Embriagado em você
𝘖𝘶ç𝘢 𝘦𝘯𝘲𝘶𝘢𝘯𝘵𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘪𝘷𝘦𝘳 𝘭𝘦𝘯𝘥𝘰 ·♩♪♫
𝘗𝘢𝘴𝘴 𝘚𝘢 𝘓𝘰𝘸𝘬𝘦𝘺 - 𝘜𝘕𝘟𝘗𝘊𝘛𝘋
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O pub era um circo para todos os sentidos. Fitas brilhantes penduradas nas paredes, balões e luzes coloridas, e confetes já caídos ao chão.
Talvez Ryusei tenha chegado mais tarde do que o combinado.
Aparentemente, ele ter tomado praticamente três das seis cervejas que comprou antes, não pareceu ser uma boa ideia agora que já deviam ter comemorado seja lá o que fosse aquela confraternização.
Bem, foda-se. Ao menos ele chegou a tempo da festa onde todos bebiam sem parar e não se davam mais conta de onde estavam ou quem eram.
Andando sem rumo pelo salão lotado, sua presença não parecia dar a mínima para ninguém. Melhor assim. Ryusei não queria que as pessoas passassem a olhar para ele ou mesmo tentar puxar algum assunto consigo.
Além de ser perturbador o suficiente para ele, no seu estado atual, Ryusei tem consciência o suficiente para decifrar o resultado final que daria caso o fizessem. E no momento, ele não estava interessado em fazer nenhum movimento de interesses relacionados a outro alguém.
Para falar a verdade, seria um saco.
Respirando fundo, ele sentiu a nicotina pairar no ar e impregnava seu nariz, assim como o cheiro do suor das demais pessoas do pub, umas dançando de corpos colados enquanto outras faziam de atos e gestos obscenos que ele prefere não citar e os ignorar completamente.
Isso não era para ter apenas grandes empresários de merda? Que porra?
A dúvida formigou seu estômago e correu ao longo de seus tendões. A ligeira sensação de ansiedade deixa-o momentaneamente aflito. O som da música era pesado, bombando de quatro alto-falantes, um em cada canto do salão e mais outros dois, que estavam sentados na beira da pista de dança.
O ar estava denso.
Além das incontáveis drogas, havia o aroma dos amendoins, dos doces e das bebidas alcoólicas caras. E mesmo as mãos voando em todas as direções com dezenas de conversas visuais, parecia poluir o espaço.
Tudo acontecia ao mesmo tempo e Ryusei sente que poderia enlouquecer a qualquer momento.
Uma rápida olhada ao redor o mostrou alguns rostos familiares, vários novos e outros reconhecíveis.
Quanta gente. Bufou. Sem demorar muito mais, começou a arrastar alguns corpos para longe dele, até conseguir espaço e encontrar uma mesa livre. Um suspiro escorregando pela boca quando o fez.
Havia uma mesa, quase, senão a única livre, mas ainda tinha alguns homens se divertindo com copos grandes de cerveja enquanto riam alto com piadas sem graça em seu grupo.
De primeira instância, Ryusei julga. Eles pareciam ser o típico grupo de homens que passam suas noites de sábado em algum bar próximo às suas casas, bebendo até esquecerem a vida que tem.
Como pessoas, eles devem ser horríveis de se manter próximo, mas como colegas do alcoolismo, todos pareciam ser uma boa companhia para beber bons drinks em conjunto por uma noite sem fim.
Ryusei hesitou brevemente antes de decidir se juntar aquela mesa, sentindo-se um tanto deslocado no meio deles. Mas, assim que ele se acomodou e pegou um dos drinks oferecidos, a conversa começou a fluir de forma animada.
Os homens compartilhavam histórias engraçadas e fatos curiosos sobre suas vidas, rindo alto e levantando seus copos em um brinde a cada nova revelação e inovação que achavam estarem fazendo em seus meios empresariais.
Ryusei por mais que não quisesse, se viu relaxando na companhia deles, desfrutando da sensação de camaradagem que o álcool proporcionava.
Enquanto trocavam histórias, um murmúrio de surpresa passou pela mesa de repente, interrompendo a atmosfera descontraída com um toque de eletricidade. O bronzeado entre eles parecia confuso com o rumo da agitação que surgia, sua atenção capturada pela presença imponente que se materializou à mesa, e o ar estranho que ficou para trás foi o principal motivo para fazê-lo deixar sua bebida de lado e se virar abruptamente para a pessoa que causava um silêncio momentâneo entre os homens.
Seus olhos arregalaram rapidamente ao ver o loiro ali tão inesperadamente. Ryusei mal podia acreditar que Chifuyu estava ali, naquele momento, quando o imaginava estar se divertindo por aí. Com outras pessoas. O gosto amargo pressionou-lhe a garganta, seu maxilar apertando com o pensamento.
"Chifuyu, você aqui?" Sinalizou surpreso com a aparição inesperada do mais novo, seus olhos arregalados refletindo o choque e uma faísca de desejo desconhecida mesmo por ele.
O loiro sorriu de forma enigmática, olhando ao redor da mesa antes de se juntar a eles, acomodando-se lado a lado com o mais velho, olhando para o mesmo com um olhar afiado, percebendo imediatamente sua proximidade repentina com os outros homens.
"Eu precisava estar aqui. Confraternização minha." A resposta de Chifuyu foi carregada de sugestão, sua sinalização devagar deixava para trás mistério e conhecimento.
Ryusei não pôde evitar sorrir diante dos sinais ousados e claros do mais novo. Havia algo por trás deles que ele não poderia vir a decifrar tão facilmente, mas para Chifuyu os fazer em movimentos diferentes do comum indicava seu estado pouco perdido, mas não tão embriagado realmente.
Enquanto isso, ele o assiste interromper a discussão que antes mantinha com os outros homens à mesa, como se estivesse ansioso para dedicar sua atenção exclusivamente a si. Assim o deixou fazer como quisesse. Não havia nada que pudesse o impedir mesmo.
Afinal, este a sua frente era Chifuyu. Um homem que a princípio lhe mostrou franqueza e frieza quando o conheceu, alguém de extrema importância e renomado no mundo empresarial, mas que na verdade era alguém completamente diferente.
Ryusei sorriu de canto, seu peito se enchendo de orgulho ao vê-lo finalmente ali, o único que ele realmente procurava desde que chegara àquela maldita confraternização. Enquanto podia ter considerado algumas pessoas naquela festa bonitas e atraentes, ninguém conseguia desviar sua atenção do loiro que havia conquistado seu coração desde o primeiro momento.
"Entendo. Você único que importa aqui, não?" Ryusei respondeu suavemente, ele estava carregado de calor e admiração. "Estava esperando até que aparecesse."
