Capítulo 7: Aluno Novo.
A manhã se fez acinzentada. Pedro acordara de péssimo humor, com olheiras profundas. A prima o manteve informado, no entanto, demorava muito para responder e aquilo o deixava ainda mais aflito. Após se arrumar, encontrou um bilhete sob a mesa do café. A secretária do lar assava o pão com queijo no forno.
— Seu Henrique saiu cedo e deixou esse bilhete com cinquenta reais para você ir de carro. — informou, apanhando xícara e pires.
— Tá bom. — leu, e entregou o dinheiro à mulher.
— Pra quê isso, menino?
— Pra você. — seguiu para o colégio.
Era o dia do pagamento, precisava chegar cedo. Assim que o carro dobrou a esquina, lembrou que esquecera a porta do quarto entreaberta. Decidiu não voltar, já estava atrasado demais.
Do portão do colégio, Gustavo fez um sinal com a mão e Pedro foi até ele.
— Nove já pagaram. Tá aqui. — Entregou um envelope pardo. — Os recibos estão aí dentro.
— Beleza! — Guardou na mochila.
— A Lory já mandou mensagem dizendo que já recolheu de dezesseis. — informou Gustavo. — Ela vai pra sala.
— Ótimo... — tentava disfarçar a apreensão. Queria entrar e ver Amanda.
— Aconteceu alguma coisa? — notou o semblante do amigo.
— Nada, nada de importante. — fingiu um sorriso.
O celular de Gustavo tocou, era Lory informando a respeito dos pagamentos.
— Tamo indo... — respondeu Gustavo.
Pedro foi à frente, esbarrou em uma garota mais nova e pediu desculpas.
Gustavo estranhou o comportamento.
— Está tudo bem mesmo, mano? — usou um tom espirituoso.
— O dever nos chama! — fez o sinal do Clã e seguiram.
O Clã, coordenado por Pedro, controlava boa parte dos estudantes, fornecendo proteção aos associados, que buscavam ajuda contra qualquer tipo de perigo, vivenciado dentro ou fora das dependências do Colégio.
A taxa era de cem reais por semana, não havia negociação. O aluno pagava ou não participava do grupo. Ninguém era obrigado a ingressar, no entanto, permaneceriam à mercê de qualquer subgrupo que quisesse combater o poder do Clã. Principalmente, teriam de lidar com os problemas do cotidiano, de cada estudante dentro de um Colégio preconceituoso e altivo. O imposto existia há alguns anos, e o valor foi acrescido quando Pedro chegou ao poder, após um embate violento contra um grupo do terceiro ano que aterrorizava os demais.
Pedro e seus amigos, Lory e Gustavo, junto com mais companheiros, ganharam a luta e o direito de governar mais da metade dos alunos. Fato inédito, por serem dois anos mais novos que os antigos oponentes. Episódio esse composto de muitos mistérios e enraizados naquelas paredes e na memória dos três.
Existia um segredo doloroso que os interligava e os aterrorizava, nada era comentado. Aquilo havia morrido naquela noite chuvosa, teria que permanecer enterrado. Não apenas para os envolvidos, como para todos que os cercavam. Absolutamente nada poderia vir à tona.
Após a vitória, Pedro passou a reger tudo com a ajuda administrativa de seus dois fiéis escudeiros, detentores de contatos, que esperavam apenas um telefonema para executar as ordens ou disponibilizar mais mercadoria vendida nas festas e nas dependências do Salvatore. Esse esquema, maquinalmente arquitetado, de tráfico e corrupção, não era algo recente. Uma força maior do que os próprios alunos administradores e alguns membros do corpo docente, conduzia, silenciosamente nas sombras. Isso fazia com que o Salvatore, uma das maiores instituições particulares de ensino do estado de São Paulo, se tornasse o palco perfeito para propagar o tráfico de entorpecentes sem levantar suspeitas.
Após deslizarem por alguns corredores, Pedro e Gustavo, foram parados por um aluno do primeiro ano.
— Bom dia, Pedro.
— Senhor Pedro. — corrigiu o adolescente.
Gustavo riu de orelha a orelha.
— Senhor Pedro... — recomeçou a frase gaguejando e entregou o pagamento. — Tem um amigo meu que precisa dos seus serviços.
