Quinto Capítulo

Annabelle revirou-se na cama. Que cama deliciosa. Era quase a melhor cama da vida dela. Os travesseiros estavam macios e ela passava o braço por baixo de um deles, encaixando-se bem. Os lençóis a aqueciam bem, assim como os edredons largos. A sensação de relaxamento de uma noite descansada espalhava-se lentamente pelo seu corpo. Sem nenhuma preocupação no mundo, ela poderia ficar daquele jeito para sempre. Experimentou virar-se para o lado, mas ao menor movimento ela atingiu alguém que soltou um resmungo, fazendo-a abrir os olhos imediatamente.

Olhou ao redor e percebeu que dormira entre Maddy e Loren e que, se mexendo na cama, acabara dando uma joelhada em Maddy. A cama do quarto de Loren era gigante e assim as três dormiam todas esparramadas, querendo seu próprio espaço e conforto. Sorriu, satisfeita, apreciando aquele momento com suas amigas, como se realmente não houvesse nenhuma preocupação no mundo.

Até se lembrar de Howl dormindo na sala e de tudo que teriam que fazer naquele dia. Sentiu seu estômago revirar de nervoso.

Estava em casa. Estava em sua pequena Westcliffe, no Colorado. Sua pequena cidade. Ela sempre mencionara pra Howl que era de uma cidade pequena, mas ela tinha certeza que ele não tinha ideia da situação real. No dia anterior, em meio a todos os problemas e à correria – ela ainda nem entendia como Maddy e Loren tinham entrado em um avião, voado por 4h e chegado antes dela de volta ali – esquecera de mencionar alguns detalhes falhos do plano. Já viera refletindo sobre isso anteriormente, sobre o fato de que seus pais não seriam convencidos tão facilmente.

Afinal, numa cidade de menos de 500 habitantes, todo mundo sabe o que acontece com todo mundo.

E isso incluiria Annabelle Gardens. Todos saberiam se ela tivesse saído com um cara depois do horário de trabalho. Ou antes. Ou encontrado com algum britânico bonitão em segredo durante anos, como seria a história que teriam que sustentar. A cidade pequena era lotada de olhos nas janelas e ouvidos nas paredes, e não havia lugar nela que pudesse ter um encontro às escondidas sem que no mínimo alguém reparasse. Não haveria como convencer seus pais daquilo.

E o pior de tudo é que não era uma cidade afastada do mundo em que ela pudesse se safar dos boatos. Ela ficava apenas há uma hora e pouco de viagem de Colorado Springs, que era um ponto turístico conhecido do estado. E todo mundo tinha TV e celular. É o século XXI, por Deus. Todo mundo já deveria ter visto a notícia.

Sentiu-se tola de repente. Devia ter dito tudo isso a Howl. Devia ter explicado para Bill durante a reunião o quanto fazer aquele relacionamento parecer bonito ia ser difícil para uma cidade tão pequena quanto Westcliffe. Não ter falado nada ia trazer ainda mais problemas. Ela tinha que buscar uma solução. Mas não podia fazer isso sozinha.

A Annabelle de três dias atrás, ao se deparar com um problema, primeiramente iria acordar suas duas melhores amigas e discutir o assunto com elas até que achassem uma solução. Mas a Annabelle de agora não podia fazer isso. Não como primeira opção. Porque por mais que as amigas tivessem boas ideias, nada daquilo dizia respeito a elas. Então Annabelle desenrolou-se dos lençois e saiu o mais silenciosamente que pôde do meio das amigas, descendo da cama e saindo do quarto.

Howl dormia calmamente, o edredom que Loren trouxera na noite anterior cobria-o até suas orelhas. O cabelo estava um pouco bagunçado, mas Annabelle não pôde deixar de admirá-lo um pouco, tão calmo, daquele jeito. Ele era mesmo bonito. Pelo menos com isso dera sorte. Sorriu sozinha e foi primeiro para a cozinha, esquentar uma água. Queria conversar com ele, mas estava morrendo de medo. Quanto mais pudesse adiar o assunto, melhor seria.