Seus olhos se encontraram em um momento de entendimento mútuo, faíscas de desejo dançando entre eles enquanto o mundo ao redor parecia desaparecer, deixando apenas os dois imersos na intensidade de sua conexão, admirando um ao outro.
Para Ryusei, Chifuyu naquele instante, parecia tão bem e tão diferente do que o viu nos últimos dias. Ele estava mais solto e descontraído. Tão leve e esquecido do mundo lá fora.
Seu terno e modéstia haviam sumido, mas ele ainda era um espetáculo em jeans preto e um moletom branco maior que a si mesmo. Pela facilidade de seu sorriso e o leve brilho rosado de suas bochechas, o mais velho poderia dizer que ele já havia tomado alguns e bons drinks e já nem mais poderia dizer onde estava ou quem era.
Sim, foi por essa razão que Ryusei foi até aquela festa em primeiro lugar. Ele queria encontrar essa felicidade no mais novo. Uma felicidade que nem ele e nem ninguém poderia lhe dar, a não ser mentirosas bebidas para fazer seu eu escapar de si mesmo.
"Estava? Isso boa notícia então." Chifuyu sorriu encantador.
Ryusei olhou-o sem reação, apenas o admirando sem fim. Até que o loiro se tornasse tão próximo, que nem ele mesmo havia percebido sua aproximação.
Ele estava surpreso por estar tão alheio, mas o efeito de ter Chifuyu à sua frente, completamente cheio de energia e alegre trazia isso consigo. Ryusei sorriu, dessa vez com luxúria, analisando-o de cima a baixo.
Deus. Ele está tão...
Sua respiração engatilhou, calando-o mentalmente no mesmo instante, impressionado com a aparência do mais novo.
Belo. Arfou.
Chifuyu parecia tão bem. Bonito como a noite estrelada e brilhante como o girassol de Van Gogh, tirando-lhe o resto de fôlego de seus pulmões. E Ryusei o olhava com um desejo inato de luxúria incontrolável correndo por todo seu corpo ao ponto de não parecer certo admirá-lo com tanto anseio. Mas, no instante em que seus olhos brilharam de volta para ele, Ryusei conteve a vontade de amaldiçoar a si mesmo.
Felizmente, ele não era o único a olhar com tentação.
Chifuyu também aparentava estar igualmente deslumbrado com o que via – dê esse crédito a Ryusei ao menos. Pela primeira vez, sentiu-se orgulhoso de si mesmo por conseguir prender a atenção do loiro apenas a ele.
E se for pensar de uma forma um pouco mais autoconfiante e narcisista, Ryusei sabe que não precisava de muito para chamar a atenção de alguém. Ele foi abençoado ao menos com uma boa aparência e um físico construído com o tempo.
Chifuyu mordeu o lábio inferior e desviou o olhar, nervoso. E por instantes passou pelo bronzeado o errado pensamento de ser o único a mordiscar seus lábios convidativos, que a tempos ganhou sua devoção, querendo tomá-los para ele em uma batalha de resistência com a falta de ar que lhes ficariam.
Talvez a pouca embriaguez da cerveja que tomou no caminho para o pub, já tenha corrompido um pouco mais do que o esperado de seu consciente, e seus pensamentos agora estejam sendo lascivos demais, mesmo para ele suportar.
Ryusei precisava resistir aos seus desejos autoritários antes que fizesse algo e destruísse o que não há reparações.
"Senhor Matsuno?"
Oh? Ryusei arqueou uma de suas sobrancelhas com ceticismo. Então os homens engomados também são capazes de aprender língua de sinais?
Se tivesse colocado tudo em voz alta, a ironia seria palpável em mãos.
Ryusei virou o resto de sua bebida em um gole. Ele ainda estava sentado, pernas abertas e relaxadas enquanto apoiava um de seus cotovelos sobre o encosto do sofá e seu outro braço esticado sobre a parte de trás do encosto de Chifuyu.
"Você está bem? Bebida, quer uma?"
Os homens riam e recebiam bem a Chifuyu com entusiasmo, suas risadas e gestos amigáveis preenchendo o ar. O que não deveria ser algo ruim. Isso significa que o loiro estava abrangendo seu meio social.
Bem, isso é uma surpresa.
Ryusei observava a interação ainda no mesmo lugar, uma mistura de fascínio e irritação borbulhando dentro dele. Ele os olhava de cima para baixo, um rastro de ciúmes percorrendo sua mente enquanto lutava para manter a calma.
Passou a língua sobre a bochecha com um gesto nervoso, a raiva pulsando em suas veias enquanto ele se forçava a desviar o olhar, sabendo que precisava de algo mais forte que álcool para afastar a frustração.
"Não, obrigado. Estou bem." Chifuyu sinalizou com uma compreensão suave, mas seu olhar logo se voltou para Ryusei, captando o ar quente e sério que o envolvia. Suas sobrancelhas se contraíram em preocupação, e ele se aproximou novamente, determinado.
"Ai! Mas que por–!" Ryusei estava pronto para discutir com quem fosse que tivesse acabado de interromper seu momento, só para perceber que era Chifuyu quem tinha "acidentalmente" chutado sua canela, tirando-o de seu transe. "Por que?!" Sua expressão carregava confusão e desespero, e sua sinalização era mais agitada do que ele pretendia.
"Vamos." Chifuyu foi rápido em ignorar sua euforia infantil, puxando-o pelo braço.
"O quê? Para onde?" Ryusei questionou, sua curiosidade misturada com a agitação crescente.
Chifuyu revirou os olhos. "Vamos. Rápido!" Insistiu como uma autoridade imperativa em um vislumbre de impaciência.
O bronzeado estava confuso com todo o alvoroço repentino do outro, não esperava o abraço forte, nem os dois tapinhas firmes nas costas quando conseguiu se levantar, seguindo obedientemente o loiro em direção a algum destino desconhecido. Os olhares repentinamente fixos neles no meio da festa eram como cem holofotes igualmente perdidos e curiosos.
Apesar de tudo, se deixou ser arrastado pelo pub até, seja lá onde o loiro estivesse o levando.
Chifuyu se mexeu ligeiramente para colocar a multidão às suas costas e lhe deu um sorriso particular – um sorriso do qual o próprio diabo teria se orgulhado.
Em um instante, ele o instalou em um dos bancos altos do bar e virou-se para os lados, apresentando-o a todos como Sato Ryusei, o intérprete ouvinte, enquanto a festa continuava ao redor deles, com murmúrios e olhares curiosos seguindo seus movimentos.
Esse cara é louco. Ryusei pensou em um sorriso típico de incredulidade formando em seus lábios.
Quando chegou ao pub, ele logo notou que havia muitas pessoas surdas na festa do que aquelas que pudessem ouvir, e as poucas que o faziam, aparentavam ter um conhecimento superficial na língua de sinais, assim como os homens anteriores na mesa em que estava segundos atrás.