— Prossiga. — entregou o envelope ao amigo e uniu as mãos.
— O padrasto dele é muito violento. Ele apanha por qualquer coisa. Até se adoecer, leva porrada! — narrou preocupado.
— Hum... — arrumou os óculos. — Mas será que ele merece?
— Acho que ninguém merece apanhar desse jeito. — pegou o celular e abriu uma imagem, mostrando o amigo espancado.
— Caralho! — Gustavo ficou surpreso. — Cê é louco!
— Cadê ele? — uma fúria instantânea o dominou.
— Está em casa. — respondeu um tanto triste.
— Ele é um Protegido? — perguntou Pedro.
— Claro.
— Então diz para ele me ligar. — entregou um cartão.
— Beleza. — saiu depressa.
Em seguida foram para a sala de aula.
— Meu soco inglês está com você, Gustavo?
— Está sim. — retirou do bolso e devolveu ao amigo.
— Eu mesmo vou dar uns socos nesse cuzão! — a vontade de espancar alguém já consumia sua mente. Precisava esvair sua raiva de qualquer forma.
— Esse merece!
Ao entrarem na sala, Pedro foi até o professor de química e deixou um envelope. Este fez um gesto de cabeça para o aluno, e piscou para Lory, que sorriu encostada na cadeira de Bruno.
Logo em seguida, girou nos calcanhares para ir ao seu lugar e avistou uma garota desconhecida de cabeça baixa.
Pedro olhou para o lugar vazio de Amanda e sentiu uma fisgada no estômago. Em seguida viu Tainá, que o encarava, fuzilando-o.
Lucas aproximou-se de Pedro e fez um comentário a respeito da tarde anterior.
— Então, já está por dentro?
— Quem não está aqui? — indagou Lucas em tom crítico, mas com o sorriso jocoso nos lábios. — E adianto, vacilo.
— É, mano, eu sei. Mas não posso fazer nada, saiu sem querer. Estava pensando nela por causa de um problema que não tem nada a ver com tudo aqui. — encostou-se na cadeira.
Lucas o tocou no ombro e continuou com o sorriso.
— Admite pro pai aqui, você gosta da sua prima, não? — apontou para o lugar vazio.
— Não... Não... — gaguejou.
Lucas o encarou efusivo.
Apesar de não participar do Clã e muito menos ser um protegido, Pedro respeitava Lucas. Era uma amizade pura, sem vícios. Sempre encontrava nele o conselho que precisava e, principalmente, a crítica necessária.
Lucas era um dos colegas mais próximos de Amanda e Sabrina. Jamais desconfiou que o instinto de defesa de ambos os primos pudesse ser uma paixão enevoada. Tinha certeza apenas que Sabrina detestava Pedro, o resto era novidade.
— Não! — insistiu Pedro pela terceira vez ao perceber que não estava o convencendo.
— Você atua muito mal, mano. Mas te entendo. Quando quiser falar, tamo aí. — tocaram as mãos e ele foi para o lugar.
Pedro continuou com a garganta em brasas. Queria admitir a alguém. Contudo, necessitava continuar silenciando seus sentimentos. Ainda não estava preparado para ouvir sua negativa.
— É... — olhou o chão, balançando a cabeça negativamente. — Adiar um não é foda.
Bruno aproximou-se do amigo e disse:
— Depende do ponto de vista. Mas olha, você não está sozinho. — o tocou nas mãos e foi para perto de Sabrina, que mordiscava os lábios.
— Com certeza ela não veio por causa desse imbecil! Sempre estraga tudo! — acresceu a jovem loira, de cabelos caídos sob os ombros, com faíscas nos olhos.
— Não se mete nisso. — pediu Bruno.
— Em quê? Nesse parentesco tosco? — falava alto e debochadamente.
— No que eles sentem um pelo outro. — Bruno tinha um timbre calmo. Seu equilíbrio era a sua maior qualidade.
— Ela não sente nada! — rebateu.
— Como é que você sabe?
— Eu sei! Apenas sei! Além de primos, não combinam. — contestou raivosamente.
— E quem combina com ela? — questionou Lucas.
— Eu — respondeu Vinícius passando por eles. Ouvia a conversa, disfarçadamente.
Lucas franziu a testa e riu falando:
— Sou mais eu, pai.
