Outubro: Conto - O Preço de Uma Vida (Final)
Elenco:
Roberto Mourão / Sônia Pacheco Mourão
Sérgio, Carlos e Daiane Mourão
Michel/ Carina Ferreira / Márcio Ximenes
Mariana Fonseca / Ingrid Diniz
Mariana: Vai estar em todos os jornais amanhã, falhamos. - disse a delegada na porta da causa dos Mourão.
Ingrid: Não fica assim, Delegada, aconteceu tudo muito rápido. - e colocou sua mão sobre o ombro dela.
Mariana: Fomos treinados exaustivamente para estarmos preparados e a frente desses bandidos.
Márcio: Mas não somos perfeitos, não fomos treinados para adivinhar cada passo deles.
Carina: Verdade, fizemos o que pudemos e ainda salvamos a garota. Temos que ficar prontos para darmos força a família.
Mariana: Seja como for. - e apertou a campainha.
Sônia atendeu a porta, sua feição era de alguém que tinha chorado sem parar nos ultimos dias. Ela encara os policiais com um tom de que todos eles tivessem causado a morte de seu marido, Roberto e uma expressão de quem esquecera que a delegada e Ingrid há poucas horas trouxeram sua filha que fora sequestrada.
Mariana: Sentimos muito pela sua perda, senhora Sônia. Do fundo do meu coração, não tenho palavras.
Sônia: Palavras? Do que me bastam palavras? Palavras pra explicar pros meus filhos que o pai deles foi morto? Que o pai deles trabalhava pro trafico? Meus filhos estavam assistindo aquela transmissão escondidos, viram o pai deles apanhar e morrer.
Márcio: Esses são os fatos que eles tem que lidar, por mais que possam ser os piores da vida deles, eles vão aprender a lidar com isso.
Sônia: É fácil dizer lidar não é? Mas não é, explicar pros seus filhos que o pai deles foi vitima de tudo de ruim que ele ajudou a criar.
Carina: Vemos crianças e adolescentes todos os dias revoltados pela forma que são criados pelas suas famílias e alguns herdeiros de pais criminosos. Seus filhos foram criados com amor e dedicação, eles vão saber o que é certo.
Mais uma vez todos voltaram a se encarar e deixar o clima mais pesado do que ele estava. Todos com sentimento de culpa mas que não tivessem errado de fato.
Ingrid: Márcio, vamos ver como as crianças estão?
Márcio: Podemos, Sônia?
Sônia: Podem, eles devem estar assustados no quarto.
Carina: Tem algum remédio de dor muscular?
Sônia: Tenho sim, vem na cozinha...quer agua delegada?
Mariana: Sim, obrigada.
Enquanto Márcio e Ingrid subiam as escadas, elas ficaram na cozinha conversando. A primeira porta no corredor, dava para o quarto do casal, eles foram em direção a segunda porta. Era o quarto dos meninos e Carlos estava deitado na cama. Eles bateram na porta entre aberta.
Márcio: Campeão? Podemos conversar com você?
Carlos: Entra.
Ingrid: Esperamos que você não fique se ocupando demais pensando no que viu hoje. - e sentaram na cama de Sérgio.
Carlos: Foi horrível.
Márcio: Foi sim.
Carlos: Você estava na live também e não fez nada.
ingrid: Fez sim - interrompendo a fala de Márcio - ele descobriu onde sua irmã estava, foi atrás do loiro e ainda tirou seu pai de ser refém dele...só que já estava tudo armado.
Carlos: E do que isso adianta? Ele está morto e o amigo do Sergio também.
Márcio: Amigo do Sergio? - e olhou para ingrid.
Carlos: O homem loiro, Sergio estava assistindo e ficou chocado.
Ingrid: Explica de novo, como assim amigo do seu irmão.
Carlos: Lembra que eu te falei hoje cedo? Um cara la de Curitiba fez amizade com ele no hospital.
Márcio: O Jorge que seu pai mencionou?
Ingrid: Não, esse já tá preso junto com os caras do sitio.
