28 - Desejo Nocivo;
"Eu não estou aqui para jogos. Eu te disse a verdade, você escolheu ficar. Amor, você escolheu a dor. Porque você não me conhece, você apenas sabe meu nome." Renegade - Aaryan Shah
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Os amigos de Jeon foram embora no início da noite, despediram-se do casal com abraços e promessas de que tudo ficaria bem, Jimin sorria meio forçado, o medo ainda impedia seu descanso, a ansiedade o deixava agoniado, e isso não passou despercebido por aqueles que o conhecem bem.
Taehyung ficou distante, observando a cena se desenrolar diante de seus olhos, não havia dormido, então assim que foram, ele voltou para o quarto sem ninguém notar... bebendo e pensando em seus planos que não pareciam tão satisfatórios, não lhe causavam euforia; a despeito dos sentimentos estranhos que tomava conta de seu coração estilhaçado.
O moreno se manteve absorto, olhando para um ponto cego na penumbra, a maçaneta da porta foi girada, o ruído o despertou, não fez questão alguma de levantar para abrir, então deixou que quem quer que fosse, desistisse e o deixasse sozinho.
Sozinho.
É assim que ele é. Sempre fora. Morrerá assim.
O amargor em sua língua não era devido ao conhaque, e sim pela dor que corria por suas veias, tão quente, tão sufocante; Taehyung levou anos para controlar-se, no entanto, mesmo o melhor do melhor, não conseguia de fato isolar aquela sensação maldita que o desestabilizava, o deixava nervoso e atordoado.
A escuridão era confortável, mas naquela situação era insuportável.
Terminando a bebida, Taehyung se levantou, precisava ficar ao ar livre, precisava respirar; saindo do quarto, caminhou pelo corredor pálido, rumou até a escada sem fazer a mínima questão de procurar pelo casal - este se dirigiu até a hidro ao ar livre, retirou as roupas e adentrou, sentindo a água fria apaziguar sua agonia.
A luz da banheira iluminava um pouco ao redor, a brisa fresca o fez fechar os olhos e aproveitar um pouco do luxo que obtém. Passos vindo em sua direção lhe fez abrir os olhos, o horário era desconhecido por si, entretanto ele não se importava. Sua existência não importa.
Nada daquilo importa.
Jungkook o fitava de maneira esquisita, a feição bela estava abalada pelas situações atuais, as roupas largas e maiores o deixavam mais tranquilo e despojado - Taehyung nada falou, pegou um cigarro junto ao isqueiro, acendeu e tragou devagar, e aquela visão era quase erótica, profano para o policial.
- Precisa de alguma coisa? - O moreno pergunta, o timbre rouco e agudo fez Jeon tremer.
- Não o vi o dia todo, pensei que nem estivesse aqui.
Kim assentiu, voltando a fumar e soltar a fumaça, ignorando o policial que de imediato não forçou uma conversa, apenas despiu-se e entrou na banheira ficando em outra extremidade mas de frente para ele...a suposta banheiro era grande, cabe ao menos seis pessoas, então não precisava que ficassem tão perto, muito menos conversar, às vezes, o silêncio é melhor, é necessário, evita tristeza, evita mágoa, evita muita coisa que pode ser dita de forma errada.
Taehyung olhou para Jungkook, analisou o peito nu, um pouco do abdômen à mostra, os cabelos já úmidos pela água, a admiração era plena, o desejo dissolvia o desespero, a vontade de tomar aquele homem era irrefreável.
- Aceita? - Ofereceu o cigarro, Jeon assente e pega o aceso, tragando um pouco e soltando a fumaça branca que rodopiou no ar até sumir por completo.
- Quer conversar? Parece tenso. - Observou o mais novo.
- Estou bem, só precisava relaxar. - Mentiu perfeitamente. - Onde seu namorado está?
- Dormindo, ele não está bem então lhe dei calmantes para poder descansar melhor.
Estou preocupado, entretanto, amanhã volto ao trabalho então vejo o que consigo por lá.
Kim pegou um copo e a garrafa de conhaque que trouxera consigo, serviu uma dose considerável, tomou um pouco e entregou ao homem que não tardou a beber.
O desespero envolvia ambos, os engolia, e isso os levava a querer uma distração que poderia não ser lá muito propícia.
De gole em gole o conforto se instalou, o álcool enevoou toda a tensão, deixando ambos levemente confortáveis - Taehyung sorriu ladino, acendeu outro cigarro e se aproximou do policial, deslizou a palma sobre o peito alheio, sentindo a rigidez, a carne macia, subindo os dedos longos até o pescoço deste, segurando-o assim, tragou a fumaça, mantendo contato visual aproximou dos lábios finos e avermelhados que estavam entreabertos e despejou a fumaça, e sorriu antes de tomar daqueles lábios.
