- Camily?

Fecho os olhos e suspiro alto, na tentativa de me acalmar.

- Sim? - Me viro.

- O está fazendo aqui? - Frank pergunta.

- Vim para uma consulta.

- Sério? Não vi que tinha marcado um horário com você.

- Não irei me consultar com você, e sim com o doutor Evans. - Falo.

Frank caminha para mais perto de mim e pergunta baixo:

- Por quê? Eu quero ser seu médico.

- Já está decidido Frank, e não vou voltar atrás.

- Você deveria ter pedido minha opinião.

- Eu sei, e me desculpe por isso, mas você não poderia fazer o parto do seu próprio filho, então decidi procurar por outro médico.

- Mas eu queria acompanhar seu crescimento.

- Você fará isso como pai Frank. - Reviro os olhos.

Eu sei que deveria ter discutido esse assunto com ele antes, mas estou com tanta coisa na mente, que acabei não me lembrando.

- Está fazendo isso para se vingar de mim?

- É sério isso? - Pergunto incrédula. - Pelo jeito não me conhece nem um pouco não é? Depois de tantos anos juntos acha que eu seria mesquinha, ou usaria meu próprio filho para se vingar de você? Tenho coisas mais importante para fazer da minha vida do que perder meu tempo tentando me vingar de alguém Frank.

- Me desculpe. - Ele abaixa a cabeça.

- Já perdi as contas de quantas vezes ouvi essa frase nesses últimos dias.

- Me des...

Ele se cala quando percebe que quase pede desculpas novamente, então eu me sento e falo.

- Pense antes de dizer alguma coisa que possa machucar alguém, porque mesmo que peça desculpas, a ferida ainda estará lá, e nem sempre podem ser esquecidas.

- Você tem razão. - Ele se senta ao meu lado. - Eu sou um idiota.

Frank me machuca com suas palavras cruéis, e depois pede desculpas como se isso fosse amenizar alguma coisa.

Eu sou do tipo de pessoa que evita confusões porque sei que posso falar demais e acabar magoando alguém. Eu sei que depois que uma palavra cruel proferida, nem mesmo um pedido de desculpas pode fazer esquecer.

Algumas pessoas quando decidem perdoar, decidem esquecer, mas nem todo mundo é assim, então é sempre bom evitar falar demais, para não magoar alguém.

- Me prometa que vai me deixar fazer parte da vida do meu filho?

- Eu já te falei antes que não tenho nenhuma intenção de te distanciar do seu filho. - Falo.

- Obrigado. - Ele sorri abertamente.

- Não precisa ficar com medo Frank, eu quero que seja um pai presente, então tudo depende de você.

Olho para o lado quando escuto uma movimentação, e então uma mulher sai da sala do médico.

- Qualquer novidade me avise ok? - Frank se levanta.

- Ok. - Digo apenas.

Frank me encara por alguns segundos de uma forma estranha, e então vai embora me deixando sozinha.

Me assusto quando o telefone da rececionista toca, e alguns segundos depois ela se levanta e caminha em minha direção.

- O doutor já vai lhe atender. - Ela me fala.

Me levanto e caminho em direção à porta da sala médica, e a adentro após  a recepcionista abri-la .

- Obrigada. - A agradeço me virando para ela.

Ela sorri e acena com a cabeça, em seguida fecha à porta novamente.

O doutor está de costas para mim e parece estar mexendo em alguns papéis, enquanto eu fico parada no mesmo lugar esperando ele perceber minha presença.

- Pode se sentar. - Ele fala sem se virar para mim.

- Obrigada. - Agradeço.

Não sei porque, mas tenho a sensação de ter ouvido essa voz em algum lugar, mas por mais que eu tente me lembrar não consigo.

- Hoje é a sua primeira consul...

Ele se cala de repente, então levanto a cabeça e no mesmo instante um sorriso largo se forma nos meus lábios.