Era evidente que o círculo social de Chifuyu consistia principalmente em pessoas com as quais ele podia se comunicar facilmente, inclusive nos negócios.
Ryusei suspirou, resignado. Era uma realidade que ele já esperava, mas ainda assim era decepcionante.
Por outro lado, ele reconheceu que seria difícil para ele se integrar ali, já que a comunidade surda nem sempre acolhia bem os ouvintes e sequer os mantinham por perto. No entanto, até aquele momento, ninguém o havia incomodado por sua presença e o repudiou por algo tolo.
Porém, por garantia, ele agirá com a mesma gentileza e cordialidade que costuma agir com seus clientes, com língua de sinais em todas as circunstâncias para não trazer problemas, principalmente ao mais novo.
Ryusei presumiu que provavelmente deve haver alguma regra parecida que aplicou a si mesmo, para os demais que pudessem ouvir seguirem. Talvez até mesmo um contrato para isso devem ter recebido, no mínimo, uma semana antes para garantir que agissem de acordo com as normas da comunidade surda.
Enquanto isso, Chifuyu passou a compartilhar, ao que parecia, serem seus amigos mais próximos entorno deles, algumas poucas informações típicas e pessoais sobre ele. Era algo que os ouvintes geralmente ignoravam, mas Ryusei reconheceu o ritual e sabia que tudo fazia parte do protocolo.
Assim foi dito a eles, onde ele cresceu, que escola frequentou, onde aprendeu a língua de sinais e quais eram seus membros importantes da comunidade que atente para ele, com o máximo de cuidado por parte de Chifuyu, tudo para não ser tão invasivo na vida pessoal do mais velho.
Apesar do cuidado do loiro, que foi continuamente admirado por Ryusei na verdade, ele estava acostumado e, esperava por sua vez, todos aqueles olhares tortos e desconfiados.
Ele disse antes, não era bem visto um ouvinte estar tão próximo da comunidade, mas Chifuyu estava lá e eles não poderiam o enxotar para fora. Tinham que agir de boa maneira, pelo menos por enquanto.
Ryusei esperava que sua presença não causasse mais problemas do que já havia trazido.
O resultado final aconteceu momentos depois de algumas doses fortes e amargas, e a atmosfera ao redor começou a relaxar e os presentes passaram a aceitar Ryusei como parte do grupo, até mesmo o recebendo como um convidado de honra.
Chifuyu mostrando-se bem habilidoso ao apresentá-lo de forma tão positiva, fazendo com que todos se sentissem em casa na presença do novo integrante.
Ryusei sentiu um calor reconfortante ao ser finalmente aceito pelo grupo, sua preocupação inicial dissipando-se à medida que ele se envolvia mais na conversa e na diversão da festa.
Agora, depois que sua entrada perdeu o brilho, todos voltaram ao que estavam fazendo antes, restando apenas ele e Chifuyu. Sentados triunfalmente na área do bar, um lugar que era mais americano do que o próprio Estados Unidos, com seu design todo cromado e as luzes néon piscando em tons vibrantes ao redor.
Quando Ryusei pediu uma cerveja, o mais novo o olhou com uma desaprovação sutil e optou por uma dose de uísque para acompanhar.
"Vamos." Chifuyu começou, seus olhos brilhando com um convite tentador. "Alguma coisa boa, pegue. Por minha conta." Ele sinalizou com gestos suaves e chamativos.
O mais velho olhou para cima, seu indicador brincando com a borda do copo de vidro, enquanto ponderava a tentadora proposta do loiro. O reflexo das luzes do bar dançava na superfície líquida, ecoando a indecisão que se formava em sua mente.
"Não se faça de difícil." Chifuyu sinalizou em sua coxa com sutileza. "Isso não é nada para você, sei que pode beber coisas mais fortes..." Ryusei olhou para ele de imediato, uma sobrancelha erguida em questionamento.
Um suspiro escapou por entre seus lábios com a percepção a que o loiro referia-se.
Merda. Isso doeu idiota.
A indireta de Chifuyu era clara, e Ryusei sentiu seu peito apertar com a picada da decepção.
"O que?" O loiro perguntou com falsa curiosidade, escondendo sua própria frustração. "Sei que pode tomar quanto quiser, e você parecia aproveitar bastante com aqueles homens também."
"O que? Eu deveria perguntar isso." Ryusei tenta conter a acidez do mais novo. "Há algo que lhe incomoda?"
O mais novo não ter sinalizado de volta e se manter com o rosto firme, assim como a primeira vez em que se conheceram, responde um pouco de suas perguntas.
Ele não sabe se Chifuyu tem noção disso, mas essa expressão dele de agora é a mesma de todas as vezes quando está incomodado, mas não quer se abrir quanto o que sente. Não havia nada que Ryusei pudesse fazer então, mas era claro que Chifuyu não se daria por vencido.
"Vamos lá. Esqueça isso e o faça." O convite permanece sem cessar. "Você sabe como beber bem. Não consigo imaginar quanto já fez."
Apesar das facadas dos comentários de Chifuyu, o bronzeado ainda mantinha sua sobrancelha arqueada com interesse, tentando ignorar o impacto das palavras.
"Tudo bem..." Sinalizou, resignado. "Aproveitarei essa dose como sempre, sozinho ou acompanhado sei como beber."
Ryusei era conhecido por sua inclinação à bebida, e não negaria uma dose de graça dessa vez. Ainda mais quando a oferta vinha de Chifuyu, que soou de forma tão sedutora, quase irresistível. Mesmo que com indiretas cruciais atiradas nele.
Um sorriso brincou nos lábios de Ryusei, enquanto ele desviava o olhar, sentindo uma risada suave escapar de sua garganta, seus dedos coçando a parte de trás do pescoço em um gesto nervoso por ter sido encurralado de repente.
"Você não sabe, mas fico imprevisível quando bêbado, então, para sua própria segurança, não teste isso novamente." Zombou, tentando sair da ansiedade correndo fundo em seu estômago. Seus sinais sugerindo desafio em relação ao outro.
Chifuyu riu. E Ryusei pode ver o quanto seu sorriso iluminou aquela sala, tão radiante a ponto de iluminar até mesmo uma galáxia inteira.
"Tudo bem." Repetiu a mesma sinalização do bronzeado com graça, sua postura confiante acentuando sua aura sedutora. "Você do tipo que se anima muito então?"
Ryusei tomou um gole profundo de sua cerveja, deixando com que Chifuyu o assistisse calmamente antes dele sinalizar de volta.
"Talvez." Respondeu com um sorriso sugestivo, seu olhar travesso deixando claro que havia muito mais do que ele estava disposto a admitir.
Merda. Chifuyu pensou, sentindo uma onda de calor percorrer seu corpo enquanto ele desviava o olhar.
