"A suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar."
Sun Tzu

Não acredito que Lorenzo fez aquilo. Aproveitar de minha fragilidade para me beijar? Não posso permitir algo assim. Não quero me envolver com ninguém, muito menos um colega de trabalho. Dessa forma terei que me afastar do mesmo o quanto antes.

Depois do acontecimento não trocamos uma única palavra. Não demorou muito e já estávamos de volta ao hotel nos preparando para o retorno a Suíça. Preparei minha mala rapidamente e após o almoço fomos para o aeroporto. Durante o voo percebia Lorenzo me encarando em diversos momentos, porém o mesmo não dizia nada e logo desviava o olhar.

Horas se passaram até que chegássemos na Suíça. De repente, nos deparamos com Arthur e Willian no aeroporto.

- O que vocês vieram fazer aqui? - pergunto preocupada.

- Estávamos passando por aqui e decidimos encontrá-los - Arthur diz.

- Conseguiram algo na Itália? - Willian pergunta.

- Ao que parece não foram eles - digo - Allan é egocêntrico de mais, não iria se esconder.

- Então a suspeita vai para a máfia russa, certo? - ele pergunta.

- Sim, mas vamos para a agência para resolver tudo isso - digo.

- Sim. Hudson está ansioso para saber o que conseguiram. Deixe-me te ajudar com a mala - William diz se aproximando e pegando a mala de minhas mãos.

Entrego a ele e logo saímos do local. Fui no carro junto com Arthur, estava evitando o Lorenzo a todo momento.

- Aconteceu alguma coisa? - ele pergunta.

- Nada. Só fiquei meio triste por lembrar de minha mãe - digo.

- Quer falar sobre? - ele diz calmamente.

- Obrigada, mas não gosto de falar disso - digo.

- Tudo certo. Mas qualquer coisa, pode me dizer - ele diz com um sorriso.

- Obrigada - sorrio de volta.

Não irei contar a ninguém sobre o que aconteceu na Itália. Aquilo foi apenas um erro.

Após alguns minutos chegamos a CIE.
Vou direto para minha sala levando comigo minha mala, os outros se encaminharam para sala de Hudson para iniciarem uma reunião sobre o caso. Entro na sala e começo a retirar os arquivos que tinha comigo de dentro da mala, Hudson precisaria ler todos antes de irmos para a próxima parte da investigação. Vasculhando-a encontro uma caixa.

- Não me lembro de ter colocado isso aqui - digo pra mim mesma.

Abro a pequena caixa e me assusto com seu conteúdo. Dentro havia um pequeno coração ainda coberto de sangue com uma pequena faca fincada no centro, nesta havia uma pequena inscrição: as letras D e R.

- Demônio Russo? - grito - Como a máfia russa colocou isto dentro de minha mala?

Pego a caixa cuidadosamente e saio em disparada até a sala de reunião.

- O que foi, Luna? - Alana diz assim que chego na sala - Você parece assustada.

- Colocaram isso na minha mala - digo mostrando a caixa.

- Tem a marca da máfia Russa - ela diz surpresa.

- Mas como isto foi parar em sua mala? - Arthur diz.

- Essa é a grande dúvida. Minha mala ficou comigo a todo momento - digo.

- Eles a encontraram de alguma forma - Lorenzo diz - Agora temos certeza de quem está por trás de tudo isso.

- Ainda temos que ir até lá para investigarmos - Hudson diz - Mas precisamos descobrir como a caixa foi parar na mala de Luna, mais alguém teve contato com ela?

Ao escutar as palavras de Hudson, lembro-me de William, mas ele seria incapaz de trair a agência. Porém, podia ter total certeza? Ele já havia nos prejudicado uma vez.

- Ninguém que não seja de confiança - Lorenzo diz - Estive por perto o tempo todo.

- Eles arrumaram alguma forma de fazer isso durante a viagem - Hudson diz pensativo - Teremos que iniciar uma proteção à você, Luna. Você pode estar correndo perigo.

- Sei me cuidar! E se eles estão atrás de mim podem estar atrás de vocês, estamos todos investigando o caso. Só escolheram o alvo errado para assustar.

- Mesmo assim acredito que você deva ficar por aqui, enquanto vamos para a Rússia - Arthur diz.

- Luna é uma das melhores agentes daqui e uma das únicas que tem conhecimento de máfias. Então é necessário que ela vá - Hudson diz.

- E não irei sair do caso agora que chegamos a alguém, eles deviam querer justamente isso com suas ameaças - digo.

- Exatamente, mas acredito que mais alguém deva ir na viagem - Hudson diz.

