Capítulo 27
Anelise e Bianca se sentaram nas cadeiras em frente a sala do diretor. A velha secretária, Sra. Neide, continuou a mexer em seus papéis sem dizer nada quando viu as garotas do lado oposto do corredor, já que as duas – especialmente Ane – eram visitantes bastante frequentes no lugar.
— Você está melhor? – Ane perguntou baixinho alguns momentos depois quando ficou claro que elas não seriam capazes de ouvir a conversa que estava acontecendo dentro da sala.
— Não – Bianca respondeu sinceramente enquanto passava a mão pelo rosto para apagar outra das lágrimas traidoras que insistia em cair de seus olhos. – É como se todas as coisas nojentas que já disseram sobre mim de repente fossem justificadas.
— Mas não é. – Ane olhou para a amiga com uma expressão séria e cheia de convicção quando acrescentou – Aquela não era você e mesmo se fosse, ninguém tem o direito de te expor assim ou falar qualquer merda. É o seu corpo e o filho da puta do Kevin merecia bem mais que um pulso quebrado por tentar tocar em você.
— Obrigada – Bianca respirou um pouco aliviada com o discurso da ruiva, que apenas sorriu e apertou sua mão em resposta ao agradecimento.
Mais alguns minutos se passaram em silêncio sem que a porta da diretoria se abrisse. Bianca podia sentir Ane tensa a seu lado. A ruiva não havia demonstrado nada além de raiva pela própria exposição naquelas fotos, nem mesmo os comentários nojentos de Kevin havia tirado qualquer outra demonstração de emoção dela. Nenhuma lágrima. Toda a atitude agressiva destinada a defender apenas Bianca e não a si mesma.
— E você? – A negra quebrou o silêncio se sentindo um pouco culpada por se afundar tanto na própria desgraça que esqueceu que Ane estava no mesmo barco.
— Hmm? – A ruiva olhou para ela um pouco confusa com a pergunta repentina – Eu o que?
— Como você está?
— Com raiva – O tom de Ane confirmava suas palavras.
— Não é exatamente uma novidade – Bianca tentou brincar, mas o tom saiu mais choroso que o pretendido – Só raiva?
Anelise deu de ombros e não respondeu, voltando a olhar para a porta fechada enquanto brincava inconscientemente com os dedos, parecendo uma criança aprendendo a contar. Bianca suspirou tentando pensar em alguma outra coisa que pudesse dizer.
Embora fossem próximas, Bianca não podia dizer que entendia a Ruiva como os garotos do grupo – Rafael porque parecia ser a única pessoa com quem ela realmente se abria e Pedro porque ele a observava com tanta atenção que chegava a ser um pouco patético. – Ane era fechada, mais focada em proteger os amigos que em cuidar de seus próprios sentimentos e talvez fosse por isso que ela e Rafa se entendessem tão bem, já que ambos eram semelhantes nesse aspecto.
— Eles ainda não saíram?
"Falando no Diabo" Bianca pensou enquanto virava para olhar Rafael que se aproximava acompanhado por Victor. Ambos os rapazes pareciam bastante chateados e era fácil dizer pelas suas expressões que já tinham visto as fotos.
— Não – A negra respondeu com um suspiro cansado, ao mesmo mesmo tempo que a ruiva a seu lado franziu a testa.
— Vocês deviam estar na aula – Ela declarou impassível – não quero você se metendo em problemas por um problema que não é seu.
— Disse o sujo para o mal lavado – O moreno respondeu, sentando-se ao seu lado – Você não pode achar que eu vou pra aula de matemática depois de ver aquelas fotos.
— OK – Ane revirou os olhos, mas aceitou o argumento – Você eu entendo – Seus olhos então se voltaram para Victor quando ela acrescentou – Mas e você, por que está aqui? Ficou de pau duro vendo as fotos do meu corpo másculo?
— Ane – Rafael e Bianca praticamente gritaram juntos, envergonhados com a falta de filtro. Bianca que estava mais perto fez questão de acertar uma cotovelada em suas costelas.
Victor por sua vez não pareceu nem um pouco incomodado com o insulto.
— Me desculpe, mas eu prefiro o tipo nerd que nunca pisou em uma academia – Ele fez questão de piscar para Rafael enquanto jogava o braço sobre seus ombros – Esses são sempre mais interessantes.
O moreno sentiu seu rosto esquentar e adquirir um tom intenso de vermelho com a provocação – que também arrancou sorrisos conhecedores das duas garotas – mas foi poupado de responder quando um som alto de pigarro chamou a atenção do grupo para a mesa onde a senhora Neide olhava para eles com um olhar desconfiado.