Encarou o relógio colorido da cozinha, que indicava que eram apenas dez horas da manhã. Não entendia como podia ter dormido tão pouco, estando tão exausta como estava no dia anterior. Talvez ela tivesse dormido por um dia inteiro? Aquilo era provável. Quase como em resposta a esse pensamento, soltou um bocejo longo. Olhou pela janela, onde a vida na pequena cidade já tinha começado.

- Bom dia. – ouviu atrás dela e deu um pulo de surpresa, encarando Howl que esfregava os olhos, parecendo ainda sonolento. O sotaque dele realmente ficava mais acentuado em sua voz quando ele acordava. Ela corou ligeiramente.

- Bom dia. Acordou cedo. – ela comentou, percebendo que a água havia fervido e agradecendo que poderia se distrair preparando um café. A carinha amassada de Howl estava deixando-a desconcertada.

- Eu percebi você acordar e depois que confirmar que era você, decidi levantar. – ele comentou, bocejando e tomando a liberdade de sentar-se em um banco da cozinha. Annabelle sentiu o rosto esquentar ainda mais. Então ele percebeu que ela o observara por um tempo? Aquilo era extremamente embaraçoso.

- Achei que ia dormir mais. – ela murmurou. Ele deu um sorriso de lado.

- Você também. Afinal, foi um dia bem louco ontem.

- Sim. – "E hoje vai ser pior ainda", pensou consigo mesma, fechando os olhos em aflição. – Howl eu...

- Parece uma cidade bonita. – de repente ele estava de pé ao seu lado e encarava a mesma janela pela qual ela estivera observando mais cedo. – Como é o nome mesmo? Acho que você não mencionou muito sobre ela.

- É, sobre isso... – ela mordeu o lábio inferior enquanto ele a encarava, percebendo que havia algo de errado. – Acho que temos um problema.

E contou rapidamente a eles os dados básicos sobre a cidade. Como era uma cidade bem pequena, realmente não tinha como apressar mais as coisas. Howl a encarava chocado.

- 500 habitantes? – ele repetia, incrédulo. – Isso é menos do que o público do primeiro show que eu fiz com a Compass~!

Howl havia recostado na bancada da pia, completamente em choque. Ela lhe entregou a caneca com o café para ver se adiantava alguma coisa, mas ele não conseguia esboçar nenhuma reação além de olhá-la.

- Eu sei. Eu sei. E sei que devia ter falado antes também. Desculpe. – Annabelle levou as duas mãos juntas à altura da boca, numa oração silenciosa para que ele a perdoasse. O rapaz soltou a respiração lentamente e piscando atordoado algumas vezes, levou a caneca à boca. Seus olhos se estreitaram depois que ele tomou um gole e ele afastou a porcelana da boca, um pouco surpreso.

- O que foi? – ela perguntou, receosa. Só faltava ele agora desconfiar que ela estava drogando ele ali também. Já não bastava toda aquela suspeita de ela tê-lo drogado em Vegas para se casarem.

- Está bom. É do jeito que eu gosto. – ele comentou. Depois, pareceu um pouco envergonhado pelo que disse e apressou-se em tomar um gole. Um certo alívio perpassou pelo corpo de Annabelle, mas eles não estavam em condições de se sentirem aliviados. Depois de mais alguns segundos, Howl disse: - Não se preocupe. Vamos dar um jeito nisso também.

- Dar um jeito no... quê? – uma Maddy selvagem de cabelos laranja bagunçados e quase de pé surgiu na cozinha, soltando um longo bocejo entre suas palavras. A caçula ficou um pouco tensa que Maddy fosse fazer alguma piada sobre os dois sozinhos ali na cozinha, mas ao ouvir que tinham que dar um jeito em algo, a ruiva imediatamente parava de brincar e prestava atenção na conversa.

- No fato de que vai ser impossível enganar papai e mamãe e a cidade inteira com esse papo de que eu e Howl nos conhecermos a tempos e sairmos escondidos. – Annabelle explicou. Maddy aceitou a caneca de ursinho – sua preferida na casa - oferecida pela garota e tomou um gole, olhando-os com seus olhos castanhos astutos.

