Capítulo 17

- Ficamos sabendo que você conheceu a megera. - Gabriel fala.

- Infelizmente tive essa má sorte de me deparar com ela.

- Destilou seu veneno em você? - Charles questiona.

- Com certeza, mas eu não aceitei suas ofensas de boca fechada.

- Que orgulho da minha garota. - Gabriel bate palmas.

- Deveriam falar menos, ou acabarão  sendo pegos por Antony ou Andrew. - Clara nos repreende.

Ela tem razão, mas quando acontece alguma coisa precisamos dividir com os outros, mesmo que estejamos correndo riscos por sermos tão fofoqueiros.

- Até mesmo Antony sabe como Helena é uma mulher horrível. - Charles fala.

- Claro que sim, como eu também sei, mas é melhor manter nossa boca fechada. - Clara fala. - Ela é uma mulher horrível sim, mas ainda assim é a mãe do nosso chefe.

- Falamos mal até do nosso chefe pelas costas, acha que não falaremos da mãe dele? - Pergunto para Clara rindo.

- Andrew não é tão ruim assim. - Clara o defende.

- Tem certeza que estamos falando da mesma pessoa? - Questiono.

- Vocês são impossíveis. - Ela balança a cabeça em negação.

Clara tem razão ao falar para nós termos cuidado, mas tem momentos que precisamos desabafar um com o outro, ou acabaremos loucos pela pressão que é trabalhar para Andrew.

- Como você é mais próxima do chefe, e óbvio que vai defendê-lo. - Gabriel diz.

- Se ele desse liberdade para vocês o conhecerem melhor, saberiam que tenho razão. - Clara sorri fraco.

- Gabriel e eu trabalhamos para ele mais de um ano, e se até hoje Andrew mal olhou no nosso rosto, é bem improvável que isso vá acontecer de repente. - Charles fala.

Andrew continua ignorando Gabriel e Charles, mas comigo o caso é bem diferente. Nesses momentos eu gostaria de ser invisível como os dois, então eu estaria livre das grosserias dele.

- Eu torço para que ele mude algum dia, e então o antigo Andrew volte novamente. - Clara fala esperançosa.

- Antigo Andrew? - Questiono com curiosidade.

- Sim. - Ela confirma com a cabeça. - O homem gentil e amável, o homem que sorria e gostava de fazer as pessoas a sua volta sorrir apesar da sua vida difícil.

- Andrew foi gentil em algum momento da sua vida? - Pergunto incrédula.

- Se tivesse tido a chance de o conhecer no passado, teria visto como ele era um homem de bom coração.

Como eu sempre desconfiei, alguém deve ter o magoado muito para Andrew se tornar um homem amargurado.

Tenho certeza que deve ter outra pessoa além de sua mãe que o feriu, e acabou o fazendo se tornar um homem cruel.

- O que o fez mudar sua atitude? - Gabriel pergunta.

- Se algum dia descobrirem será por Andrew. - Clara fala. - Eu não tenho o direito de falar sobre sua vida particular.

- Entendo. - Gabriel sorri fraco. - Só fiquei curioso.

Quando Gabriel fez a pergunta eu sabia que ela não iria contar nada, porque Clara é uma pessoa bem discreta, e que não gosta de se envolver na vida das pessoas.

Enquanto falava sobre o antigo Andrew, ela disse apenas algumas coisas superficiais, e não deu nenhuma informação a mais.

Apesar de tudo eu gostaria que ela tivesse contado alguma coisa, pois agora estou ainda mais curiosa para saber o que aconteceu com Andrew.

Não faço ideia do que aconteceu, que acabou o deixando tão insensível, mas de uma coisa tenho certeza. Mesmo que algo desagradável tenha acontecido com ele, não é motivo para se tornar um homem que desconta suas frustações em outras pessoas. 

Andrew poderia apenas ter seguido sua vida mesmo que tenha sido difícil, mas ele optou por ser alguém amargurado e cheio de mágoas e rancor.

Que culpas as pessoas que o cercam tem por algo ruim ter acontecido com ele? Só por quê ele está infeliz quer que todos a sua volta se sinta da mesma forma?

- Tenho certeza que ela vai mudar muito em breve. - Clara me olha de uma forma estranha.

- Por que está me encarando? - Pergunto.

- Não é nada. - Ela sorri de canto.

- Você está tramando alguma coisa. - Semicerro os olhos.

- Por que acha isso? - Ela retruca.

- A forma como estava me olhando enquanto falava sobre a mudança de Andrew, me deixou...

- É exatamente o que está pensando. - Clara me interrompe de continuar a falar.

