- A questão é, você gostou do vestido? - Ignoro sua pergunta. - Porque até dá para fazer um strip-teaser depois do jantar.

- Está maluca Lauren? - Max pergunta sem graça.

- Esse vestido parece elegante para você? - Indago.

- Não. - Ele nega com a cabeça.

- E acha que ela escolheu ele por quê?

Max olha para o lado e suspira alto, pois parece envergonhado todas às vezes que me encara nesse vestido.

- Eu não sei o porque ela escolheu esse vestido.

- Óbvio que não sabe. - Sorrio cínica. - E idiota demais para perceber.

Eu sou mulher e sei muito bem quando outra quer se sentir superior ou pisar em mim, e Melanie quiz fazer isso desde o momento em que colocou os olhos sobre mim.

Não sei por qual motivo ela está agindo dessa forma, porque nunca nos vimos antes, então eu não fiz nada para essa imbecil.

Ela é apenas uma cobra que parece gostar de destilar seu veneno gratuito em presas pequenas, mas o problema é que ela não imaginou que eu não sou pequena, e sei ser ainda pior do que ela quando quero.

Infelizmente ela teve a má sorte de querer caçar briga com a pessoa errada, porque eu não tenho um pingo de paciência para lidar com pessoas manipuladoras e falsas como ela.

- Se não gostou do vestido escolhe outro. - Max fala.

- É óbvio que eu gostei. - Dou uma voltinha. - Fiquei uma gata nele.

Max olha para meu corpo e desvia o olhar no mesmo instante, enquanto eu fico morrendo de vontade de rir da sua cara de idiota.

- Se gostou então fique com ele.

- Você está doido? - Pergunto. - Quer que sua namorada apareça usando isso em um jantar tão importante para você?

- Você tem razão. - Max fala. - É muito revelador.

Se eu aparecesse com essa vestido esse tal diretor iria achar que ele está namorando uma striper, e apesar de saber que tamanho de roupa não define caráter, ainda acho que essa vestido ultrapassa um pouco o limite aceitável para mim.

Eu não me sentiria confortável com algo tão curto, fora que não é nem um pouco glamuroso ou elegante, e é isso que estamos procurando para esse jantar.

- Gatinha!

Olho para os lados procurando por quem está gritando, e quando enfim meus olhos param na vitrine da loja vejo alguns garotos olhando em minha direção.

- Aceita namorar comigo?! - Um deles grita.

- Eu sou mais velho, então me aceite no lugar dele! - Outro garoto também grita.

De repente sou pega de surpresa quando Max entre em minha frente, e do nada me abraça, me escondendo dos garotos.

Meu coração se acelera com seu corpo grande me envolvendo nos braços, e isso me pega completamente de surpresa. Por quê raios meu coração está acelerado?

Eu deveria estar me afastando do Max, só que por algum motivo desconhecido está tão confortável ser abraçada por ele, mas se eu tivesse seguido meu instinto e o empurrado, o que veio a seguir não teria acontecido.

Quando se da conta do que fez, Max me empurra com mais força que o necessário, e para minha infelicidade não consigo me equilibrar e acabo caindo de pernas para cima.

Max deve ter visto até meu útero, porque eu acabei me arreganhando toda com o tombo, e se isso já não bastava podia piorar um pouco mais, pois a merda do vestido vai parar na minha cintura, e deixa a mostra a merda da minha calcinha mais velha que tenho.

- Você está bem? - Max pergunta de olhos arregalados.

Ele se aproxima de mim e me estende a mão para tentar me ajudar a me levantar, mas eu o ignoro e me levanto sozinha e abaixo o vestido rapidamente.

Se antes eu estava me achando a maior gostosa nesse vestido, agora estou com a cara no chão por causa da porcaria da minha calcinha velha e surrada.

- Se machucou? - Max pergunta preocupado.

Ele se aproxima de mim novamente, mas aponto o dedo em sua direção e ele para no mesmo instante.

- Se quiser morrer se aproxime de mim. - Digo entredentes.

Max dá um passo para trás, porque ele não é maluco de tentar a sorte nesse momento, pois ele sabe do perigo que corre ao querer se aproximar de mim nesse momento.

Lhe dou as costas e começo a caminhar lentamente em direção ao provador, pois meu traseiro e minhas costas estão doendo por causa do tombo, mas o que mais dói é a minha dignidade.

