- Agora se me derem licença, irei me retirar cavalheiros. - Faço uma reverência debochada.

Dou as costas para todos e começo a caminhar em direção à porta, com os olhares curiosos e espantados das pessoas sobre mim.

Saio do restaurante e olho em volta, e como não vejo nenhum táxi começo a caminhar, ainda sentindo adrenalina em meu corpo.

Eu sou muito doida, caso contrário eu não teria feito o que fiz, mas eu assumir a mim mesmo que sou maluca, não quer dizer que me arrependo do que fiz.

Se necessário eu socaria a cara daquele verme novamente sem pensar duas vezes, porque coragem eu tenho de sobra, agora juízo nem tanto.

Eu sei que às vezes acabo agindo por impulso, e na maioria das vezes me prejudico, mas nem isso faz com que eu mude.

Agora foi uma das vezes que agi assim, mas foi por uma boa causa, foi para defender Becca e seu bebê daquela monte de estrume.

Eu nem a conheço bem, não somos colegas ou amigas íntimas, mas eu me sinto responsável por ela, por isso farei o que tiver ao meu alcance para protegê-la.

Eu não sou ninguém, e se Charles quisesse ele acabaria comigo em um piscar de olhos, só que nem o fato de saber que ele é um homem perigoso me deixa com medo.

Sou bem corajosa, mas também sou bem burra, porque se eu fosse uma mulher esperta jamais estaria provocando Charles, e manteria a maior distância possível dele.

- Que merda. - Praguejo baixinho.

Meu celular toca, e quando vou abrir minha bolsa para pegá-lo me assusto com alguém me levantando no ar e me jogando dentro de um carro.

Tento fugir pela outra porta do veículo sem ao menos olhar quem é a pessoa que está me sequestrando, mas como era de se esperar o motorista do carro acelera me impossibilitando de escapar.

Assumo que estou um pouco nervosa de olhar para o lado, porque eu não esperava que isso fosse acontecer comigo no meio da rua movimentada.

Minha respiração está ofegante e meu coração acelerado, mas eu tento ao máximo colocar uma máscara fria em meu rosto para fingir que não estou me cagando de medo.

Sou maluca? Sou! Acabo me enfiando em erascadas? Com certeza sim, mas eu sou humana e também sinto medo como qualquer outra pessoa, e agora eu estou bem amedrontada.

Como não tenho para onde fugir olho para o lado preparada para morrer lutando se necessário, e dou de cara com Max passando produto nas mãos.

- Mas que... - Me calo por alguns segundos. - Que merda pensa que está fazendo Max?

- Você é maluca? - Ele questiona.

- O único que parece maluco aqui é você. - Retruco.

Ele coloca as mãos na cabeça e suspira alto, e pela sua feição ele quer me esganar nesse exato momento.

- Você percebeu que estava sendo seguida Lauren? - Ele questiona.

- Não.

- Achou mesmo que iria sair como se nada estivesse acontecido depois de agredir aquele homem? - Max pergunta.

- Você viu aquilo?

- Sim, eu vi. - Ele responde.

Eu não vi Max no restaurante, mas para falar a verdade eu nem estava olhando para as pessoas que estavam no recinto, porque meu foco era o Charles.

- Como assim eu estava sendo seguida? - Indago.

- Eu estava no banheiro quando escutei ele mandando seu segurança ir atrás de você.

Eu realmente não pensei que isso iria acontecer, mas por sorte Max me ajudou, ou Charles iria descobrir onde moro.

- Por que me ajudou? - Pergunto.

- Porque você é minha empregada. - Ele responde. - Tenho que te proteger.

- Se algo acontecesse comigo estaria livre. - Dou de ombros.

- Está falando sério? - Ele me encara incrédulo.

- Você nem gosta de mim. - Falo.

- Eu não gostar de você não significa que eu quero que algo ruim lhe aconteça Lauren.

Por que eu sinto meu coração aquecido nesse momento? Ver Max se preocupando comigo e me ajudando trás a toma em mim um sentimento que desconheço.

- Desculpe, eu não deveria ter dito isso. - Peço sem graça.

- Que tipo de homem pensa que sou? Posso ser um idiota, mas não sou um monstro que deseja o pior para as pessoas.

Max está indignado comigo e eu até entendo ele, mas como eu poderia adivinhar que ele iria se importar comigo quando nos odiamos e vivendo em guerra?

- Eu já pedi desculpas.

