Décimo Oitavo Capítulo
A televisão agora estava desligada, refletindo em sua tela escura todo o ambiente da sala. No sofá em frente ao aparelho, sentava Annabelle, encarando o nada havia um bom tempo. Desde que Howl saíra, ela estivera ali, sem forças para fazer qualquer outra coisa. Seu cabelo continuava uma bagunça, já que não o penteara depois de acordar, e a xícara na mesinha em sua frente estava vazia, visto que nem conseguira preparar o café.
Annabelle não costumava ser uma pessoa pessimista, mas naquele momento ponderava se seria possível alguma vez as coisas darem certo em sua vida. Ela não tivera nem tempo de curtir o clima maravilhoso que se instalara com Howl desde a noite anterior. Não pudera nem ao menos fazer um café da manhã e receber um beijo de bom dia, ou algum outro carinho que viera desejando desde que se mudara para a Inglaterra. Quando finalmente tudo parecera se encaixar e ela pudera se sentir feliz de verdade estando ali, uma rachadura que ela nem ao menos percebera cedeu, e tudo que se apoiava nela caíra junto.
O novo mundo de Annabelle, que ela havia se dedicado a construir nesses últimos meses, ruíra.
♦
- Merda, merda, merda... – Howl resmungava enquanto passava os canais de TV numa velocidade absurda. Annabelle, com a caneca que ia depositar na bancada ainda em mãos, aproximou-se temerosa. Aquilo era como um déjà vu. Um déjà vu horrível. E então Howl achara o canal que precisava, parando em frente a TV de olhos arregalados e cabelos bagunçados, suas costas ainda exibindo algumas marcas vermelhas deixadas por ela na noite anterior. Sem conseguir se distrair até mesmo com isso, a garota aproximou-se dele, os olhos focados na televisão também.
A televisão que, ligada, exibia diversas fotos dela e de Howl, em singelos momentos durante seus encontros que não se olhavam, ou que Annabelle parecia entediada, ou que Howl estava encarando qualquer coisa menos ela. O encontro do dia poderia ter sido maravilhoso, mas para a mídia, só aquele breve momento importava.
Porque eles desmascararam o casamento. Porque as letras garrafais em cima da tela, junto à palavra "URGENTE", diziam que aquele casamento era uma fraude e que fora tudo um estratagema da empresa para ganhar público. Que a Compass~ estivera caindo de popularidade graças aos erros de Mitch e Chad, e, perdendo público para Match5, decidiram usar Howl para atrair a mídia. Com o casamento inesperado bem próximo do lançamento de seu novo álbum e nova turnê, todos os holofotes se voltaram para os três. Por que uma garota desconhecida? Por que uma garota de outro país? Por que alguém que só apareceria quando saísse com Howl? Justamente para que ninguém pudesse desconfiar de nada.
E aquelas imagens, daqueles curtos instantes em que Annabelle parecia cansada ou Howl insatisfeito, eram a prova daquilo. Eram a prova de que era tudo uma grande farsa e uma atuação da parte dos dois. A garota provavelmente havia sido contratada e recebia para sustentar a imagem de esposa de Howl.
Havia até mesmo menção a uma fonte que jurara ouvir da própria Annabelle a verdade sobre o esquema. Uma fonte que ainda carecia de confirmações e confiança, mas que poderia ser o elemento decisivo para aquele caso.
Howl e Annabelle encaravam a televisão estupefatos, sem nem ao menos reagir. Ela podia ouvir o celular de Howl, ainda durante a ligação que o acordara, emitindo vários sons que provavelmente eram ordens e gritos do outro lado da linha – com certeza de Bill. Mas Howl nem ao menos piscava, encarando o programa. Ela estava até com medo que ele não estivesse respirando. Naquele momento, porém, ele soltou um suspiro, quase derrotado, e voltou ao telefone ao mesmo tempo em que clicava no botão do controle para desligar a TV.