A expressão de Vinícius mudou.
Lucas deu uma gargalhada.
Bruno riu baixo.
Pedro se aproximou.
— Estamos disputando a Amanda. — provocou Lucas de propósito.
— Se fosse uma disputa, já estaria perdida por você, amigo. — acresceu Sabrina, virando de costas para Pedro.
Bruno pediu para Pedro desconsiderar. E ele tentou disfarçar.
Marcela conversava com Tainá, que observava Pedro e tudo em torno dele. Se insinuava quase de maneira despudorada. Pedro fingia não ver.
Ana Paula analisava as duas, percebeu os olhares e balançou a cabeça crispando os lábios. Notou que Lucas a olhava discretamente, então logo virou o rosto.
Gustavo chamou Pedro e ele respondeu ao grupo:
— Tô solteiro, e não quero sair dessa vida nunca! — disse em tom jocoso. Em seguida, foi até o amigo e foram para seus respectivos lugares, ficaram vidrados naquela que parecia ser uma aluna nova.
O cabelo loiro e comprido descia para a mesa de Pedro, que se aproximou e sentiu o perfume, com uma expressão de desejo.
Lucas observava a ação de Pedro e riu.
— Olha lá! — apontou Lucas para Bruno.
— Cheirosa. — o garoto umedeceu os lábios. Fazia para provocar Tainá.
— Gostosa! — concluiu Gustavo.
Vinícius cumprimentou os dois com gestos e também olhou para a garota nova.
— Dá as boas-vindas! — Gustavo instigou Pedro.
— E aí princesa, firmeza total? — a tocou no ombro de imediato.
A menina virou-se devagar e respondeu educada.
— Oi.
— Sou o Pedro. — estendeu a mão e curvou-se, dando dois beijos no rosto, o que a fez se assustar.
Marcela cutucou Tainá, e o encarou extremamente aborrecida.
— É um desgraçado mesmo! — concluiu furiosa.
Pedro percebeu que Tainá a observava.
— Prazer. — respondeu a novata.
— Satisfação. — a beijou na mão. — Porque o prazer vem depois. — riu malicioso.
Lory a olhava intrigada. Havia algo errado.
— Me chamo Alice. — falou perdida.
— Nome lindo! — usou um tom galanteador.
O professor observava a turma com um semblante risonho.
— Bom dia, galera! — olhava fixamente para Alice.
Poucos responderam.
— Antes de prosseguir no assunto, temos novidade! Quero apresentar o novo aluno. — pegou a lista de frequência. — Marcos Paulo Soares de Oliveira.
Toda a sala parou.
Pedro olhou de um lado para o outro, buscando o novo colega e não havia ninguém estranho a não ser a garota, que o encarava petrificada.
Nesse instante, a coordenadora de disciplina adentrou a sala acompanhada pela filha Mariana, que logo se encaminhou para seu lugar.
— Bom dia a todos! O senhor deveria ter me esperado! — criticou Roberta ao professor.
— Desculpe. — esboçou um sorriso irônico no canto da boca.
— Fez de propósito? — murmurou com os olhos arregalados.
— De forma alguma! — engoliu o sorriso.
Roberta balançou a cabeça negativamente.
— Bom dia, alunos. — olhou para a classe e respirou profundamente, pois o assunto era bastante delicado. — Temos um aluno novo, chamado Marcos.
— E onde ele está? — Indagou Vinícius.
— Está sentado diante do Pedro. — indicou.
O adolescente vincou a testa e gesticulou sem entender.
— Que porra é essa?
Roberta criticou o palavrão e continuou, enquanto a garota loira foi virando-se para frente, pálida.
— Apesar de estarmos em setembro, acolhemos o aluno, quer dizer, aluna. Mil perdões, querida! — voltou a repousar seu olhar curioso em Alice. — Que por motivos pessoais, foi transferida de um colégio da Vila Monumento.
Sabrina levantou a mão exprimindo um semblante aversivo.
— Ela é uma travesti?
Roberta a repreendeu de imediato.
— Ela é uma trans. E os pais autorizaram a escola em informar a real condição de Alice, para que não haja problemas futuros. — moveu o rosto em direção a todos.
— Isso é um absurdo. Eles não podem me expor desse jeito. — disse Alice constrangida.