- Estou vendo coisas, ou minha namorada está sentada em minha frente? - Clark pergunta.

- Você não está vendo coisas. - Nego com a cabeça.

Ele se senta em sua cadeira, em seguida coloca os braços sobre a mesa e pergunta:

- Agora você vai me passar o número do seu telefone?

- Tão apressado. - Também sorrio.

- Apressado não, prático.

Nem nos meus melhores sonhos imaginei que iria me encontrar com Clark tão de repente, e muito menos que ele seria meu médico.

- Você é meu ex-namorado trabalham na mesma área, como não se viram antes?

- Eu sou novo nessa área médica, então esse é o motivo de não ter nos encontrado anteriormente. - Ele diz.

- Tem certeza que é seguro colocar minha vida e a do meu filho em suas mãos? - Brinco com Clark.

- Pode ter certeza que sim. - Ele pisca para mim.

Clark coloca os cotovelos sobre a mesa, em seguida me olha como se eu fosse um bicho exótico em um zoológico.

- Por que está me encarando? - Pergunto sem graça.

- Você é totalmente meu tipo.

Começo a tossir descontroladamente quando engasgo com a saliva, então Clark se levanta rapidamente e me serve um copo com água.

- Obrigada. - Agradeço quando ele me entrega o copo.

- Está melhor?

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Clark me observa por um tempo e parece preocupado, mas em seguida ele se volta para sua cadeira novamente e se senta.

- Você é sempre tão direto? - Pergunto.

- Na verdade não. - Ele nega com a cabeça. - Mas por alguma razão eu me sinto confortável com você.

- Eu me sinto da mesma forma. - Assumo. - Mas agora é melhor deixarmos os assuntos pessoais de lado, ou daqui a pouco sua próxima paciente chega e ainda não me consultei.

- Não se preocupe, hoje você é minha última paciente. - Ele sorri de canto.

- Mas eu ainda tenho que voltar para o trabalho, então...

- Quer sair comigo hoje à noite? - Ele me corta.

- Eu adoraria, mas hoje vou até a casa do meu irmão lhe dar uma notícia e tanto. - Falo. - Então talvez hoje seja a última vez que você me verá, porque provavelmente eu serei morta.

Não posso esconder o fato de eu estar grávida do meu irmão por muito tempo, e quanto mais eu ficar em silêncio, ele vai ficar ainda mais bravo, então é melhor contar logo.

- Quer que eu vá com você, para sua segurança? - Clark pergunta.

- Não posso...

- Eu quero te ajudar Camy, então não pense que está abusando da minha boa vontade. - Ele me corta.

- Por que quer tanto me ajudar Clark? - Pergunto. - Por que é tão legal comigo?

- Por que eu me sinto confortável para ser eu mesmo quando estou com você. - Ele fala. - E apesar de ser um completo desconhecido agora, eu quero que me deixe fazer parte da sua vida de hoje em diante.

Clark parece ser um homem confiável e decente, e apesar de não conhecê-lo, eu também me sinto bem a vontade com ele.

Tenho certeza que seremos bons amigos de agora em diante, e ele não poderia ter aparecido em um melhor momento.

Por incrível que pareça ele me faz esquecer meus problemas mesmo que seja por algumas horas, mas já é bom o suficiente para eu me sentir aliviada.

- Vou aceitar sua ajuda hoje. - Falo. - Por favor, não deixe meu irmão me matar.

- Pode ter certeza que lhe deixarei em segurança. - Ele sorri abertamente.

- Então de agora em diante seremos bons amigos.

- Vou aceitar isso por enquanto, mas no futuro será minha mulher. - Ele fala com seriedade.

- Pare com isso Clark. - Sinto meu rosto esquentar.

- Não pense que estou brincando Camily, porque eu não estou. - Ele sorri de canto.

Não sei se Clark é um conquistador nato, ou se está apenas brincando comigo ou falando sério, mas tenho certeza que irei descobrir com o tempo.