— O que os garotos estão fazendo aqui?
— O professor Patrício mandou a gente pra cá – Victor mentiu com facilidade. Ele poderia dizer a verdade, mas não acreditava que existiam muitas pessoas que matavam aulas para ir até a diretoria. Esse era um daqueles casos raros em que a mentira era mais crível que a verdade.
— Você não parece ser alguém que arruma confusão – Ela disse estreitando os olhos para Rafael, seu olhar se voltou para Victor quando continuou – E eu não imaginava que qualquer professor teria coragem de mandar você para a sala do diretor.
— Eu também não – Victor deu de ombros tentando parecer envergonhado.
Embora sua expressão não tivesse sido convincente, foi o suficiente para arrancar um resmungo de concordância da mulher, que voltou a digitar o que quer que fosse em seu computador.
O grupo caiu em silêncio depois disso e Victor se sentou na cadeira ao lado de Rafael para esperar. Cerca de cinco minutos se passaram antes que Ane se levantasse irritada.
— Que porra eles estão fazendo lá dentro? – Ela fuzilou a porta com um olhar – Quanto tempo vai levar para assinar a porra de uma suspensão?
— Eles não podem fazer isso sem notificar os pais – Victor respondeu como se fosse óbvio.
— Duh, – A ruiva revirou os olhos – é por isso que eles mandam aquela folha de merda pros nossos pais assinarem.
— Em algumas escolas sim, em outras o diretor liga primeiro pra ter certeza que o aluno não vai mentir para os pais ou falsificar a assinatura. – O rapaz percebeu os olhares incrédulos que os outros lhe lançavam por causa da explicação e deu de ombros – Eu não era "o filho do prefeito" na minha antiga escola.
A porta da diretoria se abriu interrompendo a conversa e o resto do grupo se pôs em pé em um movimento que poderia ter sido ensaiado. Eles observaram enquanto Kevin passava pela porta acompanhado por um dos inspetores. Seu pulso estava preso em uma tala improvisada e ele ainda embalava a mão com vestígios de lágrimas nos olhos. Seria uma visão de dar pena se as circunstâncias por trás dos seus ferimentos não fossem conhecidas.
O diretor ficou com os braços cruzados na moldura da porta enquanto observava o funcionário e o aluno se afastarem. Um momento depois seu olhar caiu sobre o grupo em pé perto das cadeiras.
— O que vocês estão fazendo aqui? – Perguntou com uma expressão severa e Rafael imediatamente segurou o braço de Ane com força em um apelo silencioso para que ela não respondesse com nada sarcástico. Quando os quatro permaneceram em silêncio, Alcides suspirou e voltou sua atenção para as garotas – Suponho que, já que as senhoritas estão aqui, isso me poupa o trabalho de buscá-las em suas salas. – Admitiu abrindo espaço na porta para que elas passassem.
— Vamos – Victor sussurrou junto ao ouvido de Rafael, antes de puxá-lo pelo braço e arrastá-lo para a sala, atrás das duas garotas, apenas um instante antes que Alcides fechasse a porta.
Ane e Bianca já estavam ocupadas examinando Pedro que parecia bem pior depois que os lugares do rosto onde fora atingido passaram de vermelho para roxo e incharam. O diretor, no entanto, barrou o caminho de Victor e Rafael quando fizeram menção de se aproximar do loiro.
— Eu acredito que os senhores não foram convidados para essa reunião. – Ele tentou manter o tom mais agradável com a presença de Victor do que usara mais cedo.
— Apenas queremos ter certeza de que nosso amigo está bem – Respondeu Victor em um tom calmo e polido. Ouvir o rapaz se referir a Pedro como "nosso amigo" fez uma faísca de empolgação se acender no peito de Rafael e o moreno teve que se esforçar para permanecer sério enquanto o outro continuava – E que o responsável pelas fotos será punido.
— Isso é um assunto que cabe a mim como diretor resolver, senhor Martins – O sorriso forçado no rosto do diretor era visivelmente cínico enquanto ele tentava manter a cordialidade em seu tom. – Por isso devo pedir para que o senhor e o senhor Garcia voltem para a aula, antes que eu decida puní-los pela insolência. – Ele abriu a porta e fez um gesto para que os garotos saíssem.
Rafael estremeceu com a ideia de que sua madrasta poderia ser chamada à escola pelo diretor, mas se esforçou para manter a expressão neutra semelhante a de Victor, que não parecia nem um pouco abalado com a ameaça.
— Eu não me incomodo por eles estarem aqui. – Bianca entrou na conversa.