"Então me ensine. Certeza que tenho menos experiência nisso que você." Ryusei olhou fundo, seus olhos escuros presos aos verdes do mais novo. "Sendo sincero, não tenho hábito de beber frequentemente."
Ryusei talvez não soubesse, mas Chifuyu não poderia descrever o quão malditamente atraente o mais velho era. E o ambiente quente e cheio de pessoas bêbadas e descontroladas, só serviu para intensificar a atração que sentia pelo homem à sua frente, com sua presença marcante e masculina.
"Acho que devemos beber mais." O loiro virou seu copo, incapaz de continuar a conversa com o outro.
"Sim, pode ser." Ryusei concordou prontamente, sua voz carregada de uma mistura de antecipação e excitação quando não precisou sinalizar para o loiro.
Por bons minutos, fizeram o mesmo que no apartamento do mais velho, revezando em contar histórias e fatos sem graça, que acabavam se tornando estranhamente engraçados enquanto enchiam seus copos um atrás do outro.
Havia um clima de leveza, uma sensação de intimidade crescente que os envolvia enquanto riam e brindavam juntos.
Em algum momento, enquanto Ryusei contava como quando mais novo havia arremessado uma pedra grotescamente enorme contra o para-brisa de um carro já quase sucateado, Chifuyu riu alto e sincero, incapaz de se controlar enquanto seus ombros subiam e desciam com diversão e incredulidade.
Seu riso era contagiante, preenchendo o ambiente com uma alegria pura e despreocupada. Ryusei por sua vez, estava encantado com o quanto o mais novo parecia maravilhoso naquele instante. Tão brilhante e alegre. A visão daquele momento era tão radiante e alegre, que fazia seu coração disparar.
"Você louco?" O loiro ainda estava rindo e seus sinais eram tão embaralhados quanto a confusão mental que ele deixou em Ryusei com seu sorriso. "Não pensei que fosse."
O bronzeado respondeu com um sorriso, apreciando a companhia do mais novo. Havia uma cumplicidade silenciosa entre eles, um entendimento mútuo.
"Que seja." Sinalizou por fim, tomando mais outro gole de sua bebida, sentindo a mistura de prazer e resignação. Não havia pressa, eles estavam simplesmente desfrutando o momento.
Não o julgue mal. Ele só cometeu essa atrocidade porque o motorista irresponsável havia passado em alta velocidade sobre uma poça, encharcando-o sem qualquer misericórdia em um dia chuvoso. Claro que ele ficaria irritado. A maior parte do seu caminho para casa ele havia permanecido seco por milagres divinos, e quando estava tão próximo de chegar, algo assim acontece? Sua frustração era compreensível.
"Já sei! Isso me lembrou algo." Chifuyu pulou de seu lugar de repente, ganhando sua atenção com seu movimento. "Espere aqui." Sem oferecer nenhuma explicação, o loiro o deixou para trás e saiu apressado.
Ryusei observou enquanto Chifuyu corria para o lado direito do bar, abrindo uma porta solitária que ele sempre acreditou ser uma saída de emergência, já que a mantinha em mente para qualquer situação inesperada que fugisse de seu controle.
Porém, para sua surpresa, Chifuyu atravessou a porta sem hesitar, deixando-a aberta o suficiente para que Ryusei pudesse espiar o que havia do outro lado.
E o que ele viu o deixou perplexo: a merda de uma festa infantil. Balões azuis, desenhos de carros como decorações, sucos, refrigerantes, salgados e doces. Era o completo oposto de tudo que acontecia no pub.
Ryusei sente seus olhos arregalados enquanto a mão que segurava seu o copo beirando seus lábios, descia lentamente com a surpresa.
Agora, ou a merda daquele salão era bom pra caralho, com isolamento acústico de última geração feito pelos próprios incas, ou que porra?
Como raios estava acontecendo uma festa de aniversário infantil em um salão muito parecido ao do pub ao lado, com pais e seus filhos e velhinhos gentis, enquanto acontecia uma confraternização de drogas, uisques e sexo do outro?
Talvez fosse hora de reconsiderar o nível de embriaguez que começava a afetar sua percepção, porque Ryusei consegue assistir um pequeno corpo de mechas loiras correr pelo salão infantil, roubando alguns balões de aniversário da festa na sala privada nos fundos e trazendo-os para o centro do pub, tudo em nome de um experimento.
Há algum sinal desconhecido por Ryusei, mas todos começaram a levantar-se da mesa onde estavam e pegaram cada um, um único balão oferecido por Chifuyu, antes de irem à pista de dança.
Ryusei estava boquiaberto. O loiro simplesmente acabou de roubar balões de uma festa infantil ao lado para fazer seja lá o que estiver passando por sua cabeça. Fingindo como se nada tivesse acontecido. Ryusei soprou uma risada divertida, imaginando o que mais o outro poderia fazer enquanto não mais cem por cento sóbrio.
Chifuyu sinalizou para o DJ, e uma música de dança estrondosa começou, enchendo o pub com um som alto suficiente para fazer seus rins chacoalharem. Ryusei agradeceu mentalmente a integração de antes enquanto colocava tampões que recebeu dos amigos do mais novo em seus ouvidos agradecidos.
Olhando em volta, parecia que ele estava em um mundo completamente diferente do que viveu até então. Como se estivesse pisando em uma Terra desconhecida por ele há milhares de anos. Cada detalhe parecia mais vívido e ele estava hipnotizado pela energia contagiante que emanava da pista de dança.
Cada surdo com um balão segurava-o com as duas mãos na altura do peito enquanto fechavam os olhos em concentração. Uma sensação de expectativa pairava no ar. Lentamente, mas seguramente, como se estivessem em transe, começaram a mover seus corpos em uníssono, balançando a cabeça e batendo os pés no compasso da melodia.
À medida que a dança progredia, os olhos começaram a se abrir gradualmente, revelando um brilho de alegria e liberdade enquanto todos se entregavam ao momento.
Todos se moviam em sincronia, as bebidas e as drogas, para aqueles que escolheram participar, continuaram vindo em uma agitação sem fim de êxtase e euforia. E Ryusei que foi arrastado para aquele meio, não sabia bem ao certo como deveria reagir diante da cena surreal que se desdobrava diante dele.
Era uma visão estranha para falar a verdade. Homens e mulheres dançando com balões como parceiros não era algo que ele esperava encontrar quando decidiu levantar da cama naquele dia. No entanto, à medida que suas inibições eram lentamente dissolvidas pela cerveja e por outras substâncias que já não reconhecia, ele começou a se deixar levar pela atmosfera festiva.
