28. Um enorme susto
- Evan, olha para mim, sou toda sua - ela tentou beija-lo novamente, mas ele esquivou-se dá investida dela.
- Vai mesmo me dizer não?
- Você é linda, Katie - ele lamentou-se - mas eu não posso, não agora, não aqui nesse sofá!
Katie bufou, deixando sua máscara de menina boazinha e arrependida cair.
- Por causa dá Emily? Você é um imbecil mesmo! Aquela garota sem sal não te merece.
- Olha aí- Evan bateu palmas irônico - Acabou o teatrinho? Você não muda, não é mesmo?
- Não sou boa em me fazer de santa como umas e outras por aí - ela riu - Mas depois de tudo, estamos cientes de quem é a vagabunda por aqui.
- De quem você está falando? - ele questionou.
- Sua amada Emily! - Katie soltou o nome da garota só para ver a irritação do rapaz aflorar.
Evan cerrou os punhos. Odiava ver qualquer pessoa falar aquilo de Emily
- Cala boca, sua maluca!
- A verdade dói! - Katie continuou a provoca-lo - Todo mundo sabe que ela dormiu com seu primo.
Evan encarou a garota de olhar penetrante - Como sabe disso?
Ela zombou - Como eu disse, todos sabem. Emily não é de fazer cerimônias, contou para todo mundo da escola e com detalhes.
O sangue dele fervia de tanta raiva.
Emily seria incapaz de ter falado sobre aquilo com Katie ou com qualquer outra pessoa, era nítida a vergonha que sentia quando lhe contara e mesmo tendo Olivia como melhor amiga e confidente, não haviam tocado no assunto até a briga em sua casa.
Aquilo só podia ser coisa de Ian.
- Fala logo, quem lhe contou isso, Katie? - ele apertou o braço dá garota.
- Me solta! Já disse, foi a própria Emily - ela mantinha sua história - Não só a mim, como a todos dá escola.
Evan deu de ombros e se pôs a caminhar até a porta, abrindo-a - Saia agora!
- Espera! - ela tentou questionar - Ainda não terminamos nossa conversa.
- Não tenho tempo para conversar com vadias mentirosas - ele alfinetou - Adeus, Katie!
- Foi Olivia! - deixou escapar - Ela estava preocupada com Emily e acabou me contando, pediu que eu a ajuda-se a levantar o humor dela.
- E você é tão mesquinha que ao invés de ajudar, espalhou fofoca por toda a escola - a raiva subia, fazendo o rosto de Evan queimar - Você não vale o chão que ela pisa, garota!
Evan abriu a porta e empurrou Katie para fora, seminua, arremessando-lhe o vestido amarelo que a pouco tempo estava jogado ao chão.
Ela empinou seu nariz com arrogância - Fique aí bebendo sozinho e pensando na santa Emily, eu tenho mais o que fazer.
Evan bateu a porta com tanta força, que derrubou alguns quadros que estavam pendurados na parede e decidiu tomar um banho para esfriar a cabeça e enfim relaxar em seu sofá, como pretendia mais cedo.
Ligou para algumas empresas que poderiam fazer sua mudança, não havia muita coisa para levar, afinal a casa em que iria morar em Washington era mobiliada e seu pai havia decidido manter o apartamento por mais algum tempo, caso ele mudasse de ideia e decidisse voltar.
Evan não tinha nenhum plano. Em alguns dias estaria sem emprego, numa cidade nova, sozinho e isso o deixava ainda mais para baixo.
Os dias que se seguiram foram complicados.
Pedira demissão de seu emprego, passava os dias encaixotando suas coisas e nas noites, a bebida era sua melhor amiga. Temia se tornar um alcoólatra feito o pai, mas essa era a única coisa que o fazia dormir, mesmo que por algumas poucas horas.
Na manhã de sua mudança, Evan acordou angustiado, parecia que algo não estava certo em tudo que estava prestes a fazer.
Sua mãe deixara Olivia mais uma vez sozinha, para viajar com o marido e seu pai estava ocupado demais com as coisas da empresa, então decidiu ficar mais um dia e fazer companhia para a irmã.
Era sábado, então Evan deixou Olivia e foi até o mercado buscar algumas coisas para preparar o almoço.
Não demorara muito, mas assim que voltou, notou que a irmã havia saído.
Não pode deixar de ficar um pouco chateado, já que havia adiado sua viagem para não deixa-la sozinha em pleno final de semana.
Guardou suas compras e começou a preparar a refeição. Mesmo que Olivia não aparecesse a tempo, ele queria comer.
