Capítulo 9

- Olá Lauren. - O homem sorri largo. - Faz tantos anos que não nos vemos, que acho que já até se esqueceu de mim.

- Quem é você? - Indago confusa.

Tenho a impressão de que o conheço de algum lugar, mas eu não consigo me lembrar de onde.

- Não se lembra de mim? - Ele questiona surpreso.

- Não. - Nego com a cabeça.

- Realmente é difícil se lembrar de mim depois de tantos anos.

Sua voz e seu olhar não me é estranho, mas por mais que eu tente me lembrar desse senhor eu não consigo.

- Quer se sentar? - Ele questiona.

- Obrigada. - Agradeço.

Ele caminha até algumas poltronas em um canto do escritório, e eu o sigo a uma distância segura, e assim que nos aproximamos delas nos sentamos.

- Quando recebi seu currículo fiquei muito surpreso. - O senhor Malcon fala.

- E agora eu estou surpresa pelo senhor me conhecer.

Agora eu quero saber quem esse homem é, mas ele não parece com muita pressa em me dizer.

- Normal que não se lembre de mim.

- Então refresque minha memória. - Sorrio fraco.

Sou uma pessoa bem curiosa, então se esse homem diz que nos conhecemos, quero saber quando, e onde isso aconteceu.

- Vi em seu currículo que já teve vários empregos. - Ele ignora o que eu disse.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

- Por que sua passagem por cada emprego foram tão curtas? - Pergunta.

Essa é a primeira vez que me perguntam isso, e agora eu não sei se minto ou falo a verdade.

Já fui secretária várias vezes, também já trabalhei como zeladora, garçonete, babá, ajudante de cozinha, cuidadora de idosos, florista, vendedora e assistente de atores iniciantes. É bem provável que eu até já tenha me esquecido de alguns empregos que tive ao longo dos anos, porque foram muitos.

- Bem... Eu tenho o mal costume de sempre me sabotar quando tudo na minha vida está indo bem.

Decido ser sincera apesar de saber que isso pode ser o motivo para a minha não contratação, mas eu não quero começar as coisas de forma errada.

- Se caso eu te contratar, depois de um tempo pedirá demissão? - Ele indaga.

- Estou tentando mudar isso em minha vida, por isso sou sincera em te dizer que eu não sei. - Falo.

Talvez com o tempo eu consiga parar de me sabotar, mas talvez isso não aconteça, por isso não posso dar garantia de nada do que eu faço.

- Gosto da sua sinceridade senhorita.

- Fico feliz por isso. - Forço um sorriso.

Ele fica me encarando em silêncio por um tempo, e isso está começando a me deixar um pouco desconfortável.

- Você tem família? - Ele questiona. - Esposo, e filhos?

- Não. - Nego com a cabeça.

- E seus pais? Ainda são vivos?

O que esse homem está querendo comigo? Estou aqui para fazer uma entrevista de emprego, e ele quer saber sobre minha vida particular?

Está certo que alguns cargos exigem ser solteira, mas por quê ele quer saber dos meus pais? Seria ele amigo da minha mãe ou Adam?

- Minha mãe faleceu há alguns anos.

- Sinto muito por sua perda. - Ele fala. 

- Obrigada. - Agradeço.

O senhor Malcon parece ficar meio abalado ao saber da morte da minha mãe, então talvez ele fosse algum amigo seu que eu não me recordo.

- E seu pai? - Ele questiona. - Ainda está vivo?

Seus olhos parecem brilhar esperando pela minha resposta, e isso começa a fazer surgir um bilhão de perguntas em minha mente.

- Eu não tenho pai. - Falo com irritação.

Eu deveria me controlar e manter o profissionalismo, mas quando me lembro do Adam meu sangue ferve nas veias.

- Bem... - Ele se cala por alguns segundos. - Por...

- O senhor poderia mudar de assunto? - O corto.

- Claro. - Ele balança a cabeça em confirmação.

- Pode me perguntar qualquer coisa que irei lhe responder com o maior prazer, mas não poderei lhe falar nada sobre ter um pai, porque eu nunca tive um. - Falo calmamente.

Vou acabar me ferrando por causa da minha língua enorme. Se ele quer saber sobre o Adam eu deveria ter falado, se quer saber sobre outros assuntos eu também devo falar, porque eu preciso desse emprego, e não irei conseguir ele agindo dessa forma.

