Décimo Nono Capítulo
O clima estava bem frio, e a respiração de Annabelle condensava-se na frente de sua boca conforme ela expirava. O cachecol cobria parte de seu rosto, apesar de não haver muitas pessoas na rua e ela não se importar tanto assim. As sacolas de compras chacoalhavam em suas mãos, as latas batendo-se uma contra a outra em sons abafados.
Alcançou o portão de casa e empurrou-o, fazendo-o ranger como era normal. Não era a primeira vez que ela saía e retornava para sua simples casa em Westcliffe desde que voltara da Inglaterra, mas cada vez que ouvia aquele rangido, uma sensação estranha apoderava-se dela. Aquele barulho era normal, pois o ouvira sua vida inteira.
Mas, agora, o que era normal em sua vida?
- Cheguei. – avisou, baixinho, depois de pisar dentro da casa aquecida e iluminada. Pendurou seu casaco e cachecol e foi até a cozinha. Sua mãe já preparava o jantar, cantarolando alguma música, e ela ouvia o barulho do chuveiro no andar de cima, onde seu pai tomava banho.
- Ah, querida, obrigada. Conseguiu encontrar tudo? – Amelie voltou-se para ela, um sorriso exagerado em seu rosto. Fuçou as sacolas e agradeceu mais uma vez. – Você sempre escolhia errado quando eu pedia para trazer, mas finalmente aprendeu! O que viver fora não f... – a mulher interrompeu-se, seu sorriso fraquejando ao mencionar o fato de que Annabelle havia ficado um tempo fora. A garota, sentada na mesa, prestes a descascar batatas, suspirou.
- Mãe, você não tem que evitar mencionar o tempo que passei na Inglaterra. – ela disse, simplesmente, cansada daquela situação. – Aconteceu, não é? Então não vamos fingir que não.
- Mas, Belle... – Amelie remexeu nas panelas do fogão e depois virou-se para a filha de novo. – Você tem estado tão triste e cabisbaixa. Parece que qualquer coisa que eu disser vai te fazer quebrar. – murmurou. Annabelle soltou outro suspiro, cansada de preocupar a mãe com aquilo.
- Não vou quebrar assim, mãe. – apesar de ser como ela se sentia. – É só por causa do fuso horário. – respondeu, focando-se nas batatas. Amelie, que estava ficando melhor em não tagarelar o tempo todo, observou-a por mais alguns segundos e depois voltou-se para as panelas, murmurando coisas para si mesma.
Fazia mais ou menos uma semana desde o retorno súbito de Annabelle. Ela ligara para os pais, avisando, logo depois que a reunião com a Compass~ acabara. Iria fazer as malas e pegaria o próximo voo para os Estados Unidos, como havia sido discutido. Não havia mais nada o que fazer. Agora já não era mais problema dela. A única coisa que fizera foi gravar, junto com Howl, um aviso sobre o divórcio por não ter aguentado a pressão da mídia, ainda mais depois dessa última revelação falsa. Era o que haviam combinado desde o começo, e Bill falou que se ela pudesse fazer aquilo, talvez as coisas ficariam mais amenas.
Amenas ou não, Annabelle voltou. Não houve opção para ela. Seus pais a receberam no aeroporto, e as amigas no dia seguinte, em sua casa. Ninguém falava sobre Howl, ninguém perguntava sobre a Compass~. Havia a mídia, mas todos aqueles próximos a ela sabiam o suficiente que confiar na versão na mídia não era inteligente. Eles não a forçaram a falar sobre nada, apenas a acolheram de volta à sua vida normal.
Normal.
Aquilo não era mais normal para Annabelle. Normal era acordar e ter Bartholomeu em cima de sua barriga, ronronando como um trator. Era descer as escadas de sua casa e chegar na cozinha, às vezes se deparando com Howl no caminho. Era limpar aquela casa enquanto expulsava os gatos do caminho e os arrancava da vassoura, quando se prendiam a ela.
