Evan estava com o coração em pedaços, desde que Emily viajara e decidira dar um novo rumo a sua vida. Iria embora de Miami, arrumaria um novo emprego, novos amigos, até, quem sabe, um novo amor, um bem menos complicado.

Mas depois de uma semana e meia inventando desculpas e adiando sua ida, não sabia mais o que fazer. Olivia lhe contava coisas sobre Emily sempre que tinha a oportunidade, só para deixa-lo irritado.

Faltavam apenas algumas semana para as férias acabarem e ele tinha que decidir. Ir embora e deixar tudo para trás, ou ficar, enfrentar os obstáculos e arcar com os problemas que isso lhe acarretaria.

Pela manhã, Evan acordou com as batidas incessantes de Olivia em sua porta. Levantou-se meio sonolento, vestiu um roupão e abriu a porta para a irmã, que entrou como um raio, falando sem parar, o deixando tonto e confuso.

- Que bom que está acordado, preciso muito falar com você - Olivia trazia em suas mãos uma porção de sacolas e soltou-as todas sobre o sofá - Emily ficou maluca!

- Bom dia pra você também, irmãzinha - Evan ironizou - O que aconteceu desta vez?

Olivia jogou seu corpo sobre as sacolas no sofá e suspirou - Ela vai a uma festa hoje, num lugar chamado The Road. Só gente drogada, bêbada e bem mais velhas do que a gente frequenta aquele lugar.

Evan fez cara de despreocupado, deu de ombros e começou a preparar um café - Não entendi o motivo do alarde, ela não vai nem poder entrar.

- Aí que você se engana - Olivia foi até o irmão - Uma garota da nossa sala vai dar um jeito de elas entrarem.

O semblante de Evan mudou rapidamente, mas tentou disfarçar - E onde diz que sou responsável por ela? - ele serviu-se de uma xícara de café e bebeu um gole - Deveria falar com os pais dela. Não acha?

- Não posso fazer isso, ela me odiaria pra sempre - Olivia pegou uma xícara e também serviu-se de café - E a culpa disso é toda sua!

Ele a encarou com o olhar furioso - E como isso virou culpa minha?

- Qual é, Evan - Olivia parecia irritada - Desde o hospital você está ignorando a garota, não foi embora, mas nem ligou pra saber como ela está.

- Olivia, não posso ficar com a Emily, os pais dela acham que a culpa do que aconteceu com ela é minha - Evan cerrou os punhos - E eu voltar agora pra vida dela só pioraria tudo.

Olivia largou sua xícara sobre o balcão - Poderia pelo menos demonstrar que se importa.

A garota deu as costas, juntando suas sacolas e batendo a porta com força atrás de si, deixando Evan com seus pensamentos, culpas e frustrações.

Passara o dia todo com a cabeça longe, cheio de dúvidas. Não sabia o que fazer, falar com Emily daria esperanças a ela e isso era algo que ele não podia fazer, iria bagunçar tudo outra vez e os pais dela jamais aceitariam um namoro entre eles de boa vontade.

A noite Evan pediu uma pizza e resolveu ver um filme. Emily e o que ela fazia não eram mais seu problema.

Pegou no sono depois de beber algumas cervejas, mas foi acordado por seu telefone a tocar.

- O que você quer de novo, Olivia?

O barulho do outro lado da linha era que ensurdecedor - Evan, estou com Emily na The Road - Olivia gritava para conseguir ser ouvida - Preciso que venha nos buscar.

Evan levantou-se da cama em um pulo - Você está maluca? A mamãe sabe que você está aí?

O barulho havia diminuído um pouco e a linha já se encontrava mais limpa - Claro que não, vim para não deixá-la sozinha, mas ela bebeu demais, está dançando com uns caras estranhos e eu não consigo fazer ela sair comigo.

Evan vestiu-se rapidamente, pegou as chaves do carro sobre o móvel e saiu pela porta antes mesmo de desligar o celular - Estou indo!

A boate era longe, mas Evan corria como um louco, chegou a ultrapassar dois sinais vermelhos, coisa que nunca havia feito em sua vida. Entrou no local a procura da irmã. Depois de alguns minutos vagando em meio a pessoas de todos os tipos e luzes que o deixavam quase cego, localizou a menina em um canto do bar, parecia preocupada e olhava para os lados como se procurasse a salvação para seus problemas.