O gosto do conhaque acrescentou no ósculo lascivo, Kim se sentou no colo do policial, apoiando as mãos no pescoço de Jeon, intensificando o beijo gostoso e erótico... movimentando-se sorrateiro Taehyung rebolou no pau alheio, Jeon gemia no beijo, apertando a cintura estreita, se entregando aquele desejo que tanto lhe corrói, que deixa louco, alucinado.
- Esta tão duro. Me conte seus desejos, Jeon. - Pediu sensual, parando de se mover.
Jungkook mordeu o lábio inferior do mais velho, desceu até o maxilar marcado, rumo ao pescoço, chupando a região sensível, o ouvindo o gemido soar quase como um rosnado - as mãos enormes deslizaram para a bunda, adentrando a cueca molhada, apertando a carne, abrindo-o para si e ordenando silenciosamente que voltasse a se mover sobre seu pau duro.
- Sinto vontade de te comer bem gostoso, fazer você quicar no meu pau até gozar. - Respondeu após alguns minutos, mordendo o ombro de Taehyung com força, desde o início, desde o primeiro toque, Jungkook entendeu que o mais velho sente prazer na dor.
De sentir e causar.
- Quer é? - Indagou, saindo do colo do policial, retirou a cueca sem sair completamente da água, Jeon fizera o mesmo.
Dessa vez a posição foi trocada, Jungkook estava no colo do mais velho, beijando-o como se sua existência depende daquilo, Kim mordeu com força o lábio inferior alheio, o gemido de dor e prazer o deixou ainda mais duro, um filete de sangue surgiu, escorrendo lentamente, Taehyung lambeu, chupou a carne macia e quente, apreciando o gosto do sangue enquanto apertava a cintura com força, e Jeon simulava uma quicada no pau duro, roçando em sua bunda.
- Porra. Isso. Continua assim. Gostoso do caralho. - Rosnou o mais velho.
Jungkook agarrou os fios dos cabelos molhados do moreno, intensificando o beijo, movendo-se sobre o caralho, gemendo desesperado, clamando pelo mais velho.
- Vem. Me chupa. - Taehyung ordenou.
Jeon sorriu enquanto apreciava a visão dele se sentando no degrau da banheira, o corpo molhado, o pau duro foi agarrado pelo policial.
A língua do mais novo deslizou pelo cacete, subindo até a glande inchada, chupando, sentindo o gosto do pré gozo, Kim rosnou, segurando os cabelos alheio, movimentando o quadril, rebolando enquanto o outro o engolia.
- Que boca gostosa, puta merda. Isso, chupa esse caralho, ele é todo seu, porra.
Jungkook gemeu, sugando com força, punhetando aquele pau gostoso que fodia seu namorado e ele desejava que o fodesse também; o mais novo colocou a língua para fora, Taehyung punhetou o pau e gozou na boca deste, que bebeu satisfeito, sem desperdiçar uma gota se quer.
- Sua vez, babe.
Kim o beijou, agarrando o pau negligenciado, apertando a glande molhada, sorrindo pela expressão de tesão e dor.
- Quer gozar pra mim? Hum?
Jeon não respondeu, apenas gemeu manhoso, querendo alívio.
- Responde. - Ordenou, desferindo um tapa na coxa esquerda.
- Quero. Por favor! - Implorou.
- Então vem. Vem para mim. Goza para seu dono.
Aquelas ordens o levou a um ápice surreal, Jeon gemeu alto assim que os lábios do mais velho engoliu seu pau, sugou devagar, provocando-o... a língua fez movimentos circular ao redor do falo, a uretra expelindo pré gozo, o pau pulsando em sua boca.
- Não se segure, goza para mim. Me deixa beber de você.
Jungkook rosnou, gozando forte na boca alheia, Kim sorriu satisfeito, massageando o membro ainda duro, bebendo, sentindo o gosto delicioso daquele homem que o fazia perder a sanidade que já não é tão existente.
- É ainda mais lindo gozando para mim. - Elogiou, o colocando em seu colo e o beijando, e o policial não se importou ao sentir seu próprio gosto na língua de Taehyung, pelo contrário, se sentia orgulhoso.
Permaneceram assim até o sono vir, tomaram banho juntos e Jeon lhe desejou boa noite antes de entrar no quarto que dividia com o namorado... Taehyung não foi para o seu, voltou ao andar inferior da mansão e permaneceu na sala, bebendo e olhando para a escuridão que aos poucos se dissipa, dando os inícios de um novo amanhecer.
Um novo dia. A marca em sua alma era quase como um selo amaldiçoado, ainda sim, mesmo que não aceite, é humano, então está sujeito a todas as emoções e sensações por mais que odeie.
Sua mente o levava para o momento que acabou a alguns minutos, ainda que tivesse tomado banho, feito a higiene, conseguia sentir Jeon em sua boca e corpo.