Se tivesse como virar fumaça e sumir eu faria isso nesse exato momento, porém isso é algo impossível de acontecer, então é fingir que nada aconteceu e seguir com minha vida.

Entro no provador e fecho à porta rapidamente, e quando vou tentar tirar o vestido não consigo abrir a porcaria do zíper, então abro à porta de novo e falo:

- Abre essa merda aqui para mim.

Max dá um passo em minha direção, mas eu aponto o dedo em sua direção mais uma vez e ele para.

- Você não chegue perto de mim. - Digo com irritação.

Olho para Melanie, e no mesmo instante ela corre até mim, e após eu ficar de costas ela abre o zíper com as mãos trêmulas.

- Pron... pronto. - Ela gagueja.

- Obrigada. - Agradeço.

- Estou aqui para servi-la senhorita.

O que aconteceu com aquela garota de alguns minutos atrás? Melanie está tão prestativa e educada, que se eu não soubesse que ela é uma cobrinha iria acreditar em sua bondade.

- Obrigada por sua ajuda querida. - Agradeço fingida.

Entro no provador novamente e fecho à porta, e então tiro o vestido e coloco minhas roupas o mais depressa que consigo, e após me vestir pego minha bolsa e saio do provador.

Passo por Melanie e Max e começo a caminhar em direção a saída da loja, enquanto ignoro os chamados daquele idiota, porque até sua voz está me irritando nesse momento.

Estou com tanta raiva do Max, que quero a maior distância possível entre nós dois, porque se não eu sou capaz de matá-lo pela humilhação que ele me fez passar.

Isso que dá ser gentil e amigável e querer ajudar as pessoas, porque se eu tivesse apenas ignorado o pedido do Max ido para casa, nada disso teria acontecido, e eu teria evitado essa vergonha.

Sou tão sem sorte porque normalmente eu uso minhas lingeries velhas apenas em casa, mas acabei não me lembrando desse detalhe quando saí, mas agora é tarde demais, a tragédia já aconteceu.

Eu queria sumir e fingir que esse dia jamais aconteceu, só que a minha falta de sorte insiste em me seguir por onde eu vá, e eu não posso fazer absolutamente nada em relação a isso.

- Lauren espere por mim! - Max grita.

- Me deixe em paz seu idiota.

Continuo caminhando rapidamente e ignorando os chamados do Max, e só paro quando ele coloca ambas as mãos em meu ombro e me força a parar.

- Tire suas mãos de mim. - Resmungo entredentes.

Para quem tem mania de limpeza Max está colocando demais a mão em mim, e se antes isso estava me surpreendendo, agora está me irritando muito.

- Eu não queria ter te empurrado.

- Mas empurrou, então me deixe em paz. - Digo.

Começo a caminhar novamente, e mais uma vez ele me segura me impedindo de continuar a andar.

- Me desculpe. - Ele pede. - O que posso fazer para você me desculpar?

- Absolutamente nada.

- Não foi por querer Lauren. - Ele suspira alto. - Eu só agi por impulso.

- Não me interessa se foi por impulso. - Digo. - Eu só não quero ver sua cara nesse momento.

Ele sabe muito bem como é neurótico, então por que inventou de me abraçar do nada? Se tivesse mantido distância como sempre, eu não teria passado por aquela humilhação.

- Por favor me perdoe. - Ele pede.

Max parece tão sincero com seu pedido de desculpa, que isso faz com que minha raiva diminua um pouco, mas só um pouquinho mesmo.

- Como eu disse antes não quero ver sua cara agora. - Falo com seriedade.

Levanto a mão quando vejo um táxi vindo em minha direção, e alguns segundos depois ela para perto de mim, e mais do que depressa abro à porta e entro no veículo.

- Lauren...

Fecho à porta do carro ignorando Max, porque agora o que eu mais quero fazer é sumir, antes que eu acabe me irritando ainda mais.

- Podemos ir senhorita? - O taxista indaga.

- Sim. - Confirmo com a cabeça.

Ele acena com a cabeça e então começa a sair com o carro lentamente, e apesar de estar com vontade de olhar para trás para ver se Max ainda está parado no mesmo lugar, não faço isso pois ainda me resta um pouco de orgulho.