- Cadê ela, Olivia? - Evan nem ao menos cumprimentou a irmã - Fala logo!
Olivia apenas indicou a amiga com o olhar.

A garota dançava com um rapaz que aparentava ter uns vinte e poucos anos. Era magro, cabelos negros e parecia um tanto alcoolizado. Ele segurava Emily pela cintura e beijava seu pescoço, ela apenas dançava e rebolava, tentando provocar o rapaz.

Evan tentava esquivar-se das pessoa na pista de dança e chegar até a garota. Ela o viu e instintivamente jogou seus braços em volta do pescoço do rapaz a qual estava dançando.

Evan irritou-se com a cena que acabara de presenciar, mas sabia que tudo não passava de birra.

- Emily, está se comportando feito criança - ele tentou puxa-la pelo braço, mas ela afastou-se.

- Eu não ligo!

- Vamos para casa, por favor, você já deu seu showzinho.

O rapaz abraçado a ela, apenas observava a discussão dos dois sem nada dizer, talvez estivesse bêbado demais para isso.

Emily empurrou Evan para longe - Me solta, eu quero dançar!

Ele a repreendeu novamente, mas além da música alta e da distância entre os dois a garota tentava, de todas as formas possíveis, ignorar as advertências do ex.

Evan sabia que não podia deixá-la, não daquela forma, por isso aproximou-se dela em uma nova tentativa de convencê-la - Você está bêbada, Emily!

A menina apenas sorriu sarcástica - Bêbada demais para isso? - com seus braços ainda envoltos no pescoço do rapaz que dançava, ela o beijou.

Evan estava atônito, não podia acreditar no que seus olhos viam. A raiva tomou conta de seu corpo, sentiu vontade de dar as costas para a garota, pegar sua irmã e deixar que ela se virasse para ir embora, mas sabia, lá no fundo, que ela só estava tentando provoca-lo por conta de sua suposta falta de interesse nela nos últimos dias. Precisava tira-la dali, mesmo que fosse arrastada.

Ela afastou-se do rapaz que beijava e sussurrou algo em seu ouvido, quase que imediatamente e tropeçando nos próprios pés, o rapaz afastou-se, indo em direção ao bar.

- Emily, vamos embora! - Evan aproveitou a deixa - Você precisa de um banho e um café forte.

- Para amanhã de manhã você esquecer que eu existo de novo? - ela rebateu - Não, obrigada! Estou me divertindo aqui.

Evan, no impulso, a abraçou e sussurrou em seu ouvido - Desculpa, meu amor, faço tudo errado sempre, mas nunca quis magoar você.

A garota afastou-se dele e sorriu debochada, como se estivesse se divertindo com tudo aquilo - Evan Blake, você já foi melhor nisso. Que jeito tão clichê de agir. Dou nota 5.

- Pare de graça, você sabe que embora não possamos ficar juntos, isso é o que eu mais queria.

A expressão seria no olhar de Evan não mudou o comportamento debochado de Emily - Não consigo te ouvir com essa música alta e pra falar a verdade, nem me interessa.

- E se eu te pegar e te levar a força daqui, ainda assim vai achar engraçado? - Evan tentou novamente segurar a garota que desviou-se e continuou a dançar, com os olhos fechados, fingindo não ligar para o garoto impaciente em sua frente.

- Tudo bem, eu prometo que não vou mais embora, se for comigo agora eu fico - era o único jeito.

Emily parou de dançar, olhando dentro dos olhos de Evan - Está blefando!

- Emily, eu te amo! - ele aproximou-se dela - Prometo que vou deixar que faça suas próprias escolhas daqui pra frente.

Os olhos da menina o fitavam duvidosos, mas mesmo assim ela o abraçou meio desajeitada, depositando todo seu amor naquele abraço, em seguida afastando-se - Eu vou com você!

O cara com quem ela dançava antes de Evan a encontrar, voltou abraçando-a por trás e beijando seu pescoço. Estava ainda mais bêbado.

O rosto de Evan fechou-se em fúria - Cai fora!

Emily sorriu de canto de boca, olhou para o rapaz que também sorria, sem nem saber porque, pegou o copo das mãos dele e deu de ombros - Obrigada pela dança e pela bebida!

- Quando quiser, amor! - o rapaz ainda sorrindo afastou-se cambaleando, sem fazer alarde.

