Capítulo 9

Capítulo 9


"Quem ama nunca está longe!

Como posso estar longe de quem está dentro de mim?"

Padre Léo


- Inventário?

- Não é sobre isso?

- Não sei!

- Melhor eu ficar quieto então. Estou percebendo que não posso abrir a boca. Não é minha área, e aquele homem você já conhece. – ele diminuiu a velocidade e virou em uma rua mais calma – somente piorou o que você já conhecia.

- E por que você trabalha para uma cobra criada assim? Você poderia montar seu próprio escritório.

- Estou caminhando para isso, mas por enquanto estou ganhando experiência. Ele é um chato, mas a empresa é ótima. Dr. Machado, o pai é um ótimo profissional, um dos melhores e nada como aprender com ele.

- Se você diz...

- É aqui o prédio. Será que ela chegou? – ele parou o carro olhando para fora.

Peguei o telefone para ligar, quando escutei uma buzina e um carro parando atrás do 'nosso'.

Abri a porta e fui saindo, Denise já veio com os braços aberto para me receber. Mergulhei em seus braços já chorando.

- Vamos subir... – falou ela depois de um tempo – você vem Alê?

- Não! Outra hora... As malas... O que faço?

- Passe para meu carro, por favor...

Ele fez o que ela pediu, depois parou perto de nós, olhei para ele e sorri. Caminhei em sua direção e o abracei de novo.

- Obrigada pela companhia, nem tenho como agradecer...

- E não precisa. – afastou um pouco e olhou para mim – fique bem. E se precisar de um ombro amigo, pode ligar. – ele me entregou um cartão.

- Pode deixar, vou ligar. Obrigada de novo.

Ele me deu um beijo no rosto e um olhar para Denise, contornou o carro e saiu.

***

Em pouco tempo eu estava dentro do apartamento dela deitada em seu colo chorando sem mais receio e vergonha, totalmente a vontade.

- Jô eu nem sei o que mais falar para você, simplesmente que chore mesmo, deixe sair tudo que está no seu coração.

- Dê eu fico me perguntando: e se? - sentei olhando para ela – e se eu tivesse vindo antes? E se eu não tivesse ficado longe tanto tempo? E se, e se...

- Não fique assim. Nada seria diferente. Eu acredito que tudo tem sua hora e seu jeito para acontecer. Eu tenho certeza que se tia Marta soubesse que teria pouco tempo ela mesma tinha pedido para voltar. Não se culpe assim.

- Mas meu pai, por que ele não me contou antes? Por que escondeu tudo isso de mim?

- Eu não sei te dizer isso com certeza, mas acredito que nem ele imaginava que o pior pudesse acontecer.

- Falando nele... Eu preciso ligar e falar que já cheguei.

- Eu já fiz isso, falei com ele assim que você ligou, eu contei que você já estava sabendo a verdade e que viria para minha casa.

- Ele não chiou?

- Sim. Mas falei que neste momento seria melhor eu conversar um pouco com você. E que você ligaria depois – ela me olhou com tristeza - ele falou que estaria em casa te esperando ligar.

Fiquei olhando minhas mãos entrelaçadas, sem coragem para falar com ele. Denise levantou colocou o telefone do meu lado e foi para a cozinha.

- Quer um suco, água ou café?

- Café. – fiquei olhando para o telefone.

Levantei e comecei a andar e um lado para outro pensando o que fazer. Ficar ali perto do telefone estava me dando medo, parecia que a qualquer momento ele pularia em mim e diria: "vai ligar ou não?"

- Coragem mulher!! – falei.

Peguei o telefone e liguei.

- Pronto! – quem atende telefone assim? Pensei

- Oi tia, quero falar com meu pai.

- Bom dia Joana, fez boa viagem?

- Sim. Chame meu pai.

- Você não está vindo? Vai vir para o almoço?

- Tia Alda, por favor, meu pai!

