Capítulo 2

                       Fernanda

Ao chegar em casa tentei evitar o máximo de barulho pra não acordar meus pais, pareço uma adolescente que está fazendo algo errado.
- Isso são horas Fernanda? - tomo um susto com a luz sendo acesa-
- Esther para de palhaçada - digo e ela ri-
- Desculpa, sempre quis imitar o papai - ela seca as lágrimas e caminha até mim- Como foi o trabalho?
- Foi ótimo, sabe aquele caso dos Silva? - pergunto e ela assente - Eu trabalharei nele como promotora
- Ahh - ela grita e pula em cima de mim - Parabéns maninha, estou tão feliz por você
- Obrigada, agora vamos subir antes que o papai desça e brigue com a gente - digo subindo e ela me segue-
- Que perfume é esse Nanda ? - observo Esther se aproximar de mim -
- Nem vem, vai dormir vai garota - empurro ela pra fora do meu quarto-
Vou até o banheiro e me desfaço da minha roupa e entro no chuveiro, ao sentir a água batendo sobre meu corpo sinto uma paz, era tudo que eu queria um banho, em seguida escovo meu dentes e ponho meu pijama. Ajusto meu despertador e não demoro muito pra dormir.
" - Você é tão linda Fernanda - ele acaricia meu rosto e fecho meus olhos suspirando- Você é perfeita- sinto seu hálito fresco bater em meu rosto -
Ele se aproxima de mim e sela nossos lábios, parecia que eu nunca havia beijado, ele tem um beijo maravilhoso como se me tirasse do chão , nosso beijo é calmo porém há desejo nele. Tomo impulso e entrelaço minhas pernas em sua cintura e ele me põem em cima da mesa.
- Ro.. drigo - gemo seu nome enquanto ele deposita beijos em meu pescoço e acaricia minha intimidade por cima da fina calcinha que eu uso "

