C : 21


N/A: Mais um capítulo para vocês. Espero que tenham gostado.

O que acharam da capa? Foi feito pela mahstudioz
Aliás obrigada meu amor. ♥️

O grupo ainda segue, quem quiser me informe que envio o link. Para quem n conseguiu, me avise que mando novamente.

Até o próximo cap. 😘🌹

A vida é assustadora, e é assustadora
por uma razão, e a razão é que não importa qual ramo de uma vida a gente vive, somos sempre a mesma árvore podre.
— Biblioteca da meia noite.

JÉSSIKA VELARK


Ainda o odiava profundamente, mantenho -me convicta de que posso fazê-lo sofrer, não da mesma forma que fizera comigo mas tendo exatamente o mesmo efeito. Estava encarando o teto por algum tempo desde que acordei, meu rosto queimou pela vergonha do acontecimento da noite passada, podia senti-lo em mim, como me fez gozar sem se preocupar que eu tenha de retribuir — a fome queimava como fogo em suas íris azul, e isso me levou a um patamar que pensei ser impossível.

— Cretino. Filho de uma puta. — o amaldiçoo.. — Essa guerra ainda não acabou. — prometo.

Afasto o edredom e desço da cama, indo tomar um banho, me olho no espelho e vejo as bochechas coradas sob a pele amorenada, o que me traz ainda mais frustração. Baro os objetos para descarregar um pouco do mau humor que se apossou de mim nas primeiras horas da manhã.

Visto um conjunto de moletom e cropped branco de alças finas, penteio os cabelos ondulados, precisava urgentemente hidratar os fios para não perder os cachos naturais —  droga de lugar, imaginar pedindo coisas simples me causam náuseas, todavia, não tinha o que fazer, tudo estava a mercê daquele miserável. 

— O que aconteceu ontem não vai acontecer de novo. — prometo a mim mesma, uma parte de mim parecia debochar de minhas palavras. — Não deve ser tão difícil, né? — questiono, olhando-me no espelho. — Eu consigo, é só pensar em tudo o que ele fez que os desejos malditos passam. — murmuro como um mantra matinal.

Não o vejo ao sair do quarto, nem mesmo Kenji, algo parecia extremamente errado, desço as escadas e procuro pela governanta, a encontrando na cozinha dando instruções para as cozinheiras. 

— Bom dia, senhora. — saudou. — Deseja tomar o café da manhã aqui ou no jardim? 

— Jardim. 

— Certo, pedirei para prepararem. Senhor Velark teve de sair cedo, retornará no período da tarde. 

— Não me importo, mas obrigada. — estou sozinha, menos mal. — Onde está Kenji?

A mulher pareceu relutar em me dar resposta, pensei que não iria.

— Foi realocado. 

— E o que isso significa? — meu coração acelera. 

—  Foi para a filial no Japão. 

Sua resposta não me pareceu sincera, era incerta.

— Ok. — opto por não questionar, faria quando ele voltar. 

Sigo para o jardim, a mesa delicada já estava pronta, me sento e sirvo de chá de frutas vermelhas, apreciando o sol aquecer minha pele. Sebastian não teria matado Kenji! Apenas por ele ter sido gentil comigo…vindo dele não posso esperar nada diferente do que já me mostrou. Mesmo ele estando estranho.

Terminando o desjejum, decido explorar outros cômodos. Encontro a academia bem equipada, sauna, hidromassagem, uma sala vazia e empoeirada e por fim encontro um estúdio de dança, o piso amadeirado ainda estava bem conservado, coberto de poeira, o espelho enorme que toma toda uma parede estava sujo, bem no centro tinha a barra de pole dance. Um bom lugar para se passar um tempo, penso ao fechar a porta, prometendo voltar depois de pedir para limparem me viro e solto um grito ao ver Sebastian parado me encarando.

— Que droga! — praguejo. — O que faz aqui? Como aparece desse jeito? 

— Vim buscar uns papéis e a vi entrando aqui. 

— Ih daí?

— Decidiu explorar?

— Por tédio, então sim. — me afasto. — Me viu ou veio se certificar de que não tentei fugir? 

— Ambos. 

Ele sorriu? Cruzes, que bizarro.

— Já se certificou, então pode ir. 

Sua mão cobre a minha, arqueio a sobrancelha no mesmo segundo. — Não me toque, o que quer?

— Tão arisca. — debochou. — Estamos jogando certo?

— Onde quer chegar com isso?

— Aceita jantar comigo? 

Semicerro os olhos, desacreditada. — O que deu em você? É arrependimento por ter me chicoteado?

Seus olhos escureceram, a postura relaxada se foi rapidamente, dando lugar a uma postura rígida e dominante. 

— Se é um jogo, quero usar todas as cartas que possuo, e são muitas. Portanto jantaremos essa noite.

— Não era um convite? — cruzo os braços, ignorando seu olhar quase paralisado em meus peitos. 

— Agora estou ordenando. — travou a mandíbula.