- Mas você está ou não vindo?

- Se eu tivesse indo eu não estaria ligando não é verdade? Agora meu pai! – falei já irritada.

Escutei-a falando de longe, 'grossa como sempre''. Que saco, ela é que sempre foi intrometida e sempre querendo saber demais.

Pouco depois escutei meu pai. Fechei os olhos com força.

- Oi filha...

- Pai...

- Então você já sabe meu bem...

- Então ela se foi... Como ela faz isso conosco pai?

- Também me pergunto filha... Você vai vir aqui para casa? – escutei a tia falando por perto – sua tia quer saber... – cortei o que ele iria falar.

- Manda a tia Alda para o diabo, o que ela quer tanto saber? Até parece que ela tem saudade de mim!

- Joana! Não fale assim... – ele afastou o telefone e perguntou a ela o porquê queria saber – ela quer saber por causa do almoço.

- Ah... Tenha dó, se eu fosse, haveria diferença uma pessoa a mais ou a menos. Tia Neusa sempre fez comida para um batalhão...

- Dona Neusa não está mais aqui... – ele falou parecendo sem jeito.

- O quê? Ela não trabalha mais em casa? Por quê?

- Filha, nós depois conversamos sobre essas coisas. Ela se aposentou.

- Ãn? Aposentou? Mas no outro dia que eu liguei, ela estava aí... Pra onde ela foi?

- Filha! Vamos deixar esse assunto. Temos muitas coisas importantes para resolver, começando sobre o velório e o sepultamento. Será em Viana, isso é certo.

- Tudo bem...

- Você vem mais tarde?

- Pai... Estou sem coragem, acho que prefiro ficar aqui, claro se a Denise não se importar. – ela estava parada na porta e fez sinal de jóia para mim – pelo menos por uns dias.

- Tudo bem... Mas... Você não está com saudade desse velho pai?

- Ôh pai... Claro... Estava pensando... Vem você aqui me ver... Estou tão cansada da viagem... – nem era tanto na verdade, mas apelei.

- Sim minha querida... Eu vou... Denise mudou não foi? Acho que não sei onde é...

- Espera... - passei para Denise – fale o endereço para ele.

Fui em direção a cozinha pegar uma água.

Ela falou com ele e depois passou para mim.

- Pai, então eu te espero mais tarde. – falei para encerrar a ligação.

- Está certo, estaremos aí... – falou.

Eu estava para desligar e pensei bem...

- Estaremos por quê? Quem vem com você? Nem pense em trazer essa mala da tia Alda.

- Está certo filha. Eu vou sozinho.

Desliguei sem acreditar...

- Denise você acredita que ele ia trazer aquela megera que atende por nome de Alda?

- Acredito. Oh se acredito!

- Denise, por favor, agora seja honesta comigo. O pior eu já sei, o que mais está acontecendo?

Ela revirou os olhos e pegou o café para nós e sentou pensando o que falar na mesa da cozinha.

- Senta aí. – sentei olhando para ela – acho que tem muita coisa para descobrir ainda. Mas vou te contar o que já sei.

- Você está me deixando assustada... Onde está tia Neusa? Tem haver com ela? – ela balançou a cabeça que sim.

- Eles aposentaram tia Neusa. Ela na verdade não queria... Mas... Acho que é coisa da sua tia...

- E onde ela está?

- Pois é... Seu pai já dera uma casa para ela em Viana já tem um bom tempo. Mas agora ele estava querendo que ela voltasse de vez para morar lá. Mas ela não quer. Seus irmãos moram todos aqui agora.

- Mas por quê?

- Não sei...

- E ela onde está?

- Por enquanto ela está na casa do Rafinha. Você soube que ele já é papai?

- Não! Ninguém contou nada.

- A Érica teve parto prematuro, a tia agora está a ajudando.

- Mas não foi por isso que ela saiu lá da casa dos meus pais?