Todos a olhavam perplexos. Quem a olhasse, veria apenas uma garota.
— Como você tem dezessete anos, seus pais nos procuraram e pediram para que seu nome social, Alice, seja impresso na chamada, provas e diário de classe. Contudo, o seu Registro de Nascimento foi entregue à gráfica do colégio antes de conversarmos. E como nos autorizaram, foi necessário informar, Alice. — lamentou. — A nova frequência chega amanhã. Além disso, banheiros e vestiários são usados de acordo com a identidade de gênero!
Sabrina ergueu a mão.
— Isso quer dizer que ele ou ela, seja lá o que for, vai usar o nosso banheiro?
— O banheiro feminino, Sabrina. — corrigiu de forma imediata. — Em nome da Direção geral do Colégio Salvatore, afirmo que abominamos qualquer tipo de preconceito, e que qualquer aluno que infringir ou discriminar a aluna Alice, será punido.
— Discordo totalmente disso, Roberta — continuou Sabrina. — Não vou me sentir à vontade com ela dentro das dependências femininas. — manteve o tom de ódio.
— Eu sinto muito, Sabrina. — Roberta praticamente, deu de ombros.
— E tenho certeza que não serei a única. Meus pais serão informados disso! — ameaçou.
— Aja da maneira como achar melhor. Peça para seus pais nos procurarem no Conselho. Asseguro que não transgrediremos a lei por causa de inflexibilidades retrógradas, minha cara. Alice tem seu espaço garantido na sociedade, por que não dentro de uma sala de aula, ou em banheiros coletivos? — observava todos com as mãos unidas na altura do peito.
— Isso é um absurdo! — continuou. — Ela já foi operada?
— Isso realmente não te interessa! — rebateu Alice visivelmente nervosa e ofendida.
— O que significa que não! — havia ódio em seu olhar.
Bruno encarou a colega de sala com surpresa.
Lucas a olhou com um sorriso assustado.
— Que tenso, meu! — Não era preconceituoso, mas preferia não emitir opinião.
Roberta voltou a falar:
— Há muito preconceito em torno das identidades de gênero! Não é porque ela fez ou não a cirurgia de redesignação sexual que não pode ser considerada menina. Ressalto que a falta de conhecimento não deixa de alimentar a intolerância. E isso é para todos! — alertou ameaçadoramente.
Pedro olhou para Gustavo, que riu baixo erguendo as mãos.
Internamente, a coordenadora não queria admiti-la, devido aos transtornos que provavelmente estavam por vir. Contudo, a fortuna pessoal da família lhe chamou bastante a atenção e queria evitar qualquer tipo de exposição a esse assunto.
Os alunos observavam Alice com expressões distintas, que variavam de curiosidade à aversão.
— Façam dessa geração algo real e presencial, excluindo os preconceitos do passado. Vivam a realidade e adaptem-se . Enfim, seja bem-vinda, Alice. — foi cordial.
— Interessante! — concluiu Ana Paula com um largo sorriso e deu um aceno à novata.
— Ridículo nos exporem a isso! — resmungou Marcela.
— Estranho mesmo. — concordou Tainá.
Bruno olhou para Lucas, que deu de ombros.
A coordenadora foi até a aluna e apertou sua mão, abrindo um sorriso acolhedor, embora mentiroso, em sua natureza preconceituosa.
Pedro fez uma expressão de nojo e virou para Gustavo, que continuava em silêncio.
— Não queria ser exposta, Roberta. — declarou Alice aflita.
— Foi necessário. Ordem de seus pais. Qualquer coisa estou na minha sala. Boa aula.
— Tá bom. — disse Alice constrangida. — Obrigada.
— Isso não vale apenas para os alunos. Professores e colaboradores da instituição também estão passíveis de punição. — olhou Gerson diretamente.
Assim que Roberta saiu da sala, muitos riram e uma enxurrada de comentários maliciosos se alastrou.
Alice olhou de um lado para o outro e sentiu-se perdida, como sempre fora. As inúmeras vozes a faziam surtar internamente.
Lory ficou de pé e elevou o tom de voz:
— Para com isso, galera! Não ouviram o que a Roberta falou?
— Até parece que você respeita a Roberta. — contestou Sabrina de imediato.