Acordo toda suada, eu não acredito que sonhei com meu chefe sou uma pervertida mesmo, olho no visor do celular e são 5:30, tento dormir de novo mais é em vão. Me levanto e vou até o banheiro lavar meu rosto, volto e sento na cama com meu notebook e com a pasta para estudar o caso, definitivamente esses dois merecem apodrecer na cadeia. Olho para o relógio e já está na hora de me arrumar pro trabalho, faço minha higiene pessoal e me visto.
- Bom dia querida - minha mãe beija meu rosto -
- Bom dia mãe - retribuo o beijo -
- Que horas você sai do trabalho? - ela pergunta limpando a mão no avental -
- As 18 horas - digo pegando as chaves de casa - Por que?
- Hoje teremos um jantar em familia, naquele restaurante que amamos - ela diz empolgada e eu apenas a observo-
- Mãe desculpe mas dessa vez não vou - ponho a mão em seu ombro - Tenho um caso muito importante essa semana
- Por favor querida, por mim e sua irmã - ela diz fazendo uma carinha de pidona-
- Tudo bem só por vocês , encontro vocês lá - digo me dando por vencida-
- Ok , as 19 querida - ela me entrega uma fruta - Bom trabalho e coma
Apenas assinto e saio, caminho até o ponto de táxi e embarco por incrível milagre hoje o trânsito estava mais calmo por isso não demoro a chegar na empresa. Cumprimento o seu Luís e subo para o escritório, ao chegar falo com a Luísa e corro para a sala do Rodrigo que já me esperava.
- Bom dia Rodrigo - digo e ele me olha apontando para a cadeira-
- Conseguiu dar uma estudada no caso? - ele pergunta e me entrega uma caneca de café-
- Obrigada, sim consegui - beberico o café e retiro a pasta da bolsa -
- Que base temos para acusa-los? E qual será o crime? - ele se senta na sua cadeira -
- Bom nós temos as provas da camisa de ambos sujas de sangue do menino, também temos marcas pelo corpo do menino que havia sido torturado e também temos o depoimento do pai - digo revisando as anotações que fiz - Podemos acusa-los de homicídio doloso e qualificado pois ambos tiveram a intenção de mata-lo, então podemos pedir pena maxima
- Muito bem Fernanda - ele disse e eu sorri - Eu disse que você conseguiria, vamos ?
Ele abriu a porta para mim e fomos para o carro, ao caminho da penitenciária conversávamos sobre o caso, ao chegar fomos revistados como de costume. Eu não estava acostumada com isso por sempre pegava casos de multa de trânsito, mas estou muito animada pois é o caminho que pretendo seguir.
- Podem entrar - o policial abre a porta -
- Bom dia Sr e Sra Silva , sou Rodrigo Mendes e essa é a Fernanda Sampaio, somos da promotoria - ele diz e se senta-
- Não é de costume vocês dois serem entrevistados juntos, mas dessa vez será necessário - digo me sentando também -
- Nós já dissemos que não fomos nós - Carmem diz - Ele estava brincando e caiu
- Entendo, mas me diga uma coisa Sra por que seu filho tinha tantas marcas de cigarro e sinais que era amarrado? - Rodrigo pergunta e os dois se olham-
- Ele que fazia isso em si mesmo, ele dizia que queria se matar - Carlos diz -
- Mas por que ele nutria esse desejo? - pergunto e vou anotando as respostas deles-
- Ele era gay - os dois dizem juntos e Rodrigo e eu nos olhamos- Nós não apoiavamos, não criei um filho para ele ser bixa
- Vocês disseram que ele caiu ? - pergunto e eles assentem - Estranho porque ao chegar no pronto socorro os médicos de plantão nos disseram que ele não havia caído, mas sim que tinha sinais de tortura
- Vocês estão loucos - Carmem diz alterada-
- Isso é tudo por hoje - Rodrigo diz e se levanta fechando seu terno-
Apenas o sigo e saímos da sala, eu estava pasma com aquelas palavras dos pais, eles não mostravam nem um pingo de tristeza pela morte do filho.
- Fernanda irei ao hospital aonde o menino foi atendido e depois ao necrotério, gostaria de ir ?- ele pergunta e eu assinto-
Partimos dali até o hospital e ao chegar fomos conversar com os médicos responsáveis pelos cuidados do menino ao chegar no hospital, eles nos entregaram as cópias dos exames e no necrotério nos entregaram o relatório da autópsia.
Rodrigo me convida para almoçar e eu aceito pois seria uma oportunidade de conversar sobre o caso.
- Por aqui - a garçonete nos leva até nossa mesa- Aqui está o cardápio , depois de escolherem me chamem sou Letícia - ela diz e pisca para o Rodrigo -
- Então Fernanda quais são suas conclusões sobre o caso? - Rodrigo diz e desabotoa seu terno-
- Bom eu tenho a plena certeza que eles são os culpados, pelos relatórios tanto dos médicos como da autópsia podemos ver claramente que foi feita tortura e o menino estava com ossos quebrados- digo e a garçonete retornar-
- Já escolherem seu pedido? - ela pergunta olhando diretamente para o Rodrigo, nem parecia que eu estava ali-
- Eu irei querer frango grelhado com salada - digo e ela anota-
- Eu irei querer o mesmo e me traga um vinho - Rodrigo diz e eu o olho-
- Mas Rodrigo estamos no meio do expediente - digo e ele rir-
- Relaxa Fernanda - ele diz e a mulher se retira-
- Você anda dizendo muito essa frase pra mim - digo e o olho-
- Você precisa se divertir mais , anda muito estressada - ele nos serve o vinho -
- Difícil - respondo cabisbaixa-
Não demora e a garçonete nos trás nossos pedimos, enquanto comemos trocamos algumas palavras sobre o caso e ao terminar dividimos a conta mesmo o Rodrigo dizendo que não precisava. Retornamos ao escritório e aproveito para atualizar os dados sobre o caso, aviso ao Rodrigo que sairia 5 minutos antes pois tinha um compromisso familiar.
Pego meu carro no estacionamento da empresa e parto para a casa, devido ao trânsito me atraso um pouco, ao chegar em casa noto que todos já deveriam terem saído então me apresso para me arrumar, não me produzo tanto mas ponho um vestido preto um pouco colado, uma sandália da mesma cor e uma maquiagem leve.
Pego minhas chaves e sigo ao caminho do restaurante, ao chegar avisto minha irmã acenando para mim.
- Boa noite, desculpa pelo atraso - digo me sentando -
- Como sempre - meu pai responde secamente-
- Que bom que veio minha filha - minha mãe diz docemente - Como foi o trabalho?
- Tranquilo, hoje fomos a penitenciária conversar com os reús - digo e minha mãe arregala os olhos -
- Que foda Nanda - minha irmã diz e eu acabo rindo - Desculpa pelo palavrão
- Fernanda? - escuto uma voz atrás de mim e quando me viro vejo Rodrigo- Que conhecidencia
- Verdade - o respondo sem graça-
- Não vai nos apresentar seu amigo Fernanda ? - meu pai pergunta -
- Esses são meus pais Paulo e Regina e essa é minha irmã Esther - digo apontando para cada um - E esse é meu chefe Rodrigo Mendes
- Nossa, tão jovem - minha mãe diz e Rodrigo ri-
- Impressão da senhora - ele diz e me olha- Bom vou indo , bom jantar para vocês
- Obrigada meu filho , pra você também - meu pai responde e ele sai-
- Tão novo e já tem sua própria empresa, tô boba - minha mãe diz -
- Esse sim é um bom marido pra você Fernanda , deveria investir nele - meu pai diz me olhando e eu apenas respiro fundo - Em vez de querer ficar querendo crescer, deveria se casar com um homem assim e já estar nos dando netos
- O senhor está se ouvindo? - digo um pouco exaltada-
- Não levante a voz para mim Fernanda , eu tenho vergonha do que você está se tornando- meu pai cospe as palavras em cima de mim-
- SE O SENHOR TEM VERGONHA, NUNCA MAIS ME VERÁ- digo bem alto e todos no restaurante me olham- Eu irei embora
- Minha filha espera - minha mãe diz mas eu já tinha saído-