— Não estou jogando, você está. — mudo de assunto, seguindo pelo corredor sabendo que o poste me acompanhava. 

— Pelo fato de que vou ganhar, então esteja pronta às oito. — ah, coitado. 

— Com uma condição.

— E qual é?

— Quero conversar com meus pais. Diariamente. 

— Feito. 

O vejo passar por mim e sumir por um dos cômodos, permaneço no mesmo lugar, questionando que raios foi aquela conversa. Pelo amor de Deus, sinto que já enlouqueci e estou tomando ciência agora.

— Otário. — sussurro.

Contra minha vontade caminho rumo ao quarto, me assusto com o barulho de algo pesado sendo derrubado, uma das portas estava entreaberta, possivelmente de seu escritório — me aproximo lentamente, olho pela fresta e o vejo tentando se apoiar em alguma superfície, sem pensar entro e tento segurá-lo.

— O que aconteceu? Está bêbado?

Sebastian vira o rosto em minha direção, os olhos estavam marejados, a face retorcida em dor, não consigo sustentar seu peso e nós dois caímos no chão, me viro, me ajoelho e dou leves tapas em seu rosto.

— Sebastian? Ei, acorda. — minha voz soou trêmula.

Porque caralhos estou ficando desesperada e preocupada com esse energúmeno?

Dou um tapa mais forte e seus olhos se abrem, as pupilas dilatadas, os lábios em uma linha fina, parecendo conter um ruído para denunciar a proporção da dor que sentia.

— Nunca mais bata em meu rosto? — grunhiu.

— Então que se foda aí sozinho.

 Me levanto, deixando-o no chão, ignorando seus chamados. Bato a porta do meu quarto respirando com pesar.

— Não acredito que estou tendo compaixão por ele. — choramingo. — Com certeza estou doente, com alguma síndrome. 

Sento no chão, apoiando na porta e encaro os móveis à minha frente, me recuso a sentir empatia por ele, o que quer que tenha não é da minha conta. 

[ … ]

Faltavam meia hora para as oito, cuidei das unhas e depois do cabelo e maquiagem, deixando as roupas por último, duas horas atrás recebo a intimação dele através da governanta sobre estar pronta no horário que havia designado. Não sai do quarto depois do ocorrido, fiz as refeições aqui, li alguns capítulos do livro que peguei na biblioteca e depois fiquei divagando até cochilar e acordar assustada. 

O vestido preto longo tomara que caia e de mangas longas estava estirado na cama para não amassar, o visto com cuidado, o tecido logo  agarrando meu corpo, marcando as curvas sinuosas, me olho de lado no espelho, minha bunda marcava bem o tecido, ficou extremamente lindo e elegante sem exagero — sentei na cama para colocar os saltos, analisando minha boa escolha. Era um jogo, justo que eu tire certo proveito. Meus lábios fartos brilham pelo gloss cobrindo o batom vermelho sangue, nos olhos fiz apenas um delineador fino com um pouco de rímel para realçar os cílios. 

Oito  horas em ponto estava descendo as escadas, as unhas longas e pontiagudas brilham em escarlate, vejo Velark aguardando, segurando um copo que imagino conter uísque, seu olhar penetrante me admiram de cima a baixo.

— Está linda. — elogia. 

Parece estar bem apesar do acontecido mais cedo, mesmo de salto ele tinha o dobro do meu tamanho.

— E você está bem… — procuro por alguma palavra, não encontrando nenhuma. — arrumado. — completo. 

Seu terno era despojado em tons escuros, a gravata se destacando na camisa social cinza escuro, não quis seguir por cada detalhe dele, faria parecer que me importo. Quando o acho totalmente irrelevante.

— Quero meu celular. — o interrompo.

 O mesmo tira um iphone treze pro max do bolso interno do paletó e me entrega, não é meu celular, todavia  pela sua cara agora era.

— Não irá ligar, apenas enviar mensagens. está grampeado então sem gracinhas. — me alerta.

Mesmo ciente de sua ameaça, finjo não me importar, iria me comportar, não devido a sua ordem, mas por ser necessário; desbloqueei o aparelho e entrei no aplicativo de mensagens, engolindo em seco por ver a conversa com Hector fechada, com quize mensagens não lidas, talvez eu veja depois. 

Oi mãe. Desculpe por demorar a enviar mensagens. Sinto sua falta. Diga ao papai que o amo demais. E amo a senhora também, logo irei visitá-los.”

Sinto meus olhos marejados, queria tanto pedir ajuda, porém, da última vez que o fiz, Hector acabou morrendo. Não iria conseguir suportar perder meus pais por conta do meu egoísmo. Sebastian terminava sua bebida, não notei seu afastamento, estendo o celular em sua direção.

— Vamos? Ou quer ler o que escrevi? — indago.

— Já li. Fique com o celular.

