Capítulo 40
A chuva havia cessado uma hora depois, mas o ar continuava gélido e úmido, que mais tarde resultou em gripe para a infelicidade de Louise. Quando entrou no apartamento, Louise deu de cara com a zona que quase sempre cobria todo o imóvel. Já Marianne estava habituada com isso, mas ainda sentia uma pontinha de vergonha. Aliás, Louise ameaçou inscrever Marianne naqueles programas de Acumuladores, para tentar resolver o problema dela, mas a ruiva jurou que iria se comportar e se organizar. James também não estava ajudando muito, já que ultimamente estava muito desanimado e desatento para com algumas atividades simples do dia-a-dia. Louise teve dificuldade para andar até o sofá, já que o chão estava cheio de roupas esparramadas e penduradas por todo lugar. Parecia que um furacão havia passado por ali.
— Sabe o que eu acho...? — começou Louise, se jogando no sofá. — Acho que o único jeito de resolver seu problema é atear fogo em tudo! — brincou.
— De jeito nenhum! — berrou Marianne, da cozinha. — Amiga, você sabe que eu tenho uma vida maluca, cheia de compromissos, é difícil manter a organização... — retrucou, entortando a boca. Ambas riram.
O fim da tarde parecia levar uma eternidade para acabar. O céu continuava em tons de cinza, as nuvens mais ao fundo davam uma ideia de que mais tarde choveria de novo e dessa vez, parecia que ela viraria uma cachoeira. Por causa da bagunça, o apartamento estava ficando mais abafado, principalmente com o forno ligado, que assava duas pizzas. As janelas da sala e de um dos quartos tiveram de ficar entreabertas para que o ar corresse. Na TV, não havia nada de interessante para assistir, ainda que tivesse uma diversidade de canais, nada agradava Louise. Demorou um pouco para que sentisse a falta de James, que não havia tido notícia desde que havia viajado. E quando mencionou, Marianne se lembrou da imagem de James tomando comprimidos e perguntou se Louise sabia que ele tinha asma.
— Desde criança. — respondeu Louise, quebrando o silêncio. — Lembro direitinho de quando ele sempre andava com uma bombinha no bolso. — recordou. — O que a faz pensar que pode ser sério?! — indagou.
— Ah, não tenho certeza... Mas você o conhece melhor do que eu.
— Não creio que seja algo grave. Asma é algo comum entre algumas pessoas. Aliás, onde ele se meteu?
— Foi para Boston hoje pela manhã, conseguir mais comprimidos para tratar a asma... Presumo que ele não tenha conseguido ainda.
— Comprimidos? Bem, nesse caso, parece ser algo mais forte.
— Ai amiga, assim você me deixa preocupada! — choramingou.
— Não fique assim, quando ele voltar, você conversa com ele direitinho sobre isso.
Noite de sexta. Enquanto algumas lojas desciam e fechavam suas portas, outras estavam para começar o batente. A cidade que nunca dormia ficava tão iluminada e colorida, que era impossível não ter a súbita impressão de que era Natal. O congestionamento não era maior ou menor, continuava o mesmo, mas incrivelmente mais rápido. O número de veículos "amarelados" era o mesmo e num deles, estava Jeremy Withaker, com certeza rumo a uma boate. Andava de um jeito que Louise sempre odiava e sentia nojo, com aquele nariz empinado, sorriso safado, mãos nos bolsos da calça ou do paletó, com as sobrancelhas sempre erguidas e aquele ar de "eu sou o cara". Infelizmente, existem mulheres que gostam desse tipo e Louise, não conseguia parar pra imaginar em como ela havia se apaixonado e ainda vivido com ele por quase dois anos.
Jeremy já estava em seu terceiro copo de vodka. E só para constar, ele já estava bêbado antes de parar num bordel, por esse motivo havia chegado de táxi. O ambiente era grande, mas com tanta gente dançando e andando pra todo lado, parecia mais um refúgio emergencial para grandes catástrofes e o escuro não ajudava nem um pouco. Aí, de repente a música eletrônica do momento havia parado, sendo substituída por uma versão mais jazz de Crazy In Love, da Diva Beyoncé, gravada por Emeli Sandé e The Bryan Ferry Orchestry. E foi aí que a festa começou. Mulheres de toda etnia e cor, surgiram seminuas de lugares inesperados, com uma dança provocante pra cima dos homens que já estavam começando a ficar inconscientes, faltando pouco para entrarem num coma alcoólico. Jeremy obviamente era um deles. Três horas depois, vocês nem imaginam onde é que ele foi parar e muito menos como conseguiu!
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