Capítulo 16

Victor estava sonhando com o Carnaval das bruxas outra vez. Ele e o "Dementador" estavam se atracando aos beijos que se tornavam cada vez mais lascivos, as mãos do outro garoto agarraram as suas e as guiaram para sua bunda antes de agarrarem seu...

Um som estridente de alarme ecoou pelo quarto fazendo com que Victor se sentasse em um impulso, aínda desorientado e com pedaços do sonho correndo por sua mente, ele olhou ao redor tentando se lembrar de onde estava. Uma luz forte se acendeu chegando o rapaz por um momento.

— Ótimo, você está acordado. – A voz de Rafael trouxe de volta as lembranças do dia anterior e ele gemeu e se jogou de volta para o colchão cobrindo os olhos para escapar da luz.

— Que horas são?

— Seis – Rafael respondeu enquanto arrumava a própria cama.

— Da tarde? – Victor perguntou ainda com os olhos fechados.

— Por que eu te acordaria seis horas da tarde? – Rafael ergueu as sobrancelhas e interrompeu o que estava fazendo para olhar para o outro garoto.

— Porque se for seis da manhã eu te mato.

Rafael revirou os olhos e voltou ao que estava fazendo. Victor forçou seus olhos a abrirem outra vez querendo provocar o outro rapaz novamente, mas ver o moreno de costas para ele vestindo apenas uma boxer vermelha deixou sua mente em branco. Ele não conseguiu evitar acompanhar com os olhos enquanto Rafael se movia pelo quarto totalmente alheio a atenção que estava recebendo.

Rafael guardou os cobertores de volta no guarda-roupa e pegou seu roupão escondendo seu corpo para a decepção de Victor, embora o último não fosse capaz de esconder a diversão quando viu o outro garoto vestindo o roupão lilás surrado. Era meio bizarro pensar que alguém que tinha coragem de se vestir assim na frente de uma visita tivesse alguma coisa a dizer sobre gays.

— Roubou a roupa de banho da sua vó? – Ele provocou.

— Da minha mãe na verdade – O outro respondeu com naturalidade e Victor teve a decência de se sentir um pouco envergonhado, ele não sabia o que tinha acontecido com a mãe do rapaz, mas o fato de ele morar com a madrasta não apontava para uma história muito feliz. – Então já que você está acordado é melhor começarmos. – Rafael finalmente se virou para ele, encarando com os olhos brilhando com uma diversão travessa.

— Começarmos o que? – Victor estreitou os olhos.

— Você disse que não podia ser o único que me ensinava alguma coisa, lembra? – O sorriso do moreno se tornou ainda maior quando Victor gemeu e cobriu o rosto com o travesseiro.

— Você não pode me ensinar alguma coisa em uma hora menos ímpia?

— Não, porque o café da manhã normalmente se faz de manhã. – Rafael tentou tirar o travesseiro de cima do rosto de Victor. Foi uma tarefa difícil já que o outro continuava a puxá-lo. Quando Victor finalmente soltou o objeto sem aviso, ele caiu de bunda no chão batendo as costelas com força em sua cama. – Filho da puta.

Victor não conseguiu evitar rir enquanto o outro se levantava ainda xingando baixinho pelo menos até que o travesseiro fosse batido em seu rosto com força suficiente para doer. Ele tentou pegar o travesseiro de volta, mas antes que pudesse Rafael se afastou.

— Você devia ser mais gentil, eu sou a visita aqui. – Victor reclamou irritado.

— Sim e é por isso que eu não te matei sufocado com isso – O moreno respondeu balançando o travesseiro na frente de seus olhos como provocação antes de jogá-lo para a própria cama. – Agora você vai levantar?

— Não.

— Bom, então espero que você tenha uma boa desculpa para a Celeste pra não ter feito a sua parte do trabalho dela. – Rafael deu de ombros antes de sair do quarto e fazer seu caminho para a cozinha. Ele sorriu quando ouviu os sons de Victor se levantando e resmungando assim que fechou a porta atrás de si.

Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, Rafael finalmente desceu para a cozinha, ele ficou feliz em ver que Lili ainda não havia acordado, mesmo amando sua irmã ele sabia que a garota era muito enérgica pela manhã e a insinuação de que ele e Victor eram namorados já o deixara envergonhado o suficiente, ele não queria imaginar o que mais aquela mente hiperativa podia inventar.

Ele esperou por um tempo antes de mexer com as coisas, certo de que o outro logo apareceria, quando isso não aconteceu, finalmente aceitou que Victor havia voltado a dormir e com um suspiro cansado colocou a água do café para ferver e começou a separar os ingredientes para fazer um bolo.

— O que eu tenho que fazer? – Rafael quase deixou a caixa de ovos cair quando Victor entrou na cozinha, seu rosto e cabelos estavam um pouco molhados e sua camiseta parecia um pouco úmida também, como se tivesse enfiado a cabeça no lavatório.

— Você demorou. – Rafael tentou ignorar o calor causado pela imagem virando-se de costas para ele enquanto dizia um silencioso "Puta que pariu"

— Não quis parecer previsível – Victor franziu a testa para a própria resposta improvisada. – E então? O que você acha que vai me ensinar?

— Acho que um bolo é fácil suficiente – Respondeu Rafael mostrando os ingredientes sobre a mesa. – Com a minha supervisão você não vai pôr fogo na cozinha. – Victor queria dizer alguma coisa, mas considerando que as chances eram de fato muito grandes, preferiu ficar calado enquanto o outro colocava a tigela sobre a mesa.

Os minutos seguintes passaram com Rafael dando instruções para Victor sobre como misturar as gemas e o açúcar enquanto ele mesmo misturava as claras com o fermento. Depois de algum tempo o moreno deixou o trabalho todo para o outro garoto enquanto coava o café e untava a assadeira.

— Isso está estranho – Victor franziu a testa para a mistura empelotada – Eu não devia mexer isso como uma batedeira?

— Está quebrada – Rafael respondeu sem se virar. Ele terminou de preparar a assadeira antes de olhar de fato para o que o outro estava fazendo. – Batendo a massa assim vai ter gente cuspindo farinha a cada mordida. Coloca mais força nesse braço.

— Vou colocar quando for pra partir o seu nariz – Victor resmungou, ainda assim fez o que tinha sido pedido. A falta de técnica fez com que um pouco de massa espirrasse em seu rosto– Mas que porra.

Rafael sufocou o riso cobrindo a boca com a mão ao ver Victor com o rosto e cabelos sujos pelos ingredientes mal misturados da tigela. O rapaz em questão ficou tentado em virar o resto da mistura na cabeça do moreno.

— Acho melhor eu terminar isso – Rafael pegou a tigela de sua mão ainda rindo. – Acho que seu pai não ficaria feliz tendo que redecorar a cozinha de alguém fazendo um bolo.

— Meu pai ficaria horrorizado se descobrisse que eu entrei na cozinha para preparar qualquer coisa mais sofisticada que um sanduíche – Victor respondeu com naturalidade, mas ficou feliz em deixar Rafael assumir a tarefa.

— Seu pai parece um cara legal – Rafael disse com sarcasmo enquanto voltava à tarefa de bater a massa, ao contrário de Victor, ele conseguiu terminar a tarefa sem nenhum acidente antes de colocar a mistura na assadeira e ela no forno pré-aquecido.

Liliane escolheu esse exato momento para entrar na cozinha ainda vestindo sua roupa de dormir e com os cabelos espetados para todos os lados. Ela parecia ainda estar com sono, mas seus olhos brilharam quando viu a tigela na mão de seu irmão.

— Boloooo – Gritou, correndo na direção do irmão. Rafael quase esperava que ele saltasse sobre ele para pegar a vasilha, mas em vez disso parou em sua frente quase saltando de excitação. – Posso raspar a tigela? Posso?