Respiro fundo e o acompanho, coloquei o celular na bolsa e mantive minha postura, o ar noturno me recebe de braços abertos, o cheiro de terra molhada é deveras divino…entro no carro já colocando o cinto de segurança, Sebastian assume o volante sem dizer uma palavra. 

— Para onde vamos? — Pergunto, meu corpo estava tenso, na penumbra ele era ainda mais medonho.

— Em um restaurante privativo. Ninguém importante irá vê-la, caso esteja pensando em algum meio de fugir de mim. Tomei medidas para que não cometa imprudências.

— Vá se foder. 

O carro passou dos grandes portões e parou, sua destra puxa meu rosto, sua aproximação repentina me fez paralisar, sentia seu calor, seu cheiro amadeirado e intenso.

— Vou te foder se não segurar essa sua língua afiada, mon coeur. — o sotaque francês trouxe lembranças que não queria, não naquele momento. Miserável.

— Não me chame desse jeito. — senti a ânsia de chamá-lo de todos os palavrões conhecidos pela humanidade, todavia me contive, me ajeitando no banco de couro, ficando o mais distante possível. 

Durante o percurso nada foi dito, observei a cidade, sentindo meu coração ser tomado por angústia mas também por alívio, por estar longe daquela jaula imensa e luxuosa. Ao parar o carro, vejo a entrada do estabelecimento, conhecia vagamente mas nunca frequentei. 

Desço do carro e o espero, seu braço envolve minha cintura e me guia para o interior onde logo somos recebidos pelo gerente, este que sorri ao vê-lo.  

— Bem-vindos ao Carbone, senhor e senhora Velark. Sinto-me na obrigação de desejar felicidades ao casamento. — animado demais para meu gosto. Baba ovo do caralho. 

— Obrigado Jasper. — Velark não sorri, mas fora gentil.

— Por favor, me acompanhem. — indicou o caminho. 

Enquanto o suposto Jasper tagarela sobre o local, com um sorriso imenso no rosto e olhos ambiciosos semelhantes ao gato de cheshire, não disfarço o desconforto, esse lugar não condiz com minha realidade, não era ruim, era apenas estranho. Passamos por um corredor até chegarmos a uma ala privada que fica no terraço, o espaço era acolhedor, não muito iluminado, estilo vintage, a mesa estava linda, as velas tremeluziam conforme o vento ameno circulava. 

— Fiquem a vontade, um garçom virá com os pedidos já solicitados pelo senhor. Com licença. 

Espero estarmos sozinhos, me sento na cadeira acolchoada e o olho sem temor.

— Realmente pensou em tudo. — comento. — Fechou todo o local apenas para me trazer aqui, sem dúvidas ameaçou os funcionários.

Pego a taça já contendo vinho branco, tomo um pouco enquanto ele se senta de frente para mim, o semblante fechado porém calmo. 

— Não iria tirá-la da minha casa sem tomar cuidado, sem planejamento. 

Tomei um pouco mais da bebida para manter a calma, não iria perder a paciência, não valia a pena. Apesar de cada gesto seu soar como uma afronta, um desafio. 

— Claro. — sorri em demasia. — Tem o mundo nas mãos, não se espera menos de alguém como você. — obviamente não viu como um elogio, o que era bom visto que não era mesmo um. 

— Ainda bem que sabe, querida esposa. — ironiza.

Coloco minha perna direita sobre a esquerda, mordo o lábio inferior pensando em uma forma de deixá-lo nervoso. 

— Sente satisfação pela posição que me forçou a ter? 

— Não. 

— Certeza? — arqueio a sobrancelha. — Usa a aliança como se realmente tivesse tal significado. — seus  lumes rumam para a aliança de ouro em seu anelar, depois volta a me encarar.

— E você jogou a sua fora. Não pense que não notei.

— E quem disse que me importo com o que percebe ou não? — retruco, deixando a taça vazia sob o tecido macio e branco da toalha da mesa. 

O mesmo sorri, tirando uma caixinha de veludo preto do bolso. — Comprou mais uma para eu jogar fora? — questiono na maior paz.

— Essa não jogará fora. — impõe. 

— E porque não? 

Abrindo a caixinha vejo o anel, certamente custava mais que minha casa, delicado e muito bonito.

— Era da minha mãe. 

— Isso foi extremamente baixo, vai me manipular com suas histórias tristes e jóias de família? — desdenho, incrédula pela audácia. 

— Não. Apenas pensei que ficaria bom em você. — colocou a caixinha mais perto de mim, não fiz um movimento na direção da jóia. — Se recusar terá consequencias. — ressalta. 

— Que porra você está falando? 

— Primeiro: Não fale palavrões, não é adequado para uma mulher linda. Segundo: Me ouviu bem, estamos jogando, é bom que leve a sério, pois eu estou. Sou competitivo, não costumo perder. — acrescenta.

— Você é um filho da p… — me calo ao ver dois garçons trazendo os pedidos feito por ele, seu olhar para mim era triunfante.

Isso não vai ficar assim.

Só estamos começando.











Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top