Ninha voltou ao trabalho e depois do almoço as horas passaram rapidinho, mal teve tempo de fazer muita coisa, acho que ainda não te falei qual era o trabalho dela, Ninha trabalhava de assistente de escritório, e esse trabalho ela conseguiu por indicação de Vitor que além de seu supervisor era seu amigo de longas datas, tanto da vida quanto na igreja, ela se afastou dele no tempo em que ficou casada com Cleiton, pois o marido não aprovava essa amizade, e chegava as vezes a ameaçar mata-la se sonhasse que ela mantinha contato com Vitor.

Enquanto ela ajeitava sua mesa para ir para casa, começou a lembrar do quanto ela perdeu, desde o momento que se casou com Cleiton, as amizades se afastaram, Vitor até tentou manter contato, mas ela lhe pediu para que não fizesse isso, mas não lhe disse o real motivo, a desculpa que ela lhe deu era que, como estava casada agora tinha que se dedicar ao marido.

Lembrou-se de quanto amou aquele homem, desde a primeira vez que Cleiton sorriu pra ela na igreja ela se apaixonou, e apesar dos inúmeros avisos das irmãs mais velhas da igreja para que não se casasse com ele, Ninha passou por cima de todos até dos conselhos da mãe e se casou.

Cleiton que era um cristão, ou que fingia ser, a partir do segundo mês de casamento parou de ir a igreja, e começou a proibi-la também, mas como ela era responsável pelo grupo de louvor, não queria abandonar a igreja, ela amava estar entre os irmãos, e também era o único jeito de reaver seus amigos, e apesar de ela amar Cleiton não achava justo ele priva-la de algo que ela amava tanto.

Quando os irmãos da igreja perguntavam por Cleiton, Ninha sempre tinha uma mentira pronta pra contar, afinal ele era seu marido e ela não queria que as pessoas pensassem mal dele.

Porém certa vez aconteceu algo que ela não pode prever, ela estava em uma reunião com os membros e lideres da igreja, quanto Cleiton apareceu na porta visivelmente alterado e exigiu que ela fosse pra casa com ele.

- Amor, estou em reunião eu faço parte da liderança dos jovens tenho que ficar até o final da reunião – Ninha disse baixo para que os outros irmãos não escutassem, porém a reação que Cleiton teve em seguida chamou a atenção de todos para eles. Ele bateu na porta da igreja insultando-a com nomes de baixo calão que não vou reproduzir aqui caro leitor porque são realmente horríveis de se dizer ainda mais na porta da igreja.

- Você vai pra casa comigo agora, você é minha esposa e me deve respeito – Cleiton estava gritando.

Nesse momento um dos irmãos que estava na porta foi em direção a Cleiton para tentar acalma-lo, Cleiton olhou mais uma vez para Ninha e foi embora. Ela por sua vez pediu perdão aos irmãos e foi atrás do marido. Naquele momento a pastora local pediu para que a igreja entrasse em oração, pois ela temia pelo pior.

E só não aconteceu, por milagre divino, assim que ela entrou em casa viu Cleiton parado, escorado na pia da cozinha, seu olhar era de puro ódio.

- Você viu o que você fez? –Ele dizia isso enquanto caminhava em direção a ela, lhe encurralando contra a porta da cozinha.- Responde sua inútil , você acabou de desgraçar a minha vida, o que os irmãos vão pensar de mim agora hein?

- Mas Cleiton eu esta... – Ninha não conseguiu terminar de falar, pois ele lhe acertou o rosto com um tapa que fez com que ela deixasse a bíblia e as pastas que estavam em sua mão cair.

Ninha começou a chorar ela recitava em pensamento o salmos 91 e pedia "Senhor, não me deixe morrer aqui eu não estava fazendo nada de errado, eu estava na sua casa, me socorre"

Nesse momento alguém bateu na porta insistentemente e, Cleiton saiu de perto dela, mas disse:

-Uma palavra sua e eu acabo com sua vida. – Cleiton foi para o quarto e Ninha após secar o rosto e apanhar a bíblia e as outras coisas do chão, foi abrir a porta, mas não tinha ninguém ela olhou para os dois lados da rua e estava deserto. Ela balançou a cabeça tentando entender e ao fazer isso ouviu uma voz suave que lhe sussurrou: "mil cairão ao teu lado e dez mil a sua direita, mas você, não será atingido.

Ninha fechou a porta e se escorou chorando e agradecendo a Deus pelo livramento, mas depois daquele dia nunca mais conseguiu voltar a congregar, sentia-se desanimada, e o pior culpava a Deus pela sua situação.

Ela foi tirada dos seus devaneios, quando o taxista lhe chamou e disse:

- Senhora, já chegamos, quando ela olhou estava em frente ao prédio da irmã Cida a senhora que cuidava de seus filhos, Ninha balançou a cabeça para se situar, aliás ela nem lembrava de ter saído da empresa e muito menos de ter pego um táxi, por fim pagou o taxista, desceu e foi encontrar-se com a razão pela qual ela sabia que nunca desistiria da vida, mesmo depois de todo seu sofrimento: Seus filhos.

Enfim chegou em casa com os filhos, tomou um banho e foi preparar o jantar, Bruno chegaria mais tarde e com certeza estaria varado de fome.

Assim que jantaram, preparou as crianças para dormirem e quando já estava saindo do quarto João perguntou:

- Mamãe, você sabe qual o verdadeiro sentido do natal? Conta pra nós? – Ninha se voltou para o filho, tentou lembrar-se de alguma história de natal, mas foi em vão, nunca tinha parado para pensar nisso.

- Filho, agora mamãe está cansada, mas prometo que conto outro dia pra vocês. – Dizendo isso, beijou a testa dos filhos e foi para seu quarto.

Esse é o quarto capitulo desse conto que já está chegando ao fim, que Deus abençoe a vida de cada um de vocês que está se prontificando a ler, se gostar não se esqueça de deixar sua estrelinha.       

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