Estava distraído, quando ouviu os gritos desesperados dá irmã, vindos do quarto da mãe. Era lá que ela estava todo esse tempo?
- Você não tinha saído? - ele questionou, levando a colher que mexia seu molho até a boca - O que fazia no quarto dá mamãe?
- O telefone de lá é o único que está funcionando - Olivia estava muito nervosa - Mas isso não vem ao caso agora. Evan, acabei de falar com a mãe de Emily e elas voltaram.
- Mas já? - ele ficara surpreso - As férias nem acabaram ainda.
Olivia puxou um dos bancos altos do balcão e sentou-se - Prepare-se, porque as notícias não são nada boas.
- Fala logo, está me assustando, Olivia!
- Evan mal podia respirar, tamanha a apreensão.
Olivia deu um suspiro alto - É que a Emily tomou um monte de comprimidos, eu não sei direito o que aconteceu...
- Você está querendo dizer que ela tentou se matar? - ele não a deixou terminar, suas mãos tremiam e todo seu corpo suava frio. Derrubou a colher que segurava.
Olivia balançou a cabeça em afirmação - Parece que fizeram uma lavagem e agora ela está bem, só vai precisar ficar por mais um tempo em observação no hospital. Por isso os pais acharam melhor trasferí-la para cá.
- Qual o motivo da mãe dela ter ligado para você - o semblante de Evan era de pura tristeza - Achei que queria a filha longe de nossa família de malucos agressivos.
Olivia ignorou a ironia do irmão - Dona Elizabeth pediu para que eu fosse vê-la amanhã a tarde, afinal somos melhores amigas e ela precisa de apoio nesse momento.
- Eu vou lá... - Evan precisava vê-la, saber como estava e o porquê de ter feito tamanha bobagem.
- Não! - Olivia esbravejou - Eu disse a dona Elizabeth que você foi embora, se for até lá, vai estragar tudo.
Ele fechou a cara - não posso ficar aqui parado, preciso vê-la, Liv!
- E vai! - exclamou a menina, tentando acalma-lo - Você vai comigo amanhã e eu dou um jeito de distrair a mãe dela enquanto você a vê, mas enquanto isso, ela não pode nem sonhar que você está aqui.
- Não vou aguentar ficar sem notícias dela até amanhã, Olivia! - Evan pegou suas chaves de sobre a mesinha do telefone - Vou lá agora e não me importo com a mãe dela e nem ninguém.
- Evan, você não está raciocinando direito - Olivia parou-se em sua frente, obstruindo a passagem do garoto - É noite, não só a mãe, mas também o pai dela devem estar lá, você não vai conseguir vê-la e pior, vai arrumar uma tremenda confusão.
Ele encarou a menina com um olhar penetrante - Ela tentou se matar, Olivia! Eu poderia tê-la perdido para sempre, acha mesmo que me importo com os pais dela?
Olivia podia ver a determinação do irmão e já que não poderia interferir em sua decisão, decidiu apoia-lo - Então vou com você, tento tira-los do quarto.
Evan apenas assentiu, abrindo a porta para a irmã - Então vamos de pressa!
Assim que chegaram ao hospital, se identificaram na recepção e Olivia foi até o quarto da amiga para ver se os pais estavam a acompanhando.
Elizabeth cochilava sobre uma poltrona ao lado da cama e Emily dormia profundamente.
Olivia pigarreou, acordando a mãe da amiga - Não pude esperar até amanhã - disse ela sem jeito - Desculpa se estou atrapalhando.
Elisabeth levantou-se da poltrona - Ela está dormindo, o pai dela foi até em casa, pegar algumas roupas. Que tal tomarmos um café enquanto ela descansa?
Olivia concordou imediatamente, sacando seu celular e enviando uma mensagem para o irmão.
Aquele convite caia como uma luva para que Evan pudesse ver a menina sem que a mãe soubesse. Assim que as duas deixaram o quarto, o garoto entrou. Estava tão ansioso para vê-la que não conseguia raciocinar direito.
Emily dormia, então ele apenas sentou-se ao seu lado na cama, acariciando seu rosto com as pontas dos dedos. Ficou ali por um tempo, apenas olhando para aquele rosto angelical que tanta falta lhe fez. Nem ao menos pensava no fato de que se a mãe da menina voltasse, as coisas ficariam feias.
De repente, os olhos de Emily se abriram e se iluminaram ao ver o rosto de Evan em sua frente.
Ela sorriu - Estou sonhando ou você está mesmo aqui?