Ryusei pegou um balão azul perdido ao acaso que dizia 'parabéns' no meio e o segurou com as duas mãos. O pulso do baixo foi amplificado em ondas sonoras físicas que tentavam sair por entre seus dedos, e o plástico da bexiga parecia ganhar vida em suas mãos, vibrando em sincronia com a música que preenchia o ambiente, zumbindo em seus dedos sensíveis.
Foi então que ele percebeu.
Ryusei tem anos de experiência na comunicação com pessoas surdas, mas ele nunca imaginou estar tão perto deles ao ponto de se sentir imerso na cultura e na emoção desse mundo silencioso.
Sentir a energia contagiante da dança e a alegria pura que emanava de cada participante, mesmo sem ouvir um único som, foi uma experiência nova para Ryusei, fazendo com que ele se sentisse mais conectado do que nunca com aqueles ao seu redor.
A bexiga em suas mãos praticamente fazia seu corpo tocar em constantes vibrações no mesmo ritmo da música. A sensação lhe trazia a vontade de querer dançar ao mesmo tempo em cada batida da música.
"Você é incrível Chifuyu..." Murmurou, ainda em êxtase com a descoberta do som amplificado.
Ryusei estava surpreso, e cada vez mais encantado e maravilhado com o mais novo por descobrir algo assim. Além das sinalizações, o tilintar dos copos, os toques e as malditas vibrações que estavam por todo o lado, para Chifuyu, e pessoas como ele, esses eram seus únicos meios para se conectarem com o mundo.
Ainda sentado à distância e observando atentamente, Ryusei viu Chifuyu jogar seu balão e dirigir-se a um dos velhos e cansados alto-falantes. Com um gesto decidido, ele pressionou as mãos na superfície da madeira e os outros o seguiram, formando um círculo ao redor das caixas de som.
Era engraçado como todos pareciam fazer tudo de maneira sincronizada, se dividindo em dois grupos e transformando os alto-falantes em mastros improvisados. Logo, as cabeças começaram a balançar novamente e os quadris balançavam no ritmo da música.
Ryusei estava grato por poder ser apenas um espectador nessa rodada, observando a cena com admiração. Mas para ele, Chifuyu era o centro das atenções, erguendo o rosto para o teto e fechando os olhos mais uma vez, imerso na emoção do momento.
O bronzeado não conseguia desviar o olhar, totalmente cativado pela presença magnética do loiro.
O mais novo sacudiu o cabelo úmido e Ryusei observou as luzes coloridas brincarem sobre sua pele. Ele estava hipnotizado pela graça de seus movimentos, pela energia contagiante que irradiava e pelo sorriso que iluminava seu rosto. Cada pequeno músculo, cada gesto, parecia ter sido projetado para encantar e cativar, deixando Ryusei completamente dominado pela presença do mais novo.
Parte da multidão de colaboradores havia entrado e se juntado à pista de dança, fazendo o pequeno lugar parecer subitamente apertado, mas ele ainda o tinha em sua linha de visão, incapaz de desviar os olhos dele por um segundo sequer.
Ryusei achou quase impossível conectar esse Chifuyu, que parecia tão despreocupado e tranquilo, com o Chifuyu que se vestia impecavelmente durante o horário comercial e era temido por todos os intérpretes da história da humanidade.
Era como se estivesse testemunhando duas facetas completamente diferentes da mesma pessoa, uma que ele conhecia e outra que estava descobrindo naquele momento.
Chifuyu era como uma obra de arte viva diante dele, uma ilustração imaginária que ganhava vida com cada movimento. E Ryusei nunca esperava vê-lo tão aberto, animado e, bem, bêbado, quase totalmente entregue aos efeitos do álcool.
Essa era uma visão que ele não poderia esquecer tão cedo, mesmo tão embriagado quanto o mais novo, essa nova perspectiva de alguém que ele achava conhecer tão bem, não poderia deixar-lhe a memória.
O bronzeado sorriu com tristeza, percebendo que as táticas de enfrentamento do loiro eram exatamente iguais às suas de quando mais novo. Chifuyu estava completamente jogado ao momento, esquecendo tudo que tem enfrentado a dias de uma única maneira, bebendo e festejando.
Ryusei espera que ele não tenha ido além disso, porque sabe no que resultaria no final daquilo tudo. Mas uma coisa era certa. Se levassem adiante o que quer que estivesse acontecendo entre eles, seria o destino final da jornada um do outro ou explodiram e levariam boa parte de Shibuya com eles.
Como se estivesse ouvindo seus pensamentos, Chifuyu abriu os olhos, revelando um brilho intenso que capturou a atenção do mais velho. Ele o pegou olhando e produziu uma versão mais travessa de seu sorriso travesso anterior, provocando um arrepio delicioso pela espinha de Ryusei, despertando um desejo ardente que queimava em seu âmago.
Em instantes, Chifuyu estava de volta ao mesmo espaço de Ryusei, preenchendo-o com sua presença magnética. Cada centímetro de sua proximidade aumentava a tensão no ar, deixando Ryusei ofegante de antecipação.
Ambos se encontravam presos em um jogo de olhares carregados de desejo, seus corpos esquentavam pelo ambiente, mas a presença um do outro os faziam arder mais.
Em meio à atmosfera sensual, Ryusei sentiu-se dominado por uma urgência pulsante, uma necessidade avassaladora de se entregar ao momento, assim como Chifuyu.
Nanana na na
Nanana nana
A música já era outra, e sua batida hip hop romântica preenchia o espaço ao redor deles, adicionando uma nova dimensão à atmosfera já carregada de sensualidade.
Yeah
Woah
O som era melodioso e as pessoas em volta se aprontaram para o resto dele.
"Por que não dança?" Chifuyu perguntou, seus sinais desafiantes e seus olhares estóicos que não escaparam à percepção de Ryusei.
O som ainda corria à solta pelos alto-falantes, ainda em seu ritmo, produzindo seu início da música.
Ryusei hesitou por um momento, sentindo o coração martelar no peito, antes de responder com um sorriso travesso:
"Deveria?"
Chifuyu não lhe respondeu, mas seu rosto dizia tudo. Com toda a certeza, e lá estava a resposta dele.
"Descubra você mesmo." Finalizou, pegando uma das garrafas perdida de cerveja do mais velho em cima do balcão com uma única mão antes de retornar à pista de dança.
Ryusei soltou uma risada embriagada, um pouco grogue com a quantidade de whisky e tequila que Chifuyu o forçou a beber antes. Ele mal podia acreditar na audácia do mais novo, mas ao mesmo tempo, sentia-se atraído pela energia intensa que emanava dele.
Ele observava Chifuyu se afastar novamente, com o vidro da cerveja em mãos ao invés da sua mão para ser arrastado uma segunda vez pelo salão como Ryusei acreditou que ele faria, torcendo que o mais novo fosse o convidar ao menos para a dança, mas pelo contrário, agora o mais novo dançava ao som do ritmo junto de seus conhecidos enquanto o deixava para trás, observando.
