Capítulo 18 - Pietro

"Se você pensa que existe redenção para os erros do passado, o presente pode mostrar que você está fatalmente enganado."
Feche bem os olhos - John Verdon

- Alguma pista do paradeiro dela nesta cidade? – Estou passando pelo jardim e escuto meu pai dizer ao telefone.

Semanas se passaram e ele continua a procura de Luna. Será que ele não se cansaria?Segundo suas próprias palavras: ela sabe demais e tinha um excelente treinamento. Como se Luna fosse tão boa assim, claro que ela tinha boas habilidades, mas nada que pudesse se sobressair.

Não tenho dúvida que ela já havia entrado em alguma briga e está presa. Aquela menina só está nos ajudando ao estar longe, meu pai deveria esquecer que ela existe. Eu estou aqui a seu dispor, o que mais ele quer?

Preciso mostrá-lo que Luna é apenas mais um peso sobre nós e que posso surpreendê-lo. Resolvo ir para o escritório, sem dúvida lá tem algo que possa fazer. Desde o desaparecimento de Luna as missões têm se acumulado, todo o interesse de Dom é voltado a ela. Começo a procurar algo útil para resolver, há roubo de mercadorias, funcionários que cometeram crimes contra a máfia, além de devedores.

Encontro um material no qual informa sobre o desaparecimento de um dos funcionários, isso após ser acusado de traição contra nós. Isso realmente valer a pena resolver, meu pai se orgulhará de mim, verá meu valor. Vou em direção ao computador do escritório, irei fazer identificação facial através das câmeras de segurança. Sem dúvida ele teria mudado de nome, mas é impossível mudar de rosto.

Após um bom tempo de pesquisa encontro uma pista. Tudo indica que um homem com fisionomia bem parecida com o desaparecido frequentava uma região movimentada da cidade. Não demorou muito para que fosse para o local, não há necessidade de informar nada para meu pai, tinha que lhe mostrar minhas estratégias.

O que não imaginava era que tudo já estava em andamento. Ao chegar na região, faço alguns interrogatórios e descubro a localização do tal homem. Não demora muito para chegar em sua moradia, no local ele e mais um homem que não conheço estavam brigando . Sem pensar duas vezes atiro, este acerta naquele que não era identificado por mim. O homem que estou a procura aproveita a distração do outro e foge pela janela que estava aberta.

- Mas o que você fez, Pietro? - o homem que havia levado o tiro diz.

- Eu conheço você? - pergunto.

- Mas você é idiota? Trabalho para o Dom - ele diz.

Não posso acreditar no que acaba de acontecer. Meu pai vai me matar! Ele nunca perdoaria um erro desse tamanho. Como pude atirar em um dos policiais que trabalha para ele !? Isso pode estragar tudo e ainda permiti a fuga do cara que estávamos procurando.

...

Horas depois aqui estou no escritório de meu pai. Ele já havia descoberto o que tinha feito e queria minhas explicações.

- Foi um erro, pai. Me desculpe, apenas estava tentando ajudá-lo - digo.

- Um erro Pietro? Um erro?! Como todos aqueles outros que você cometeu? Quando você vai deixar de ser um idiota e começar a fazer algo que realmente preste para me ajudar?

- Prometo que isto não acontecerá novamente... - digo abaixando a cabeça.

- Não devia ter existido ao menos o primeiro, garoto - ele grita - Até mesmo a Luna era melhor que você. Da próxima vez você receberá a punição que merece, mesmo sendo meu filho.

Não sei o que dizer, meu pai é um exemplo para mim e vê-lo desapontado comigo é algo terrível. Preciso consertar todos estes meus erros.

Meu pai recebe uma ligação.

- Saia daqui imediatamente, Pietro - ele diz.

Saio do escritório, porém fico atrás da porta, talvez consiga alguma informação.

- Mas o que você está me dizendo? - ele grita - Como isso foi acontecer? Não tem como eles terem nos achado.

Escuto atentamente.

- Teremos que seguir com aquele plano. Consegue mudar todos os documentos a tempo? - ele diz - Certo! Isto ajudará muito, me livro de duas coisas ao mesmo tempo...

Mas o que estaria acontecendo? Ele parece bem nervoso. Será que Luna tem a ver com tudo aquilo?

Decido ir para a área de treinamento, lá penso no que fazer.

...

É aproximadamente cinco horas da tarde e meu pai de me chamar até seu escritório.

- Sim, pai?

- Preciso que vá ao sítio agora, quero que procure um documento para mim - ele diz.

- Qual documento?

- Um no qual informa todos os registros de pagamentos que recebemos.

- Certo, irei até lá - digo.

- Preciso dele ainda hoje e espero que não me decepcione de novo, Pietro - ele diz sério.

Entro em meu carro e vou em direção ao sítio. Chegando no local e está tudo aparentemente normal. Cumprimento alguns homens e vou até um escritório que a casa apresenta. Começo a vasculhar cada uma das gavetas e nada do documento.

Até escutar alguns barulhos estranhos.

- Ah, provavelmente esses homens devem estar aprontando algo - digo sozinho.

Abro uma das gavetas que ainda está trancada, nela encontro vários documentos. Vejo que todos estão com minha assinatura, não me lembro de ter assinado nada daquilo, o que está acontecendo?

De repente a porta do escritório é arrombada e vários homens armados entram no local.

- Fique onde está e coloque as mãos na cabeça! - um deles grita.