Em apenas três meses, Annabelle acostumara-se com um normal completamente diferente do que havia sido sua vida inteira, e sentia falta daquilo. Ainda era um pouco confuso e ela se sentia entorpecida quando pensava naquilo. Ela entendia, mas ao mesmo tempo não entendia. Por que as coisas tiveram que ser daquele jeito?
A campainha tocou, tirando-lhe dos pensamentos. Visto que havia acabado as batatas e sua mãe ainda estava ocupada com as panelas, levantou-se, limpando a mão num pano e indo até a porta, o coração batendo um pouco descompassado.
Ela sabia que era idiota, mas todas as vezes uma parte de si torcia para que fosse Howl.
Dessa vez, era Maddy e Loren, as convidadas para o jantar. As duas, que passaram a semana trabalhando, conversaram pouco com a amiga durante aquele tempo, e só agora passariam um tempo juntas para que pudessem se atualizar em detalhes.
- Trouxemos sorvete!! – a animação delas era quase tão falsa quanto a de Amelie, a preocupação estampada em seus olhos. Annabelle sorriu e as deixou entrar, segurando as sacolas.
- Chegaram na hora meninas! Acabou de sair! – Amelie disse, chamando-as para dentro. Peter também descia as escadas, pronto para a refeição.
- Yaaay! – Maddy bateu palmas, os olhos brilhando ao ver toda a comida preparada em cima da mesa. – Parece que já é Natal!
- É em breve né? Belle, você já fez suas compras? Podemos ir semana que vem, na minha folga. – Loren sugeriu.
- Sim, pode ser. – ela concordou, servindo as amigas. – Só tenho que ver como vai ser no trabalho. – ponderou, lembrando-se que Maddy havia arranjado uns contatos para que ela trabalhasse numa empresa em Colorado Springs, e ela começaria na próxima semana.
- Acho que deve ficar tudo bem, essa primeira semana é treinamento e eles vão te liberar logo. – Maddy respondeu.
- O que você vai fazer, Belle? – Peter perguntou, e a conversa manteve-se até o fim do jantar ao redor do trabalho novo dela e as experiências das outras em seus presentes empregos.
Amelie poupou-as da louça e elas subiram para o quarto de Annabelle com o sorvete e três colheres, prontas para a noite. Loren e Maddy estavam ansiosas, sabendo que agora poderiam ouvir a versão melhor da amiga sobre por que ela voltara tão subitamente, e ela própria sentindo seu estômago revirar. Já havia uma semana que ela havia chegado e dormido naquele quarto, mas não podia esquecer a vez que Howl dividira a cama com ela ali. Já parecia ter sido há tanto tempo.
Acomodaram-se na cama e, depois de algumas colheradas em silêncio, Maddy finalmente perguntou.
- Mas por que você voltou, Belle? – seu tom era magoado e Loren levantou os olhos, receosa de abordar o assunto. Annabelle continuou mexendo no sorvete, recolhendo o máximo possível para uma colherada.
- Porque a farsa foi descoberta. – respondeu, em um murmúrio. Como ela não pareceu quebrar nem morrer por tocarem no assunto, as duas amigas decidiram que poderiam continuar com ele.
- Mas sério? Eu vi as noticias e tinha tão pouca evidência, eles realmente não podiam se esforçar mais um pouco para encobrir a verdade? – Maddy rebateu, soando irritada. - Pra quê fizeram todo o escarcéu e te levaram para lá se no fim, na primeira coisinha que desse eles iam te chutar de volta? Eles te usaram, usaram descaradamente e-- - antes que Maddy virasse a casa de ponta cabeça, Loren enfiou uma colher de sorvete em sua boca para calá-la, observando em seguida a garota fazer uma careta e se encolher ao choque térmico. Annabelle soltou uma risadinha.
- Não foi bem assim...
- Por que você ta tentando defender eles? – Loren perguntou, arqueando as sobrancelhas. – Apesar do jeito exaltado, Maddy está certa. Eles praticamente te usaram e te jogaram fora. Foi melhor mesmo você voltar do que continuar com eles. Sinto muito, mas é a verdade. – ela deu ombros, pegando mais sorvete. Annabelle rodou a colher na mão, pensando. É verdade que eles poderiam ter tentado um pouco mais. Howl podia ter feito mais do que simplesmente deixa-la ir. Isso a machucava um pouco, mas sabia que havia feito algo errado, em parte.