- Eu já vi, Bill. Eu estou indo, me espera. – ele falou, parecendo sem forças, desligando em seguida. Passou a mão pelo rosto e encarou Annabelle, que aguardava a reação dele, um pouco receosa.
O que fariam agora? Ela se perguntava se aquelas evidências seriam suficientes para arruinar tudo mesmo ou se dariam um jeito. Porque apesar de a conclusão ser verdade, toda a teoria não era. Quem os exporia daquele jeito? Cameron, ciumento da fama que Compass~ estava alcançando agora? Jess, decidindo parar de apoiar eles? Annabelle por um instante perguntou-se se Jess continuaria a ajudar. Aquilo poderia ter consequências para ela também, caso a farsa fosse exposta, pois ela encobertou o casal. Seria muito grave fazer aquele tipo de coisa? Não aconteceria o tempo todo na mídia? Annabelle mais uma vez chegou à conclusão que não sabia de nada sobre isso tudo.
- Belle... – a voz de Howl tirou-a de seus debates internos e ela focou seus olhos nos dele. – Eu tenho que ir. – ele virou as costas, indo para as escadas para se trocar.
- Eu vou com você! – ela disse, indo atrás. Aquilo também era referente a ela e ela queria ajudar como pudesse. Mas Howl interrompeu seus passos e colocou suas mãos nos ombros dela, encarando-a. Annabelle surpreendeu-se de ver que todo o calor que houvera naqueles tons castanhos na noite anterior sumiram, e que agora havia apenas confusão e insegurança.
- Acho melhor não, dessa vez. – foi o que ele disse, deixando-a ali e subindo rapidamente para buscar uma blusa e pegar o que precisava. Ela se encontrava no mesmo lugar quando ele desceu, apenas alguns minutos depois, um pouco mais arrumado. Ele deu um sorriso mínimo para ela, mas sem nenhum calor. – Eu te aviso quando resolvermos algo.
E saiu pela porta, deixando Annabelle sozinha com seus pensamentos e a televisão desligada.
♦
Annabelle então aguardava. Aguardava notícias, aguardava Howl. Sem coragem de ligar a televisão e ver mais daquela baboseira. O jeito que Howl saíra da casa não saía de sua mente e ela não precisava de mais incentivos para se sentir insegura. Ele não poderia acreditar que ela tivesse realmente arruinado tudo, não é? Seu olhar fora quase acusador e ela não podia suportar aquilo, não depois da noite anterior quando tudo pareceu começar a dar certo. Porque ela não fizera nada, ela dera seu melhor em todos os momentos que estivera ali, inclusive aguentara dias sem Howl dar-lhe a mínima atenção. Depois de se comprometer, ela nunca trairia nenhum dos garotos, principalmente depois de a relação deles ter melhorado consideravelmente nos últimos dias.
Era isso tudo que estava entalado em sua garganta e ela gostaria de falar para Howl. Só que ela sabia que ele não estava ali para ouvi-la e ligar para ele no momento estava fora de condições. Ela gostaria que ele tivesse a levado para a reunião e ela pudesse deixar claro não só pra ele como pra todos os outros que ela não queria nada daquilo acontecendo.
Infernos! Ela queria até ficar mais ali se as coisas permanecessem do jeito que estavam. Ela gostaria de passar o Natal com os três e ir em algum show, que não tivera a chance. Ela nunca arruinaria as coisas para eles.
Seu celular, jogado ao seu lado no sofá, acendeu e começou a tocar. Annabelle, levemente desesperada, pegou-o rapidamente e sem olhar o número do visor, torcendo para ser Howl.
- Alô?
- Querida! – a voz de sua mãe quase a desapontou. Antes que reagisse, porém, Amelie continuou: - Você sabe que eu não sou de ficar vendo fofocas, mas desde que você está longe eu tenho acompanhado para ver se há algo de errado e então hoje de manhã saiu uma grande notícia sobre seu casamento ser falso! O que é que está acontecendo? Você está bem? Howl está com você?