Era como se ele estivesse testando os limites do mais velho, provocando-o com a promessa de algo mais, mas mantendo-o à distância ao mesmo tempo.
Que engraçado.
Ryusei se viu intrigado pela dualidade do mais novo, e sabia que aquele encontro não seria facilmente esquecido, e mal podia esperar para descobrir o que mais estava reservado para eles.
Ele sente seu sangue esquentar com a simples ilusão de ver Chifuyu tão despreocupado e irresistível.
Seus olhos permaneceram fixos na dança do mais novo, enquanto o copo de whisky permanecia firmemente em suas mãos. Ele tomou um gole do líquido amargo e o forçou para dentro, sentindo-o queimar enquanto descia pela garganta. A cada momento que passava naquele ambiente envolvente, Ryusei sentia-se cada vez mais perdido em um nevoeiro de prazer e confusão.
Todos ao seu redor estavam bêbados e chapados, e Ryusei não estava longe disso. A névoa do álcool e das drogas envolvia-o, obscurecendo sua mente e liberando seus desejos mais profundos.
Em algum momento, seus olhos embaçados cruzaram com os ternos de Chifuyu, sua mente rodando com as possibilidades do que poderia acontecer a seguir. A atração entre eles era palpável, uma energia elétrica que os envolvia e os impulsionava em direção a um destino incerto.
E ainda assim, a música continuava a ressoar pelo salão, alimentando o fogo que ardia dentro do bronzeado.
Eu só quero que você saiba,
Você não é apenas discreto
Oh sim, querido, isso é certo
Como o que eu disse, você é meu primeiro e único
Ryusei estava quase completamente enevoado, pela melodia e pela sensação quente que a letra fez surgir em seu corpo.
Ele sente como seu coração estava disparado e como o mundo dele e de Chifuyu pareciam se fundir perfeitamente, transformando-se em um simples borrão. Mas enquanto ele sentia essa proximidade em relação ao mais novo, Ryusei não poderia dizer ao certo se era o mesmo para o outro.
Em algum momento, ele teve a certeza de que seu eu finalmente encontrou alguém por quem esperou por tempos, e apesar da intensidade do momento, uma névoa de dúvida pairava em sua mente, obscurecendo sua certeza. Ele queria acreditar que esse alguém fosse Chifuyu, o único pelo qual esperou a vida toda, mas sua mente enevoada insistia em semear a dúvida.
Não foi difícil para Ryusei perceber que, em todos os casos e de qualquer forma, não seria ele que se tornaria o salvador de Chifuyu também. De qualquer forma, quem lhe garante se ele era aquele por quem o mais novo esperava?
Essa realidade o atingia como um golpe doloroso.
Eu sempre vou te levar para minha casa
Eu vou te manter longe de problemas,
Fazendo você sentir como ser a coisa certa, então
O riso frouxo caiu de seus lábios. Divertido com a letra da música.
Não, nada disso poderia estar certo. Apesar de tudo o que Ryusei tentou, nada parecia funcionar. Chifuyu ainda estava distante de aceitá-lo e ele sentia-se impotente diante de toda essa situação, incapaz de mudar o curso dos acontecimentos ou mesmo conquistar o coração do mais novo.
Agora sou para sempre seu
então você pode me apresentar a sua mãe
Deus, Ryusei gostaria que Chifuyu pudesse ouvir aquela música, ele nem conhecia o cantor, mas só podia ser uma completa ironia do destino a letra ser tão semelhante aos sentimentos dele com o loiro.
Ele sorriu. Ainda observando de longe, notou que algo no olhar de Chifuyu dizia como estava tão em êxtase quanto ele.
O bronzeado poderia dizer que havia algum tipo de tensão sexual entre os dois naquele momento. Apenas olhando nos olhos esmeraldas e esbeltos do mais novo, ele sentia que algo a mais estava mexendo consigo quando não percebeu estar tão atraído pelo o outro. Seu corpo apenas se movendo em aproximação do mesmo.
Chifuyu estava solto, muito solto, e Ryusei se sente igual. Ele se aproximou a passos curtos, um pouco tonto e cambaleante.
O resto de seu drink esfriava um pouco sua consciência enquanto tomava alguns goles antes de deixar o copo para trás, mas nada que de fato afastasse sua confusão e o fizesse retroceder de volta da onde estava, caminhando rumo de encontro ao mais novo.
Seu coração batia rápido, quase pulando pela boca. Chifuyu de repente estava tão próximo que Ryusei conseguia sentir sua fragrância convidativa e doce, envolvendo-o como um abraço caloroso.
Um pouco mais próximo e ele finalmente deixou com que seu eu inconsciente tomasse posse de seu corpo, controlando suas vontades de maneira quase inseguras.
Chifuyu sentiu algo quente atrás de si e, por um instante, seu coração deu um salto, assustando-se com a presença repentina e com os braços fortes segurando firme em sua cintura. Mas assim que a colônia inconfundível alcança seu olfato, ele se acalma instantaneamente.
Ele esteve ao lado daquele cheiro por quase todo o tempo até agora, não havia como pensar ser outro alguém senão seu precioso intérprete.
Uma mistura de ansiedade e excitação percorre seu corpo, transformando-o em chamas ardentes diante do que estava acontecendo. Ele acaba suspirando com o contato, sentindo-se ser deixado com apenas o prazer que seu corpo pedia com a aproximação do mais velho.
Por um breve instante, ele permitiu-se desfrutar da proximidade de Ryusei, deixando-se envolver pelo calor reconfortante que emanava dele.
Em algum momento de embriaguez, Ryusei encaixa praticamente todo seu peito com as costas de Chifuyu, e pareceu perfeito, ambas as alturas combinando perfeitamente como em um eclipse lunar.
Eles pareciam ter sido feitos um para o outro. Ryusei nota a reação espontânea entre assustado e alívio que passou por Chifuyu.
O loiro reconhecendo uma sensação de prazer ao sentir os toques sutis do mais velho, como se uma parte dele estivesse ansiando por essa conexão a tempos.
Depois de tudo, Chifuyu não tinha como negar a atração que sentia por Ryusei. Assim como, não havia quem pudesse negar que os dois estavam enrolados um no outro, o fio vermelho deles quase sem nó algum em torno deles. E apenas os dois poderiam enxergar o buraco entre eles de uma confissão não contada.
Ryusei em um ato de instinto, envolveu um de seus braços na cintura estreita de Chifuyu, e Deus, pareceu tão certo. Sua mão deslizou perfeitamente sobre o corpo do mais novo, trazendo-o para mais perto com uma urgência palpável.
Quando Chifuyu virou-se sobre seu braço, os olhos verdes o encararam de forma tão hipnotizante que ele se sentiu perdido em meio aquele oceano de desejo. Cada olhar lançado por Chifuyu era como uma promessa convincente de prazer.