— Nem eu – Concordou Ane – E já que nós somos as vítimas, acho que temos direito de opinar.
A raiva por ser contrariado era visível no rosto de Alcides tanto pela forma como seus lábios se apertavam, quanto pela veia saltando em sua têmpora, parecia que estava prestes a soltar fumaça pelas orelhas como algum personagem de desenho animado.
— Senhoritas, – O homem recomeçou depois de uma respiração profunda e Rafael achava que possivelmente ganharia um prêmio só pelo autocontrole em não começar a gritar – Seja como vítimas ou culpadas, vocês crianças, não tem nenhuma autoridade aqui.
"OK. Ele já teria perdido o prêmio" Rafael corrigiu em pensamento quando a voz do diretor se alterou ao fim da sentença, e seu rosto estava a centímetros de Anelise que, como boa encrenqueira que era, fez questão de manter sua expressão o mais desdenhosa possível diante do discurso.
— Tire sua fuça do rosto da minha filha – A voz atraiu a atenção dos ocupantes da sala para as duas mulheres que se aproximavam.
Uma delas era uma loira alta e gorda de olhos verdes com uma presença imponente e que ainda vestia o uniforme da mercearia em que trabalhava. A outra – quase total oposto da primeira – era baixa e muito magra, usava o cabelo preto amarrado em um coque apertado e as únicas coisas que desmentiam sua aparência frágil eram a ferocidade em seus olhos castanhos e o tom cortante nas palavras que tinha acabado de pronunciar.
Alcides fez um barulho no fundo de sua garganta enquanto se endireitava e ajeitava a camisa tentando recuperar sua dignidade depois de ser flagrado gritando com uma adolescente. Ele atravessou a moldura da porta para encontrar as mulheres, no corredor, já estendendo a mão para cumprimentar a loira.
— Senhora Schmitz – Disse com seu tom polido de hábito, fazendo o grupo de adolescentes a suas costas revirar os olhos com a insistência do homem em chamar as pessoas pelo sobrenome como se fosse um empresário norteamericano e não o diretor de uma escola que ficava "pra lá de onde Judas perdeu as botas". – Não esperava que viesse aqui. Minha ligação caiu na caixa postal e...
— Eu já estava vindo – Edelina interrompeu, com um tom que deixava claro que não estava com ânimo para papo furado – Anelise me ligou primeiro. É estranho na verdade, porque ela me falou sobre assédio e o meu filho estar machucado. – Ela apertou os lábios com força – Sua mensagem de voz dizia apenas para retornar a ligação e reconhecer que estava ciente de que meu filho foi suspenso por brigar.
— Bem... Esses são assuntos diferentes que ainda não foram...
Edelina não se importou em ouvir, deixou o homem parado no corredor enquanto caminhava para seus filhos dentro da sala, seguida rapidamente por Teresa que se aproximou de Ane com uma expressão preocupada. Rafael ouviu o "Você está bem?" murmurado pela morena e viu o pequeno aceno de Anelise que não o convenceu nem um pouco, mas que parecia ser o suficiente para sua mãe.
— E o outro garoto? – Edelina perguntou olhando ao redor – É você? – Acrescentou se aproximando de Victor – Você é o bostinha que passou a mão na minha filha?
— Não, mãe – Bianca colocou a mão no ombro da mulher para tentar acalmá-la. – Esse é o Victor. É um amigo da gente.
— Me desculpe, querido – A expressão da loira suavizou ao ouvir essas palavras. Quando voltou a olhar para Alcides, porém, suas feições endureceram outra vez – Então? Onde está o garoto?
— Eu falei com a mãe dele pelo telefone e depois pedi para um dos inspetores acompanhá-lo ao hospital – O diretor respondeu finalmente se ajustando de volta em sua cadeira – a senhora ficará feliz em saber que ela não pretende prestar queixa do seu filho.
— Ficar feliz? – Edelina bufou descrente. – As meninas são quem deviam que denunciar esse merdinha por assédio – Ela completou conseguindo um som de aprovação de todos os outros ocupantes da sala.
— Senhora Schmitz – Alcides começou em um tom condescendente como se estivesse prestes a dar uma palestra para uma criança – Eu entendo que, como mãe, a senhora pode ter alguma dificuldade em...