- Como assim impossível? Eu já pensei em tudo. – ela lançou um sorriso maroto para o casal, que a olhou incrédulo. – Você sabe que pode contar comigo, Belle.

- O... o que? Mas... como assim? – Annabelle pareceu completamente surpresa com a revelação da amiga. Howl parecia duas vezes surpreso, por Madeline já ter pensado em algo e por sua esposa nem saber disso.

- Oras. É fácil. Você lembra aquela vez, há uns anos atrás, que briguei e briguei com meus pais que quis ir num show lá em Nova Iorque? E fiz a loucura de ir sozinha, sem nem avisar você e Loren para não meter vocês na encrenca?

- Lembro. – essa era outra burrada histórica que ficava no ranking das três. Antes de Annabelle se casar, normalmente Madeline dominava esse tipo de coisa.

- Então. Era o primeiro show da Compass~ aqui nos Estados Unidos. – ela continuou com aquele seu sorriso meio misterioso, como se fosse uma esfinge com seus enigmas. – Eu comentei com você o nome da banda, mas você sempre foi desligada para esse tipo de coisa então imaginei que não se lembraria.

Annabelle estava estática. É verdade que era bem isso, ela nunca se interessara muito por bandas e nomes de grupos, enquanto Maddy estava sempre fuçando a internet em busca de novas músicas e novos estilos. Ela já sabia que a amiga gostava de Compass~, mas nunca relacionaria aquele show do passado com a banda.

- É sério?

- Sim. Então, tudo fica bem mais fácil. Podemos inventar – e agora ela apontou para Howl. – que nos encontramos depois, ou antes, do show, de alguma forma. E então conversamos e você se interessou pela minha amiga, viu uma foto, sei lá. E ai você ligou para ela, vocês conversaram, se encontraram em segredo alguma vez já que seria ruim para sua imagem se fosse pego na gandaia com uma garota – ela deu um risinho da sua escolha de termos. – e depois continuaram a se encontrar escondido, como a história inicial sugere. – voltou-se então para Annabelle. - As noites que você vinha passar na minha casa ou na casa de Loren podem ser um ótimo álibi, nós vamos fingir por você e ninguém mais vai contestar. Nós fazemos tanto isso que ninguém vai especificar por datas ou duvidar. – finalizou.

Loren entrava nesse momento na cozinha, um pouco mais arrumada – ela tinha lá seu lado vaidoso – e sorriu em acordo com Maddy, o que fez Annabelle perceber que as duas tinham pensado tudo aquilo anteriormente para protegê-la. Não conseguiu nem reagir conscientemente, mas quando se jogou nos braços de Loren para depois ser envolvida por Maddy, percebeu que estava com lágrimas nos olhos.

- Obrigada! Obrigada! Vocês são as melhores! – ela falou, com voz abafada. Tudo sempre ficava mais fácil quando tinha aquelas duas perto de si. Elas riram, mandando-a parar de ser um bebê chorão, e ouviram a voz de Howl no meio daquele momento.

- Obrigado... de verdade... – ele parecia bem mais aliviado e arriscou um sorriso para as garotas.

- Agora, me dê mais café Gardens! – Madeline empurrou a caneca na cara da amiga, que rindo e secando o rosto concordou. Faria qualquer coisa por aquelas duas agora.

- Eu também quero! Caneca de girafa, por favor. – Loren levantou o braço, enquanto ia até a despensa e buscava umas bolachas e torradas. – Maddy, pegue as coisas na geladeira, por favor.

- Peça para Annabelle! Eu sou a salvadora da pátria, tenho direito a um dia de rainha. – ela disse, olhando as unhas com interesse fingido até ser acertada por um pano de prato.

- Você ajudou muito mesmo, mas não custa nada esticar a porcaria do seu braço branquelo e abrir a droga da geladeira, não é? – Loren respondeu, ríspida, fazendo Annabelle rir enquanto lhe entregava a caneca.

Howl, que observava a relação das três com um sorriso de canto, decidiu perguntar se havia algo que ele poderia fazer.

