"Assim como a flor não escolhe sua cor, não somos responsáveis pelo que viemos a ser. Quando você se dá conta disso, se torna livre."
Segredos de Sangue

As vezes o seu psicológico vai tomar conta de todo o seu corpo e você não vai ter controle sobre si mesmo, é algo incontrolável e até mesmo inimaginável. Naquele momento todo os meus pensamentos e traumas dominaram meu corpo. Havia me fragilizado da pior forma possível, tudo pelas palavras dele e não soube reagir diante daquilo.

Tudo aconteceu muito rápido e só conseguia me lembrar de ser jogada para o lado. Ao olhar para a outra direção vejo Lorenzo caído no chão após ser atingido. Enquanto Pietro atirava em direção a Dom, que se escondeu em um móvel do cômodo.

Vou até Lorenzo desesperadamente. Uma poça de sangue era formada embaixo de seu corpo e saia uma fina linha de sangue de sua boca.

- Lorenzo! - grito - Não, você não!

Ele olhava em meus olhos e lutava para respirar, de sua boca apenas saiam sons incompreensíveis.

- Dom!!! - grito.

Pego minha arma e começo a atirar descontroladamente em sua direção, gritando em meios aos tiros, mas de repente as balas se acabam.

- Luna, ele está fugindo! - Pietro grita.

Logo vejo Dom passando por uma passagem secreta ao fundo cômodo.

- Não deixa Lorenzo morrer, Pietro - digo evitando chorar - Eu te imploro, salve ele!

- Eu vou, Luna! - ele diz já jogando sua arma para mim.

Levanto-me no mesmo instante. Eu não podia permitir que ele fugisse, este não vai matar mais alguém e ficar ileso por isso. Saio pela mesma saída usada por Dom e ao chegar onde os carros estavam vejo o seu arrancando do local. Corro em direção ao meu veículo rapidamente, ao entrar jogo a arma no banco do passageiro e começo a dirigir.

Dom acelera ainda mais o carro ao perceber que estava sendo seguido. Devido os vidros totalmente pretos era impossível o ver, assim acelero cada vez mais para não perdê-lo de vista. Enquanto isso as lágrimas finalmente aparecem e eu começo a chorar descontroladamente.

- Eu não vou permitir que você fuja! - grito dentro do carro - Eu preciso de paz e isso só vai existir com você morto, Dom.

Pensar em Lorenzo gravemente ferido, por minha culpa, me dava mais força para continuar com aquilo, assim permaneço firme na direção.

Continuo acelerando o carro, não podia me afastar de Dom. Acabamos chegando em uma área movimentada da cidade, mas ele permanece em alta velocidade ignorando o enorme número de pedestres.

Ao virar uma esquina seu carro passa por cima da calçada, fazendo com que pessoas que estavam andando por ali se jogassem para o outro lado. Ele logo volta para a rua desviando entre os carros, permaneço atrás do mesmo, tomando cuidado para não causar nenhum acidente.

Seguimos pela avenida e o sinal do semáforo iria mudar em poucos segundos. Dom consegue passar, porém sou interrompida pelo sinal vermelho. Freio o carro bruscamente, mas a tempo de não bater nos carros que já passavam. Não demora muito para que o sinal abra novamente, assim acelero no mesmo instante, seguindo pelo caminho que Dom havia tomado. De repente escuto barulho de sirenes logo atrás de mim.

- A Polícia! - digo.

A polícia só iria atrapalhar a perseguição, dessa forma acelero ainda mais o carro. Havia perdido Dom de vista, mas já imaginava que o mesmo iria em direção a estrada. Entretanto devia despistar a polícia, assim sigo outro caminho, dobrando a primeira esquina que aparece.

Continuo desviando entre os vários carros que apareciam. De repente percebo que uma das viaturas estava bem ao meu lado. O policial tentava de qualquer forma colidir o seu carro contra o meu. Este logo aponta uma arma em minha direção e atira, por meu carro ser brindado não ocorre nenhum dado. Percebendo que não havia atingido seu objetivo o policial tenta uma nova colisão, desvio no mesmo instante fazendo com que ele perca o controle do carro, logo batendo em um poste.

Agora só resta um, este ainda estava a uma distância favorável de meu carro. Acelero ainda mais, entrando rapidamente em uma rua, chegando próximo de causar um acidente. Antes que o carro que estava a me perseguir consiga chegar a essa rua entro em outra sem saída no mesmo instante.

