32. Happy Birthday, Liv!

Enfim chegara o dia do jantar e Evan estava uma pilha de nervos.

Eram seis e meia da tarde e ele estava jogado em seu sofá, pensado no que diria e como agiria diante do pai e da mãe juntos novamente.

Tomou banho, vestiu uma camisa azul escura e calças pretas, pegou a chave do carro, respirou fundo e seguiu até sua antiga casa.

Assim que chegou, não viu ninguém por perto, apenas música no quarto, que supôs ser sua irmã e barulho de chuveiro, que deveria ser a mãe.

Sem recepção, decidiu ir direto até a cozinha para começar os preparativos do jantar.

Havia decidido fazer um risoto de camarão e como sabia que Emily detestava o prato, optou por fazer também carne com batatas assadas.

Distraiu-se com seus afazeres e depois de algum tempo, pode notar que as duas estavam pondo a mesa de jantar e conversando entusiasmadas. Preferiu ficar de fora, apenas ouvindo as borbulhas de suas panelas.

O jantar estava quase pronto quando ouviu a voz de seu pai invadir a casa, seguida por uma voz doce que tanto bem lhe fazia ouvir. Era Emily.

Ela adentrou a cozinha sorridente e aquilo fez o coração de Evan acalmar-se quase instantaneamente.

- O cheiro está ótimo, meu amor - Emily elogiou - Pena que é camarão.

Evan riu do semblante decepcionado que surgiu no rosto da menina - Que tipo de namorado eu seria se não soubesse os gostos da minha amada? - ele zombou, abrindo a porta do forno para mostrar-lhe o outro prato - Fiz algo especial para você.

- Hum, posso me acostumar com todo esse paparico - ela deu-lhe um beijo, abraçando-o - Estou feliz de estar aqui.

- Por falar nisso, o que você disse a seus pais para poder vir? - Evan deu-se conta de que Emily não poderia estar no mesmo local que ele, muito menos aquela hora - Não vai arranjar problemas por isso, vai?

Ela sorriu para ele e sussurrou em seu ouvido - Eu menti!

Evan a abraçou novamente - Seus pais tem razão, eu sou uma péssima influência para você.

- Pois eu acho o contrário! - ela ergueu as sobrancelhas discordando do comentário do garoto - Acho que eu que tenho te feito sair dos trilhos.

Ele apenas riu.

- Vem, vamos servir esse jantar, acho que minha mãe e Olivia já puseram a mesa - ele passava o risoto para uma travessa de vidro - Me ajuda a levar?

- Claro!

Os dois serviram os pratos e sentaram-se lado a lado.

Durante o jantar, ocorrera tudo bem. Vez ou outra, Evan segurava a mão de Emily, como um pedido de agradecimento por ela estar ao seu lado naquele momento.

Paul e Annabel, conversavam tranquilamente, pareciam ter se perdoado verdadeiramente e Evan, apesar de ainda estar cauteloso com o que falava, estava interagindo bem e a presença de Emily lhe deixava mais seguro e tranqüilo.

- Bem, vamos ao que interessa - Olivia interrompeu a todos - Cadê meus presentes?

Todos riram.

Emily alcançou-lhe uma caixinha pequena - Esse é meu, espero que goste!

Olivia gritou quando viu no interior da caixa, uma medalha de meio coração e no pescoço Emily lhe mostrava a sua metade - É o melhor presente que você podia me dar, melhor amiga e cunhada.

As duas se abraçaram e Evan sorriu com o carinho mútuo que existia entre suas meninas.

- Meu presente você já deve saber o que é - Evan levantou-se e pegou de sobre o sofá, uma caixa enorme, embrulhada com um belo papel vermelho e um laço de fita branco - Já que passou as duas últimas semanas me dando indiretas.

Olivia abriu o pacote e fazendo cara de surpresa, exclamou - Uau! Como você adivinhou que eu queria esse? - a menina segurava um belo par de sapatos vernizados e vermelhos.

- Será que foi porque você falava dele toda vez que passávamos em frente aquela loja? - Emily ironizou, fazendo com que todos caíssem na gargalhada.

Annabel correu até seu quarto, voltando com um pacote enorme, todo colorido e um pequeno envelope em mãos - Bom filha, o pacote grande combina com o pequeno.

Olivia abriu o embrulho maior e encontrou uma pelúcia gigante do Mickey Mouse e no pequeno envelope, ingressos para o Disneyland Park.

A menina deu um grito gutural - Eu vou para a Disney!

Abraçou a mãe, eufórica.

- Não é sempre que se faz 16 anos - disse-lhe a mãe, carinhosamente - E nós estamos precisando de um tempo juntas.

- Obrigada, mãe! Faz muito tempo que não passeamos por lá. Era meu lugar favorito nas férias, quando criança, lembram?

- Quem me dera ir para Disney porque fiz 16 - Emily não notara o quão invejosa soaram suas palavras e completou - Minha vó me deu um par de meias de lã.

Todos riram e ela sem jeito se desculpou pelo comentário - É que meus pais sempre trabalharam demais e nunca tiramos férias em família. Sempre tive que passar o verão com minha avó.