- Não se preocupe. – Loren sorriu amavelmente. – Sente-se e coma um bom café da manhã, vocês dois vão precisar de bastante energia. Bolamos uma boa história, mas não quer dizer que os pais de Belle serão convencidos tão facilmente. – ela disse.

- É. Afinal, duvido eles deixarem a filha única deles ir pra Inglaterra tão subitamente assim. – Maddy disse, enquanto mastigava um pão de boca aberta. Loren lhe lançou um olhar de reprovação, como uma mãe, que a outra ignorou com um dar de ombros.

- Vamos dar um jeito. – Belle respondeu, sorrindo. Agora estava bem mais confiante do que quando acordara. Sorriu encorajadoramente para Howl, que já se sentara e aceitava a pasta de amendoim que Loren lhe oferecia para passar na torrada.

- Aliás, Belle. – Madeline começou a dizer, com um risinho suspeito. Annabelle percebeu que sua amiga estava de volta ao modo "causar confusão" e preparou-se psicologicamente. – Percebi que Howl está usando a caneca de foca. – ela disse, soando acusadora e ao mesmo tempo divertida. Annabelle corou, nem percebendo que havia feito aquilo.

- Ah, então é uma foca. – ele pareceu surpreender-se, observando a caneca com mais atenção. – Eu estava mesmo imaginando que bicho que era.

- É que é engraçado, sabe. Como você pode ver, temos nossas canecas favoritas. – Loren disse, mostrando a sua de girafa orgulhosamente. Annabelle sabia onde as duas iam chegar, mas para Loren ter se juntado à brincadeira de Maddy, ela sabia que estava arruinada. – E a de foca é a favorita da Belle. – ela soltou um risinho, ao passo que Madeline soltava uma gargalhada, provavelmente da cara vermelha da caçula.

- Ela não divide essa caneca com ninguém. - a ruiva disse, aquele sorriso de volta no rosto. Howl encarava as três, parecendo divertido e curioso.

- Foi sem querer. Eu nem reparei que caneca era, devo ter pego inconscientemente e quando Howl apareceu eu o servi primeiro sem nem perceber que era a caneca de foca. – ela apressou-se em explicar-se, mas não ia adiantar.

- Então porque não pediu ela de volta?

- Porque isso seria muito rude! Por Deus, é só uma caneca. – ela disse, enfiando a cara na caneca que depois havia escolhido para si (de corações, sem graça) e tomando alguns goles enquanto ouvia as duas rirem.

- Acho que vocês podem estar começando a se comportar como um casal. – Maddy disse alegremente, esticando as pernas e balançando os pés. Annabelle quase engasgou com o comentário e Howl ficou com um sorriso amarelo no rosto.

- Fique quieta. – Annabelle murmurou. – É melhor assim, não? Assim parece mais verídico, e é o que precisamos. – ela respirou fundo, evitando encontrar seu olhar com o de Howl.

- De qualquer forma, vocês precisam praticar isso melhor se quiserem convencer as pessoas. É claro que vocês se conheceram há um dia, mas vocês têm que enganar as pessoas sobre o seu relacionamento. – Loren disse. – Podemos ver que vocês se dão bem, só que não é muito convincente. Tipo, parece que vocês estão tentando deixar o outro confortável, mas meio forçadamente. Dá pra entender?

- Um pouco. – Howl disse e Annabelle finalmente o olhou. – Acho que nenhum dos dois quer causar mais nenhum problema, então estamos sendo cuidadosos. Talvez cuidadosos até demais?

- Sim. Por exemplo, vocês estão tomando café juntos, mas Annabelle está encostada na bancada como uma gata arredia e você está aqui sentado, bem mais à vontade na casa do que ela que praticamente viveu aqui. Você aí, senta do lado dele. – Madeline ordenou, e a caçula não teve vontade de retrucar, aproximando-se em passos curtos de Howl e sentando-se ao lado dele. – Junta mais as cadeiras. – ela apontou. Annabelle sentiu o rosto esquentar, mas depois de depositar a caneca na mesa, aproximou-se um pouco mais de Howl e seus cotovelos se tocaram.

- Belle, você está um pimentão. – Loren comentou, desolada.