Amar é algo que não lhe cabe. Então a paixão, a euforia disso, o sexo, o desejo, isso sim lhe cabe, e por isso usa a seu favor, para aliviar-se e correr do que lhe assombra.
Às vezes nós estamos tão submersos na dor, no trauma que todo o restante é insuficiente, inútil - entretanto, Kim Taehyung sorri, indignado por estar submetido ao policial e seu namorado.
Tão rendido a eles que lhe dá ódio.
Ignorando o cansaço, trocou de roupa e logo saiu, entrando em seu tesla e saindo antes mesmo do casal perceber sua ausência.
Dirigindo rumo a cidade, Taehyung acelerou, ultrapassando alguns carros, até chegar no píer, descendo do veículo, deixando a porta aberta, caminhou até a beirada, olhando o mar calmo, o cheiro do sal adentrando suas narinas, o vento frígido açoitando seu rosto o moreno quis gritar, quis socar e desmembrar alguém, sentir o sangue escorrer e aquecer seus dedos.
A repulsa da humanidade lhe atingiu como um soco no estômago, fazendo-o se lembrar do seu propósito, do porque não conseguiu tirar a própria vida, puxando as mangas do casaco, encarou as cicatrizes em seus pulsos, o lágrimas escorreram por seu rosto e ali, no concreto sujo, Taehyung se ajoelhou, os cabelos sendo jogados para direções opostas, o calor das lágrimas aquecendo o rosto frio.
Kim chorou, e não aguentou.
Gritou com toda a sua força, um grito tão agudo, tão doloroso que o choro tomou força, desestabilizando-o como a muito não fazia.
A dor era tão infernal que morrer era uma ideia tão prazerosa, impossível de ignorar.
Quarenta anos existindo. Quarenta anos se odiando...odiando o destino, odiando tudo que aconteceu consigo, a perda, o luto, a violência, o trauma, a negligência.
Tudo. Apenas tudo doía em Taehyung.
Preso em sua mente, acorrentado em sua agonia, o moreno não percebeu uma figura miúda ao seu lado, sentada, e quando viu, pareceu ver sua filha, a garotinha não tinha nada a ver com sua falecida filha, ainda sim, era genuína, quase igual a um anjo.
- O senhor está bem? - Soou a voz infantil.
- Sim.
- A mamãe me deixou vir para te entregar isso. - Em suas mãos pequenas, jazia uma rosa envolta num pequeno plástico transparente.
Kim não entendeu, mas pegou a flor.
- Porquê?
- Porque estamos indo levar para meu papai e eu vi o senhor e senti que devia lhe dar uma também.
As roupas da criança eram escuras, virando-se notou a mulher com um buquê, usando a mesma tonalidade de vestes, estavam em luto.
- Sinto muito por sua perda. - Foi sincero em cada palavra.
A saudade o levava a ser humano, enquanto a dor o transformou em um monstro.
- Obrigada. Fique bem moço.
A garotinha não esperou por resposta, simplesmente se levantou e correu até a mãe.
Kim é inteligente e constou que não era a primeira vez que, sempre que mergulha numa crise, alguém o tira de lá. A inocência de uma criança o traz de volta, a saudade o torna humano, e a dor por hora é diminuída.
Se isso era um sinal, Kim não sabia, e talvez não queira saber.
Levantando e limpando as roupas, voltou ao carro, onde deixou a rosa no banco do passageiro e voltou, não para a mansão mas para sua cobertura no prédio abandonado.
[...]
O dia decorreu silencioso.
A chuva cobriu a cidade, Taehyung se exercitava, ignorando o celular vibrando perto de si - suor escorria por seu abdômen, a pele pálida coberta pela camada grossa brilhava na luz opaca da tarde cinzenta.
Duas horas depois, já vestido e limpo, Kim cozinhou, apreciando um bom vinho branco e ouvindo suas músicas antigas e calmas.
Conforme os minutos avançavam, Taehyung comeu em silêncio, bebeu e se acalmou conforme podia. Até porque, apenas ele sabe de sua dor, da profundidade daquilo, então, cabe a si mesmo se ajudar.
Deixando o copo com whisky na mesa de centro, o moreno abriu a maleta, com a experiência profissional perfeita, montou o rifle, deixando para carregar por último, apenas uma bala será precisa. Uma só.
A única coisa que o impede é a razão que insistia em gritar em sua mente que matar Jimin era uma péssima ideia.
Mas ele iria.
E vai.
Com a arma montada, Taehyung a deixou no sofá, o momento estava chegando então a morte também chegará.
Com Jimin morto.
Jeon Jungkook será só seu.
Ninguém o tirará dele.
Nem mesmo a morte.
E quem ousar sofrerá as consequências.
Um louco também é sábio.
No quarto, Taehyung despiu-se, deitou na cama enorme e bem arrumada e deixou o sono o reivindicar após dias em claro.
:)
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