- Não! Ela foi 'convidada' a se aposentar. – ela fez aspa com os dedos.

- Por qual motivo isso? A Tia Neusa foi, na verdade quem me criou. Ela me dava muito mais atenção que mamãe, compreendia minhas frustrações e muitas vezes me encobria às coisas erradas que eu fazia.

- E eu não sei? – Denise sorriu e falou - e ela te considera uma filha também.

- Jesus!! O que mais vou descobrir? – levantei passando a mão nos cabelos.

- Tem mais... – sentei de novo – tia Neusa falou que sua tia Alda está no comando de tudo, parece à dona da casa.

- Ela que vá procurar macaco para pentear...

- Parece que seu pai deu carta branca para ela...

- Dê... O que está acontecendo? Ela acha que vai tomar o lugar da minha mãe?

Ela levantou o ombro e tomou o café.

- Mas não vai mesmo!! – falei decidida.

- Jô... Você veio para ficar?

- Não! Claro que não!

- Então... – ela abaixou os olhos – seu pai é novo... Você acha que ele vai ficar só por muito tempo?

- Denise... Nem enterramos minha mãe e você acha que a tia está de olho nele?

- Desculpe Joana... Perdão minha amiga... – ela pegou minha mão apertando.

Fiquei pensando naquilo. Será? Apesar de que da tia Alda eu não duvido nada.

- Sabe... Eu sempre achei que a tia Alda tinha muito ciúmes da minha mãe. Cheguei a falar para mamãe sobre isso.

- E o que ela disse?

- Que era fantasia da minha cabeça. Quem teria ciúmes de uma desmiolada igual ela era.

- Mas fala verdade, ela nunca se casou. Sempre se meteu na vida de vocês. E depois que você foi morar fora, pelo que eu sei, ela quase mudou para casa dos seus pais.

- Está tudo muito estranho... Mas vou descobrir... Ah vou... Papai pode vir até arrumar alguém um dia. Mas não ela! Deus me livre. Acho que estamos imaginando coisas... Seria um absurdo tão grande... Melhor nem pensar.

- Verdade! Vamos mudar de assunto? – balançou a cabeça -conta sobre seu namorado, como ele é?

- Lindo, educado, arrumadinho, gentil e faz tudo que eu quero.

- Mas...

- Mas... Eu brinco com a Melissa que ele é 'inglês demais'.

- E qual é o defeito desse cidadão? Deve ter um né, com certeza! Já sei! Não faz bem o 'negocio', acertei?

- Esse é o problema!

- Viu! Achei!

- Que nada! Eu estou com ele até hoje por que o "trem" como fala Melissa é muito bom... Neste 'quesito' ele é nota 100.

- Então não estou entendendo esse desânimo. O que é?

- Falta aquele tchan. Sabe aquele frio na barriga, aquela vontade de estar junto a todo o momento, abraçados apertadinho, querer grita de alegria quando está junto, sabe?

- Xiii... Isso para mim tem outro nome... Andar de montanha russa... Sente tudo isso...

Dei uma risada alta. Somente Denise para me fazer dar risada nesta altura dos acontecimentos.

- Venha aqui, tenho um presente para você. Onde está minha mala?

- Está no quarto. Venha conhecer meu apartamento. – saímos abraçadas da cozinha – está faltando uns quadros...

- E é o que não falta no meu apartamento... Isso é um pedido?

- Sim... – deu risada – cara de pau essa minha...

O apartamento dela estava semi mobiliado e estava ficando uma graça.