- Belle? – Maddy pareceu receosa.
- Havia um contrato. – ela disse, suspirando. - Não é bem assim a situação que vocês falaram, porque existe um contrato. Não só um contrato de casamento, mas um contrato de sigilo, de silêncio. É claro que eles iriam me fazer assinar aquilo e, sendo que eu estava ajudando eles, não me importei de fazer. Li o contrato atentamente e concordei com tudo ali.
- O que tinha nesse contrato? – Loren indagou. Annabelle recostou-se na cama, tentando lembrar os termos especificados.
- Se os termos fossem quebrados por Howl, eles me enviariam de volta com uma indenização monetária e eu seguiria minha vida normal, com eles arranjando uma desculpa que não me prejudicaria. Caso fossem quebrados por terceiros, eu seria indenizada com 50% do valor total combinado, sem qualquer difamação ou danos morais, e poderia voltar. Bom, em todos os casos eu voltaria. – ela soltou uma risada pelo nariz. – Já que eles obviamente não faziam questão que eu ficasse lá. – completou amargamente.
- E se você quebrasse o contrato? – Maddy perguntou.
- Eles me mandariam de volta, só que sem nenhuma indenização e com uma história pra me acobertar. – deu ombros.
- Foi isso que fizeram? Mas não foi sua culpa! – Loren retrucou, indignada. – Foi culpa da pessoa que nos ouviu falando no pub! Você devia ter liberdade de falar sobre essas coisas, nós também sabíamos da verdade e tínhamos nosso contrato!
- Howl convenceu Bill a tratar como um caso de terceiros, e não culpa minha. – Ela disse, lembrando do que Howl fizera. Apesar de tudo, ela só queria que ele tivesse dado um jeito para que ela ficasse. No final das contas, ela não significara nada? – Eles me indenizariam com 50% do valor, como combinado, e lançariam o vídeo de eu dizendo que pedi o divórcio por não aguentar a bagunça da mídia e a fama de Howl, ainda mais de ter sido perseguida e tido fotos minhas tiradas dentro de minha própria casa. Eles ainda estão indo atrás da pessoa, que eu suponho ser aquela vizinha nojenta. – grunhiu. – Só porque a tratei mal ela me vem com essa. Idiota.
- Mas você ganhou o dinheiro então? – Maddy arregalou os olhos. – Quanto foi?
- Eu não aceitei. – Annabelle disse, ouvindo exclamações de espanto. – Apreciei o que Howl fez, tentando me tirar da culpa, mas eu não queria aquele dinheiro. Se eu aceitasse, seria exatamente como a história que a mídia achou que era verdade: eles haviam me comprado pra fazer aquilo. E eu não fiz aquilo porque fui comprada. Eu fiz aquilo porque achei que era certo, porque achei que podia amenizar os danos de uma pessoa sem nem pensar em mim mesma, e porque depois me apaixonei por Howl. Meus motivos passaram longe de dinheiro, e se eu aceitasse essa indenização, eu estaria voltando atrás nos meus princípios.
As três permaneceram em silêncio por um tempo, comendo em colheradas pequenas o sorvete.
- Mas eu achei que o Howl não ia te deixar ir... ainda não acredito que ele fez isso... depois de tudo... – Loren murmurou, baixinho.
Annabelle não respondeu, dessa vez não tendo nem ideia do que dizer contra aquilo, porque nem ela mesmo entendia por quê ele simplesmente a deixara ir, e pensar sobre aquilo doía mais do que ela admitira a ela mesma.
Talvez ela estivesse mesmo prestes a quebrar.
