00 - Prólogo;

"Não foi tão escuro e assustador quanto parece. Eu tinha um monte de diversão... Matar alguém é uma experiência engraçada" Albert DeSalvo.

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Existem milhares de pessoas que apreciam a luz do dia, admiravam a beleza das cores, principalmente quando a luz do sol irradiava trazendo brilho a tudo ao redor; para essas pessoas, a luz era sinônimo de paz, de segurança, paz interior.

Porém, existem outras que encontraram conforto na escuridão, um conforto que a luz não trazia, e jamais trará. Pessoas apaixonadas pela escuridão, são mais intrigantes do que aquelas que tem apreço a luz.

A madrugada era silenciosa, vazia, enquanto todos dormiam em suas respectivas casas, no conforto de sua família e adormecendo após um dia exaustivo, não imaginavam as tragédias que ocorriam no condomínio a muito tempo abandonado.

O prédio imenso se manteve vazio após um incidente a anos atrás devido ao maldito vazamento de gás, isso claramente foi algo que não pode ser previsto pelos operários que o ergueram, o local não obtinha mais a beleza que lhe foi dada no primeiro ano de inauguração, não era nada além de um local envelhecido e sujo, que vez ou outra era algo de vandalismo, jovens imprudentes adentravam o prédio, felizmente isso deixou de ocorrer.

Motivo? Bom. O motivo até então é inexplicável.

Pode-se dizer que o prédio possuía um ar macabro, como se fosse a primeira camada do inferno, o medo escorria por entre as imensas paredes de concreto, trazendo sensações de calafrios e a sensação de que algo ou alguém estava à espreita.

Por entre os andares, elevador sem funcionamento, a poeira se alastrando tornando o ar quase insuportável de respirar, tantos apartamento vazios, portas de madeira já envelhecidas e corroídas por traças, plásticos jogados, o saguão estava pichado, em meio a poeira, havia latas vazias de tintas, outros de cervejas, bitucas de cigarro e maconha se misturavam a podridão. O último andar, o único andar que ninguém jamais ousou chegar, tanto pelas escadas cansativas, quanto pela escuridão que assolavam, tanto de dia, quanto de noite.

Neste andar, não havia sujeira, era impecável, mesmo com tudo tendo sido corroído pelo tempo, se manteve limpo, dentre muitas portas, apenas uma era diferente, era nova, em um tom preto fosco bem polido, com os números indicando "666", era um conceito sombrio, e também um tanto engraçado, depende do ponto de vista de cada um.

O apartamento era imenso por dentro, móveis rústicos, alguns tão polidos que brilhavam com qualquer luminosidade, os tons escuros nas paredes, em contraste com alguns quadros renascentista, as janelas imensas dando uma boa vista da cidade, a escuridão prevalece no interior do apartamento totalmente limpo e arrumado.

Uma melodia deprimente ecoava através de uma vitrola, a taça de vinho descansava sob o porta copos, a figura se mantinha inerte, acomodado no sofá de couro, as vestes lhe caiam perfeitamente bem, os dedos longos e pálidos tamborilava no braço do sofá, os cabelos negros e sedosos, um olhar penetrante e vazio estampado no rosto angelical e perigoso.

Taehyung observava tudo, sabia de tudo que lhe fosse atrativo, e no momento, sua mente se voltava para algo que até então deixara de lado. A escuridão lhe caia bem, muito bem aliás, a pele quase translúcida, dono de uma beleza irreal, e de uma mente ambígua e psicótica. Um sorriso minucioso surgiu por entre seus lábios avermelhados, a melodia estava em seu fim, o líquido escuro jazia na taça, o mesmo pegou o objeto, sentindo o cheiro delicioso de um ótimo vinho, o gosto amargo com um final doce o deixava satisfeito.

O vinho era gostoso, mas não tanto quanto ouvir choros, gemidos de dor e súplicas; Taehyung tem um gosto exótico, suas obras de arte jamais poderiam ser vistas, ou expostas em museus, tudo o que fazia na penumbra era sigiloso. Sua arte peculiar e intrigante, seria apenas para si.

Silêncio prevaleceu após o fim da melodia, o moreno ficou de pé, um movimento leve e elegante, os sapatos social Dolce & Gabbana de couro bem polido em contato com o piso de mármore negro, era o único som audível, o próprio caminhou graciosamente até o corredor, havia quatro portas, uma era especial, e foi para essa que Taehyung se dirigiu, a porta não era aberta com chave e sim com senha e digital, o homem é um tanto metódico, sempre pensando em cada detalhe.

A porta se abriu, pesada, feita com aço puro, o cômodo era pequeno, o isolamento acústico nas paredes, a janela escura sem ter como abrir e totalmente a prova de balas, lembrava claramente um quarto acolchoado de ala psiquiátrica, havia uma cama de solteiro, um banheiro sem portas, e sem nenhum tipo de objeto que poderia machucar sua hóspede.

A luz foi acesa, revelando a mulher acorrentada, adormecida com remédios um tanto específicos e todos aplicados de modo correto, para não afetar o bebê em seu ventre; aproximando-se lentamente, com a taça ainda em sua destra, observou a barriga enorme, as roupas da loira eram finas demais, os cabelos desgrenhado e a feição como a de um morto, tantas lembranças vinham a mente do moreno, memórias malditas, Kim tampouco se importava, adorava um masoquismo emocional .

Sem a intenção de acordar a mulher, passou os dedos levemente pela protuberância, sentia a coisa mover-se no ventre, franziu o cenho porém não se afastou, seu toque despertou a loira, os olhos arregalaram-se ao fitar o moreno, rapidamente tentou se desvencilhar do toque, uma tentativa frustrada e inútil visto que estava com as mãos e os pés acorrentados .

Nada foi dito por ela, e muito menos por Taehyung que se mantinha quieto, os lumes escuros quase penetrando a alma da mesma, sorriu ladino ao ouvir o coração martelando no peito magro, a maneira como a respiração alheia estava entrecortada, denunciava o medo, a repulsa que sentia de si, o moreno não se abalava. Óbvio.

— Ansiosa para ver a criança? Porque eu estou. — A voz grossa e rouca trouxe calafrios a mulher que virou o rosto para não olhá-lo.

Taehyung bebeu o restante do vinho em um só gole, afastou-se indo em direção a porta, antes de finalmente ir, sorriu, o timbre grave, quase demoníaco, pensou em dizer algo, entretanto optou pelo silêncio, apreciava muito atos inesperados, como se fossem surpresas, devido a isso, apagou a luz fechando a porta atrás de si, travando-a; as vestes farfalhavam a cada movimento mínimo, outra porta foi aberta e essa era de seu quarto.

A janela ficava de frente para outro prédio, o cômodo possuía as mesmas características sombrias de todo o restante do apartamento, apenas móveis necessários, sem fotos de família ou amigos, sem quadros na parede, nada.

Taehyung retirou o sobretudo preto, deixando-o sobre o encosto da cadeira, depositou a taça em cima de uma mesa pequena próximo a janela, seus lumes encarando a janela de um apartamento em específico, as luzes estavam apagadas, o relógio digital indicava uma e meia da manhã, o moreno despiu-se, o corpo tão bem desenhado, musculoso na medida certa, Kim tirava o fôlego de qualquer ser humano, sua beleza mortal era o que mais lhe favorecia, usando nada além de uma boxer preta.

Deitou-se sob os lençóis brancos e macios, o tecido gélido em contato com sua pele quente foi um alívio, com os lumes focados no teto branco, permitiu-se que todos os seus demônios surgissem na escuridão para lhe fazer companhia.

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