Ryusei estremece com o olhar luxuoso do mais novo. Sua mão ainda pendurada, se afirma na cintura alheia para não se perder totalmente.
De repente, as memórias de todas as manhãs em que acordou confuso com os sonhos ardentes que envolviam o loiro, pareciam torturantes. Cada lembrança o consumia com uma mistura de desejo e culpa, mas agora, na presença do outro, sentindo-o em suas mãos, o calor daqueles momentos proibidos o inundou novamente.
Apesar de ter se sentido estranho e culpado ao ver Chifuyu em situações tão íntimas em seus sonhos, agora a lembrança deles o preenchia com um calor avassalador. Suas emoções estavam expostas, deixando-o cada vez mais fora de si à medida que se entregava a seja lá o que estivesse acontecendo no meio daquela pista de dança.
"Você... Está diferente." Chifuyu sinaliza, um sorriso bobo escapando de seus lábios.
Ryusei sorri, exalando uma aura de despreocupação e confiança ao se aproximar ainda mais do mais novo.
"Estou?" Ele brinca, sinalizando com uma arrogância misteriosa carregada de luxúria.
"Idiota..."
Chifuyu responde de volta, seus sinais eram carregados de uma mistura de brincadeira e carinho, antes de fechar os olhos e inclinar rapidamente a cabeça no ombro largo de Ryusei.
Por um momento, ele se permite sucumbir à proximidade, à familiaridade reconfortante do mais velho, mas logo se endireita e abre os olhos novamente.
"Feche seus olhos."
O loiro olhou para o mais velho com questionamento. "Por que?"
"Apenas faça." Ryusei sorriu enquanto ainda sinalizava com a pouco ternura que corria por seu corpo. "Deixe o mundo desaparecer por um momento. Dance comigo, como se ninguém estivesse olhando."
Chifuyu olhou divertido para o outro, se perguntando até onde Ryusei queria chegar com tudo aquilo. Porém, deixou para trás suas dúvidas em relação ao mais velho, quando notou a suavidade em seus sinais e a sinceridade em seu olhar.
Era como se Ryusei fosse um pássaro preso em uma gaiola, enjaulado e impedido de fazer tudo o que almejava, pedindo para ser livre e finalmente se sentir em paz voando entre as nuvens do céu.
"Certo." Sinalizou de volta Chifuyu com um sorriso no rosto. "Vamos fazer isso."
No meio à pista de dança do pub, onde as luzes piscavam em sincronia com o ritmo pulsante da música eletrônica e o ambiente era saturado pelo cheiro de bebida e suor, e a energia contagiante do lugar parecia invadir seus corpos.
Chifuyu fechou os olhos como Ryusei havia pedido, confiando no mesmo para sua segurança enquanto permitia que a batida forte da música penetrasse seus sentidos, ao mesmo tempo em que sentia Ryusei se aproximar de si e tornar o momento mais eletrizante.
Para quem observava de longe, acabavam sem fôlego e surpresos com a demonstração de afeto inesperado logo à frente. O momento parecia ser muito reconfortante e carinhosa entre os dois. Ambos derramando seu coração sobre o outro.
E sem pensar muito, tudo acontecia de forma silenciosa e estranha. Era como um gesto sutil e inigualável de amor, este pelo qual Chifuyu se culpa por desfrutar de tal sentimento enquanto sentia-se seguro nos braços de Ryusei. Afinal ele nunca imaginou que poderia se ver tão bem ao lado de uma pessoa dessa forma em primeiro lugar. Nunca pensando que poderia se sentir tão confortável e confiante com alguém antes, alguém como Ryusei.
Por isso que tudo parecia ser muito novo para ele, muito longe do seu controle. E também, muito distante.
Os movimentos do mais velho eram mais soltos e desinibidos, refletindo a liberdade que ele tanto desejava. Ele puxou Chifuyu para mais perto, e juntos começaram a dançar de forma agitada, seus corpos se movendo com uma intensidade quase frenética. A música alta e a atmosfera carregada de adrenalina e excitação os envolviam completamente.
Ambos estavam completamente sincronizados, esquecendo todos ao redor deles. Seus risos se misturando com os sons da multidão ao redor.
Eles estavam imersos em um turbilhão de sensações, a música alta e os efeitos das bebidas e outras substâncias amplificavam cada emoção que sentiam. Os olhares trocados, mesmo que rápidos e furtivos, carregavam uma mensagem de cumplicidade e libertação. Naquele instante, nada mais importava além do presente, da conexão intensa e da liberdade que encontraram um no outro, perdidos na euforia da noite.
Enquanto dançavam e gastavam energia na dedicação de seus passos, o forte aroma do mais velho envolvia Chifuyu de uma forma entorpecente, deixando-o momentaneamente atordoado e desorientado, seu inconsciente se perdendo nas profundezas daquele momento intoxicante.
Observando atentamente as reações de Chifuyu às suas ações, Ryusei percebe detalhadamente como o loiro se apoia em seu pescoço com uma das mãos, quase derrubando a garrafa de cerveja que segurava antes. Cada gesto, cada movimento, parecia transbordar de tensão e desejo entre eles.
Eles estavam próximos, muito mais próximos do que poderiam imaginar estar.
"Meu pescoço, escreva nele." Ryusei sinaliza com rapidez. Arfando com o calor que seus corpos transmitiam.
Chifuyu franze o cenho, surpreso com o pedido inusitado. "O que?"
"Por favor, diga o que sente..." Ryusei implora, seus olhos transmitindo uma mistura de desejo e vulnerabilidade.
Naquele instante, Chifuyu nota que o mais velho já não está completamente conectado à realidade entre eles. O álcool paira no ar, misturado à colônia forte de Ryusei, trazendo densidade ao ar que juntos compartilhavam. E embora ele próprio não esteja completamente sóbrio, as coisas pareciam fluir naturalmente entre eles.
"Por favor, diga o que sente por mim..." O bronzeado parecia entorpecido, sussurrando palavras desconexas que o outro jamais poderia entender, apenas deixando seus próprios sentimentos agirem por si só. "Pulmões meus estão gritando por você, de alguma forma..."
Chifuyu respira fundo, observando os sinais soltos do outro. Ele não sabe como deveria reagir com Ryusei estando tão solto em comparação a seu eu mais reservado.
"Ryusei..." O loiro por fim sinaliza na pele quente do pescoço do mais velho, ganhando sua atenção com um grunhido rouco.
Seus olhos estavam presos um no outro e Chifuyu se sente envergonhado, o constrangimento pintando seu rosto, mas é mais fácil ignorá-lo com álcool correndo em suas veias.