- Ah, mãe... – Annabelle relaxou o corpo, sem nem ter percebido que estava tensa, e recostou-se no sofá.
- Pode me explicar por que está soando tão desapontada, Annabelle Gardens? Sou sua mãe, olhe o respeito. – ouviu a reclamação e não pôde evitar um sorriso. Quis corrigir a mãe que ela era Annabelle Cardins, mas nem isso era certo mais.
- Desculpe. Está sendo uma loucura. – esfregou as têmporas e colocou uma mecha do cabelo para trás. – Você viu as notícias não viu? Mas é tudo mentira.
- Eu desconfiava que esse era um casamento falso faz um bom tempo. – Amelie parecia nem ouvir quando a filha falava, fazendo-a rolar os olhos. – Desde que vocês vieram aqui, senti que havia algo errado, não parecia natural. Mas minha filha eu nunca imaginei que você iria se vender para apoiar a ascensão de um grupo! Você nem ao menos ia em shows que nem Madeline.
- Será que você poderia por favor não dar bola para fofocas sujas e ouvir a versão da sua filha? – Annabelle foi seca, odiando ver a mãe acreditar naquele monte de baboseiras ridículas. Até parece que não conhecia a própria filha.
- ... Desculpe. Mas sim, conte-me o que realmente aconteceu, por favor. – sua mãe pediu, e Annabelle, olhando ao redor para ver se não havia nada suspeito pela casa para gravar ou qualquer coisa do tipo (não queria piorar ainda mais a situação não é mesmo), contou a versão real dos fatos para sua mãe.
- Mas então é um casamento falso. – Amelie comentou, ao fim da história. Annabelle concordou. – Pelo menos seus motivos foram mais puros, querida. Fico mais tranquila.
- Obrigada. – grunhiu.
- Mas querida, que loucura. Você nem ao menos conhecia o moço. E você passou três meses com ele nessa casa.
- Howl me passou uma confiança e tranquilidade desde o primeiro momento que nos conhecemos. – foi direta, apesar de aquilo ser parcialmente verdade. Houve o chilique antes de eles se entenderem, mas sua mãe não estava pedindo tantos detalhes assim. Aguardou a resposta dela, e surpreendeu-se ao ouvir, quase em um tom triste:
- Ah querida... você gosta dele. – E era uma afirmação. Annabelle não sabia se tinha falado muito apaixonadamente sobre Howl ou se sua mãe apenas tinha poderes extra-sensoriais, o que era bem provável considerando que ela era mãe.
- Gosto. – decidiu responder, um pouco amargamente, mesmo que não tivesse sido uma pergunta. – Gosto tanto que não consigo parar de me preocupar. Ontem... ontem tivemos um momento incrível. É quase como se tivesse sido um encontro de verdade, um relacionamento de verdade. E então tudo caiu. – formou-se um nó em sua garganta e ela parou de falar. Amelie suspirou.
- Deve estar sendo muito difícil. Não se preocupe, minha Belle. Lembre-se sempre do que te ensinei: tudo que tiver que ser, vai ser no seu tempo certo. – ela disse, sua voz suave soando confortante aos ouvidos da garota.
- Eu sei. Vou me lembrar disso, mãe. – sorriu.
- Ótimo. Mantenha-me informada, certo? Não quero ficar sabendo as coisas pelos outros. Muito menos por essa mídia mentirosa. – agora parecia que estavam do mesmo lado.
- Pode deixar. Até depois, mãe. – desligou depois de ouvir mais algumas recomendações de cuidado e suspirou, voltando a encarar a tela preta. Mal teve tempo para isso, porém, pois mais uma vez seu celular tocou. Lançando um olhar para o visor dessa vez, viu o nome de Howl e, com o coração aos pulos, atendeu.
- Howl? Está tudo bem? – já perguntou, nervosa. Até levantou-se do sofá em sua ansiedade.