Carlos: O loiro na live era o amigo do Sérgio. Assistimos pelo celular da mamãe. - e suas lágrimas escorriam pelo seu rosto.
Márcio: Não pensa mais nisso. - e ajoelhou-se para fazer carinho no garoto.
Ingrid: Esse urso é seu? - ela foi ate a prateleira pegar algo que consolasse o garoto - Sei que já esta grande mas abraça-lo pode fazer melhorar.
Carlos: Não é - disse depois de virar e olhar o bicho de pelúcia - era do Sérgio.
Ingrid: Ah sim, ei, tem um - e ao abrir um buraco, deixou um aparelho celular cair no chão - desculpa, eu pago.
Marcio: O que caiu?
Ingrid: Um celular - abaixou e desbloqueou o telefone - não tem nada nele, é como se tivesse saído de fábrica...menos agora que esta com tela trincada.
Márcio: Vê se tem chip nele. - e levantou-se indo para Ingrid.
Ingrid: Não. nem chip, nem foto, nadinha.
Márcio: Não lembro se te contei mas o - e abaixou a voz - Sérgio vomitou na sala de testemunhas, tinha um chip no meio
Ingrid: Que nojo e como você descobriu?
Márcio: Ingrid, tinha um chip no vômito dele e tem um celular sem chip no celular dentro do urso dele. Não parece ter ligação?
Ingrid: Vou levar para a delegacia, vamos ouvir se tem alguma conversa nele.
Márcio: Campeão, eu tenho que ir agora - disse voltando para o lado de Carlos - fica bem ok? Aqui tá meu numero, qualquer dia e qualquer hora me manda mensagem, não tem porquê você se sentir sozinho.
Eles se abraçaram e então Márcio e Ingrid desceram e foram para a cozinha.
Ingrid: Cadê a Carina?
Carina: Estou aqui - estava descendo as escadas - Daiane está assistindo desenho e o Sérgio quase cuspiu para eu sair.
Márcio: Precisamos ir.
Mariana: O que houve? - e Sônia virou-se para ele.
Márcio: Eu acho que encontramos uma coisa muito importante.
Sônia: E essa coisa não tem nome? - disse meio irritada.
Márcio: Tem mas por ser prova de uma investigação sigilosa, não podemos compartilhar mais detalhes? Vamos, boa noite.
Então as outras policiais se despediram e foram atrás dele. Sônia ficou com tanta raiva que fechou a porta com tanta força que quase quebrou os vidros da mesma.
Mariana: Márcio espera. - disse abrindo a porta da viatura.
Márcio: Entra. Ingrid achou uma pista.
Carina: Não remexeram cada pedaço da casa quando eles estavam na delegacia?
Ingrid: Digamos que estava bem escondido.
Márcio: Num urso de pelúcia, Ingrid foi pegar o urso e o celular estava dentro dele.
ingrid: Um celular sem chip e o Márcio disse que um dos garotos vomitou um chip na delegacia.
Carina: Lembro dele ter falado sobre isso.
Márcio: Além disso o Carlinhos disse que o amigo que o Sérgio fez foi o Michel. O Michel veio de Curitiba atrás da família dele.
Mariana: Vamos levar para a análise e ouvir as ligações que tem ai.
/
Michel: Sexta eu vou passar onde vocês vão. Nunca mais a sua irmã vai te perturbar. Você vai ter paz na sua casa.
Márcio: Que nojo! A irmã ainda passava incômodos para aliviar a doença dele e ele ainda queria que ela sumisse?
Carina: Essa foi a ultima ligação, o garoto deu a informação e então achou que engolindo o chip e escondendo o telefone, iria sumir com as pistas.
Mariana: Isso é mais sério do que vocês pensam. - disse se levantando da cadeira - Um garoto envolvido no próprio sequestro da irmã.
Carina: Não acha que ele foi iludido pelo Michel? Em todos os audios ele queria ser super amigo do garoto, ele deve ter somado isso a vontade de tirar a irmã de perto.