- Me desculpe por ter sido tão invasivo.

Por que ele parece chateado com a forma que eu disse não ter um pai? O senhor Malcon parece tão desconfortável que é até estranho de se ver.

- Está tudo bem. - Forço um sorriso.

- Bem... Agora vamos falar sobre a vaga de emprego. - Ele sorri.

- Ok. - Digo apenas.

Me ajeito na cadeira enquanto espero que ele comece a falar, e por algum motivo eu estou confiante de que esse emprego será meu. Posso estar bem errada e me iludindo, mas não custa nada sonhar não é mesmo?

- Como você já deve ter notado minha secretária está grávida e logo terá que se afastar do trabalho. - Ele fala. - Caso você aceite o emprego, por enquanto irá auxiliá-la em suas tarefas.

- Caso eu aceite? - Arregalo os olhos surpresa.

- Sim. - Ele confirma com a cabeça.

- Sério? - Pergunto ainda não acreditando.

- Gostei de como foi sincera em suas palavras, então se lhe interessar esse emprego é seu senhorita.

Minha vontade é de voar sobre esse homem e lhe abraçar em forma de agradecimento, mas é óbvio que me controlo ou posso acabar sendo demitida antes mesmo de assinar um contrato.

- Obrigada senhor. - Agradeço.

Posso até estar parecendo uma pessoa calma e mantendo o profissionalismo nesse exato momento, mas por dentro estou pulando de alegria como uma louca.

Só eu sei o quanto estou me segurando para não sair correndo por esse escritório, feliz da vida por ter conseguido um emprego.

Depois da forma que eu o respondi quando ele fez perguntas sobre Adam, eu pensei que ali seria o meu fim, mas graças a Deus eu estava errada, e agora não sou mais uma desempregada.

Talvez eu deva fazer faxina e tomar banhos mais vezes, porque parece que isso me deu um pouco de sorte a final das contas.

- Seja bem vinda a nossa empresa senhorita.

O senhor Malcon me estende a mão, e eu a pego mais do que depressa, retribuindo o aperto, e selando assim minha contratação.

- Obrigada senhor. - Agradeço. - Prometo que farei o meu melhor.

- Tenho certeza que sim. - Ele sorri largo. - Não te contrataria se pensasse o contrário.

- Muito obrigada pela oportunidade. - Agradeço novamente.

Esse homem nem imagina a situação que estou passando, como também não imagina que no momento está sendo a minha salvação.

Quando o idiota do Max me obrigou a me demitir, eu realmente pensei que seria meu fim, por sorte surgiu uma luz no fim do túnel.

Talvez agora eu trabalhe com pessoas que valorizam meu trabalho, e gostem de mim, coisa que não iria acontecer com o imbecil do Max.

Espero que dê agora em diante a minha vida comece a dar uma guinada, e que eu não acabe fazendo idiotice como sempre.

Farei o que tive ao meu alcance para ficar nessa emprego até me mandarem embora, pois eu não tenho intenção alguma de me demitir como fiz muitas outras vezes.

Já passou da hora deu amadurecer e começar a pensar no meu futuro, porque se eu não dar um jeito de fazer algo útil com minha vida, tenho certeza que meu fim não será tão doce ou agradável.

Irei trabalhar até não aguentar mais, e também pretendo descobrir o que eu amo fazer e começar a estudar, porque apesar de eu não ser mais uma jovem adolescente, não é tarde para investir no meu futuro.

Decidi que vou ser alguém na vida leve o tempo que precisar, e vou buscar um futuro melhor para mim, e por isso farei de tudo para mudar minha atual situação.

- A senhorita pode começar amanhã mesmo. - O senhor Malcon fala.

- Estarei aqui. - Sorrio largo.

Ele se levanta e eu faço o mesmo, e então ele me estende a mão novamente e se despede de mim.

- Então até amanhã senhorita.

- Até amanhã senhor.

Solto sua mão e começo a caminhar em direção à porta do escritório, mas algo chama a minha atenção.

Tem alguns quadros de fotografias na parede, e quando meus olhos passam por eles uma foto em questão faz todo meu corpo gelar.

- Mas... Mas... Mas que merda é essa? - indago baixinho.

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