— Claro – Ele colocou a tigela sobre a mesa com a colher – Se o gosto estiver estranho é culpa dele – Continuou, apontando para Victor enquanto Lili se ajustava na cadeira.

— Foi você quem me disse o que fazer, se estiver ruim a culpa ainda é sua. – Victor passou o dedo na beirada da tigela e o levou à boca sem se importar com o protesto de Liliane e a forma como ela puxou a vasilha mais perto, protegendo de um novo ataque – E o gosto está ótimo.

— Sim, porque eu te disse o que fazer – Victor abriu a boca para retrucar, mas simplesmente não achou nenhum insulto que pudesse usar. Pelo menos não na frente de uma criança.

— Eu vou lavar essa farinha do meu rosto – Ele declarou resignado, pronto para sair da cozinha.

— Espere, uma coisa – Victor se virou para o moreno como um reflexo quando foi chamado, apenas para ser fotografado por ele.

— Que porr...caria, cara. Por que você fez isso? – Victor reclamou irritado se esforçando para não saltar sobre Rafael e esgana-lo.

— Lembra? A professora disse que queria fotos para provar que fizemos a tarefa – Rafael usou um tom inocente não muito convincente. – Você coberto de massa vai ser prova suficiente.

— Quero ver se você vai gostar de ser fotografado com um violão no... – Ele se calou, forçado a lembrar da presença da criança ainda entretida com o resto da massa de bolo. Com um bufo irritado, o rapaz saiu da cozinha, embora não rápido o suficiente para deixar de ouvir o comentário de Liliane.

— Ele ia falar "cu"
----------------------------------------------------------

Victor passou mais tempo que o necessário para limpar seu rosto no banheiro. Enquanto olhava para o reflexo no espelho, tentou pensar no que faria. Ele estava mais descansado que na noite anterior, mas isso não anulava o fato de que ele teria que voltar para casa e enfrentar seu pai. Por algum motivo, ele acreditava que Rafael aceitaria se ele pedisse para ficar mais um dia – Para alguém com uma atitude tão ruim na escola, o moreno era estranhamente gentil fora do ambiente escolar. – mas ele não podia fugir para sempre.

— E pensar que eu já tenho 18 anos – Ele murmurou com desgosto – Grande adulto com medo do papai.

Uma batida na porta fez com que ele saltasse um pouco. Imediatamente terminou de enxugar o rosto e abriu a porta para ver Laura parada ali com a maquiagem borrada, cabelos espalhados e o vestido que havia usado na noite anterior muito amarrotado.

— Victor? – Os olhos da garota que estavam ainda praticamente fechados de sono, se arregalaram de repente – Eu estou alucinando ou algo assim?

— Se eu fosse uma alucinação, qual o sentido de me perguntar? – Victor brincou, parafraseando a frase de uma série, Laura não pareceu entender a referência, mas concordou que era uma pergunta estúpida.

— Não que eu esteja reclamando, mas o que você está fazendo aqui?

— Problemas com o papai. A triste história de todo adolescente – Victor adicionou um tom mais dramático às palavras tentando esconder a verdadeira dor por trás delas – Seu irmão insuportável, que a propósito nem sabia que era seu irmão, me convidou para passar a noite.

— O Rafael não é meu irmão – Laura respondeu quase por reflexo, mas então ela sorriu e deu um tapinha em seu ombro – De qualquer jeito é bom ver você aqui.

— Sério? Porque do jeito que você ignorou minhas mensagens, achei que você estava com raiva.

— É complicado – Ela fez uma careta como se pensasse em algo desagradável. – Olha, eu realmente preciso usar o banheiro, mas assim que eu estiver me sentindo mais humana vamos conversar.

Victor saiu do banheiro, abrindo espaço para que a garota entrasse, ele não perdeu o nervosismo repentino dela, mas não comentou. Sabendo que se ela quisesse falar sobre isso, falaria mais tarde.