                              Rodrigo

Eu e minha mãe escutamos um alvoroço no restaurante que em que estamos jantando, e vejo todos olhando para a porta e vejo uma mulher parecida com a Fernanda sair rapidamente.
- Mãe já volto - digo me levantando-
Vou em direção a saída e olho ao redor e vou me aproximando e ao chegar vejo que a Fernanda.
- Fernanda está tudo bem? - pergunto pondo a mão em seu ombro-
Ela se vira pra mim com o rosto todo molhado e chorando, ela me abraça e chora mais ainda contra a minha camisa, ela chora muito que sinto ela ficar molhada. Eu fico ali sem saber o que fazer , então instintivamente a abraço e ela me aperta mais, acaricio suas costas e quando ela para de chorar ela se afasta.
- Me desculpe Rodrigo - ela diz e me olha -
- Tudo bem, quer que eu te leve pra casa?- pergunto e ela nega-
- Eu vim de carro, desculpa atrapalhar seu jantar - ela diz e destranca a porta do carro-
- Você não atrapalhou, tome cuidado - digo e ela sorri fraco-
Ela entra no carro e dá partida para ir embora e eu fico ali tentando assimilar tudo que acabou de acontecer, retorno para o restaurante e observo a mesa que estava sua família vazia. Eu realmente gostaria de descobrir o que acabou de conhecer, nunca vi a Fernanda assim.
"Por que estou tão preocupado?", me questiono.
Nunca fui de me preocupar com ninguém, mas dessa vez é diferente

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