- Mas... Mas...! – ela não podia evitar! Howl era extremamente bonito e popular, e ela nunca ficara tão próxima de um homem assim antes. Claro, tivera seus momentos com uns adolescentes bobos de Westcliffe, mas foram só uns beijos e nenhum problema envolvido, era só diversão. As coisas eram bem diferentes agora.

- Belle, vocês já até transaram. Não tem porque ficar com vergonha de sentar ao lado dele. – Madeline foi direta e a caçula abriu a boca, indignada. Percebeu Howl se mover um pouco desconfortável com o comentário ácido da ruiva, mas ele não disse nada.

- Não... não... não fala... – Annabelle jogou a cabeça para frente e encostou a testa na bancada fria.

- Parece que você está prestes a explodir. – Howl comentou, um pouco de graça na voz.

- É que... – ela não conseguia nem formular uma frase. Ela estava com muita vergonha daquela situação, mas sabia que não podia continuar assim na frente de seus pais.

- Bom. – Maddy disse, em tom de consolo. – Pelo menos seus pais sabem que você é extremamente tímida, então se você agir assim na frente deles vai ser compreensível.

- Então por que tocaram no assunto? – ela perguntou, levantando o rosto e encarando a amiga.

- Porque vocês vão precisar disso. Desse conselho. Vocês vão ter que se acostumar a ficar confortáveis na presença um do outro se quiserem que essa história toda dê certo. – Loren completou. – Mas confortáveis sem forçar isso no outro.

- Então, pra começar, arrumem a cozinha, pombinhos! – Madeline pulou do banco e acenou. – Eu e Loren vamos nos arrumar primeiro, e depois vocês se trocam e nós vamos para a guerra.

- Boa sorte. – Loren sorriu, também um pouco travessa, saindo da cozinha e deixando os dois a sós. Annabelle suspirou, sentindo-se derrotada e exausta logo nas primeiras horas do dia.

- Eu honestamente não sei se elas são boas ou péssimas amigas. – ela murmurou para si mesma. Howl deu um sorriso, levantando-se do banco.

- Elas parecem ótimas amigas para mim. Você tem muita sorte. – ele comentou, juntando os pratos. Ela percebeu o que ele fazia e pulou do banco, colocando os braços na frente dele.

- Eu faço isso! – apressou-se em dizer, continuando o que ele fazia. Ele soltou um risinho.

- Belle, é para nós fazermos isso juntos. Não precisa me ver como um convidado.

- Mas...

- Você realmente não consegue entrar nem um pouco na atuação? – ele perguntou, arqueando as sobrancelhas. Annabelle não gostou muito do leve tom acusador da voz dele e encolheu-se um pouco como se se desculpasse. Levou os pratos que tinha juntado em silêncio até a pia e ligou a água. Percebeu que Howl a seguira. – Escuta. – ele desligou a água e a fez virar-se para ele.

- O que? – sua voz tremeu um pouco e ela mordeu a língua por ter deixado esse deslize acontecer. Howl estava bem próximo, seu corpo quase colado ao dela, e os braços apoiando-se na pia para que seu rosto pudesse ficar um pouco da altura do de Annabelle. Os olhos dele a analisavam com calma.

- Você está tão preocupada assim? – ele sussurrou, parecendo um pouco surpreso. Com o rosto virado, quente de vergonha, ela fez um aceno com a cabeça. – Por que a gente simplesmente não finge que é um relacionamento? – ele disse e ela virou seu rosto para encará-lo.

- Como assim?

- Acho que facilitaria tudo. – ele disse, depois pigarreou. – Sabe, se a gente começar a enxergar isso como um relacionamento.

- Mas não é. Foi um acidente. – ela o lembrou e ele rolou os olhos.

- Eu sei que foi. Mas se você não consegue lidar com isso sendo uma farsa, então finja que é verdade! – seu rosto estava bem mais próximo. – Você é uma garota bonita e eu não sou um cara de se jogar fora. – "bem modesto", foi o que Annabelle pensou. – Então podemos estar num relacionamento e você pode agir comigo como agiria com qualquer namorado. Sei que nos conhecemos há só um dia, mas pode ter qualquer liberdade comigo. É assim que seremos convincentes.