Quando Laura fechou a porta Victor voltou para a cozinha. O lugar estava bem mais organizado do que quando havia saído e Rafael estava sentado em uma cadeira ao lado de Lili que tinha a boca coberta de chocolate e estava terminando de comer uma torrada. O negro não esperou um convite antes de se sentar do outro lado da mesa, mas logo se arrependeu quando o silêncio desconfortável se estendeu por vários minutos antes que Laura finalmente se juntasse a eles.

Mesmo com a estranheza dos últimos dias a conversa entre Victor e Laura fluiu bem. A garota estava contando uma história engraçada sobre algo que havia acontecido na festa na noite anterior – Algo sobre o "Doido da praça" passar vários minutos conversando com um boneco inflável decorativo pensando que era um policial – quando Letícia entrou na cozinha parecendo muito mal-humorada.

— Por que no inferno vocês estão falando tão alto? – Ela resmungou se sentando e quase escondendo o rosto nas mãos.

— Desculpa – A voz de Victor fez a garota levantar os olhos, percebendo sua presença pela primeira vez.

— Victor? O que...? – Mas antes que ela pudesse terminar a pergunta, Luciana também entrou no cômodo fazendo com que sua postura mudasse drasticamente para disfarçar a ressaca.

As mulheres começaram a se servir com café e pão com manteiga, mal notando quando Rafael saiu da cozinha para ajudar Liliane se limpar, sabendo que sua madrasta desaprovava suas "torradas especiais" tanto qualquer outra coisa que lembrasse seu pai. 

Luciana tentando parecer agradável para o filho do Prefeito, o serviu com um sorriso no rosto enquanto tentava puxar assuntos políticos aos quais Victor apenas acenava vagamente em concordância apesar de não estar realmente prestando atenção.

Depois de vários minutos Rafael voltou vestindo um short Jeans e uma camiseta e acompanhado por Lili – agora com um vestido azul e o cabelo penteado – que voltou a se sentar enquanto ele tirava o bolo do forno. Depois de cortar o bolo e colocar os pedaços em um prato sobre a mesa, o rapaz preparou novamente o achocolatado para a irmã em uma caneca de Monstros S.A.  e pegou a própria caneca de Umbrella Academy para tomar café.

Sentar à mesa com suas meias irmãs mais velhas e a madrasta não era uma coisa com que Rafael estava acostumado e a presença de Victor só deixava a situação desconfortável. Victor parecia compartilhar dessa sensação, principalmente pelo fato de que Luciana continuava a falar elogiando o prefeito e todas as suas decisões e exaltando Letícia de uma forma que ficava nítido que queria convencê-lo de que ela era um bom partido.

— O bolo até que ficou bom para sua primeira tentativa – Rafael comentou em um dos breves momentos em que sua madrasta parou de falar para mastigar.

Victor olhou para ele parecendo grato pela mudança de assunto e mesmo Laura e Letícia pareceram aliviadas, ambas obviamente constrangidas pelo comportamento de sua mãe.

— "Até que ficou bom"? – Victor bufou aproveitando o gancho para fugir do tópico "Letícia é muito boa em matemática" – Ficou ótimo.

— Sim, porque eu sou ótimo professor. – Rafael não conseguiu evitar o sorriso ao ver a expressão aliviada em no rosto do outro rapaz e se viu pensando outra vez no quanto ele era bonito.

— Foi você quem fez? – Laura também entrou na conversa querendo evitar que Luciana voltasse a falar.

— Sim. Sabe aquela tarefa estúpida de sociologia – Victor revirou os olhos tentando parecer mais exasperado do que se sentia.

Depois disso Rafael foi excluído da conversa enquanto os três conversavam sobre as atividades atribuídas por Celeste. Letícia estava aprendendo sobre plantas e ensinando sua dupla alguns macetes de matemática e física. Laura estava realizando uma tarefa diferente que consistia em se desafiar a fazer algo que ela tinha medo.