- Belle... vou te passar um endereço por mensagem. Você pode vir de táxi para cá? – a voz dele estava um pouco rouca, como se estivesse cansado. Considerando a confusão, era bem capaz que ele estivesse.
- Sim. Me envie, vou me arrumar e estarei aí o mais rápido possível.
- Obrigado. – a voz dele não pareceu sorrir. Com o coração apertado, Belle ouviu a linha ser desligada.
Correu escadas acima e, em tempo recorde, ficou pronta para enfrentar o que quer que fosse.
Ao parar na frente do prédio cujo endereço Howl lhe passara, Annabelle surpreendeu-se ao não encontrar mídia nenhuma por ali. Talvez eles fossem muito bons em manter segredo. Pagou ao taxista e encarou o prédio por alguns segundos, pensando por quê fora chamada. Ela esperava que eles tivessem resolvido tudo, esperava que as coisas fossem ficar bem. Ela não queria causar mais problemas para a Compass~, aqueles rapazes deram o melhor deles o tempo todo e sempre trabalharam duro, ela sabia bem o quanto eles mereciam. Principalmente Howl. Annabelle não queria nunca trazer nada de ruim para ele.
Mas eles não poderiam culpa-la, não é mesmo? Não havia feito nada. Tinha dado seu melhor, também. Sentia-se um pouco infantil pensando daquela forma. "Não fui eu", a famosa frase de crianças. Por que ela sentia-se culpada, de qualquer forma?
Adentrou o prédio e encontrou Howl já na recepção, aguardando-a. Ele não a olhava, vendo alguma coisa em um jornal, e seu estômago revirou ao pensar que até na mídia escrita estava sendo divulgado a farsa do casamento. Aquilo não era bom. Não era nada bom. Lembrou-se então que sua mãe nos Estados Unidos já havia ficado sabendo também, então era ainda pior do que pensava.
Aproximou-se dele e ele finalmente levantou os olhos para ela. Annabelle tentou sorrir, mas foi impossível. Estava muito tensa, querendo saber logo o que havia sido aquilo e se consertariam e ficaria tudo bem.
- Hey. – Howl disse, analisando-a. Ela sentiu-se desconfortável com aquele olhar e passou a observar os sapatos dele. – Vamos? Estão esperando você.
- C-Certo. – ela falou, receosa. Esperando ela? Por que ele soava tão mórbido?
Suas pernas se moviam mas ela sentia como se fossem dois chumbos. O clima estava muito pesado naquele prédio e ela gostaria que Howl desse no mínimo um sinal de conforto. Ela se sentiria muito melhor se ele ao menos segurasse sua mão, mas nem isso ele fez. Ela o olhou de canto e ele parecia muito absorto em sua própria mente para notar que ela estava ali. Suspirou, desejando mais uma vez naquele dia que nada daquilo tivesse acontecido e ela pudesse finalmente ter um dia de "esposa de Howl".
Howl abriu a porta de uma sala e deu-lhe um mínimo sorriso quando indicou-lhe para passar na frente dele. Ela retribuiu do mesmo jeito, tendo aquela vontade de abraça-lo e dizer que ficaria tudo bem. Era como se fosse um grande déjà vu daquela noite em Vegas.
Bill estava sentado em uma das cadeiras, parecendo mais sério do que ela jamais o vira. Mitch e Chad estavam lado a lado e levantaram os olhos para ela assim que ela entrou. Havia mais umas duas pessoas que ela não conhecia, e ela os cumprimentou gentilmente com a cabeça. O baixista e o baterista sorriram de leve, mas sem aquele ar brincalhão que tinham adquirido recentemente. Sentiu uma mão apoiar-se em suas costas, mas era apenas Howl guiando-a ao lado da cadeira que ele devia estar sentado antes.