Denise sempre foi à luta por tudo que sempre quis. Ela diferente de mim, batalhou muito para fazer o que queria. Mas teve a liberdade de todas as escolhas. Hoje ela está formada em Publicidade e Jornalismo. Já trabalhou em jornal, revista e empresa de propagandas. Mas está realizada agora como editora de uma revista. Acabou de comprar esse apartamento, seu grande sonho. Ela morava até pouco tempo no meu apartamento, que eu não comprei com meu dinheiro. Foram meus pais, logo que eu fui para a faculdade e ela veio morar comigo. Depois meus pais também vieram morar em Vitória, mas eles compraram uma 'senhora casa' em um condomínio luxuoso onde moram até hoje. Éh! Moram mais ou menos, eles sempre estão em Viana também. Quer dizer... Nem sei mais... Agora papai sozinho...

- Hein! Está longe? Vamos aterrissar? – falou Denise me tirando dos meus pensamentos.

- Desculpe, eu voltei no tempo agora... – falei triste.

- O que foi?

- Lembrei agora quando viemos morar aqui em Vitória, como ficamos felizes lembra?

- Ô se lembro! Era nossa liberdade.

- Nossa nada! Minha você quer dizer, não é?

- Joana sem trama! Afinal era complicado, mas foi poucas coisas que eu e você não fizemos. Escondido a maioria, mas acabava fazendo. Deixando os tios loucos.

- Nem assim eles aprenderam a me dar mais liberdade.

- Às vezes eu fico pensando Joana, vendo essa juventude de hoje que faz 'barbaridades', o que seríamos se nossos pais permitissem tudo que queríamos? Fizemos tantas coisas eles não permitindo...

Era verdade...

- Mas Dê, eu nunca quis nada demais, queria ser uma garota normal...

Ela colocou a mão na boca e deu risada.

- Você? Normal? Conta outra?

Empurrei-a com o ombro e ela me puxou na cama e caímos rindo. Então a abracei e ficamos ali.

- Dê...

- Ãn...

- Morar fora do Brasil, o que mais eu sinto falta é da nossa amizade. Às vezes eu gostaria tanto que você tivesse lá comigo.

- Eu sei... – olhou para mim – como aquela vez que você acordou na cama de um cara e chorava igual criança.

- Também... Mas foi minha primeira transa depois do Maurício. Eu saí de casa aquele dia e falei 'vou dar hoje', dei! E deu no que deu. Chorei o dia todo – respirei fundo – mas não é somente na tristeza, em cada lugar legal que vou, eu penso em você.

- E a Melissa?

- Naquela época eu não a conhecia. Mas ela é uma graça, tem um jeitinho diferente de falar, totalmente mineira. Às vezes eu me pego falando 'uai' e 'dimaisdaconta' igual a ela. – falei rindo.

- Hum estou ficando com ciúmes... Não sei se gosto dessa garota.

Abracei minha amiga e falei:

- Não precisa ficar com ciúmes, você tem um lugar especial no meu coração, ninguém nunca vai mudar isso e quando conhecê-la vai gostar dela também.

- Estou brincando, eu gostei muito quando você me contou sobre ela, mas confesso, me rendo – levantou as mãos – tive um 'tiquinho' assim de ciúmes.

- Sua boba!! – brinquei com ela.

Levantei e fui abrir minha mala. Tirei uma caixa devidamente embalada e entreguei a ela, e aguardei a sua reação.

- O que é? – perguntou sorrindo.

- Abra! Se não gostar infelizmente eu não tenho como trocar.

Ela tirou o lacre os adesivos e abriu devagar a caixa. Soltou uma sonora gargalhada. 

- Sua palhaça! – falou rindo.

- Eu? Por quê? Foi o que você me pediu, não foi? Um inglês lindo, rico eu somente não posso garantir que ele vá te amar.

- Mas também não vai poder dizer aquela frase típica que eu escuto sempre: "Você é linda e merece alguém melhor que eu..."

- Está assim?

- Vou ainda te contar muitas coisas... Mas não agora. Deixa-me colocar esse homem lindo para fora da caixa. 'David agora você é meu!'- falou olhando para ele.

- Agora essa caixa aqui é somente mimos que venho comprando para você ao longo do tempo. Espero que goste. O que não agradar dê de presentes.

