Capítulo 44

"A história é feita por aqueles que quebram as regras."
Homens de Honra - filme

Aquele beijo, a conversa com Arthur, o acidente e um caso totalmente sem sentido. Sinceramente não sei explicar o que estou sentindo, nem ao menos o que deveria sentir. Claro, eu gostei do beijo, mas ao mesmo tempo estou triste após ver Arthur daquele jeito.

Após nossa conversa ele afirmou que não queria conversar mais sobre e que a CIE iria nos buscar em algumas horas por meio de um helicóptero. Após conseguir uma roupa melhor para mim e agradecer senhor José pela ajuda, voltamos para a estrada. Arthur andava na frente, mancando. Já Lorenzo permanecia ao meu lado, apresentando certas dificuldades para se locomover.

Não demora muito para que o helicóptero chegue. Dentro do mesmo o clima estava realmente estranho. Arthur não dirigia um único olhar em nossa direção e Lorenzo parecia triste e ao mesmo tempo nervoso. Eu não sabia como reagir a presença dos dois, apenas me afastei evitando qualquer conversa. Precisava de um tempo só meu.

Ao chegarmos na CIE, Lorenzo foi encaminhado para receber atendimentos médicos, apesar de já estar parcialmente bem. Eu e Arthur após sermos atendidos fomos mandados para casa, precisávamos descansar, pois daqui alguns dias haverá uma reunião sobre o caso.

***

Passei o dia deitada em minha cama. Estava exausta e não parava de pensar em tudo aquilo que aconteceu. Já minha mão não doía tanto e logo estaria boa. Durante a noite, alguém bate a porta.

- Alana? - digo surpresa.

- Vim ver como você está - ela diz - Desculpa, tinha que ter vindo antes, não é?

- Não tem problema, sei que estava ocupada - digo a deixando entrar.

- Como está se sentindo? - ela diz se sentando no sofá.

- Bem, eu acho - digo sem graça.

- Você foi muito corajosa salvando aqueles dois - ela diz.

- Você faria o mesmo, tenho certeza - digo tentando sorrir.

- Talvez, não sei. A maioria entraria em pânico e não conseguiria fazer nada.

- Eu já deixei de me preocupar com minha vida a muito tempo, o importante era salvar eles, nem que para isso eu precisasse morrer - digo.

- É algo de se admirar, faz sentido o Arthur ser apaixonado por você - ela diz sorrindo.

- O que ? - pergunto confusa.

- Sim, você não sabia? - ela responde.

- Claro que não - digo.

- Todos da agência já perceberam o modo que ele olha pra você. Eu duvidava muito se era verdade ou não, mas escutei uma conversa dele com o Willian quando vocês chegaram de viagem.

- O que ele disse para o Willian? - pergunto.

- Que queria que você fosse feliz mesmo se não fosse com ele - diz - Você está com alguém, Luna? E não contou?

- Eu não estou com ninguém, Alana - digo.

- Então porque ele disse isso? Não é algo que o Arthur diria do nada. Ele parece gostar muito de você para ter desistido tão fácil assim.

- Talvez por que tenha me visto beijar o Lorenzo - digo pensativa.

- Espera aí, você beijou ele? Isso é algo que se conte para uma amiga, sabe!? - Alana diz.

- Sei, mas ainda estou confusa com tudo o que aconteceu. E foi só um beijo, Alana. Não teve importância.

- Você está gostando dos dois? - diz curiosa.

- Não! Arthur é somente meu amigo e talvez ele nem goste de mim também - digo.

- Então você acha que gosta mesmo do Lorenzo?

- Eu nunca tive envolvimento com ninguém. Eu não sei o que é se apaixonar. Mas não posso confiar nele - respondo.

- Ele pode ser novo na agência, Luna, mas nunca nos deu motivo para desconfiar - ela diz.

- Mesmo assim, não é confiável. Eu sei que somos amigas e que posso sempre conversar sobre isso com você, mas podemos mudar de assunto?

- Claro, eu sei como é difícil para você falar sobre seus sentimentos. Mas qualquer coisa é só falar, está bem? - ela sorri.

- Irei falar, não se preocupe! - retribuo o sorriso.

Começamos a falar de diversos outros assuntos. Havia um bom tempo que não conversávamos dessa maneira e foi para me distrair. Ela era uma das únicas pessoas que me entendia, apesar da dificuldade que era para me expressar.

Após jantarmos juntas, Alana foi embora, assim fiquei sozinha novamente. Ficar em casa repousando era bom, pois poderia parar para pensar em tudo o que estava acontecendo, mas era ruim pelo mesmo motivo.

Eu não queria pensar em mais nada! Não sabia como iria reagir quando estivesse em frente a Lorenzo e Arthur. Ainda mais depois do que Alana tinha me contado. Apesar de ter chances de não ser verdade, aquilo só complicaria as coisas.

- Isso não pode estar acontecendo - começo a ficar cada vez mais nervosa.

Pego a primeira coisa que vejo em minha frente e a jogo na parede. Era uma jarra de decoração que havia ganhado de alguém da agência a alguns anos e agora se encontrava em pedaços no chão.

