— Olívia! — respondeu Ludwig. — Vem pra cá agora com a Makita!

— Não mesmo! Ainda tenho quatro horas, vinte e um minutos e dezesseis segundos do meu dia de folga.

— Você não vai acreditar, Olívia. Os velhos tão de rebelião contra a gente. Vem rápido! A Ivone tá trancada no quarto com o tablet, eles filmaram teu sobrinho tocando o terror e vão mandar pra neta do Sidney. Eles emperraram as portas e até fogo em colchão botaram.

— Como assim?! Rebelião?! Onde Geraldo estava nisso tudo?!

— No chão, com o nariz quebrado. O Agenor nocauteou ele.

Silêncio absoluto.

Da Olívia só se ouvia a respiração do outro lado da linha, por quase um minuto.

— Olívia? — Ludwig a cobrou. Passaram-se mais uns segundos para ela cair em si, encher os pulmões de ar e, finalmente, reagir ao relato:

— Prrrrrrr... Ha! ha! ha! ha! haaaaa! Ai meu Deus, eu não acredito! Ha! ha! ha! ha! haaaaa!

— Não foi bem isso — protestava Geraldo. — Põe no viva voz, tio, põe no viva voz, deixa eu explicar. — Ele corria em círculos atrás de Ludwig. O tio segurava o celular na orelha com o ombro, driblando o sobrinho ébrio, girando a cadeira de rodas de um lado para o outro pelo pátio.

— Isso mesmo, Olívia — dizia Ludwig. — O senhorzinho acabou com ele! Ha! ha! ha! haaaaa!

— Eu caí, tia, eu caí! — choramingou o rapaz.

— Vem logo, Olívia, vem ver esse show. Vou desligar agora para o lutador aqui poder tirar o roteador da tomada.

—Estou indo agorinha. Ha! ha! ha! Fala pro Geraldo que nem quero hora extra.Estou indo a lazer, não a trabalho — ela respondeu, ainda em risos. — Aaai, ai.Eu ganho pouco, mas me divirto — disse ao desligar.