Clara só pode estar louca ao pensar que logo eu seria capaz de mudar Andrew. Ele me odeia, como também jamais me veria como uma amiga ou confidente.

- Estamos falando sobre eu, a mulher que ele despreza. - Aponto para mim mesma.

- Ele te despreza agora, mas acha que isso vai durar por muito tempo? - Clara questiona. - Você é uma moça incrível, com um coração bondoso e amável. É só questão de tempo até Andrew assumir para si mesmo que você não é a pessoa ruim que ele pensou ser, e quando perceber que nem toda mulher é uma megera interesseira ele mudará.

- Está colocando suas esperanças na pessoa errada Clara. - Falo.

- Eu não acho. - Ela nega com a cabeça.

Clara e Antony são muito próximos, e estou começando a achar que os dois planejaram alguma coisa em segredo.

Por que Antony me contratou contra as regras? E por quê Clara está pensando que serei eu a pessoa que fará Andrew mudar? Eles estariam planejando isso desde o começo? Mas se sim, por quê eu?

Sou apenas uma mulher simples que trabalha para viver. Não tem nada de interessante em mim que faria Andrew desejar mudar, mas não sei porque Clara tem tanta certeza que sim.

- Se com seu jeito extrovertido e verdadeiramente amigável e amável não for capaz de domar a fera, ninguém mais será. - Charles fala.

- Por que Ane tem que mudar ele? - Gabriel pergunta. - Andrew é um homem adulto e sabe o que faz de errado, não é obrigação da Joane mudá-lo.

- Pensando por esse lado você tem razão. - Clara fala pensativa.

Gabriel tem razão ao pensar dessa forma. Eu estou aqui para trabalhar e não fazer meu chefe ser uma pessoa melhor, mas tenho que assumir que uma parte de mim deseja ver o Andrew que Clara mencionou há pouco.

Estou curiosa para saber como é o Andrew amável e gentil, mas eu sei que isso é algo impossível para mim, como para qualquer outra pessoa.

Se Andrew decidir mudar algum dia será porque ele quer, e não porque alguém o incentivou. Ele é arrogante demais para aceitar conselhos de alguém, e acha que o único que está sempre certo é ele mesmo, e não muda de opinião mesmo que perceba que está errado.

- Mudando de assunto... - Gabriel fala. - Você não iria sair para jantar com sua amiga hoje?

- Não tenho com quem deixar Julie. - Falo.

Bem que eu gostaria de sair um pouco para me divertir, e deixar os problemas de lado por algumas horas.

- Se quiser eu e Gabriel podemos cuidar dela. - Charles fala.

- Obrigada, mas eu não quero incomodá-los.

- Não seja boba, não será incômodo algum. - Gabriel sorri largo.

- Tem certeza? - Pergunto.

- Mas é claro. - Charles fala.

Gabriel e Charles moram em uma das casas que é mais próxima a minha, e apesar de Julie já ter os visitado antes eu nunca tive tempo sobrando.

Ela gosta muito dos dois, e quer ir visitá-los praticamente todo dia, mas acabo não deixando para não incomodá-los.

- Tem certeza disso? - Pergunto novamente. - Julie não vai atrapalhá-los?

- De maneira alguma. - Gabriel balança as mãos. - Nos divertimos muito quando Julie nos visita.

- Tudo bem então, mas se mudarem de ideia e só me dizer, ok?

- Não vamos mudar de ideia. - Charles revira os olhos.

- Tudo bem então. - Sorrio abertamente.

Apesar dos problemas que estou enfrentando no momento, ainda assim tive a chance de conhecer pessoas boas.

Gabriel, Charles e Clara foram uma boa supresa na minha vida, e eu me sinto muito feliz com nossa amizade.

É um pouco estranho o fato de eu me sentir tão confortável ao lado de pessoas que tem praticamente o dobro da minha idade, mas isso não atrapalhou em nada nossa aproximação apesar de tudo.

Ainda não sou tão próxima ao Antony, mas eu sei que é só questão de tempo até eu conquistar aquele carrancudo de bom coração.

Agora Andrew acho quase impossível nos darmos bem ou sermos amigos, mas ainda tenho um pouco de esperanças.

- Vá se divertir, e arrume um namorado. - Gabriel sorri com malícia.

- Você tem razão, eu deveria arrumar um namorado. - Brinco.

- Vai precisar da nossa aprovação. - Charles aponta o dedo para mim.

- Não dê ouvidos a esses dois. - Clara fala.

Todos começam a falar ao mesmo tempo, mas depois de alguns segundos se calam quando alguém pigarreia atrás de nós, e então damos de cara com Andrew nos observando em silêncio, e sua feição demonstra irritação como sempre.

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