Max me ignora e começa a olhar para o vidro do carro, e eu mordo minha língua antes que eu acabe falando merda.

- Obrigada pela ajuda. - Agradeço.

Max continua em silêncio olhando para o vidro do carro, e isso começa a me deixar bem irritada, mas eu fico bem quieta ou posso piorar tudo ainda mais se eu disser algo.

Tenho que manter a calma porque Max me ajudou mesmo não me devendo nada, e se não fosse a sua ajuda eu estaria bem ferrada com a Becca.

Eu acabei mexendo com fogo ao provocar Charles, e nem sempre terei a ajuda do Max ou outra pessoa para nos defender, mas eu não tenho medo, e vou gritar para o mundo inteiro ouvir o traste que ele é, se ousar se aproximar da Becca ou de mim.

- Você é completamente maluca. - Max fala baixinho.

- Pare de falar que sou maluca.

- Mas você é. - Ele me olha com irritação.

- Por que está tão preocupado com isso? - Pergunto.

- Porque você poderia estar bem ferrada se eu não tivesse te protegido. - Max fala.

- Você não precisa me proteger porque eu sei fazer isso sozinha.

- Percebe-se mesmo. - Ele revira os olhos. - Se soubesse se proteger tão bem iria perceber que estava sendo seguida, e eu não teria te enfiado dentro do meu carro enquanto você andava na rua.

Max tem razão, porque se fosse outra pessoa em seu lugar eu estaria bem ferrada, mas também se fosse outra pessoa eu iria lutar para fugir, coisa que não estou fazendo no momento.

Eu já me livrei de coisa muito pior, pois ao longo dos anos aprendi como me defender de pessoas ruins, mas eu sei que nem sempre terei sorte, e em algum momento estarei bem encrencada.

- Por que realmente me ajudou Max? - Pergunto. - Não sou sua responsabilidade, então não tem o porque querer me ajudar.

- Porque... porque... porque eu quis. - Ele da de ombros.

- Ótima resposta. - Falo com sarcasmo.

Max deve ter feito isso esperando receber algo em troca, porque de uma coisa eu tenho certeza, ele não é o tipo de pessoa que ajuda alguém por sua imensa bondade.

Max é egoísta e só pensa em si mesmo, por isso estou surpresa por ele estar me ajudando, e apesar de estar agradecida ainda assim acho que tem um motivo por trás disso.

- O que você quer por ter me ajudado? - Indago.

- Por que acha que eu quero algo? - Ele retruca.

- Porque eu te conheço Max, sei que fez o que fez querendo algo em troca.

- Lauren eu te ajudei porque achei que era necessário e que você iria precisar de mim, mas você só pensa o pior de mim. - Ele bufa frustrado.

- Talvez seja porque eu nunca tenha visto seu lado bom, se é que existe.

- Você pode até achar que me conhece, mas não sabe absolutamente nada sobre mim Lauren. - Ele fala com irritação.  

Talvez Max tenha razão, pois ele é uma pessoa pública e só mostra para as pessoas o que lhe convém, mas o que eu conheço dele não me agrada nem um pouco.

Espero que eu esteja errada e Max seja um cara incrível, porém eu não crio expectativas com ninguém, porque se tem uma coisa que o ser humano sabe fazer é esconder seu verdadeiro eu atrás de uma máscara de boa pessoa.

Charles é a prova viva disso, porque quando está com a esposa em lugares públicos se torna o marido perfeito, mas quando estão sozinhos o monstro mostra sua verdadeira face.

Por ver coisas desse tipo ao longo da minha vida, e ter que lidar com pessoas de mal caráter que acabei ficando cética e cínica, mas eu também não generalizo completamente, porque eu sei que tem uma porcentagem de pessoas que realmente são boas.

- Eu preciso da sua ajuda. - Max fala.

- Sabia. - Sorrio cínica.

- Não confunda as coisas Lauren. - Ele fala. - Eu realmente te ajudei porque achei que precisava.

- Tá bom então.

- Eu sei que não confia em mim, mas eu estou falando sério. - Diz.

Max parece estar sendo sincero, mas eu não confio nem em mim mesmo completamente, muito menos em outras pessoas.

- O que precisa de mim. - Questiono.

Ele se cala por alguns segundos, e fica me encarando como se tivesse criando coragem para falar, e esse suspense todo começa me deixar bem curiosa.

- Aceita ser minha namorada por um dia? - Ele indaga enfim.