Você passou dos limites, garota! - o semblante de Evan ainda estava fechado - Vamos embora!

Ela lhe deu um sorriso travesso - Antes dança comigo?

Evan não conseguiu segurar o riso, deu um passo até ela a abraçando - Você não existe!- deu-lhe um beijo no topo da cabeça - Eu não sei Dançar, mas sei fazer um ótimo café, você está precisando.

Ela assentiu, pegando na mão do garoto e os dois caminharam até Olivia que esperava impaciente.

Saíram da boate e seguiram até o estacionamento. Assim que entraram no Mustang, Evan advertiu a irmã - Olivia, vou deixar vocês duas em casa e você dê um jeito da mamãe nem sonhar que vocês estavam em uma festa daquelas.

Emily, sentada no banco de trás do carro o interrompeu em negativa - Não! Você me prometeu um café!

Olivia sorriu para o irmão - Você sempre cumpre suas promessas. Não é, mano?

Ele deu de ombros e sem dizer nada continuou dirigindo.

Assim que Evan estacionou o carro em frente a casa, e Olivia desceu, Emily pulou para o banco da frente.

Ele sorriu, com uma mão ao volante e a outra colocando uma mecha do cabelo de Emily para trás da orelha - Que menina teimosa!

- Persistente! - ela corrigiu, acariciando a mão do garoto - Você fica muito sexy dirigindo. Sabia?

Evan girou a chave do carro e arrancou rapidamente, apenas sorrindo e sem nada dizer.

Conduziu Emily até seu apartamento. Ela ainda estava um pouco tonta, então precisou se apoiar nele para não cair no elevador.

Ele a deixou a vontade, no quarto de hóspedes, para tomar um banho quente e se recompor, enquanto preparava um café forte. O quarto estava sendo usado por Olivia, por conta disso, se encontrava um tanto bagunçado.

Estava completamente distraído com seus preparativos, quando ela surgiu, encostando-se no batente da porta de acesso a sala, vestindo apenas uma lingerie vermelha.

- Vamos transar!

- O quê? - Evan arregalou os olhos, incrédulo. Estava de boca aberta por conta dos trajes dela e não conseguia assimilar suas palavras - Emily, senta ali no sofá, vou te servir um café e vê se põe um roupão.

- Você não gostou? - fez um beiço, fingindo tristeza - Achei em uma sacola, no quarto. Deve ser da Olivia.

- Claro que é. E algo me diz que ela não usou isso ainda - Evan mal olhava para a menina.

- Acho que não. Estava com etiqueta. Mas prometo que compro outra novinha assim que puder - ela aproximou-se dele - Você ainda não me disse se gostou!

- É, eu gostei, mas é melhor você vestir um roupão e se aquecer.

- Evan, tô com saudade! - ela jogou seus braços ao redor do garoto e o beijou no rosto.

Ele afastou o rosto, voltando-se a ela em seguida - Você está bêbada!

O rosto dela se fechou em uma carranca difícil de se ver - Já faz um tempinho que parei. Já tomei banho e já passou o efeito. Se quiser bebo toda aquela jarra de café, mas por favor, tira essa lingerie cara e maravilhosa que eu tô usando e me ama - ela forçou o abraço e o mordeu com força no lábio inferior.

O garoto não pode mais resistir. Beijou-lhe o pescoço, forçando-a  encostar na parede atrás de si, enquanto ela enterrou seus dedos entre os cabelos dele.

- Vamos pro seu quarto? - pediu, com os olhos fechados, sentindo as sensações que aquele garoto lhe causava.

Evan se distanciou dela lentamente. Olhou-a nos olhos e sorriu - Está vendo como você me deixa? Me rendo a você, minha pequena!

Dito isso, ele a pegou em seus braços e conduziu-a até seu quarto. Deitou a menina com delicadeza em sua cama e beijou seus lábios de forma quente, mas logo em seguida afastou-se, como se quisesse castigá-la por ser tão travessa.

- Não me torture - Emily implorou, contraindo-se algumas vezes e jogando seu corpo para trás, afundando-se no colchão macio.

- Repita o que você me pediu lá na cozinha - Evan estava de braços cruzados, de pé, aos pés da cama.

Ela nem exitou - Faz amor comigo?