- Esse é o problema de fazer aniversário durante as férias - Olivia zombou - No próximo fique por aqui e daremos uma festa.

Paul pigarreou para chamar a atenção de todos para si.

- Bem, está na hora do meu presente! - o pai esticou a mão e balançou no ar uma chave - Está lá fora!

- Vai me dar um carro, pai?

- É o que mais se espera quando completa 16. Não é mesmo? - o pai sorriu, recebendo o abraço carinhoso da jovem - Vá lá ver!

A menina correu até o lado de fora, seguida pelos outros. Estacionado em frente a casa, estava um volvo xc60 branco, envolto por um enorme laço vermelho.

Os olhos de Olivia brilhavam diante do presente - Assim que receber minha carta, quero que me ensine a dirigir essa beleza, pai!

- Deus nos proteja, porque essa cidade está prestes a virar um Grand Theft Auto* real - Evan zombou, fazendo Olivia torcer o nariz, enquanto regressavam para o interior da casa.

- Olivia, tem mais uma coisa, conversei com Evan hoje cedo e se sua mãe concordar, vocês já tem uma casa e podem começar a reforma na segunda.

- Esse é o melhor aniversário da minha vida - exclamou a menina saltitando.

Annabel o fitou com um olhar fulminante - Como assim? Eles são duas crianças, não podem cuidar um do outro, Paul!

- Evan já é um homem - Paul olhou orgulhoso para o filho - Pode muito bem cuidar de si e da irmã.

Evan intrometeu-se na conversa dos pais - Ela ficará bem, mãe!

- Não gosto nada disso - a mulher suspirou profundamente, percebendo que sua discordância não mudaria a decisão que já haviam tomado sem consultá-la - Mas como sei que três cabeças duras vão sempre ter razão, só posso concordar.

Olivia a abraçou calorosamente - Virei vê-la toda a semana, mãe!

- Bem, eu preciso ir - Emily olhou para o relógio, interrompendo o diálogo em família.

- Desculpa sair assim, mas se meus pais descobrem que estou jantando com Evan, vou arranjar um belo problema.

- Querida, vocês precisam conversar com seus pais - Paul tentou argumentar, enquanto ia ao seu encontro para se despedir da garota, dando-lhe um beijo no topo da cabeça - Eles vão perceber que vocês se amam.

Emily ficou feliz com o gesto carinhoso do homem, muito semelhante ao filho.

- A situação é um pouco mais complicada do que isso, Paul - Evan falou, aproximando-se afim de levar Emily até a porta - Eles me acham agressivo, muito por culpa sua.

O pai baixou o olhar, sentindo-se culpado por seu passado - Sinto muito! - pediu desculpas, olhando diretamente para Emily.

- Não se culpe, senhor! - Emily tentou amenizar o clima pesado, enquanto Evan mantinha sua carranca - Meus pais são muito cabeças dura.

Annabel sorriu - Igualzinho esses três aqui!

Todos a olharam fazendo careta, para depois rirem alto da situação.

- Em, será que pode vir comigo um instante, antes de ir? - Evan pediu.

- Claro! - assentiu a moça.

Evan então conduziu a garota até seu antigo quarto que parecia o mesmo de sempre. Todas as suas coisas continuavam intactas em seus respectivos lugares. Ele foi então até sua mesa de cabeceira, pegando de dentro de sua gaveta, uma caixinha preta.

- Você falou com um tom de decepção sobre seu aniversário, que só então lembrei que te comprei um presente.

Emily olhou para ele como se algo não encaixasse bem - Porque comprou um presente se achava que não iríamos mais nos ver? Você iria embora antes mesmo de eu voltar pra essa cidade, Evan.

- Pegue! - ele esticou sua mão para que ela pudesse pegar a caixinha - Abra e você entenderá!

Emily não podia se conter de tanta curiosidade, então fez o que ele dissera.

Assim que abriu a caixa, viu dentro dela algo que fez seus olhos se encherem de lágrima.

Evan, isso é lindo! - ela segurava em sua mão um colar com pingente arredondado, gravado sobre ele o desenho de uma tulipa.

- Quando vi esse colar, tive que compra-lo, mesmo que nunca pudesse dá-lo a você, o significado dele era especial para mim.

Emily sorriu, ainda em prantos com tanto amor que ele lhe presenteava.

- Põe em mim? - pediu-lhe.

Ele a atendeu prontamente - Ficou lindo!

- Nunca mais vou tirar - ela analisava a medalhinha, junto ao colar de meio coração que já usava e seus olhos brilharam.

O semblante iluminado de Evan exalava amor - Um dia, vamos viajar juntos para Amsterdam e visitaremos o Keukenhof, o maior parque de flores, com o maior campo de tulipas de toda a Holanda.

- Jura que me leva? - Emily era pura animação.

Ele assentiu, beijando-lhe a testa carinhosamente.

- Agora preciso mesmo ir.

Evan então a acompanhou até a porta e despediu-se da menina com um beijo carinhoso - Obrigado pela companhia!

- Você faz meus dias melhores! - ela o abraçou e saiu pela porta - Obrigada pelo presente!

