Capítulo 12
Fernanda
Mais uma vez eu estava abaixada em frente ao vaso vomitando, desde que descobri a gravidez os enjôos começaram, parecia que eles estavam esperando apenas eu descobri.
Me levantei dando descarga, fui até a pia aonde escovei os dentes e vi meu reflexo no espelho, eu estava decadente o cabelo preso num coque que é o habitual nesses dias e o cheia de olheiras.
- Vomitou de novo? - Rodrigo perguntou enquanto me deitava ao seu lado -
- Sim, o feijãozinho decidiu que não quer que a mamãe coma mais pizza de alho - digo e logo sinto o estômago revirar só de lembrar da pizza-
- Você gostou mesmo desse apelido né?- ele acariciava minha barriga e eu sorri-
- Aham, ele é nosso feijãozinho - dei um beijo em seus lábios e logo o sono me atingiu-
Parecia que eu havia dormido apenas 5 minutos mas para minha tristeza eram exatamente 7 horas, olhei para o lado e Rodrigo não estava mais lá. Me estiquei na cama e bocejei, após me levantar fui tomar um banho e tentar miseravelmente tirar o sono do corpo, mas não adiantou muito. Me enfiei dentro do meu uniforme e fui até o espelho passar uma leve maquiagem para tirar a cara de cansada, ao chegar na cozinha notei que Rodrigo havia feito café e deixado minhas vitaminas ao lado com um bilhete que dizia:
"Não esqueça de tomar. Bom dia de trabalho. Amo você e nosso feijãozinho".
Sorri e deixei o bilhete em cima da bancada e tomei minhas pílulas, peguei meu café e comecei a toma-lo enquanto arrumava minha bolsa. Não demorei muito e logo já estava de saída, já dentro do carro meu celular começou a tocar, olhei e vi o nome da minha mãe, ela teria que esperar eu chegar na empresa. Assim que estacionei o carro decidir retornar sua ligação.
Ligação 📱:
Regina: Bom dia filha , por que não me atendeu?
Fernanda: Estava dirigindo mamãe , aconteceu algo?
Regina : Não.. Na verdade sim, será que eu e sua irmã poderíamos dormir na sua casa hoje?
Fernanda : Claro mãe, avise ao porteiro que eu permitir vocês entrar e me esperem lá
Regina : Obrigada querida, bom trabalho. Te amo
Fernanda : Obrigada, também te amo
Se eu fiquei preocupada com a minha mãe, óbvio que fiquei, comecei a imaginar milhões de coisas, espero que meu pai não tenha feito nenhuma loucura. Assim que adentrei no escritório, notei que na mesa da Luísa havia outra pessoa, não demorou muito e logo fui chamada a sala do Ricardo.
- Vejo que chego dentro do horário senhorita Sampaio - falou enquanto andava de um lado para o outro da sala-
- Desculpa pelos meus atrasos, porém como o senhor sabe, alguns dias fui delegacia prestar queixas - falei e notei que o mesmo havia ficado inquieto-
- Então já descobriram quem foi? - se sentou na ponta da mesa-
- Ainda não, só sabemos que foi um caso do qual participei - respondi -
- Bom senhorita Sampaio, você notou que a senhorita Ribeiro não está no seu local habitual - balancei a cabeça em confirmação- Eu decidi fazer algumas mudanças na equipe
- O senhor a demitiu? - minha pergunta saiu bem ríspida -
- Não lhe devo explicações mas não a demitir, apenas a pus em outro setor - falou firme , esse homem não tinha mais como ser ignorante-
- Mas por que o senhor me chamou? - perguntei tentando por um fim em nossa conversa-
- Nós recebemos um caso pró bono, como a senhora acabou de se formar quero que cuide do caso - me entregou uma pasta - Sozinha
- Doutor Ricardo - tentei argumentar mas fui interrompida pelo mesmo-
- Você estudou para isso Sampaio, mostre que é capaz e por favor ganhe esse caso - ele se abaixou na minha frente - Se não ganhar considere-se demitida
Não falei mais nada apenas peguei a pasta e sair da sala, minha respiração estava descontrolada e sentir minha bile arder, corri para o banheiro aonde botei todo o resto de comida que havia no meu estômago, após dar descarga , lavei meu rosto.
