpo trêmulo, preocupado, afastou o edredom, cobrindo o corpo do menor com o seu, a luminosidade era escassa, o que não impediu de ver o rosto pálido um pouco vermelho pelas lágrimas.
— Faz amor comigo? — Pediu, puxando-o pela nuca para mais perto.
— Eu...Jungkook.
— Por favor! Tae.
— Nunca fiz amor. Não depois da morte da minha esposa. — A sinceridade o assustou. — Não me lembro de como é.
— Tenta. Por favor! Eu preciso de você. — Chorou, tirando a camisola, revelando a nudez, a pele macia e cheirosa.
As palavras não eram precisas naquele momento, Kim deslizou os dedos pelo rosto, deslizando o polegar pelo lábio fininho e trêmulo, estava apavorado, ainda sim, selou os lábios, beijando-o com calma, saboreando seu gosto enquanto suas mãos o apertavam, tirando suspiros que o deixaram duro.
— Ah! Eu te amo. — Jungkook diz, entre as lágrimas, envolvendo o quadril alheio com as pernas, abraçando-o, temendo ficar sozinho.
Taehyung parou, o encarava surpreso, em hipótese alguma cogitou ouvir aquilo dele, não era digno, principalmente dele.
Lambendo o lábio inferior, Kim tirou a boxer preta, no móvel ao lado da cama, dentro da gaveta pegou o lubrificante e duas camisinhas.
— Quero sentir você. Na pele.
— O que quiser. — Ajoelhou entre as pernas, despejou um pouco do líquido nos dedos, levando até a entrada pequena, massageando o local, fizera o mesmo com seu pau antes de deitar sobre o corpo de Jungkook, tomar novamente seus lábios e empurrar para dentro.
Os dois gemeram juntos, entre beijos e carícias, as estocadas lentas e juras que jamais seriam executadas futuramente.
— Jungkook! — Grunhiu. — Porra! — Apertou a coxa direita, pressionando seus dígitos na carne alva. — Continue gemendo assim para mim, amore mio.
Entre os lençóis faziam amor, a lua como testemunha daquele ato que mais tarde não traria boas lembranças e sim dor e temor — Perdidos no pecado e sentimentos que nasceram de traumas e consequências sombrias da vida, Taehyung o levou ao prazer, o clímax atingindo-o quando o suor encharcou os lençóis — Beijou a nuca suada, antes de beijar a boca que gemia e chamava por ele a cada estocada.
Kim gemeu ao mudar a posição, colocou Jungkook por cima, as mãos entrelaçaram e o ósculo retornou — O prazer veio de novo para os dois, misturando o suor com o líquido branco e pegajoso.
E admirando a impureza crua e ofegante, sorrindo em tremenda satisfação, entorpecido pelo orgasmo, Taehyung beijou, murmurando contra seus lábios.
— Também amo você, anjo.
Luz e sombras amaram-se pela primeira vez.
Ainda que envolvidos na luxúria, os sentimentos do mais velho eram sinceros.
Realmente amava.
Porém era um amor sujo.
Um amor impuro que tende à destruição em massa.
Enquanto durar, aproveitaria.
Pois em seu íntimo o demônio avisou.
Deu o ultimato quando Jungkook fechou os olhos e o abraçou.
Se ele não o aceitar. Mate-o.
A doença impediria que as consequências de toda sua desgraça o levasse à condenação.
Por isso tinha apenas uma saída.
Matar ou ser morto.
E nessa analogia.
Taehyung escolheu matar.
E ele vai.
Pois o amor não é capaz de torná-lo alguém melhor. Não havia mais tempo para isso. Seu destino foi consumado então tem de lidar.
Mesmo que seja sozinho, acorrentado à sua própria existência maligna.
Beijando os cabelos escuros e úmidos de suor, Taehyung fechou os olhos e deixou-se levar para a inconsciência.
Sua história já possuía um final.
E ele não como nas histórias.
Não era um final feliz.
[...]