Márcio: O cara deve ter achado uma forma de se conectar com ele, do hospital para a irmã.
Mariana: Vamos ter que denunciar isso.
Márcio: Aquela mãe dele vai querer nos matar de vez, nem quis falar o que achamos para ela não falar com o garoto e ele ter alguma reação. como ele estava em casa?
Carina: Revoltado e não queria visita alguma, quase consigo entender a dor de ver seu pai e seu amigo morrendo...no meio dessa confusão toda ainda...
Então Márcio recebe uma mensagem no celular.
Márcio: ''socorro, sergio esta agredindo a daiane'' - leu e olhou para elas.
Na mesma hora os três saíram da sala e já estavam se movendo para a casa dos Mourão.
/
Márcio: Carlos, tenha cuidado e chame sua mãe, já estamos chegando. - e enviou a mensagem.
Ao chegarem na casa, Carlos estava na porta chorando.
Carina: O que houve? Cadê a sua mãe?
Carlos: Ela saiu. O Sérgio foi no quarto da Daiane e começou bater nela.
Mariana: A porta tá trancada? - disse fazendo força pra abrir.
Carlos: Depois que discuti com ele, ele me deu um murro e me puxou ate aqui e trancou a portas e janelas.
Carina: Esse garoto é um psicopata. - e com um chute arrombou a porta.
Márcio: Primeiro as damas ou eu levo um chute também? - olhando para Carina que sorriu.
Ao entrarem na casa, eles se dividiram mas não ouviam nada. Carlos contou a marcio sobre a lavanderia e permaneceu na sala. Márcio então foi se aproximando sem fazer barulho e até que encostou a mão na maçaneta da porta. Carina tinha chegado e fazia o mesmo.
Quando abriram a porta, Sérgio estava quase imóvel sobre o corpo de sua irmã. Ela estava totalmente machucada e desacordada. Ele virava o rosto e Márcio ligava a lanterna. Seu rosto era de completo prazer por ter torturado sua irmã menor.
Carina: Eu disse que se você machucasse ela, iria te prender.
Sérgio: Não tem mais o que machucar, ela se foi agora.
Márcio num impulso jogou o garoto contra a máquina de lavar e checou o pulso da garota. Sérgio levantou e foi para cima de carina.
Carina: Nem pensa nisso, garoto. - disse empunhando seu revolver - passa, sai.
Márcio: Tira ele daqui e fala pra Mariana levar o Carlinhos também.
Carina: como ela esta?
Márcio: Viva. - disse baixinho para Sérgio ñão ouvir.
///
Sérgio: Tudo o que eu lembro dela, juiz, é de como eu sentia dores. Via meu corpo passando por tantos desafios e quase sempre em hospitais. Cada vez mais eu tinha desprezo por ela. Eu a machucava e isso era um jeito de me sentir melhor. Então eu fiz um amigo no hospital, ele disse que me ajudaria...eu chamei ele pra ir ao parque, ela sumiu mas o papai morreu...foi tudo culpa dela, ela precisava ser punida.
A pena para ele foi ser levado para um centro de recolhimentos para jovens. Ao final do julgamento, Márcio foi ao encontro do garoto.
Márcio: Como é pra você saber que nem vai poder aproveitar o Centro já que não vai ter muita saúde pra viver mais um meses? - e sorriu para ele.
Sérgio: Pelo menos nunca mais vou vê-la.
Márcio: Sabe, você tem toda razão. Enquanto isso ela vai passar a vida toda olhando para as suas fotos e lembrando de um irmão que morreu.
O garoto saiu possesso de raiva de frente de Márcio.
Carina: Os presos estão nos dando poucas informações...mas acho que esse caso dos Mourão esta acabado.
Márcio: A mãe deles achou outra casa, mas duvido que cuide bem do Carlinhos e da Daiane.
Carina: Podemos convidá-los para a ceia de natal, acho que a Sônia vai estar ocupada ceando com o filho.
(fim)
TEXTO E REVISÃO: Raphael Maitam
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