- Olá Annabelle. – Bill cumprimentou, parecendo igualmente exausto. Ela murmurou um cumprimento para ele também. – Esses são Jones e Marcus, da imprensa. Estamos tentando controlar a onda, mas está um pouco difícil. Ainda há algumas informações que eles conseguiram segurar, mas não sabemos o quanto a suposta fonte espalhou por ai e quando outras coisas vão ruir. – ele foi direto em não só apresentar os dois desconhecidos como em também ir ao assunto.
- Certo. – ela não soube bem o que falar e por que tinha que saber de tudo aquilo, mas não queria interromper.
Bill puxou umas pastas para perto de si, remexendo o conteúdo. Annabelle lançou um olhar de soslaio para Howl, que parecia desinteressado, provavelmente já tendo visto tudo aquilo que estava sendo mostrado. Bill voltou a chamar sua atenção, empurrando algumas fotos em cima da mesa para que ela visse. Inclinou o corpo levemente e seus olhos se arregalaram.
- Parecia que você tinha um stalker bem dedicado, Annabelle. – Bill comentou, apontando para a diversidade de fotos de Annabelle em sua casa, cozinhando sozinha ou ficando no sofá, mexendo no celular ou assistindo notícias. Também tinha muitas fotos de ela saindo de casa sozinha e Howl saindo diversas vezes e voltando bem tarde da noite no mesmo dia (por causa das roupas, ela supôs que era o mesmo dia). Tudo sendo mostrado como provas de que ela vivia sozinha e sem nenhuma atenção da parte de Howl. Dava-lhe um embrulho no estômago ver as coisas daquele jeito, lembrar-se do que sentia naquela época. Tudo aquilo tinha sido apagado facilmente com a noite anterior.
Chegava a ser assustador ver o número de fotos que havia ali. Sua cabeça rodava e ela mal conseguia processar a informação. Recostou-se na cadeira, desviando o olhar para qualquer outro lugar.
- O que vamos fazer com isso? – perguntou, em um murmúrio.
- Esse não é o problema, Annabelle. – Bill foi seco. Ela ergueu os olhos pra ele, assustada.
- Qual o problema então?
- A fonte dessas fotos tem uma gravação sua conversando sobre como Howl a tratava quando estavam dentro de casa. Como Howl era um marido só para a mídia e como em casa ele mal lhe dava atenção. Uma gravação, Annabelle. Sua. – Bill disse, puxando um pendrive.
Annabelle arregalou os olhos. Uma gravação? Como assim?
- Mas! Mas isso... Não pode ser eu nunca fal... – então sua mente clareou. O único momento que aquilo poderia ter acontecido foi quando estava no pub com Maddy e Loren. Quando desabafara para suas melhores amigas como sua vida estava sendo e como ela queria que Howl agisse mais como um marido. Lembrou-se de Maddy comentando que parecia que estavam sendo observadas, apesar de ela nunca ter notado nada.
- Annabelle? – Bill perguntou, trazendo-a de volta àquela sala. A americana já sentia a garganta fechar e seu rosto esquentar. Baixou os olhos para o colo e fechou as mãos com raiva. – Annabelle, se você nos disser que isso é forjado nós tomaremos as providências corretas. Acreditaremos em suas palavras, como prometemos a Howl.
Ela levantou os olhos marejados imediatamente. Promessa a Howl? Olhou para ele, que mantinha os olhos baixos. Ele murmurou, sem nem levantar o olhar:
- Eu fiz eles prometerem que aceitariam sua palavra. Eu acredito que você não falaria essas coisas em público, muito menos para arriscar a segurança da banda. E eles me prometeram acreditar nisso também, se você disser que é forjado e que você nunca disse essas coisas. – ele finalmente olhou para ela, dando um sorriso mínimo. – Só fale a verdade, Belle. A gente vai resolver isso.