Apesar de todo o estresse consigo dormir, talvez tenha sido os medicamentos.

***

Os dias se passaram até que volto para a agência. Estar ali novamente era de certa forma estranho, mas o melhor a se fazer era fingir que nada tinha acontecido naquela viagem.

Vou para minha sala e logo em seguida alguém chega.

- Oi, Luna! - Lorenzo diz sério.

- Oi - digo sem jeito - Como está?

- Estou bem, esses dias de descanso foram ótimos. E você?

- Bem - digo.

- Eu queria conversar sobre aquilo que aconteceu - ele diz.

- Apenas aconteceu, Lorenzo. E não devia ter acontecido.

- Eu pensei que você sentia o mesmo... - diz envergonhado.

- Não, não sinto! Aquilo foi um erro. Vamos esquecer disso ok!? - digo triste - É o melhor para nós dois. Somos apenas colegas de trabalho e é melhor não atrapalhar isso.

- Não vou insistir - ele diz evitando olhar para a minha pessoa - Deixo você pensar o tempo que quiser.

- Temos uma reunião marcada. Acho melhor irmos - digo saindo evitando que tal conversa continue.

Não demora muito para que eu chegue na sala de reunião, Lorenzo havia ficado para trás. Todos já estavam na sala de reunião a espera.

- Bom dia a todos! - digo entrando na sala.

Na mesma só se encontrava Hudson, Alana e Arthur. Todos me cumprimentam, mas é fácil perceber o constrangimento de Arthur.

- Onde está Willian? Se atrasou novamente? - digo.

- Iremos falar sobre isso - Hudson diz sério.

Logo Lorenzo chega e a reunião é iniciada.

- Bom devido a tudo o que aconteceu, a discussão de certos assuntos acabaram por ser adiadas, mas não podemos enrolar mais com isso, o governo está cada vez mais exigente em querer uma resposta de tudo o que está acontecendo. Estão começando a questionar se a agência tem real importância na segurança do país - Hudson diz.

- Como se o mesmo se preocupasse com tal coisa - digo séria.

- Exatamente. Pelo que soube apesar do atentado que sofreram a máfia russa não apresenta suspeitas. Certo?

- Certo! Segundo Kalebe seu irmão não gosta nem um pouco da Suíça e não há chances nenhuma dele ter algum negócio vinculado aqui.

- O mistério é: quem colocou aquela faca da máfia russa nas malas de Luna? - Hudson diz.

- Podem ter usado isso para desviar nossa atenção - respondo.

- Sim, mas talvez já saiba quem a colocou lá. Willian! - Hudson diz sério - Ele chegou a pegar sua mala, Luna?

- Sim, no aeroporto ele me ajudou a carrega-la. Mas por que a desconfiança sobre ele? É um dos nossos.

- Willian está desaparecido desde o dia que chegaram da Rússia. Ele apenas pediu um dia de folga para resolver alguns assuntos e depois disso não conseguimos mais entrar em contato.

- Sim, o pior foi o que encontramos em seu material de trabalho - Alana diz - Foi encontrado um celular descartável, no qual encontramos diversas ligações para nossos principais suspeitos e ainda havia cópias de documentos confidenciais do caso.

- Era realmente estranho como este caso vinha sido direcionado, a forma como uma prova acabava excluindo a outra e no final nada havia sido descoberto - Lorenzo diz.

- Esse tempo todo ele estava nos levando para onde queria e agora não temos praticamente nada. Ele está um passo a frente e temos que achar um jeito de recomeçar a investigação - Hudson diz.

- Temos que achá-lo - digo - Somente assim poderemos ter novas pistas.

- Certo! Façam isso - Hudson diz.

- Eu e Alana vamos rastrear o celular dele, avisamos assim que tivermos a localização - Arthur diz finalmente.

Após encerrar a reunião nos direcionamos até a sala de hacker de Alana. Lorenzo ficou a resolver alguns assuntos com Hudson enquanto fomos. Alana inicia seu trabalho totalmente concentrada, enquanto Arthur a ajudava. Não apresentava tanto conhecimento sobre então apenas observo esperando algo para que possa ajudar. Estávamos em total silêncio e aquilo estava me deixando incomodada.

- Luna, se você quiser pode treinar enquanto isso. Sei que ama lutar nas horas vagas - Alana diz.

- Tudo bem, assim que acharem ele me avisem - digo já saindo da sala.

Vou em direção a academia que se encontrava vazia neste horário. Começo a treinar alguns golpes, porém não consigo me concentrar. Sento-me no chão. Eu não consigo entender o que está acontecendo comigo. Além de tudo acabo de descobrir que Willian estava por trás da investigação.

Talvez esteja assim após visitar a Itália. Relembrar todo meu passado não me fez nada bem. Lágrimas começam a escorrer por meu rosto sem que eu consiga impedi-las.

- Luna? - Lorenzo diz.

Sem perceber ele já estava se sentando ao meu lado.

- O que aconteceu? Porque está chorando?

******
Eii, tudo bem?
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Bjs ❤

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