— Não tente fazer parecer que que eu estou apoiando os erros dos meus filhos– A mulher interrompeu ainda mais irritada – Eu já fui chamada aqui por causa desses dois várias vezes nos últimos anos e conheço bem as crianças que criei – Apontou com o polegar para os adolescentes que estavam atrás dela e continuou – Se eu fosse chamada porque o Pedro pregou uma peça em um professor ou porque a Bianca se estapeou com alguém no intervalo eu não ia ter problema nenhum em aceitar a punição. – Seu olhar se tornou ainda mais feroz – Mas o Pedro não ia se meter em briga sem um bom motivo, e ver alguém assediar a irmã e a amiga é um ótimo motivo.
— Eu realmente entendo sua preocupação, Senhora Schmitz, mas a nossa escola não admite violência, então não posso deixar seu filho sem punição e... – Alcides começou parecendo quase desesperado.
— Tudo bem. – Edelina admitiu conseguindo um suspiro de alívio do diretor – Eu aceito a suspensão para o meu filho, se o outro garoto também for suspenso.
A expressão aliviada desapareceu do rosto do diretor, como todos já esperavam que acontecesse. A família de Kevin era dona de uma rede de supermercados com filiais em duas outras cidades, o que fazia deles uma das famílias mais rica e influentes da cidade.
— Mas...
— Sem "mas" – Edelina interrompeu outra vez – É isso ou você pode engoli... rasgar a suspensão do meu filho também.
Rafael teve que se conter para não bater palmas para a forma como a loira defendeu seus filhos e, a julgar pelas expressões de Pedro e Bianca eles também estavam extremamente gratos e orgulhosos de sua mãe.
— Tudo bem – O homem suspirou por fim – Pedro Schmitz pode continuar a frequentar as aulas normalmente a partir de amanhã, apenas com uma advertência, como foi aplicada a Kevin Terraz.
Edelina ainda não parecia satisfeita por não conseguir que Kevin recebesse a punição adequada, mas dada a situação acenou com a cabeça em afirmação sabendo que não conseguiria nada melhor.
— Acho que é hora de falar das fotos então – Teresa, que tinha permanecido em silêncio até o momento, deu um passo a frente e Edelina concordou com a cabeça ficando a seu lado.
— Eu já pedi para os funcionários verificarem toda a escola e removerem todas as fotos.
— Eles vão pegar todos os telefones e apagar tudo da internet também? Tem algum dispositivo para apagar a memória aí?– Anelise questionou em um tom sarcástico característico.
Rafael podia ver pela expressão de Alcides que ele queria repreender a garota por se intrometer na conversa de adultos outra vez, mas como Teresa e Edelina o encaravam esperando uma resposta para a pergunta, teve que conter a frustração e responder.
— É claro que não posso fazer isso – O tom devia ter saído mais ácido que pretendia pois limpou a garganta e continuou mais suave – Mas vou me certificar de que qualquer um que tocar no assunto ou provocar vocês sobre isso será punido.
Como se fosse ensaiado, todos os adolescentes deixaram escapar um som de descrença perfeitamente audível que o diretor fingiu ignorar, voltando sua atenção para as duas mulheres a sua frente.
— E quanto ao responsável por espalhar as fotos? – Teresa perguntou olhando fixamente para Alcides como se o desafiasse a mentir.
O diretor, é claro, não conseguiu sustentar o olhar e voltou a atenção para o espaço entre os ombros das mulheres antes de responder.
— Essa não é uma tarefa fácil, mas garanto que usarei todos os meus recursos se forem descobertos os responsáveis serão suspensos...
— Suspensos? – O ódio na voz de Edelina deixava claro que a medida não era nem perto de aceitável – Essa não é uma briga de adolescentes. É um crime.
— Veja bem, Sra Schmitz...
A porta da diretoria se abriu interrompendo o discurso de Alcides. O homem respirou aliviado por um momento até ver quem estava ali. Celeste, por sua vez não esperou um convite, apenas entrou e fechou a porta atrás de si.
— Você devia estar dando aula – Alcides declarou em um tom irritado e mais informal que qualquer um ali jamais presenciou – Além disso não me lembro de dar permissão pra você entrar.
— A porta não estava trancada – Respondeu a professora com certa petulância e mesmo naquela breve interação ficou claro que não eram apenas colegas de trabalho.
— Acho que eles são irmãos – Victor sussurrou ao ouvido de Rafael.
O moreno teve mais dificuldade do que deveria para assimilar as palavras quando sentiu o halito quente e o leve roçar dos lábios de Victor em sua orelha e ele concordou com a cabeça antes mesmo de perceber que podia ser verdade.
— Celeste – O diretor surpreendeu os alunos novamente ao usar o primeiro nome da professora – A minha sala não é a casa da mãe Joana e não importa qual o grau de intimidade que você acha que tem comigo, isso não te dá o direito de entrar aqui assim.