Annabelle podia ouvir seu celular vibrando na mesinha cabeceira. Apesar de estar deitada em sua cama entre Maddy e Loren, não havia conseguido dormir nem um pouco. As duas, que normalmente ofereciam proteção e a deixavam descansar, não pareciam mais ter esse efeito, infelizmente. Ela adoraria fechar os olhos e dormir um sono sem sonhos, mas estava ficando complicado.
Mesmo sendo cerca de cinco da manhã, o celular estava sendo bastante insistente. Com cuidado, afastou-se das amigas e o desconectou do carregador, atendendo antes de sair do quarto silenciosamente.
- Alô? – murmurou, descendo as escadas para ir para a sala, assim não atrapalharia ninguém.
- Belle? – a voz era preocupada. – Belle, onde você está?
- Rowena? – surpreendeu-se. Não imaginava que a ex-falsa-cunhada ligaria para ela, ainda mais em plenas cinco horas da manhã. – Há algo de errado?
- Sim, há algo de errado! – ela parecia ansiosa e Annabelle sentiu o estômago afundar. Haveria acontecido algo com Howl? Por que Rowena estava ligando para ela? – Acabei de voltar de uma viagem que fiz de moto pela Inglaterra, estava sem acesso nenhum a nada e ai descobri que deu o maior rolo com seu casamento! Você está bem? Onde você está, o bosta do meu irmão se enfiou num estúdio e não quer falar comigo...
- Rowena... – Annabelle sentou-se, um pouco chocada com o atraso da notícia. – Desculpe, eu acabei de acordar. São cinco da manhã aqui. Eu estou em casa.
- Em casa? Cinco da manhã? – a outra respondeu, do outro lado da linha, parecendo hiperativa. – Mas... ah! Ah não... você voltou? – de repente ela parecia despontada.
- Sim... achei que você ia ficar sabendo. – murmurou, encolhendo as pernas e abraçando-as. Estava frio na sala. – Não pude me despedir, desculpe.
- Mas o que diabos houve? – Rowena perguntou, aflita.
Annabelle então se pôs a repetir o que havia dito para suas amigas, parecendo um pouco mais à vontade agora que falava pela segunda vez. Talvez devesse ter dito para Rowena ligar em outra hora, porém, pois os gritos que ela dava do outro lado da linha no fim da história poderiam acordar a casa inteira.
- Eu não acredito que aquele desgraçado do Bill fez isso, nem foi tão importante assim, eles podiam muito bem cobrir aquilo... – ela falava sem parar, enquanto a outra escutava com calma e um sorriso fraco no rosto. – Você me aguarde Belle, se você acha que vou deixar meu irmão estúpido impune por deixar você ir dessa forma, ahhhhh você está bem enganada.
- Obrigada, Rowena. Você me ajudou bastante ai e eu nem pude dizer tchau. Se um dia vier fazer um passeio de moto por aqui, não deixe de me avisar. – Belle falou, mexendo na calça do pijama. – Mas acho que não tem o que fazer agora. Eu já voltei, e Howl me deixou ir. Ele fez o que pôde também, mas devo ter desapontado ele de alguma forma...
- Annabelle. – o tom de Rowena mudara, e inconscientemente a garota aprumou-se no sofá. – Por favor, imagine que estou segurando seu rosto com minhas duas mãos, esmagando-o, fazendo você olhar com muita atenção pra mim. Está imaginando?
- S-sim. – por algum motivo, era bem fácil para a americana imaginar aquilo.
- Ótimo. Agora me escute. - e então ela falou, pausadamente, como se estivesse ensinando o abecedário para uma criança: - Você-não-fez-nada-de-errado. Certo? Coloque isso na sua cabecinha. Você apenas conversou com suas amigas num pub, a culpa não é sua que alguém ouviu e jogou isso contra vocês. Você tinha uma pessoa que tirava fotos de você em casa e sabe-se lá o que mais fazia, e isso é muito mais sério. Eles deveriam estar protegendo você dessa pessoa, e não te mandando embora. Talvez te mandar embora foi o jeito deles de proteger você, você sabe como homens tem um tato zero pra algumas coisas. De qualquer forma, te mandar embora como se você fosse a culpada não é certo, porque não foi sua culpa. Estou desapontadíssima com meu irmão por estar te tratando assim. Francamente... – Rowena encerrou com uma bufada irritada. – Eu achei que ele tinha mudado tanto com você lá.