- Aceita uma pastilha ? - a mesma mulher que estava sentada no lugar da Luísa me ofereceu a bala-
- Obrigada - a aceitei e pus na boca -
- Sou Érica - estendeu sua mão-
- Fernanda - apertei sua mão- Bom tenho que ir
Sai do banheiro me sentindo um pouco tonta, eu estava com a barriga vazia e talvez seja o motivo. Me sentei em frente ao computador e decidir me adiantar pedindo o almoço, abri a pasta do caso que Ricardo havia me dado e quando comecei a ver as fotos meu estômago embrulhou de novo.
- Calma feijãozinho, eu sei que é demais - falei baixinho pondo a mão na barriga -
Aquelas imagens eram horríveis e assustadoras, comecei a ler o caso.
" Isabel Lopes, 15 anos, moradora da comunidade do Jacarezinho*.Foi encontrada na manhã do dia 12, desacordada seu corpo mostra sinais de abuso e ferimentos por todo corpo. Ao entrarmos em contato com sua família, não obtivemos sucesso, ao que parece ela morava com sua mãe e seu padrasto, principal suspeito dos abusos da qual a jovem sofria. A jovem se encontra sob os cuidados médicos do hospital da Lagoa".
Ao terminar de ler meus olhos estavam inundados de lágrimas, talvez fosse meus hormônios ou o que aconteceu comigo, eu senti que eu devia isso aquela jovem. Entrei em contato com o hospital e os polícias que cuidavam do caso e consegui um horário de visita para conversar com a jovem, almocei o mais rápido que pude e sai às pressas para o hospital. Ao chegar demorei a ser atendida pelas recepcionistas, afinal não tinha como exigir muito era um hospital público e estava lotado.
- Doutora Fernanda ? - levantei minha vista e notei uma mulher trajada de seu jaleco - Sou a doutora Paula, me acompanhe por favor
- Claro - recolhi minha bolsa e segui a médica -
- Então a Isabel não está muito receptiva, espero que tenha paciência, qualquer coisa só me chamar - falou e abriu a porta do quarto-
Encontrei a jovem deitada virada para a pequena janela, me aproximei lentamente e pus minha bolsa na cadeira.
- Boa tarde Isabel, sou a Fernanda e cuidarei do seu caso - falei e me sentei no sofá que ali havia-
- Não precisa - disse sem ao menos me olhar - Vá embora não quero sua ajuda
- Mais Isabel, só quero te ajudar - encostei nela que imediatamente tirou minha mão -
- EU NÃO LHE DISSE PARA IR EMBORA - me afastei dela e a observei chorar -
- Eu te entendo - suspirei - Sei o que está sentindo
- Todos dizem isso - disse com a voz embarcada-
- De verdade, eu entendo - novamente me sentei - Há exatamente uma semana enquanto eu saia do trabalho, fui abordada por um cara que abusou de mim - lágrimas já escorriam pelo meu rosto e ela se virou para mim- Eu já o havia prendido, ele foi um dos meus casos, pelo visto se livrou da prisão e foi atrás de mim
- Nossa - ela se sentou na cama agora me olhando -
- Eu jurei pra mim mesma que eu nunca mais permitiria que isso acontecesse a outra mulher, mas infelizmente isso está fora do meu controle - me pus ao lado dela - Mas se eu puder te ajudar já será ótimo
- Ninguém vai acreditar em mim - suspirou e pós a mão no rosto - Minha mãe acredita nele cegamente
- Mas nós temos provas, isso já é tudo - falei e ela me olhou e notei ali um pouco de esperança-
- Não lhe disseram? - arquiei a sombrancelha - Estou esperando um bebê desse desgraçado
- Sinto muito - coloquei minha mão em seu ombro - Você já deve ter ouvido isso, a criança não tem culpa. Mas a decisão é sua
- Eu não sei , não sou muito nova para decidir isso ? - ela havia voltado a chorar - Eu só queria que minha mãe estivesse aqui, mas nem isso ela fez
- Eu sei querida - a abracei e naquele momento eu havia quebrado a regra de não se envolver emocionalmente - Eu vou te ajudar - segurei seu rosto e sequei suas lágrimas -
- Obrigada Fernanda - ela limpou seu rosto e logo a enfermeira entrou -
- Amanhã volto para conversarmos melhor - me despedi e sair -
Olhei meu relógio e já marcava 17 horas, não daria tempo de voltar ao escritório e não quero sair de lá tarde, não gostaria que aquilo se repetisse. Decidi que iria ao mercado, pois minha dispensa está quase vazia, ao entrar no mercado lembro quando me encontrei com o Rodrigo aqui e saímos naquele dia demos nosso primeiro beijo, sorrio ao lembrar dos momentos.