Howl nem tinha terminado suas palavras e as lágrimas escorriam pelo rosto de Annabelle enquanto o encarava. Howl dissera aquelas coisas. Howl acreditaria nela a qualquer custo. Só que se ela dissesse que aquilo era forjado, seria mentir. Ela mentiria para sua própria felicidade com Howl? E se mentir resolvesse tudo aquilo e ficasse tudo bem? Sim, ela mentiria. Mentiria? Conseguiria conviver sabendo que Howl confiara nela e ela quebrara essa confiança, e ainda por cima mentira na hora de encobrir seus próprios erros? Ela conseguiria dormir à noite? O que seria feito caso aquele pendrive não fosse forjado?
Engoliu em seco, sabendo o que tinha que fazer.
Enxugou as lágrimas e voltou seu olhar para Bill, que aguardava sua resposta. Não conseguiria falar aquilo encarando Howl.
- Isso não é falso. – ela sussurrou, sua voz falhando graças ao enorme nó que estava em sua garganta. A sala pareceu ficar ainda mais tensa e ela achou que Mitch e Chad pareceram desapontados a ponto de pararem de respirar. Prosseguiu, sem olhar para ninguém em especifico. – Eu disse tudo isso em um pub lotado para minhas amigas. Como estava lotado, eu nunca pensei que estaria sendo observada. Não vou tentar achar desculpas dizendo que não estou acostumada a ser observada e famosa, porque sei que o que fiz não foi certo. Eu quebrei... a confiança de vocês. – ela baixou os olhos, que teimavam em se encher novamente. – Mas eu queria dizer que nunca fiz nada, absolutamente nada, no intuito de prejudicar Howl ou a banda em qualquer maneira.
- Belle... – Howl murmurou ao seu lado, mas ela não ousou olhar para ele. Apertou as mãos no colo enquanto esperava alguém dizer qualquer outra coisa.
- Eu entendo Annabelle. – Bill finalmente disse, e ela mais uma vez ergueu os olhos para olhá-lo. Ele, porém, não a encarava, girando o pendrive em mãos e parecendo perturbado por alguma coisa. Mitch e Chad evitavam olhar para ela também e ela não sabia como estava Howl. Ela olharia para tudo, menos para Howl naquele momento. Não o Howl, a quem ela acidentalmente traíra a confiança, o Howl de quem ela tanto gostava e quisera proteger todo esse tempo, falhando miseravelmente. Bill soltou um suspiro, largando o objeto. Depois, levantou os olhos para ela. – Sinto muito, Annabelle. Mas você vai ter que ir.
E ela soube que ele não se referia àquele prédio apenas.
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Nota da autora: Não sei o que dizer, apenas sentir. Com isso temos apenas mais dois capítulos de UNEV, o que já me deixa triste, mas esse final em especial corta meu coração.
Estão vivos? Bem? Me odiando profundamente? Comentem bastante como da última vez, foi lindo <3
Honestamente, tenho muito o que agradecer a todos os leitoras de UNEV, principalmente depois do último capítulo. A história já está com quase 23k de visualizações, chegando em suas 2,5k estrelinhas, e isso é tudo vocês, leitores maravilhosos. Estou sensível, me abracem.
Espero que acompanhem até o final e amem essa história como têm amado (e me perdoem logo HAHAHAHA).
É capaz que eu faça outras coisas relacionadas com UNEV no futuro, além de outras novas histórias que estão por vir, então se você não quiser perder nada disso é só se juntar a nós em facebook.com/groups/historiasdaanne (finalmente aprendi a colocar nome no grupo então a vida de todos está mais fácil). Venham que lá é puro amor e agora estou melhor em manter o grupo animado! Hihihi
Se quiserem, no meu perfil aqui do Wattpad em minhas Obras têm mais duas publicadas, uma que é os primeiros dois capítulos de UNEV no ponto de vista do nosso maravilhoso Howl, chamada Aquela Noite em Vegas e a outra que são pequenos Contos meus que quis compartilhar. Adoraria se pudessem ler também!
E é isso, até breve, eu espero <3 (apesar de não querer acabar isso de jeito nenhum) (já to na depressão pós-finalizar obra antes de finalizar) (me abracem)
Beijos da Anne!
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