— Posso até não respeitar a Roberta, mas respeito as diferenças. E, na verdade, não vejo nada de diferente! Ela é como qualquer um de nós e merece respeito! — acrescentou mais agressiva.
— E desde quando você respeita alguém? — rebateu Sabrina.
— Quer levar isso pro pessoal? — avançou alguns passos.
Sabrina manteve-se sentada com uma expressão de desprezo.
— Não vamos esquentar a cabeça com isso, galera! — comentou Lucas. — Como disse a Roberta, vamos respeitar as diferenças.
— Não consigo ser hipócrita feito você. — disparou Sabrina com ódio nos olhos.
— Como assim? — vincou a testa.
— Nós sabemos que você é homofóbico e quer dar uma de bom moço?! — gesticulou.
Lucas sentiu o rosto esquentar e olhou fixamente para ela.
— O que eu penso, é sobre mim. Está dentro da minha cabeça e evito externar. Acima de tudo, todos precisamos saber viver com quem é diferente de nós. Ninguém é livre de preconceito, mas aprende a conviver. — respondeu seriamente.
— Falou bem, Lucas! Todos temos alguma coisa pra mudar, agora ofender alguém como você está fazendo, garota, é idiotice! — acresceu Lory.
— Imagino o que você tem enraizado. — continuou Sabrina em tom de deboche.
Lory avançou e Alice pediu que parasse.
O professor interferiu na discussão.
— Melhor todos se acalmarem e vamos iniciar a aula! Lory, por favor, retorne ao seu lugar. — pediu com receio.
A garota continuou encarando Sabrina, que a encarava de volta.
— Meninas, por favor! — insistiu Gerson.
Lory girou, voltou ao seu lugar e sorriu para Alice.
— Ela merece mais respeito que você, sonsa preconceituosa. — resmungou Lory.
— Ela, Lory? — debochou Vinícius.
— Por que não?
— Isso é um veadão! — continuou ele.
— Incrível como não fico surpresa com o seu comportamento. — lamentou.
— Falou a defensora dos fracos e oprimidos. — Vinícius revirou os olhos.
— Defendo o que acho certo, otário! — replicou.
Gustavo gargalhou.
Sabrina pediu para sair da sala e o professor concedeu o passe.
Pedro continuava com nojo e preferiu não opinar, apenas observou o cabelo loiro com os lábios contraídos.
Tainá e Marcela o analisavam rindo baixo.
— A defensora das bichas indefesas, reformulando. — continuou Vinícius.
— Ela é muito mais gente do que você. — Lory replicou, quase perdendo o controle. — A coragem dela está acima de qualquer orientação sexual!
— Por favor, chega! — pediu Alice constrangida.
Alice levantou-se e seguiu pelo corredor apressadamente.
Sabrina a viu passar e falou baixo:
— Espero que esteja indo pegar a transferência!
O murmúrio continuou na sala de aula e Gerson voltou a falar:
— Vamos parar, galera! O que ela é ou deixa de ser não tem nada a ver com o conteúdo da aula.
A maioria concordou.
O professor apanhou o Datashow.
A aula prosseguiu relativamente normal, apesar de algumas piadas insossas proferidas por Vinícius, que somente Lory contestava.
Pedro virou para a amiga:
— Vou quebrar esse veado na porrada! — confessou.
— Não, Pedro! — Lory franziu a testa.
— Ele me enganou! A galera vai me zoar e você sabe que não tolero isso! — arrumou os óculos e cruzou os braços.
— Discordo... Ela mal falou... Fica calmo! — pediu.
O adolescente estalava os dedos e os comprimia contra a mesa.
Gustavo passou um bilhete para o amigo.
— Quem mandou?
Vinícius gesticulou o sinal do clã.
Se quiser te ajudo a quebrar esse veado na porrada!
Pedro confirmou com o mesmo gesto.
— Se ainda voltar pra cá. — resmungou Pedro.
— Espero que volte. — falou Lory.
— Por quê?
— Não sei... Ela não fez nada... E gostei dela. — manteve-se firme.
— Como gostou? Essa bicha mal ficou aqui. — gesticulou e demonstrou indignação.
Lory o censurou e complementou:
— Não sei... Havia algo a mais no olhar dela! Não sei ainda o que é, mas vou descobrir.
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