Evan voltou para a sala de jantar, feliz por ter podido ficar um pouco com sua amada.

- Bom, agora eu também preciso ir - disse Paul, levantando-se do sofá, abraçando Olivia e lhe entregando a chave que ainda segurava em sua mão - Feliz aniversário, minha princesa!

- Obrigada, pai - ela deu-lhe um beijo no rosto, pegando a chave como se fosse um troféu - Na segunda Evan e eu começamos a decorar nosso canto, já tenho várias idéias.

Evan revirou os olhos - Estou vendo que terei que morar na casa da Barbie.

- Cale a boca - ela repreendeu-o - Decorei seu apartamento e ficou lindo.

- Não briguem, crianças - Annabel acabou com a discussão dos dois.

- Bom, até mais Anna! - mãe e pai se despediram de forma cordial.
Despediu-se também dos filhos e deixou a casa.

Olivia foi para seu quarto, empolgada com seus presentes e ansiosa pela segunda.

O filho mais velho rondava a mãe, e ela percebeu que algo o afligia.

- Mãe, vou aproveitar que estamos a sós, preciso lhe fazer um pedido - Evan sentou-se ao sofá, seguido por Annabel.

- Diga, querido! - a mulher o incentivou - Pode me dizer qualquer coisa.

Mesmo assim Evan suspirou apreensivo - Preciso que se por eventualidade a mãe de Emily lhe perguntar algo sobre Olivia, você diga que ela está morando com Paul.

Annabel franziu o cenho - Evan, não gosto de mentiras, você sabe - a mãe parecia desconfortável com a situação.

- Nesse caso, concordo com seu pai. Acho que o melhor a se fazer é contar a verdade aos pais de Emily e enfrentar as consequências.

- E correr o risco de eles a mandarem para longe? - Evan discordou - Mãe, não posso viver sem ela. Sei que deve parecer um capricho meu, por ela ser mais nova, mas eu a amo demais.

Evan levantou-se, indo em direção a porta, nitidamente atordoado - Não precisa mentir se é tão difícil pra você, vou dar o meu jeito.

Annabel foi até o filho, abraçando-o tentando tranquilizá-lo - Calma! Quando olha para ela, seus olhos brilham, sei que você realmente a ama, mas não vá fazer nenhuma loucura. Farei o que você está me pedindo - a mãe concordou - Eu só espero que isso não termine mal para você e nem para Emily.

Evan sorriu para a mãe, com os olhos lacrimejantes - Não posso perdê-la, mãe!

Annabel estava nitidamente emocionada, vendo o quão verdadeiro era o sentimento que o filho nutria por aquela garota - Eu sei, amor!

Assim que conseguiu se recompor, Evan secou as lágrimas, foi até o quarto despedir-se da irmã e voltou para seu apartamento, afim de tomar um banho quente e relaxar um pouco.

Lembrou então, que ainda não havia dado uma resposta ao pai, sobre o emprego e não havia pensado em como seria sua vida dali para frente.

Começou a entrar em pânico, mas assim que pegou seu aparelho celular e leu uma nova mensagem, viu que a resposta que precisava estava ali, escrita em poucas palavras.

"Meus dias são melhores desde que te conheci. Não importa como, mas vamos ficar juntos sempre!"

Era tudo que precisava para decidir o que fazer, que rumo deveria dar a sua vida. Mesmo que tivesse que passar por cima de seu orgulho, mesmo que tivesse que conviver diariamente com seu pai, era seu sonho que finalmente estava se tornando realidade.

Precisava aceitar o emprego.

Ligou para Paul, antes que seu amor-próprio o fizesse desistir.

A felicidade do pai com aquela notícia era tamanha, que mesmo por telefone, Evan pode notar a euforia do homem sempre tão centrado.

A noite trouxe um ar frio. Evan sentia uma falta grande de Emily, embora a tivesse visto poucas horas atrás.

Decidiu ligar. Ouvir a voz dela sempre fazia com que seu coração se aquietasse.

O telefone chamou algumas vezes e então Evan ouviu uma voz extremamente baixa pronunciar seu nome e percebeu que Emily não estava sozinha.

- Você não está podendo falar, não é? - ele questionou - Quer que eu desligue?

Fez-se silêncio por um instante, quando a menina finalmente se fez ouvir - Tudo bem, agora já podemos conversar - ela agora falava em bom tom - Minha mãe estava aqui, mas acabou de descer para preparar o jantar.

Evan sentiu-se aliviado por não tê-la metido em confusão - Eu liguei porquê precisava ouvir sua voz e contar que aceitei o emprego de meu pai.

- Aí, meu Deus! - a menina exclamou eufórica - Evan, fico tão feliz com isso, você nem imagina.

Ele sorriu ao telefone, como se Emily pudesse ver o orgulho que sentia de si mesmo - Graças a você, minha menina, você é quem faz aflorar meu melhor eu.

Desligaram seus celulares, na promessa de que iriam dormir e ter uma boa noite de sono, mas o entusiasmo de Evan era tamanho, que ele demorou muito para adormecer.

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