- Eu vou - Arthur diz - Estou preparado para isso.

- Tudo bem. Vocês três viajam para Rússia amanhã mesmo - Hudson diz - Precisamos agir antes que façam algo.

Durante o resto da tarde arrumamos tudo que era necessário. Passei em minha casa e peguei algumas roupas novas. Lorenzo e Arthur também se prepararam. Durante a noite fomos direto para o aeroporto. Não chegava perto de Lorenzo e nem trocávamos palavras, mas percebia seu olhar sobre mim várias vezes. Arthur estava a perceber tal coisa, porém não comentava.

Após algumas horas desembarcamos no aeroporto da Rússia. Fomos para o hotel no mesmo instante, precisávamos descansar. Depois de algumas horas de sono acordamos por volta 11 horas da manhã.

Durante o café da manhã decidimos os últimos detalhes.

- Tem certeza que vai fazer isso, Luna? - Arthur diz - Pode ser arriscado. Ele é o irmão do dono da máfia, provavelmente tem poder ali dentro.

- Tenho certeza, é o único jeito de chegarmos até ele sem desconfiarem - digo.

- Estaremos lá, Arthur - Lorenzo finalmente diz - Iremos protegê-la de qualquer coisa.

Arthur simplesmente ignora o que Lorenzo diz.

- Luna, por favor. Repense isso, podemos arrumar outro jeito.

- Não há outro jeito. Não estamos em nosso território. Essa é a maior máfia da Europa, não podemos arriscar de outra forma - digo.

- Tudo bem, então - ele diz desistindo - Confio em você, Luna. Mas de qualquer forma estarei lá observando tudo.

- Certo! Mas não se preocupe, se tudo sair como planejado todos voltamos para a Suíça ilesos - digo.

Iríamos sair para a investigação durante a noite, então durante a tarde teríamos que nos preparar. Lorenzo ficou sério durante todo o dia, acredito que Arthur tenho o irritado.
Devo ficar por perto para evitar que briguem, podem colocar tudo a perder.

Um hora antes do horário marcado tomo meu banho e troco de roupa. Desta vez colocaria um belo vestido vermelho, com um pequeno decote. Posiciono a câmera de onde Lorenzo e Arthur veriam tudo. Não vou negar, aquela vestimenta estava me deixando desconfortável e não sabia como me comportar.

Desta vez não iria com armas, mas escondo algumas facas. Saio do quarto do hotel após me preparar e encontro Arthur e Lorenzo me esperando. Ao me ver eles simplesmente ficam sem palavras.

- Uau - Arthur diz após alguns segundos - Você está linda, Luna.

- Ahh, é... obrigada - digo sem graça.

- Vamos logo - Lorenzo diz - Temos uma missão para cumprir ainda hoje.

- Ele está certo - digo séria.

Ao entrar no carro percebo que Lorenzo me olha atentamente, me deixando constrangida no mesmo instante.

Iríamos para uma boate, a mais conhecida da cidade. Kalebe, o irmão do Dom da Russkiy Demon, a frequentava todas as noites. Era um homem ainda jovem, em que sua vida era regada a bebida e mulheres. Já havia examinado sua ficha criminal, assim sabia identificar seu rosto facilmente.

Minutos se passaram até que chegássemos ao local.

- Vamos nos afastar. As imagens das câmeras são enviadas para o celular de vocês - digo - Fiquem atentos.

Após andar pelo local observo Kelebe perto do bar, conversando com um homem. Aproximo-me e peço uma bebida ao barmen, bem ao seu lado. Pego uma bebida e fico o encarando descaradamente.

Não demora para que ele perceba e olhe em minha direção me observando de cima a baixo e um sorriso logo aparece em seu rosto.

Ele deixa o homem ao seu lado sozinho e se aproxima ainda mais.

- Posso acompanhar a senhorita em um drink? - diz olhando o decote de meu vestido.

- Percebi que me olhava - ele diz - Deseja algo?

- Como não olhar para um homem como você não é mesmo? Se eu desejo algo? Depende. O que tem a me oferecer? - digo sorrindo.

- Para uma mulher assim, eu ofereço qualquer coisa - ele diz maliciosamente.

- E se eu pedisse para irmos a outro lugar? - digo colocando a mão em seu peito - Um que poderíamos ficar a sós...

- Acho incrível mulher com atitude - ele diz - Vamos para um quarto aqui da boate.

Ao dizer isso ele começa a me guiar entre as pessoas, com a mão em minha cintura.

- Você não vai se arrepender - digo em seu ouvido.

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