Mesmo sem participar da conversa, Rafael sentiu o clima bem mais leve que antes. Até Lili que havia passado todo o tempo com a boca cheia demais para falar parecia ter sentido a diferença. A única que estava visivelmente infeliz era Luciana e para Rafael isso tornava as coisas ainda melhores.
-----------------------------------------------------------

Depois de terminar o café, Victor foi praticamente arrastado para a sala por Laura e Letícia enquanto Luciana voltava para o próprio quarto e Liliane ficava na cozinha para "ajudar o Rafafa limpar".

A conversa estava animada, mas Victor podia ver que algo estava incomodando Laura. Apenas quando Luciana chamou Letícia para o andar de cima e eles saíram para o quintal dos fundos, se afastando dos ouvidos dos outros moradores da casa foi que ela teve coragem de tocar no assunto.

— Eu não respondi as mensagens porque estava com vergonha de... Você sabe... – Seu rosto ficou imediatamente vermelho.

— O que? O beijo ou o vômito? – Victor brincou, mas sua expressão ficou mais séria quando a garota apenas ficou mais corada – Olha, eu realmente não sei o que aconteceu com você naquela noite e se você quiser falar sobre o que te incomodou tanto, você sabe que pode confiar em mim, mas você não precisa ter vergonha ou se esconder de mim por causa do que aconteceu. Eu já tive minha cota de decisões movidas a álcool, não vou segurar isso contra você.

— Obrigada – Laura ficou visivelmente menos tensa com o tom calmo usado pelo amigo.

— É claro que se você tivesse sujado meus sapatos a conversa seria diferente – Ele brincou, arrancando um sorriso da garota.

Depois disso Laura pareceu relaxar mais. Durante a conversa na cozinha ela havia agido de forma contida e envergonhada, se esforçando para evitar os toques e cutucadas brincalhonas que eles normalmente trocavam, mas agora que sabia que Victor não a interpretaria de forma errada, não teve problemas em voltar a seus hábitos anteriores.

Eles se sentaram no chão perto do muro, na sombra projetada por uma árvore do quintal vizinho. Laura não falou sobre o que a estava incomodando no sábado e Victor não insistiu, pois apesar de ela ser uma de suas melhores amizades, eles ainda não tinham esse tipo de intimidade. A conversa correu assuntos leves como a escola, programas de teve e a festa de carnaval. Esse último assunto trouxe de volta algo que Victor estava tentando evitar. O motivo de ele ter passado a noite na casa dos Monteiro-Garcia.

Laura não insistiu no assunto, assim como ele não havia insistido com ela antes, mas sua relação difícil com o pai era uma questão desconhecida por ela e Marcos, embora Victor nunca tivesse deixado claros os motivos do desentendimento. De qualquer forma, ele contou a amiga a versão resumida, deixando de lado o motivo da discussão e a maior parte das ofensas trocadas.

A verdade era que a briga entre eles no dia anterior havia acontecido porque alguém espalhou a notícia de que ele havia sido visto beijando um cara no domingo durante a festa. Ele mesmo não havia ficado satisfeito com os boatos. A ideia de uma festa fantasia era poder beijar quem quisesse de forma anônima e, apesar de suas constantes discussões com seu pai sobre o assunto, Victor não estava interessado em revelar seu interesse por garotos depois do que havia acontecido em sua velha escola.

Ouvir o seu pai dizer que seu "comportamento desviante" poderia custar a vitória nas próximas eleições e mais uma lista de ofensas disfarçadas de conselhos – principalmente quando Victor estava preocupado com o que aconteceria na escola se a notícia se espalhasse – fez o rapaz explodir de verdade pela primeira vez. E depois de uma explosão acalorada que terminou com o prefeito gritando que devia ter deixado ele na capital com a tia.