Olho a lista que fiz no celular e começo a pôr as coisas dentro do carrinho, até que passo pela sessão de bebidas, se há uma coisa que estou sentindo falta é da minha cerveja mas decido levá-la para as meninas, vou para o caixa e enquanto estava esperando respondo ao Rodrigo que infelizmente hoje não poderíamos dormir juntos pois minha mãe e minha irmã iriam para lá. Após pagar sigo com as compras para o carro e dou partida, tocava uma música calma no rádio e não demorei muito a chegar, com ajuda do porteiro subo minhas compras, o mesmo que me avisa que tinha aberto a porta para minha mãe, agradeço a ele e entro em casa encontrando as mesmas vendo tv.
- Que bom que chegou minha filha - minha mãe beija minha bochecha e me ajuda com as compras -
- Chegaram faz muito tempo? - pergunto enquanto ponho as sacolas em cima da bancada -
- Acho que não - Esther responde jogada no sofá -
- Ah que bom, mãe fique a vontade qualquer coisa pergunta a Esther, ela conhece tudo - pego minha bolsa - Vou tomar um banho
Entro no quarto e logo me desfaço da roupa, pego um short e uma blusa leve, caminho até o banheiro aonde tomo um banho rápido, visto minha roupa e passo um creme pelo corpo e vou para cozinha.
- Fernanda Sampaio quando você pretendia me contar que está grávida ? - olho assustada para minha mãe que estava com minhas vitaminas na mão -
- Que? - Esther pula do sofá - Parabéns maninha - a mesma me agarra e me enche de beijos -
- Mãe calma tá, eu ia contar - digo e abraço ela - Eu juro, iria fazer uma surpresa mas a senhora já descobriu
- Então eu vou ser vovó ? - ela diz com os olhos marejando -
- Sim - ela estende os braços e eu me acolho ali - Vem cá Esther
- Ih nem começa , vamos comemorar - Esther sempre com o jeito dela esquisito -
- Estou muito feliz minha filha - minha mãe beija meu rosto -
- Esther põem a cerveja pra gelar pra vocês - puxo minha mãe para o sofá - Me conta o que houve por favor
- Seu pai está me traindo - fico boquiaberta - Hoje ele saiu para o trabalho e esqueceu o celular em casa, eu estava na cozinha quando seu celular tocou e fui atender pensando que era ele, mas não assim que atendi uma mulher falou " oi amor, estou com aquela langerie que tanto ama". Quando eu respondi ela desligou
- Meu Deus mamãe - a abracei e a ela já chorava -
- Não tive coragem de encará-lo por isso vim pra cá - disse secando suas lágrimas - Sou fraca né?
- Claro que não, a senhora precisa pensar. Fique o tempo que quiser - beijei sua testa- Vou preparar algo para a janta
Fui para a cozinha e preparei um lasanha, não demorou muito para a porta ser aberta revelando o Rodrigo com sua típica cara de fome.
- Cheguei na hora certa - disse cheirando o ar-
- Cunhado - Esther abraçou o Rodrigo que tomou um susto -
- Fala aí baixinha - ele bagunçou o cabelo da Esther - Olá sogrinha - beijou a bochecha da minha mãe -
- Oi meu filho , fiquei sabendo na notícia - ele me olhou e dei de ombros - Na verdade eu descobri, sabe como é mãe né
- Sei sim - sorriu e veio até mim - Como está ?
- Tô bem - o beijei e voltei a mexer na panela-
- E o feijãozinho deu trabalho hoje? - perguntou e eu rir -
- Só um pouquinho - botei a mesa - Vamos jantar
O jantar foi tranquilo, todos conversávamos depois Esther e minha mãe decidiram arrumar a cozinha e após me despedir do Rodrigo, fui ao quarto arrumar tudo para dormimos.
Estou prevendo que vai vim uma tempestade e não falo em chuva, mas sim de muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.
Mais um babado hein!!
Safado esse pai da Fernanda.
Será que Fernanda irá conseguir conciliar tudo? Ajudar sua mãe, cuidar de um caso delicado e cuidar do seu " feijãozinho"?
Esperamos que sim!
Comentem pra eu saber se vocês estão gostando !
Beijos 😘
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