- Por... por... Por que fez isso? - Pergunto de olhos arregalados.

Tapo minha boca com a mão, enquanto espero por uma resposta do Andrew.

- Me desculpe. - Ele se levanta da cama rapidamente. - Agi por impulso.

- Eu... Eu... você...

Não consigo formar uma frase sequer, de tanto que estou chocada com o que acabou de acontecer.

- Finja que isso nunca aconteceu Joane. - Andrew fala. - Prometo que nunca mais vai acontecer.

- Por que não?

Belisco a minha própria perna quando me dou conta do que acabei de fazer, e escondo meu rosto entre as mãos.

- Por acaso quer que eu te beije novamente? - Andrew questiona.

- Não. - Balanço a cabeça em negação freneticamente.

- Tem certeza Joane? Parecia tão decepcionada quando eu disse que...

- Imaginação do senhor. - O corto.

Como eu fui tão idiota e abri minha boca? Eu realmente me senti decepcionada quando Andrew disse que não me beijaria novamente, mas é óbvio que ele não precisava saber disso.

- Mais uma vez peço desculpa pela minha atitude impensada. - Ele pede.

- Está desculpado senhor. - Forço um sorriso.

- Bem... Eu vou deixar você descascar em paz. - Andrew fala.

Apenas aceno com a cabeça, porque nesse momento eu quero que ele saia do quarto o mais depressa possível.

- Se precisar de alguma coisa ou começar a sentir dores novamente é só me chamar.

- Obrigada senhor. - Agradeço.

Eu não chamaria por ele nem que estivesse morrendo, porque estou tão sem graça que quero sumir para sempre.

- Bom descanso Joane. - Ele diz saindo do quarto.

- Obrigada. - Agradeço novamente.

Andrew fecha à porta do quarto assim que sai dele, e eu me jogo na cama e começo a me debater.

- Você é idiota Joane? - Pergunto para mim mesma.

Andrew pareceu um pouco mudado quando entrou no quarto, e até mesmo conversou comigo sem gritar ou dar ordens.

Tivemos uma boa conversa sem discussões, mas infelizmente ele acabou me beijando de repente, o que me pegou de surpresa e me deixou sem reação alguma.

Provavelmente Andrew vai começar a pensar novamente que sou uma interesseira, mesmo que eu não tenha retribuído o beijo.

Eu sei que ele não vai confiar em mim tão fácilmente, mas Andrew tinha começado a se abrir comigo mesmo que tenha sido apenas um pouco.

Agora tenho quase certeza que o Andrew rude voltará novamente, ou ficará até pior do que era antes.

Ele sempre deixou claro que me odiava, mas por quê me beijou de repente? Andrew está tentando me testar? Ou quer me deixar louca até desistir do emprego?

Andrew me tratou com simpatia e depois me beijou, mas eu não sei se confio nele. Pode ser apenas um jogo seu para poder ter um pretesto para me demitir.

Talvez ele esteja preocupado depois de eu desmaiar mais uma vez em seus braços, porque afinal de contas ele tem um bom coração.

Eu realmente não sei no que acreditar, pois não sei o que se passa em sua mente. Apesar de tudo eu desejo que ele esteja percebendo o quanto é desagradável suas ações e comece a mudar.

Andrew precisa dar uma chance a si mesmo de fazer boas escolhas na vida, mas ele precisa desejar isso, e não outras pessoas.

Quando ele perceber que ser bom não é tão ruim quanto pensa, ele se arrependerá das maldades que fez até hoje.

Ele já me humilhou de várias formas diferentes, mas eu decidi ignorar não porque sou idiota, mas porque eu não quero me tornar uma pessoa amargurada igual a ele.

Não quero passar toda minha vida odiando todos a minha volta, como se minha vida dependesse disso. Prefiro ser a idiota e trouxa de bom coração, do que uma mulher amarga e ser amor.

Eu não posso dizer que eu gosto do Andrew, mas também não posso dizer que o odeio. Eu sinto pena dele, sinto que ele merece ser feliz mesmo achando que não.

Eu ainda quero vê-lo sorrindo de felicidade, quero ver Andrew sendo gentil e amigável com outras pessoas, da mesma forma que ele foi comigo.