- Eu também... – Annabelle respondeu, murmurando tão baixo que não tinha certeza se a outra ouvira. Se ouviu, Rowena ignorou, porque sua próxima pergunta, repleta de preocupação, veio como:
- Você vai ficar bem?
E Annabelle percebeu que, de suas amigas, mãe e pai, Rowena fora a única que perguntara a coisa certa. "Você vai ficar bem?". No futuro. Porque ela sabia que agora Annabelle não estava bem. E não tinha certeza se ficaria. Ela talvez conseguisse remendar as rachaduras dentro de si com o tempo, mas talvez não. Talvez ela tropeçasse e quebrasse qualquer dia desses. Mas Annabelle não se deixaria quebrar. Ela tinha que ser forte.
Não seria usada e descartada como um objeto inútil. Não seria mandada embora tendo feito nada de errado. Não deixaria Howl simplesmente soltá-la, quando ele havia dito que ia segurar sua mão. E se ela não conseguiu fazer aquelas coisas, não se deixaria quebrar por conta delas também.
- Acho que vou. – decidiu responder. – Vou me esforçar pra ficar bem. – ouviu um suspiro do outro lado.
- Eu estou muito deprimida que Howl não foi atrás de você... Aquele idiota. Espero que ele apareça alguma hora aí. Como nos filmes, sabe?
Annabelle soltou uma risada rouca, vendo pela janela o horizonte começar a clarear.
- Acho que isso está meio longe de ser um filme, Rowena...
- Você acha? Eu ainda tenho esperanças. Está bem parecido, pra mim. – a britânica riu. – Eu só quero que você tenha um final feliz, Belle.
- Sabe, acho que a pior parte de ter voltado é ter perdido uma cunhada como você. – Annabelle brincou, fazendo Rowena rir ainda mais. – Talvez eu deva investir em você, e não no Howl.
- BELLE! – A outra gritou, rindo alto. A própria Annabelle teve que controlar uma risada. – Acho que você precisa dormir, olhe as coisas que está falando. Mas, bem, se meu irmão continuar te tratando como lixo, talvez eu considere a oferta. – Annabelle imaginou-a piscando no fim da frase e riu baixinho.
- Eu acho que agora ele não vai me tratar como lixo, nem como nada.
- Ah é? – Rowena cantarolou. – Pois eu acho que ele gosta de você sim. Meu irmão é um idiota pra certas – não, muitas – coisas e é por isso que ele talvez demore um pouco. Não estou falando pra esperar ele! – seu tom de repente era ameaçador. – Na verdade, seria incrível se você não o esperasse e, caso ele apareça, você pise de salto bem alto em cima dele, mostrando que não é assim que se faz com o coração de uma mulher.
- Não tenho certeza se eu teria confiança para tanto.
- Bem, então apenas mostre a ele que há certas formas para agir, porque ele está precisando aprender. Talvez eu o sequestre e o leve para o interior para ter umas aulas de bons modos. Francamente...
- Se você sequestra-lo, vai ser uma notícia e tanto. Assim talvez as pessoas parem de achar que tudo que eles fazem é por atenção. – Annabelle comentou. Começou a ouvir barulhos no andar de cima, então supôs que seus pais haviam acordado.
- Eu sei, é terrível né? A incapacidade de deixar a vida de uma pessoa em paz me fascina. Mas não se preocupe, pelo que percebi a poeira vai baixar logo. Vou fazer algo com aquele babaca da Match5 e ai a atenção vai pra eles e todo mundo esquece de você e do Howl.
- Tente não ir para a prisão, por favor. E não atrapalhe a vida da Compass~. Eu... não quero que nada de ruim aconteça com eles. – Annabelle disse. Rowena ficou um tempo em silêncio.
- Acho incrível como, depois de toda a bagunça que eles te meteram e ainda forçaram você a ajudar a limpar, você ainda não deseja nada de ruim pra eles. Você é incrível Belle.