- Ôh minha amiga... Com tantos problemas você foi se preocupar com isso?

- Como eu disse nada foi de agora, sempre que vejo algo que acho ser sua cara, eu compro. Somente o David Beckham foi uma aquisição recente.

- Nossa obrigada... Onde estão as outras caixas... – disse olhando por todos os lados – afinal Londres deve ser a minha cara.

- Verdade... Mas o restante foi confiscado no aeroporto. Excesso de peso... – dei um sorriso falso – Fazer o quê! Sobrou somente essa, pois o David escondeu.

- Estou gostando muito desse rapaz. – olhou para ele em pé já no canto do quarto.

Abriu a caixa e ficou maravilhada com tantas coisinhas. Havia colares, brincos, lenços, chaveiros, porta moeda, um bloco de anotação onde a caneta é um guarda Romano, batom, várias miniaturas de lugares e peças típicas da Inglaterra. Ela parecia criança olhando tudo aquilo.

- Nossa estou com fome, e você?

- Hum... Acho que sim.

- O que você prefere? Sair ou comer algo aqui em casa?

- O que você quiser, eu não quero te dar trabalho. O que quero agora é de tomar um banho.

- Fique a vontade. O apartamento é nosso, e esse quarto é seu. O que precisar é somente pedir. Aqui tem toalhas – levantou abrindo o armário.

- Obrigada Dê...

- Vou olhar o que tenho na cozinha...

Ela saiu me deixando sozinha. Logo em seguida eu estava tomando uma ducha quase fria, coisa que não fazia há muito tempo.

ΩΩΩ     ΩΩΩ

Sentadas a mesa da cozinha depois de termos almoçado nós ficamos relembrando nossas 'artes' da adolescência. Falamos um pouco da minha mãe e de como ela tinha períodos ótimos.

Depois voltamos para o quarto arrumar minhas coisas.

Deitei do lado dela e comecei a falar de Londres.

Eu queria correr, mas não saída do lugar. Eu queria gritar, mas a voz não saia. Eu queria me cobrir, meu corpo estava nu. As pessoas me olhavam e ria, eu precisava sair dali, precisava correr gritar... Meu desespero foi aumentando.

- Joana? Por favor, acorde. Jô! Acorde!

- Oi! Ãh? – acordei atordoada.

- Hei!! O quê foi? Acordou?

Sentei na cama. Estava suada, agitada, meu coração batia descompassado.

- O que foi? – perguntei.

- Não sei. Eu que te pergunto?

- Acho que estava tendo um pesadelo... O que falei?

- Não sei direito. Você falava enrolado... Joana você tem ainda sempre esses pesadelos?

- Não... Acho que não... – levantei fui até o banheiro lavei o rosto e voltei no quarto com a toalha nas mãos – se falo ainda dormindo, já não acordo mais.

Sentei do lado dela pensativa, depois falei.

- Por que pergunta?

- Você lembra que costumava acordar gritando quando criança?

- Sim. Levantava e andava dormindo também. Eram umas das grandes preocupações dos meus pais... Mas passou com a adolescência.

- Passou mesmo? – perguntou preocupada.

- Claro que sim... Agora deve ter sido por causa de tudo isso... Agora minha cabeça está doendo... Deve ser cansaço da viagem.

- Tome algum analgésico e fique deitada mais um pouco.

- Vou fazer isso... – levantando para pegar minha nécessaire.

- Vou pegar uma água. – ela levantou e saiu.

Tomei o remédio e deitei. Fiquei quieta pensando...

- Vou ficar aqui com você, fique quietinha. Eu quero te contar como foi minha promoção na revista.

Estava dormindo tranquila de novo quando Denise me chamou dizendo que meu pai estava na sala.



Esse encontro que Joana estava temendo. Olhar para o pai e ver os olhos da mãe. Era isso que iria acontecer.

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Beijos e até qualquer hora.

Lena Rossi

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