Muitos anos se passaram, Timmy viu impérios nascerem e morrerem, ele viu o sol nascer e dar seu lugar a lua no fim do dia mais vezes que ele poderia contar, ele viu o mundo que ele conhecia mudar pouco a pouco, ouve momentos que ele apenas desejou a morte, implorou para ela vir até ele e tentou ir até ela mas, isso não aconteceu a morte não chegou até ele como ele queria e ouve momentos que ele esteve feliz por estar vivo, outras vezes ele sentia um enorme vazio dentro de si que as vezes parecia crescer, ele as vezes se encontrava chorando a noite e as vezes ele ficava feliz por estar vivo.

  Agora ele estava com mais de 571 anos, talvez ele já tenha perdido a conta afinal para ele isso não passa mais de um monte de números inúteis, ele agora estava como ele se encontrava a 571 anos atrás... Tocando um violão velho que ganhou a uns dez anos atrás de um amigo que ele fez, ele estava sentado num banco da praça, ele parecia um mendigo, na verdade ele era um.

- Eu nasci há quinhentos anos atrás
E eu já vi de tudo - Ele cantou tocando seu violão, sua música transmitia um tanto de tristeza. Pessoas paravam para ouvi-lo - Eu vi povos serem massacrados
O amor nascer e ser assassinado
Eu vi as bruxas pegando fogo
Pra pagarem seus pecados, eu vi
Eu vi vampiros serem caçados
Vi um rei cair na terra de joelhos
Eu vi o reinado dele terminar e outro começar - Ele continuou a cantar, pessoas colocaram trocados em seu chapéu ao lado dele se emocionando com a música-
Eu nasci, a quinhentos anos atrás
Eu vi segredos,
Eu vi os humanos e seus medos - Ele fechou os olhos tocando com seu coração, uma canção que contava parte de sua história nesses quinhentos anos- Eu vi criaturas misteriosas
Vi reinos serem riscados do mapa
Vi homens morrerem na guerra, e crianças nascerem na paz
Eu julguei inúmeros livros capa, eu vi
Eu vi inúmeros barcos cruzarem os mares
Vi inúmeros humanos capazes e incapazes
Eu vi inúmeras mulheres e rapazes
Pro eu vi deuses e outras criaturas, eu vi - Timmy sorriu lembrando de seu encontro com o deus dos vinhos, Dionísio, um grande bebedor que não acreditava no amor. Timmy pode ver aquela homem que amava somente a bebida ter o coração roubado por um homem de pouca paciência que um dia apareceu no bar dele e causou uma enorme confusão. - Eu vi o sangue que corria da montanha
Quando Hefesto foi expulso do olimpo - Ele dedilhou no violão e continuou tocando e cantando - Vi o guerreiro que chamou o nome da amada
Enquanto estava pra morrer, eu li
Eu li tantos livros, eu vivi tanta coisa
Eu fui criança e já não sei o que sou,
Eu sobrevivi e vivi durante todos esses anos
Eu nasci (eu nasci)
Há quinhentos anos atrás...- Ele olhou para o público emocionado o ouvindo cantar, e sorriu brevemente e continuou a transmitir seus sentimentos em sua música-Eu bebi vinho com uma deusa deprimida na taberna
Eu vi suas lágrimas quando ela dizia que era a mais bela
Eu vi um demônio abraçar sua neta,
Eu fui testemunha do amor de Leon e Ken
Eu vi o mundo colorido, aos poucos perder a cor
E pra aquele que provar que eu tô mentindo.... Parabéns, eu queria que fosse mentira - Ele parou de cantar e sentiu seu rosto úmido, ele nem percebeu que estava chorando. Ele limpou as lágrimas brevemente, e sorriu para o público que bateu palmas, elogiado o talento e aos poucos ele viu a multidão se desfazendo e ele pegou o chapéu com o dinheiro que havia ganho aquele dia e fechou os olhos colocando os sentimentos no lugar.

{Timmy Narrando}

Eu lembro dele ter dito que havia um preço caro no meu desejo de ser imortal, eu era tão tolo naquela época, viver para sempre? O sonho tolo de um mais tolo ainda, se eu soubesse que o preço disso era tão caro... Eu nunca teria desejado isso, afinal metade dos quinhentos anos eu me perguntei inúmeras vezes, porquê eu ainda estou vivo? Eu realmente me perguntei isso, porquê eu não estava morrendo se eu queria tanto? Eu perdi tanta coisa, perdi meu lar e quando voltei ele não era mais o mesmo, perdi pessoas que eu amava e que me amavam também...

Com o tempo, eu percebi que talvez viver tanto, estar fora do ciclo do ser humano de nascer, crescer, envelhecer e morrer. Não era bom, a solidão que estava comigo não me abandonava.

Eu tentei formar uma família, mas o tempo que tem sido implacável comigo fez ela desaparecer, eu fiquei sozinho novamente, a única coisa que pude fazer para melhorar meu estado foi... Não me apagar aos humanos que conheci e continuo a conhecer, afinal eles, diferente de mim, tem um tempo curto neste mundo.

Durante minhas inúmera viagens por lugares que eu não conhecia, eu descobri muita coisa, eu descobri a existência de seres sobrenaturais, as coisas que aonde eu nasci seriam queimadas por serem como meus antigos amigos diriam " do demônio". Eu vi que algumas delas não eram realmente tão ruins quanto eu acreditava ou quanto as pessoas da minha época diziam, alguns só queriam viver uma vida pacifica entre os humanos enquanto outros queriam apenas sobreviver neste mundo caótico.

Quando eu descobri essas criaturas durantes as minhas viagens, eu parei para pensar que talvez eu pudesse me livrar da minha imortalidade e ser mortal novamente.

Eu procurei livros, vampiros que pudessem tirar minhas dúvidas e até mesmo deuses mas eu encontrei a mesma resposta todas as vezes " Você ganhou sua imortalidade de alguém muito poderoso, para conseguir se livrar dela como você quer terá que encontrar a pessoa que deu lhe deu a imortalidade e pedir a ela que a retire de você, ou alguém de poder igual ou maior que ela para você ser mortal novamente" .

Até agora não achei alguém de poder igual ou semelhante ao duque Caos, faz tanto tempo que me encontrei com ele que seu rosto é apenas um borrão em minha memória, me pergunto se algum dia eu verei ele novamente nessa vida tão longa que eu tenho.

{Narrador narrando}

Timmy respirou fundo abrindo novamente os olhos observando o céu azul, tentando esquecer de seus pensamentos melancólicos, ele tentou focar nas memórias boas que teve nessa longa vida que teve.