Eu não sei porque eu desejo isso, mas eu desejo. A sua vida pessoal não é da minha conta, e eu não deveria me importar com ele, mas eu me importo, e assumir isso para mim mesmo é meio assustador.

Me lembrar da forma que ele me olhou depois de me beijar faz meu coração palpitar mesmo que eu não queira, só que infelizmente ninguém manda no próprio coração.

Assumo que uma parte de mim queria beijá-lo também, mas fiquei tão chocada com o que ele fez que acabei virando uma estátua humana.

Se Andrew permacesse tão próximo de mim por mais alguns segundos, tenho certeza que teria retribuído o beijo, mas por sorte ele se afastou antes que eu fizesse alguma burrada.

Não posso me apaixonar por um homem tão bipolar e volúvel. Seria muita idiotice minha me iludir achando que um homem como ele se interessaria por mim.

Tenho que ter em mente que vivemos em mundos opostos, mas eu acabo me esquecendo disso dia após dia.

Eu seria burra demais se me apaixonar logo por um homem que me maltrata. Quem em sã consciência faria isso?

Se Andrew me tratasse com gentileza, e fosse amigável desde o começo até que seria aceitável meu coração balancear por ele, mas esse não é o caso.

Ele é ignorante, rude, mandão, idiota e arrogante, e mesmo assim eu sinto que estou deixando a minha guarda baixar logo pelo tipo de homem que odeio e abomino.

Em alguns momentos eu me pego pensando nele, e até fico sorrindo como uma imbecil, e ele ter me tratado tão bem e até mesmo me beijado não me ajuda em nada.

Seria melhor se Andrew continuasse me tratando cada vez pior, talvez assim eu começasse o odiar de verdade, e então pararia de me iludir cada vez mais.

- Não seja estúpida Joane. - Digo a mim mesma. - Andrew só te beijou por curiosidade, então não venha achando que é outra coisa me ouviu bem? Você é uma mera empregada, nada mais.

Mesmo que esteja dizendo a mim mesma que não estou me deixando ser abalada emocionalmente por meu chefe idiota, eu sei que estou apenas me iludindo, porque eu sei que já estou perdida.

🌻

- Chegamos. - Zach fala.

Tiro o cinto de segurança e saio do carro, e logo em seguida fecho à porta.

Amber faz o mesmo, e então se aproxima de mim enquanto esperamos por Zach.

Depois de muito me ameaçar, ela conseguiu me convencer a sair com os dois. Sinto que estou atrapalhando o encontro deles, por isso não sei o que se passa na mente dessa tonta por querer me trazer junto.

Por sorte ou azar, Charles e Gabriel ficaram com Julie, mas na verdade eu estava torcendo para que estivessem ocupados para eu ter uma desculpa para não vir messe jantar.

- Vamos? - Zack aponta em direção ao restaurante.

Zack começa a caminhar na frente, e eu e Amber o seguimos de perto.

- Não é melhor eu ir embora? - Pergunto baixinho.

- Não começa Joane. - Amber bufa frustrado.

Assim que adentramos o restaurante, somos bem recebidos por um homem vestido com um terno preto, que nos leva até uma mesa mais distante das outras.

Zack puxa uma cadeira para Amber, e logo em seguida faz o mesmo para mim.

- Obrigada. - Agradeço ao me sentar.

Zack e Amber se encaram, e então começavam a olhar em volta como se procurassem por alguém.

- O que estão tramando? - Pergunto.

- Nada. - Os dois falam em uníssono.

- Se não me falar agora mesmo eu vou embora. - Ameaço.

- Talvez Zack tenha convidado um amigo para jantar convosco essa noite. - Amber assume. - Mas é só talvez.

- Não acredito que fez isso. - Suspiro alto.

Eu deveria ter adivinhado que Amber faria alguma coisa, pois ela insistiu muito que eu viesse com ela e Zack.

- Vai ser legal Joane. - Zack fala. - Tenho certeza que vai gostar da surpresa.

- Eu vou embora. - Falo.

Pego minha bolsa que havia colocado ao meu lado no chão, e então me levanto rapidamente.

- Me desculpem pelo atraso. - Ouço uma voz conhecida atrás de mim.