Outro dia começou, fazia quase três semanas desde que o mundo chorou com a perda de Park Jimin — Jungkook continuava atônito a tudo, a dor e o trauma foram trancados, dando-lhe uma nova personalidade.
Cavalgaram por quase toda a propriedade durante toda a manhã. A tarde dançaram no grande salão do castelo, Jeon em um lindo vestido branco, a saia se movia conforme era guiado por Taehyung, o soneto suave passava um ar antigo, como se durante a dança houvessem se teletransportado para o século da música e da arte. Estavam em paz.
Entretanto, quando o dia virou noite, durante o jantar a luz de velas, o celular de Kim vibrou no bolso da calça de alfaiataria cinza chumbo, dando um sorriso para mostrar que tudo estava bem, pediu licença e saiu, passando pelas enormes portas de madeira, o mais longe possível para que Jeon não ouvisse.
Na tela, o anônimo ligava, arrepio percorreu pelo corpo do mais velho, num respirar alto, levou o aparelho ao ouvido esquerdo depois de atender.
"You need to go back to the US. Precisa voltar aos Estados Unidos."
O tom oscilou. O informante estava preocupado.
— Why? Porque?
"The department declared Jeon Jungkook missing. The delegate issued an alert and the boy's friends were notified. Looks like they found someone who saw him leave that building, sir. Need to go back today. O departamento declarou Jeon Jungkook desaparecido. O delegado emitiu alerta e os amigos do garoto foram notificados. Parece que encontraram alguém que o viu sair daquele edifício, senhor. Precisa voltar hoje."
Taehyung rosnou, apertando o celular com força até sentir o nó dos dedos ficar dormente pela falta de circulação de sangue.
— FUCK! PORRA! — Gritou. — Kill whoever saw me. I kept an eye on his friends. I'll board in an hour. Mate quem me viu. Fiquei de olho nos amigos dele. Vou embarcar daqui uma hora. — Ordenou, pela visão periférica viu Jungkook assustado.
"Yes sir. Sim senhor. "
— Будьте на своем обычном месте. Если ты меня обманываешь. Всадить пулю в голову. Esteja no lugar de sempre. Se estiver me enganando. Meto uma bala em sua cabeça. — Ameaçou em russo, visto que não estava mais sozinho.
Encerrando a ligação, caminhou até Jeon, puxando para um beijo quase agressivo.
— Voltaremos aos Estados Unidos hoje. Arrume suas coisas, meu bem.
— O que houve?
— Problemas com uma de minhas empresas. Assim que for resolvido, voltamos para cá. — Beijou-o de novo.
— Ta. Se acalme, por favor. Quer que eu arrume as suas também?
— Sim, não precisa de muito, lá compramos novos. Irei ligar para meu piloto.
— Ta.
Esperando estar sozinho, ligou para ordenar que o jato estivesse pronto, seu corpo queimava em puro ódio. No término, lançou o aparelho contra a parede, o impacto destruiu o aparelho, deixando uma rachadura na parede de pedras — Aquilo seria um problema, um que irá resolver com seja lá quem for.
As malas foram colocadas colocadas no porta malas do SUV, Taehyung terminou a bebida, deixando o copo em qualquer lugar, tomando o assento do motorista, Jungkook continuou quieto, o conjunto de moletom maior que o número habitual o aquecia, os lumes escuros encarando tudo em extremo remanso.
Nada mais foi dito, a tensão emanava do mais velho — O carro atingiu quase a velocidade máxima, Kim dirigia com excelência e atenção, ultrapassando outros veículos, avançando o sinal vermelho. No aeroporto, a comissária levou as malas para o interior da aeronave, Jeon subiu quieto, acomodando-se em uma das poltronas.
Taehyung conversou com o piloto e copiloto antes de se sentar de frente para o mais novo.
Estavam voltando.
O problema é tentar saber como o retorno causaria em Jungkook.
Todos que ousarem tentar fazer Jungkook voltar a si, irá morrer antes de perceber quem os matou.
Isso era uma promessa.
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