Há uma corda entre eles, que Chifuyu não percebeu que existia. E agora ele sente isso. Ele sente isso puxando-o para frente. Ele se sente imprudente, mas também como se fosse a única coisa certa ao mesmo tempo. E ele acredita em Ryusei, que é provavelmente a parte mais chocante.
É preciso um esforço para manter seus pulmões funcionando. Tudo de repente parece tão delicado. Eles continuam procurando e procurando, e tudo o que ele consegue pensar é:
Quando você se tornou alguém que eu quero manter, Ryusei?
"Chifuyu." O mais velho murmura de volta para ele. O loiro sentiu a vibração de sua voz ecoando na palma de sua mão enquanto ainda segurava firme na parte de trás do pescoço do outro.
Tão impossível quanto deveria ser, Ryusei dá um passo mais perto. Chifuyu observa o movimento como um gato, curioso e cauteloso.
"Você perdeu aquele balão," Ele tenta mudar a tensão entre eles com qualquer meio desconexo que lhe passou a cabeça. "Distraído."
De fato, Ryusei estava encantado com a nova descoberta do som em suas mãos, mas também tão perdido e absorto apenas no homem diante dele que não consegue se lembrar onde a bexiga azul que segurava momentos atrás foi parar.
Tão aleatório vindo de você. Ryusei pensa com graça.
"Nem sempre." Ele responde, seus olhos desviando involuntariamente para os lábios do mais novo antes de retornarem aos olhos verdes que o hipnotizam.
"Não agora?" O loiro pergunta, um sorriso ladino em seus lábios.
"Não. Agora, não." Ryusei faz uma pausa e eles estão tão perto que Chifuyu pode sentir sua respiração em sua pele. "Porque, você brilhante demais para me distrair", ele termina, e toda a sua determinação desaparece como se nunca tivesse estado lá em primeiro lugar.
Por favor, Chifuyu, não me odeie. A súplica ecoa silenciosamente em sua mente enquanto ele se entrega ao momento.
Está lá entre eles, uma coisinha cintilante, e de repente não está mais. Chifuyu não tem certeza de quem fecha o espaço restante, mas se tivesse que apostar, diria que são os dois. Correndo um para o outro e colidindo, finalmente, e oh, ele entende por que Ryusei tira seu fôlego.
Seus lábios se movem juntos e não há hesitação em como Ryusei se move, dessa vez colocando ambas as mãos na cintura de Chifuyu. O loiro retribui o favor, colocando uma de suas mãos no pescoço do bronzeado, seu polegar correndo finalmente pela tatuagem curiosa de serpente do mais velho, e a outra em seu cabelo, ainda que segurando firme a garrafa de vidro.
Ao contrário do que é possível, Ryusei está puxando Chifuyu ainda mais perto, colando seus corpos em um só espaço, sentindo como o mais novo solta um som de aprovação contra seus lábios.
Beijar Ryusei parece fenomenal pra caralho. Francamente, é um pouco demais para o sistema de Chifuyu lidar. Mas ele vai como nunca antes, separando os lábios e convidando o mais velho para entrar, e tudo o que ele pode pensar é que, mesmo se ficasse preso em Mercúrio à noite, ele jamais ficaria tão quente quanto se sentiu beijando Ryusei.
As mãos do bronzeado começam sua jornada contra o corpo de Chifuyu, uma delas encontrando um caminho debaixo de seu moletom. O choque elétrico de seu toque faz com que o loiro quebre o beijo, bem a tempo de ele não morrer por falta de oxigênio.
Eles estão respirando profundamente, respirando um ao outro, mas logo retomam o beijo. Ryusei está com fome de mais para deixá-lo ir tão de pressa, e então ele aperta um pouco mais forte sua cintura e o trás para perto novamente, o que faz com que Chifuyu produza aqueles sons irreverentes que estão sendo gravados em sua memória eternamente.
Isso acaba trazendo coisas devastadoras para ele, mas Ryusei não é nada além de minucioso quando está focado. Ele se move dos lábios para a mandíbula e para baixo, pelo pescoço, até chegar ao ponto ao lado da orelha de Chifuyu, que não consegue evitar os ruídos que deixam seus lábios enquanto sente o mais velho sorrindo em seu pescoço.
Parecia tudo tão surreal para ele. Ter Ryusei o dominando em seus braços como se ele pertencesse a esse homem que conseguiu tirar-lhe o fôlego em instantes. Era tudo tão novo para Chifuyu, tão eloquente e luxuoso com a tensão sensual entre eles que parecia que a qualquer momento viria a explodir.
Seu corpo pede por um frescor, por sorte a cerveja em sua mão ainda estava fria e serviu como um escape para ele, que de imediato virava a mesma quase em um gole enquanto sentia as cócegas das mordiscadas e dos beijos que o mais velho deixava em rastros pelo seu pescoço.
Quando seus corpos se afastaram por um tempo, a realidade atinge Ryusei da cabeça aos pés, fazendo-o encarar a situação de frente.
"Você... foda-se." Isso é tudo o que ele consegue articular.
Ele estava pronto para se desculpar, mas honestamente, não é culpa dele, porque Chifuyu não para. Muito pelo contrário, ele gosta muito desse novo lugar que descobriu. Ficando feliz em montar um acampamento no conforto e atenção do mais velho enquanto pressionava seus próprios lábios nos de Ryusei outra vez.
E Ryusei o deixa, beijando sua pele e o segurando perto, e Chifuyu praticamente derrete em seus braços.
Depois de algum tempo, ele não tem certeza de quanto tempo, mas o loiro se afasta. Ele olha para Ryusei com suas pupilas dilatadas pela luxúria e isso não parece menos íntimo.
"Você também, foda-se..." Ele sinaliza, respirando fundo, cambaleando com o advento que o mais velho lhe trouxe.
Ryusei sorriu divertido, com orgulho por ver o outro quase tão desmontado com seus toques.
Desta vez é tudo sobre suas ações, ele agarra o rosto do loiro e o puxa para próximo novamente. Mas este beijo é diferente, é mais terno. Eles não se apressam, mas encontram prazer em tomar um segundo doce de cada vez.
E quando a falta de ar se fez presente entre eles outra vez, eles finalmente se separaram, sem fôlego e respirando fundo. O ar entre suas bocas mal podendo ser compartilhado para os dois.
Sem pensar e dar tempo a eles, Chifuyu acenou para a porta principal, o experimento musical completamente esquecido enquanto ele os convidava a se retirar do pub e se encontrarem lá fora.
Ryusei sorriu com malícia, uma sobrancelha arqueada para o convite do mais novo.
"Vamos."
Chifuyu praticamente o comandava, segurando em sua mão e o puxando em direção a saída.
Ryusei sorriu, sua língua coçando o interior de sua bochecha enquanto se deixava ser arrastado pelo mais novo.
continua...
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Artista Capa: Tearwell_ (X)
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