- C-certo. – ela ainda estava atordoada, principalmente depois de ter sido chamada de "bonita" por ele. – Vou me esforçar.

- Ok. – ele soltou o ar lentamente, mas não se afastou. Ele estava mesmo muito próximo dela. Ela poderia contar seus cílios se quisesse. Percebeu até que ele tinha algumas manchas suaves no rosto, como sardas bem dispersas. Os olhos dela estavam inquietos, passando pelo rosto dele e evitando a todo custo encarar os lábios avermelhados dele. Por que é que eles tinham que estar tão próximos? – Então, vou fazer isso com você consciente para que você se sinta mais confortável.

"Fazer o quê?" ela pensou.

Antes que Annabelle pudesse perguntar, os lábios avermelhados que ela estivera evitando encarar esse tempo todo avançaram sobre o limite de sua visão e colaram-se suavemente aos seus, fazendo-a arregalar os olhos. Ela conseguia enxergar parte do rosto de Howl, que mantinha seus olhos fechados, sua orelha, seu cabelo loiro que parecia tão macio... acabou por fechar os olhos também e quando percebeu aquele beijo já não era mais um tocar de lábios, mas um movimento suave da boca dos dois que a arrepiava da cabeça aos pés. E dessa vez não pôde deixar de agradecer aos céus por estar consciente e lembrar-se daquilo com detalhes.

Porém não durou tanto quanto ela previa (ou queria) e quando Howl afastou seu rosto, encarava-a com um sorriso doce. Ela já mal conseguia respirar.

- Tudo bem? – ele sussurrou e ela tentou concordar com a cabeça, ainda um pouco tonta com aquela situação. Howl soltou um risinho, mas antes que pudesse falar alguma coisa, ouviram um gritinho de Madeline e imediatamente se afastaram. Encontraram-na rindo, atrás do batente da porta como se estivesse se escondendo e tentando espiar ao mesmo tempo.

- Eu falei para ficarem mais confortáveis mas não sabia que a coisa seria rápida a esse ponto. Graças a Deus eu cheguei antes que vocês decidissem procriar. – ela comentou em um tom malicioso e alegre. – E vocês nem arrumaram a cozinha. E Belle ainda está um pimentão. – a cada comentário da amiga, Annabelle tinha o desejo cada vez maior de pegar uma pá e cavar um buraco tão fundo que a levaria até a China para se esconder de vergonha. Howl parecia um pouco sem graça, mas lidou bem com a situação. Pelo menos, bem melhor que Annabelle.

O assunto poderia ter continuado, mas Loren entrou no cômodo, segurando um celular que a recém-casada logo reconheceu como seu.

- Sei que o momento está ótimo e que você gostaria de fugir disso o quanto possível, Belle, - ela disse, suavemente. – mas sua mãe acabou de ligar e está louca atrás de você. Acho melhor irmos.

- - - - -

Nota da Autora: HOHOHOHOHOH ESSE FINAL :B

Muita gente estava esperando que esse já fosse o encontro com os pais da Annabelle (vocês estão loucas pra jogar os dois na fogueira né HAHAHA) mas já que não rolou, decidi dar uma animada no capítulo HEHEHE Espero que tenham gostado - w -

Achei importante colocar um pouco sobre a vida da Annabelle e todo o plano antes de apresentar o Sr. e a Sra. Gardens, como vocês perceberam o desenrolar é meio lento e detalhado, mas espero que não se importem xD

De qualquer forma, não tem mais escapatória, próximo capítulo os sogrões tão aí!! E o que será do nosso casal?

Se você gostou do capítulo, deixe uma estrelinha pra mim, gosto muito delas! E gosto bastante de comentários também para saber o que vocês estão achando!

E se quiser saber mais da história e de outras publicações minhas, será muito mas muito bem-vindx no meu grupo do Facebook: facebook.com/groups/247995218690574/  (Histórias da Anne~)

Aguardo todos por lá para conseguirmos interagir um pouco mais! Vem vem vem <3
Beijão!

Anne


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