Não há como reagir, minha arma não está por perto. Coloco as mãos na cabeça e digo:

- Quem são vocês? O que está acontecendo?

- Somos da CIE e você está preso por crime organizado - ele diz - Você tem o direito de ficar calado, tudo que você disser pode e será usado contra você no tribunal. Você também tem direito a um advogado, se não puder pagar por um a agência irá disponibilizar um pra você.

Eles se aproximam e colocam as algemas em mim. Percebo que estavam a pegar cada um dos documentos e guarda-los em uma pasta. Nunca pensei que passaria por isso.

- O nome dele está em todos! Pegamos um prato cheio dessa vez, ele passará um bom tempo na cadeia.

Estava preparado para dizer que tudo aquilo estava em nome do meu pai, porém era certo incrimina-lo? Devia seguir as leis da máfia e permanecer calado. Ele me tiraria da cadeia e isso seria uma boa forma de me redimir por meus erros.

Tiram-me do escritório e levam-me para fora da casa. Começam a vasculhar todo o sítio. Percebo que a casa está quieta demais, onde estariam todos os homens de meu pai? Eles dariam conta de acabar com os agentes.

- Chefe, encontramos o local onde escondem os corpos, logo atrás da garagem. Encontramos o corpo de Antonella.

Minha mãe? Mas minha mãe não havia sido enterrada? Havia acontecido um pequeno funeral, mas aconteceu. Ela havia morrido devido um acidente na cozinha, por que seu corpo estaria ali?

- Encontramos dois homens na garagem também.

Logo chegam com dois dos capangas de meu pai.

- Mantenham os três aqui enquanto terminamos de vasculhar o local, quero ter uma conversa com eles.

Minutos depois, o chefe da operação chegou até nós e disse:

- Agora quero que me expliquem sobre os corpos. Principalmente você, senhor Pietro. Porque sua mãe estaria enterrada em uma de suas propriedades?

- Eu apenas fiz o que Pietro nos ordenou. Nem sabíamos que era sua mãe - um dos homens diz.

Como assim? Eu nem sabia de tudo aquilo.

- Eu também não sabia. Pietro mandou e como chefe nosso dever é obedecê-lo sem questionar - diz o outro.

- Você está sem saída Pietro, todas as provas apontam pra você e todos afirmam que você é o chefe de tudo. A não ser que tenha algo a nós dizer?

Apenas abaixo a cabeça, qualquer coisa que disser poder ser pior para minha pessoa.

- Ótimo, coloquem os três no carro.

Sou levado, assim como os outros dois capangas.

Ao chegar na agência sou direcionado para uma sala de interrogatório, sem dúvida não iam desistir de tirar algo de mim. Minhas mãos ainda estão presas, as algemas são desconfortáveis.

Escuto a porta se abrindo, não levanto a cabeça, sem dúvida eram os agentes.

- Pietro? - escuto a voz de meu pai, esse é o último lugar que imaginaria vê-lo.

Ele se senta na cadeira que estava a minha frente.

- Pai, você tem que me tirar daqui!

- Irei tirar, só uma questão de tempo. Meu filho não pode permanecer em um local como este - ele diz.

- Eu não sei o que aconteceu. Me perdoe pai, não vi eles chegarem.

- Não, você se saiu bem - ele diz sorrindo - Você realmente me impressionou.

- O que? - não posso acreditar naquilo.

- Isso mesmo que você escutou! Você seguiu nossas leis - ele diz - Não disse absolutamente nada que prejudicasse a máfia, espero que continue assim.

- Eu não vou decepciona-lo novamente. Só me tire logo daqui, por favor!

- Vou tirá-lo daqui rapidamente - ele diz sério.

Dois agentes entram na sala nesse momento.

- O tempo de vocês acabou.

Vejo meu pai saindo da sala e logo seu lugar é ocupado por um dos agentes.

Depois de duas horas de interrogatório o agente finalmente desistiu. Eles não irão tirar nada de mim. Sou encaminhado para um cela que já estava lotada assim como todas as outras.

- Veja o que temos aqui!? Um mauricinho resolveu se juntar a nós - um dos presos diz se aproximando.

Sinto o odor de urina pelo lugar.

- Deve ser só mais um que resolveu se divertir onde não devia - Diz o outro que estava sentado um pouco distante.

- Fiquei sabendo de boatos que ele teria enterrado a própria mãe em um de seus sítios - o outro diz.

- Então você teve a coragem de matar sua própria mãe? Sabe de uma coisa, só tem dois tipos de pessoas que fazemos questão que não sobreviva nem na cadeia - um deles começa a dizer - Estupradores e covardes como você, que tem coragem de levantar a mão pra uma mulher, principalmente ela sendo da família.

- Mas não se preocupe, vamos fazer questão que você aprenda a lição o mais rápido possível - outro diz.

- Eu... Eu - tento dizer me afastando deles - Sou filho do chefe da maior máfia deste país, então me deixem em paz.

- Seu pai pode ser chefe do que for lá fora, nem que ele fosse o presidente. A lei aqui dentro é outra...

- Você não tem autoridade nenhuma aqui, mas não se preocupe, não vamos matar você.

- Precisamos de uma distração a longo prazo - eles riem.

Eles começam a puxar-me. Tento revidar, porém são muitos. Vou de um lado para outro, como se fosse um brinquedo, logo sou atingido com socos e pontapés. Nunca pensei que ia passar por uma humilhação como esta.

Mas aquilo era só o início, depois daquele dia eu tive noção de como realmente era o inferno.

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