- Incrivelmente idiota, talvez. – ponderou, fazendo mais uma vez a ex-cunhada rir.
- Ter um coração bom é algo incrível hoje em dia Belle. É por isso que estou tão preocupada com ele. Se o desgraçado do Howell quebrou um coração como o seu, ele que se prepare. Vou quebrar é as bolas dele a próxima vez que eu o encontrar.
Annabelle não deixou de rir dessa vez, sentindo-se mais leve agora que conversara com Rowena. Despediu-se da inglesa, prometendo que ficaria bem e aguardando notícias do "Intensivão de Bons Modos" que Rowena pretendia dar a ele.
Ao levantar-se do sofá, a janela já exibia um dia claro e sem nuvens. Ao conversar com a ex-cunhada, sentira-se muito melhor, mas agora que o telefone estava desligado e sua cidade começava a acordar, a solidão começava a abater-se sobre ela. Logo seria Natal e, neste Natal, ela teria Howl e a banda. Não conseguia deixar de pensar que as coisas estavam indo bem e ela gostaria de ter tido pelo menos mais um pouco de tempo com eles.
Era um pouco egoísta da parte dela e isso era o que mais a machucava, porque quando pensava no jeito que a mandaram embora, parecia que eles não faziam mais questão de ter tempo com ela. Talvez nunca tivessem feito.
Apesar de tudo, ela fora sincera com Rowena; não desejaria nada de ruim para eles. Eles eram especiais para ela de alguma forma, mesmo com todos os problemas. A culpa não era deles também por tudo que acontecera. Talvez eles não tivessem o poder para mantê-la ali. Howl ainda tentara mudar para que o contrato tivesse sido quebrado por terceiros, assim ela sairia ganhando alguma coisa naquilo.
Mas a coisa que ela mais queria ganhar ela não conseguira. Não conseguira mais momentos com ele, não conseguira seu café da manhã com Howl e manhãs com abraços e beijos de bom dia. Não conseguira ir a um show de verdade e sair mais com os outros membros, não conseguira apoiar Howl em seus futuros lançamentos e projetos. Não conseguiu ter a vida de esposa de Howl que fantasiara e secretamente desejara nas últimas semanas, quando tudo que pôde fazer estando em Londres fora apaixonar-se por ele.
Enxugou uma lágrima teimosa que havia escorrido por sua bochecha e respirou fundo, acalmando-se. Aquele seu coração rachado pelo menos ainda batia. Ela não sabia se batia por Howl ou pelo quê, mas estava ali, e ela seguiria em frente de seu jeito, remendando as feridas da forma que achasse melhor.
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Nota da autora: Um capítulo cheio de feels, não é mesmo? Aqui temos mais algumas explicações sobre tudo e... é.
Não sei nem o que dizer. Nem sentir. É o penúltimo capítulo de UNEV e eu mal estou acreditando que cheguei tão longe.
Espero que tenham gostado desse capítulo, e aguardem ansiosamente pelo próximo (último! /chorando). Para quem ainda não entrou no meu grupo do Facebook, ele é chamado "Histórias da Anne~" (http://facebook.com/groups/historiasdaanne) e eu estou postando várias coisas complementares à história lá, algumas imagens, edits, curiosidades, coisas assim! Se você ainda não está lá, que tal dar uma passadinha e ver como é? Também estou anunciando coisas da minha próxima história (O Que Ele Mais Amava – a introdução dela entra ainda essa semana no Wattpad!) caso vocês queiram ler mais alguma coisinha minha.
As outras histórias postadas estão no meu perfil sob o nome de Contos e Aquela Noite em Vegas, um especial em que os primeiros dois capítulos são reescritos no ponto de vista do Howl! Se ainda não deu uma olhada, recomendo ;)
O próximo capítulo já está pronto, então a att não vai demorar tanto, por isso aguentem firmes!
Obrigada por tudo até agora (vou deixar a n/a sentimental e gigante para o último, prometo) e até breve ♥
Anne~
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