Esta rua se encontrava praticamente abandonada e com apenas um velho carro estacionado. Manobro o carro ficando longe da vista de quem passasse pela rua ao lado. Não demora para que veja a viatura passando em alta velocidade pela entrada da rua, seguindo o caminho sem ao menos perceber minha presença.

Respiro fundo. Eu havia conseguido despistá-los. Parada ali meus pensamentos se direcionam até Lorenzo. Minhas mãos ainda estavam sujas de sangue, de seu sangue, assim como meu carro. Encosto a cabeça no volante tentando me acalmar.

Ficar ali sem saber como ele estava era a pior coisa. Será mesmo que Pietro o levaria ao hospital? Ele ficaria bem? Será que ainda estava vivo? Ele estava a perder sangue demais quando saí do local. Não devia ter saído de lá, deixá-lo daquela maneira. Não importa o que tenha feito, o meu sentimento por ele ainda existia.

Entretanto Dom precisa pagar pelo o que fez, este não pode matar outra pessoa e não sofrer as consequências. Eu tenho que fazer isso, nem que para isso eu morra junto a meu pai. Devo isso a Lorenzo e a minha mãe.

Com esses pensamentos ligo o carro novamente indo pelo caminho contrário ao qual a viatura havia seguido. Enxugo as minhas lágrimas com minhas roupas. Eu tenho que me manter forte por todos aqueles que deram a vida por mim, que fizeram de tudo para me ajudar. Preciso defender aqueles que ainda podem passar pelas mãos desse criminoso. Não me importa que ele seja meu pai, pois em momento algum ele me considerou como filha.

Sigo pelo caminho que acreditava que Dom havia tomado, até chegar em um estrada de terra. Esta estava próxima a uma grande floresta, que chamava atenção por suas grandes vegetações. Vejo o carro de Dom não muito distante, este seguia tranquilo, provavelmente porque acreditava que havia se livrado de mim.

Aumento a velocidade e logo estou mais próximo a ele. Ao perceber que estava o seguindo novamente acelera se direcionando para um outro caminho da estrada, com menor movimentação, sigo atrás do mesmo.

Era extremamente difícil alcançar seu carro devido o solo do local. Assim possuo uma única oportunidade, teria que provar todas as habilidades que havia adquirido.

Abro a janela do meu carro e pego a arma no mesmo instante. Faço uma manobra de forma com que o meu carro gire pela pista. Preciso ter uma mira perfeita e muita precisão, rapidamente atiro. No mesmo instante percebo que havia acertado um tiro certeiro no pneu traseiro do veículo.

Vejo Dom perdendo o controle de seu carro e logo é possível ver o veículo capotando pela estrada. Enquanto isso tento desesperadamente voltar ao controle do meu veículo, este deslizava pela pista e se não tomasse cuidado poderia sofrer um grave acidente. Finalmente paro meu carro fazendo com que uma grande nuvem de fumaça o contornasse.

Em poucos seguidos tudo se acalma e ao longe percebo o carro de Dom totalmente destruído. Saio do veículo rapidamente para ir até lá, precisava ver se ele ainda estava vivo. De repente um clarão aparece no lugar e sou jogada para trás com a força da explosão, caindo sentada no chão.

Vendo todo aquele fogaréu sinto algo diferente: uma mistura de ódio, pena e alívio. Não posso acreditar que após destruir sua máfia havia também acabado com a vida de Dom. Agora tudo estava acabado e este não faria mal a mais ninguém, a mais nenhum inocente. O meu pior inimigo acaba de ser destruído. Eu acabo de cumprir o que havia dito em uma carta a 5 anos atrás. Dom havia ido para o inferno onde deveria estar a muito tempo.

Dom, ou melhor Henrico Salvatore, meu pai. Um homem que fez absolutamente tudo para arruinar minha vida, além de todos que estavam a minha volta apenas para me atingir. Um homem egocêntrico e mesquinho, que assombrou cada uma das minhas noites e cada um dos meus dias agora estava morto. Minha Vendetta é concluída e a máfia Cerca Potere arruinada.

Apesar de sua morte a Luna que ele havia criado ainda vivia em mim e eu continuo sendo uma arma mortífera, a única diferença que agora quem escolhe a hora de disparar sou eu. E prometo que irei utilizar todo o mal que existe em mim apenas contra aqueles que assim como Dom, perpetuam o mal por aí. Eu não vou permitir que muitas outras "Lunas" sejam criadas, não vou permitir que nenhuma criança passe pelo que passei.

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Eii, tudo bem?
Gostaríamos de informar todos vocês de que chegamos aos últimos capítulos de Vendetta. Esperamos que gostem!
Bjs ❤