— Só queria ter certeza que a sua miopia não ia atrapalhar você para resolver esse problema direito. – Celeste cumprimentou as mães das crianças antes de se dirigir a Ane e Bianca – Vocês estão bem, queridas? – Mas antes que as garotas respondessem ela balançou a cabeça – Pergunta boba, me desculpem.
— Celeste – Alcídes insistiu em um mais ríspido – Se você não voltar para sua sala terei que enviar uma reclamação formal sobre sua conduta para a secretaria da educação.
— Então nós dois seremos demitidos porque eu tenho uma lista do tamanho do meu braço de reclamações não tão formais sobre a sua conduta – A mulher se sentou na mesa do diretor e cruzou as pernas, ignorando a palidez que tomou conta do rosto de seu opositor com a ameaça. Rafael que nunca pensou que veria sua professora de sociologia falar assim com alguém, trocou olhares com seus amigos que, assim como ele, pareciam agradavelmente surpresos – Agora se pudermos concordar que isso vai ser investigado e tratado com um julgamento justo em vez de baseado em quem é pai de quem...?
— Como você se atreve a insinuar...
— Porque eu sou sua irmã e te conheço muito bem – Ela interrompeu e Victor deu uma leve cotovelada em Rafael que era um claro "Eu te disse" ao mesmo tempo que os outros adolescentes abriam a boca em surpresa e suas mães tentavam fingir que a conversa não estava melhor que cena de novela das 9. – Eu sempre deixo você resolver as coisas do seu jeito torto, mas o caso aqui não é um aluno colando ou uma pegadinha inofensiva, é um crime.
Pedro não se conteve a esse ponto do discurso e começou a bater palmas ignorando o latejar das costelas com o movimento e só parou quando percebeu que todos na sala estavam olhando para ele.
— Ele deve ter batido a cabeça – Brincou Bianca, embora tanto ela quanto os outros estivessem tentados a fazer a mesma coisa.
Celeste olhou ao redor um tanto quanto surpresa com o público. Durante seu discurso acalorado havia simplesmente esquecido que havia sete outras pessoas ocupando a sala. Por mais que seu irmão merecesse todo o sermão, ela não podia deixar de se sentir um pouco culpada por dizer tudo aquilo perto de tanta gente. Seu irmão era o diretor afinal, e era de se esperar que ela pelo menos fingisse respeitá-lo em público.
— Hum... Anelise – Ela limpou a garganta e voltou sua atenção para a ruiva – Você poderia acompanhar o Pedro até posto de saúde pra alguém dar uma olhada nele?
— Eu... OK – Anelise não queria realmente sair dali, sem ouvir todo o resto da conversa, mas Pedro realmente parecia péssimo com o rosto inchado e o olho roxo, então ela não discutiu e os dois se despediram de suas mães e amigos com um aceno antes sair.
— Vocês dois – O olhar de Celeste se concentrou em Rafael e Victor dessa vez – Eu sei que estão preocupados com suas amigas, mas é hora de voltar pra sala agora.
— Mas.... – Rafael interrompeu o protesto quando Victor tocou seu antebraço e disse "vamos" guiando suavemente na direção da porta. O moreno trocou um último olhar com Bianca tentando transmitir força para a garota antes de sair.
Bianca ficou tensa, esperando que ela fosse a próxima a ser mandada para fora da sala – Ela não estava pronta para ver outros alunos e só a possibilidade de cruzar com mais alguém que tivesse visto os cartazes, a deixavam muito ansiosa – Mas Celeste não tentou fazê-la sair, apenas deu uma piscada em sua direção, antes de voltar à conversa com as mães e Alcides.
Apenas quinze minutos depois, quando saiu da diretoria abraçada com a mãe, foi que a garota percebeu qual foi o motivo da piscada: Celeste fez questão de dispensar Pedro e Ane juntos e Rafael e Victor juntos. A professora estava totalmente shippando seus amigos.
Apesar de toda a situação ela não pôde deixar de sorrir um pouco. Celeste devia ser oficialmente eleita a melhor professora de todas.
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Oi gente, finalmente consegui atualizar essa porcaria. Levou quase 1 ano pra conseguir escrever esse capítulo e digo isso literalmente porque comecei a escrever o capítulo logo que terminei o anterior e só consegui terminar agora.
Queria poder garantir que os próximos capítulos vão sair mais rápido, mas devido aos capeta dançando conga na minha cabeça fica meio difícil prometer. De qualquer forma vou tentar.
Desculpem pela demora e espero que tenham gostado do capítulo 🤟💙
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