- De novo! - disse ele divertido-se. Adorando ver a excitação nos olhos dela, que até uns meses atrás era apenas uma menina ingênua, cheia de inseguranças perante a um cara que em sua visão era muito para ela, mas que agora provocava e pedia para ser amada.

- Evan Blake, está me deixando maluca nessa cama - ela levantou-se, sentou sobre a cama, cruzou as pernas e outra vez fingiu tristeza - Por favor, faz amor comigo!

Ele não via mais nada, não se concentrava em mais nada, seu corpo lhe implorava para não mais resistir. Precisava ter aquela garota em seus braços.

Os gemidos de Emily o deixavam ainda mais louco. Ela balbuciava o nome do garoto em frases sem nexo e ele percorria o corpo dela com as mãos, sem controle.

Ficaram por horas naquela forma linda de amar.

Ao final, os dois estavam completamente exaustos e felizes por terem um ao outro novamente e em um ato de carinho, Evan deitou-se ao lado de Emily e puxou-a para seu peito, para que pudessem descansar.

- Eu amo tanto você! - ela disse o beijando - Poderia ficar aqui para sempre.

Ele sorriu para ela - Amo você também, minha menina! E estar com você em meus braços é a melhor sensação do mundo. Mas você tem que voltar para seus pais.

- Não estraga esse momento - ela o repreendeu, ponto seus dedos finos sobre os lábios dele - Meus pais acham que estou com uma amiga da escola. Ando me comportando bem em casa, pra evitar que me mandem embora e agora quero só ficar com você e esquecer o resto do mundo lá fora.

Evan não pode evitar, jogou seu corpo sobre o da menina e a beijou intensamente.

- Pronto para o segundo hound? - ela mordeu os lábios debochada - Eu ainda estou me recuperando do primeiro, mas...

Evan voltou a trazê-la para seu peito e sorriu - Vamos comer alguma coisa primeiro. Você e essa cama são péssimas combinações pro meu corpo.

Emily riu, levantando-se e vestindo a camiseta de Evan jogada ao chão - Estou faminta!

Evan preparou algumas panquecas e os dois repuseram as energias. Conversaram sobre os últimos dias e Emily novamente insistia com a ideia de fugirem e Evan tentava fazê-la ver que isso era loucura.

- Você é muito teimosa, garota! - ele bateu o pé - Não podemos simplesmente largar tudo e fugir. Como vamos nos manter? Eu não tenho emprego, nem grana, sem falar que nos achariam facilmente.

- Então o que você sugere - ela fez aspas com os dedos - Não podemos viver só de amor?

Evan não pode conter o sorriso, em poucos minutos os dois estavam gargalhando com o comentário da menina. Mas ela logo se recompôs. Parecia que algo naquele assunto a preocupava - Você não vai desistir da gente de novo. Vai?

Os olhos de Evan a encararam com ternura. Ele já não podia mais viver sem ela, isso era claro como a água de um rio límpido - Não, minha menininha - a abraçou, trazendo-a para seu corpo - Vou dar um jeito nisso, eu te prometo, mas ficaremos juntos.

Emily abriu um sorriso radiante. Aquele sorriso que Evan mais queria ver nela novamente. Não pode se conter, pegou a garota nos braços e a conduziu para o quarto novamente - Não dá pra viver só de amor a vida toda, mas podemos tentar pelo menos umas férias.

A garota o beijou de modo doce - Eu acho ótimo!

Sabe, Em - Evan começou - O que acha de tentarmos deixar as coisas como estão.

- O que quer dizer com isso? - o semblante de Emily se fechou em dúvida - Não vai me deixar novamente. Vai?

- Claro que não - ele sorriu - Estou falando em mantermos em segredo, como você queria, busco você na escola, passamos algum tempo juntos, até eu arranjar um novo emprego, depois a gente arruma outra forma.

Ela virou-se sobre ele na cama - Não vai mais embora?

- Como poderia ficar ao seu lado se fosse? - Evan acariciou o rosto de Emily e a beijou delicadamente - Agora está pronta para o segundo hound?

A menina sorriu maliciosamente, livrando-se da camiseta - Isso responde sua pergunta?

- Você não tem jeito mesmo - ele a girou novamente para baixo de si, prendendo suas mãos acima da cabeça, fazendo o corpo dela arrepiar-se freneticamente - Não te solto mais!

Emily mordeu os lábios - Não quero que solte!