- Estou aqui - ele levantou-se da cama, caminhando até o outro lado do quarto, trancando a porta.
Se Elizabeth voltasse, não poderia entrar.
— Você tem noção do que me fez sentir? — ele voltou seus olhos para os dela, carregados de angústia — No que estava pensando? Foi muito egoísmo seu tentar tirar você de mim. De nós.
— Achei que não se importasse mais comigo, depois de tudo que me disse antes de eu ir — ela baixou o olhar, tentando esconder a vergonha pelo que fizera — Mas agora eu entendo como se sente também.
— Não, eu não acho que você entenda isso — ele gesticulou com impaciência, pegando um copo de água que havia sobre a mesa de cabeceira.
— Então me explique — as lágrimas começam a rolar sobre o rosto da menina — Me faça entender, por favor.
— Eu sou um verdadeiro nada sem você, apenas uma casca oca — Evan segurava o copo com tanta força que o sentiu trincar entre os dedos.
Os olhos da garota, cheios de lágrimas, fugiam dos de Evan, enquanto os dele quase a perfuravam — Você é tudo o que me impulsiona, tenha certeza disso.
Emily não conseguia mexer os lábios, suas mãos estavam frias e o coração acelerado — Foi você quem decidiu se afastar, pensei que não me amasse — foi a única coisa que conseguiu balbuciar.
— Não diga isso nunca mais — ele aproximou-se dela, sentando-se naquela cama onde a alguns minutos atrás, o medo era seu maior inimigo, segurando a mão da garota entre as suas — Você é meu coração, algo com o que eu jamais poderia viver sem. Você entende isso?
Ela apenas balançou a cabeça em afirmação, desviou o olhar por um segundo, voltando a olha-lo em seguida.
— Meu Deus, Emily — Evan levantou-se novamente, pôs as mãos sobre a cabeça e gesticulando aos céus deixou seus sentimentos falarem — Se alguma coisa tivesse acontecido com você, isso iria me matar também. Saber que você está bem é uma maldita alto preservação, então se não for por você, faça isso por mim, nunca mais se machuque, de jeito algum. Me prometa, Emily?
Ela levantou-se da cama e caminhou até ele - Então me prometa que nunca mais vai se afastar de mim!
No impulso ele a tomou em seus braços e os dois puderam ouvir alguém mexer na massaneta da porta.
Eles se entreolharam e uma voz fez se ouvir - Emily! Porque trancou a porta?
- Só um minuto mãe! - Emily empurrou Evan até o banheiro - Fique aqui, ela não pode te ver de jeito algum.
Ele apenas acentiu.
- Porque trancou a porta? - Elizabeth analisava o quarto.
- Olivia! - Emily abraçou a amiga, ignorando a pergunta da mãe - Como você soube que eu estava aqui?
- Sua mãe me ligou.
Evan apenas ouvia a conversa das meninas e torcia para que Olivia tivesse uma de suas ideias brilhantes e salvasse todos eles.
- Dona Elizabeth - Olivia se dirigiu a mulher - Posso falar com Emily a sós por um minuto? Quero contar-lhe sobre minhas férias.
Elizabeth pensou por um instante mas acabou concordando.
Assim que a mulher deixou o quarto, Evan saiu do banheiro agradecendo a irmã pela ajuda.
Emily correu até
ele, o abraçando novamente - Promete que nunca mais vai me deixar?
- Não posso prometer isso, Em! - ele a segurou pela mão - Estou indo embora amanhã!
- Por favor, não! - as lágrimas da garota rolavam e novamente ela o abraçou - Fica comigo!
Olivia pigarreou - Evan, precisamos ir, antes que a mãe de Emily volte!
Ele assentiu, voltando a olhar para a menina em seus braços - Pequena Em, prometo que mesmo que não seja agora, mesmo que demore anos, que tenhamos vidas completamente diferentes, um dia ficaremos juntos. Eu te prometo isso!
- Me da um beijo antes de ir? - ela pediu-lhe.
Evan colou seus lábios nos da menina e os sentiu tremerem.
Queria leva-la dali e fugir pra um lugar onde pudessem ficar sozinhos e ninguém os atingisse de forma alguma, mas dadas as circunstâncias, essa não era uma ideia aceitável.
- Eu te amo, minha menina! - Evan pronunciou as palavras no ouvido de Emily, como um segredo, um ao qual guardara por muito tempo - Mais que a mim mesmo!
Emily sorriu para ele e seus olhos voltaram a encher-se de lágrimas - Eu também amo você!
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