Victor havia pego sua mochila e o violão e saído com raiva de casa e determinado a não voltar. Marcos havia dito que ele poderia passar a noite na sua casa antes que os pais "Anti-Martins" dele barrassem a ideia. Em resumo sua vida estava fodida por causa de um cara de outra cidade com quem ele nem havia transado e que beijava mal pra caralho.

-----------------------------------------------------------

Rafael viu Victor e Laura conversando e rindo no quintal através da janela de seu quarto. Ele sentiu o ciúme torcendo em seu estômago e se obrigou a desviar o olhar. Ele nunca imaginou que chegaria o dia em que desejaria estar trabalhando no feriado que ficar em casa.

Balançando a cabeça para se livrar desses pensamentos deprimentes, o rapaz se deitou na cama com o celular para assistir alguns episódios de Umbrella Academy antes de ter que fazer o almoço. Por volta da metade do episódio no entanto, sua mente começou a se desviar da trama na tela e se voltar para a noite de sábado. Para a conversa com Victor... Para o beijo...

Ele praticamente saltou da cama quando o som da porta se abrindo o assustou. Victor não pareceu notar a reação do moreno à sua entrada e caminhou diretamente até onde estava sua mochila e violão parecendo muito mais tenso do que minutos atrás na companhia de Laura.

Rafael observou enquanto o rapaz arrumava suas coisas, obviamente se preparando para ir embora. Ele não parecia muito feliz com a ideia de voltar para casa e mais uma vez, contra seu melhor julgamento ele tentou ajudar:

— Você não precisa ir embora. – Quando suas palavras chamaram a atenção de Victor, atraindo o olhar do negro para ele, Rafael continuou – A Luciana não vai se importar, na verdade faz tempo que não vejo ela tão feliz. – Ele brincou – E você e a Laura parecem se dar muito bem.

— Por que você está fazendo isso? – Victor estreitou o olhar para ele.

— Isso o que? – Rafael perguntou confuso.

— Sendo legal comigo. – Victor torceu o nariz como se doesse fisicamente admitir que o outro era "legal".

— Provavelmente porque eu sou muito trouxa – Rafael murmurou a resposta mais para si mesmo antes de acrescentar – Eu não sei. Não é como se merecesse qualquer simpatia, mas eu entendo como é querer fugir – Ele deu de ombros – Acho que só estou fazendo por você o que gostaria que alguém fizesse por mim.

Victor não sabia como responder. Ele se sentiu um pouco desconfortável com a resposta, era um daqueles momentos em que ele via mais em Rafael que um idiota homofóbico e escroto e se sentia culpado por não conseguir odiá-lo completamente.

— Eu... – Ele começou hesitante – Eu tenho que ir embora de qualquer maneira. Evitar o problema só vai piorar as coisas. – Victor não esperou uma resposta antes de caminhar para a porta.

— Victor – Rafael chamou, atraindo a atenção do outro.

— O que? – O rapaz se virou para ele.

— Eu... – Rafael hesitou. Ele queria desesperadamente dizer a Victor que era ele usando a fantasia de dementador... Que ele sabia que Victor gostava de garotos e que não precisava agir como um enrustido homofóbico para esconder isso... Mas ele sabia que dizer qualquer uma dessas coisas poderia significar mais problemas para si mesmo – Você vai precisar de uma foto minha com o violão – Disse resignado com a própria covardia, enquanto estendia a mão para o objeto. Ele forçou um sorriso antes de acrescentar – É bom que você seja um fotógrafo decente.

NOTA DA AUTORA

Finalmente o primeiro cap do ano. Demorou, mas chegou né? Eu tô quase terminando minha fanfic de criminal minds e isso vai dar tempo de atualizar essa história um pouco mais rápido.

Espero que tenham gostado do capítulo atual apesar dos personagens ainda continuarem sendo 2 idiotas. Aliás, me contem o que estão achando da história até agora.

Algum personagem preferido?

Algum personagem que vocês odeiam?

Alguma teoria sobre o que vai acontecer?

Até o próximo capítulo, meus clichezudos 🤟🌈

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top