Capítulo 29

A verdade...

A verdade era uma só! E precisava vir à tona, custaria muito à todos mantê - la encoberta por mais tempo.

Valeria continuou sentada na cama com o olhar fixo no brutamontes à sua frente, fuzilando - a com os olhos verdes frios. Com tudo, não foi o olhar dele que a paralisou, mas sim suas palavras.

Coiote? Eles querem que eu fale sobre o...

- Deixe apresenta - los. - Andre falava calmamente. - Esse gigante aqui é o detetive Martins, e esta muralha ai. - Disse apontando o homem sentado diante dela. - É o detetive Solares. Os dois são da policia federal.

- Federal... Polícia federal? - Ela sussurrou com os olhos arregalados.

- Chegou a hora, Valéria. Nós conversamos naquele dia no consultório...

Flashback

Três dias atrás...
Hora: 5:22 PM

- Escuta... Miguel. Foi um imprevisto. Como posso prever que um vai aparecer um problema desses no final do dia.

- Você tem sempre um imprevisto, Val. - Sua voz era puro desgosto.

- Por favor. E só desta vez, mano eu prometo!

Houve um breve momento de hesitação do irmão dela.

- Eu pego as crianças na escola.

- Valeu. - Disse mais animada do que realmente deveria aparentar.

Voltando para a sala da decepição encontrou o homem que cobiçava há semanas. Andre usava calças jeans e camisa preta. Os bíceps dos braços saltavam da camisa.

- Onde estávamos? - Ela jogou os cabelos de lado, sorrindo ainda mais com a expectativa, dele tomar a iniciativa.

- Sente. - Prontamente Valéria obedeceu a ordem, sentando - se ao lado dele. - Eu tenho uma proposta.

- Deixa do geito que esta. Não ne incômodo de ser a outra.

- Valéria, você está sendo procurada pela polícia federal por tráfico de drogas.

Sua expressão de interesse desapareceu por completo, dando espaço para o pânico.

- Você é louco?

- Eu fiz meu dever de casa, antes de vir aqui. - Mexendo no bolso de trás da calça, tirou uns papéis cuidadosamente dobrados e entregou a ela. Que abriu cuidadosa, o medo estampado no em seu rosto. Eram duas folhas na primeira uma foto dela impressa com os dizeres "PROCURADA POR TRÁFICO DE DROGAS." O mais assustador era o de haver recompensa para quem desse pistas sobre seu paradeiro. Na outra folhas uma lista de seus delitos. Tráfico era o mais grave, claro. A lista com doze infrações, tinha dentre outras porte de arma ilegal, furto de roupas numa loja de departamentos famosa, roubo à uma farmácia, em fim. Uma lista nada honrada de seus feitos promíscuos na cidade de São Paulo.

- O que você quer? Pode me entregar, eu fujo! - Valéria quase gritava nervosa.

- Não me ofenda. Sou um policial militar honesto.

- Raridade, peça de museu! - Desdenhou.

- Eu disse que tenho uma proposta. Seu patrão esta furioso atrás de você. Ele quer você morta.

- Novidade! Conta algo que eu ainda não sei...

- Ele está a um passo de encontrá - la e você sabe do gosto peculiar dele para chacinas.

Ela ficou muda, lembrando das vezes em que o patrão, fazia as cobranças das dívidas àqueles que não cumpriam com o prometido. Ele mandava um recado para toda a quadrilha, matando a família inteira e quem mais estivesse no "pacote." Como ele dizia: "Serviço completo!"

- Mesmo que você fuja, não tem como garantir a proteção da sua família.

Estarrecida, ela não conseguia falar ou levantar e correr para longe. Talvez por que soubesse, que nenhum lugar era seguro.

- Qual... é a sua proposta? - Valeria falava pausadamente com a voz arrastada.

- Você vem comigo para o Rio de Janeiro. A federal quer fazer um acordo de delação.

- Como assim? - Era difícil entender qualquer coisa, pois sentia seu cérebro dormente com a situação.

- Você testemunha contra o seu patrão, e pelo acordo sua pena de vinte anos reduz para doze anos, com regime semiaberto em oito anos.

- E quanto a minha família?

- Eles garantem a proteção deles em todo o processo. Se for o caso ele serão inclusos no programa de proteção as testemunhas.

Não era uma decisão fácil, de qualquer forma ficaria longe deles, porém na segunda segunda opção eles estariam mais seguros sob a proteção da polícia federal.

- Por que você esta fazendo isso?

- Quando desconfiei de você busquei me informar sobre o seu passado. Cheguei nos federais só para saber mais, e descobri que eles viriam te interceptar na sua casa. Eu conheço seus pais, o Miguel é meu amigo. Imaginei que você não gostaria de humilha - los e ser presa na frente dos seus filhos, não seria uma opção.

- Suponho que Ana Carla não sabê de nada?

- Ninguém sabe.

- Quando nos partiremos?

Andre lhe sorriu ternamente, feliz com sua decisão.

- Em três dias.

**********❤**********

No quarto do hotel...

- Meu advogado já esta vindo. - Valeria permanecia imóvel sentada à beira da cama.

Um homem gordo que parecia ter sido embalado à vácuo num terno saiu do banheiro. Com um lenço secou o suor da testa branca.

- Ho, boa noite. Que bom que os senhores chegaram. Vamos começar. - Lançou um olhar simpático para sua cliente amedrontada.

- Este é o senhor Farias, meu advogado. - Ela conseguiu apresenta - los. Sem a ínfima nessecidade, tendo em vista que ele fizera a negociação à pedido de Andre, com tudo os quatro homens cumprimentaram - se em silêncio. Todos entenderam a postura da única testemunha fe crimes sem provas cabais.

Não havia escapatória para Valéria. O Coiote era um dos maiores traficantes do Brasil, com fama de autoritário e cruel com os que lhe traiam, seu paradeiro era um mistério para a polícia. Sempre que chegava onde ele estava, descobriam que já havia partido com semanas de antecedência, sem testemunhas. Sem pistas ou provas. Virava fumaça.

Mas Valéria fez parte do seu bando por nove anos, ela era encarregada de fazer com que as cargas de droga chegassem à cidade de São Paulo. Um cargo de extrema confiança, e devido a sua beleza chegou a ter uma convivência privilegiada com o chefe. Festas em boates de renome, encontros em iates milionários, viagens a lugares exóticos... Em fim tudo patrocinado pelas drogas ou melhor pelas vidas alheias.

Tudo eram flores, de plástico, mas ainda assim flores, e isso satisfazia o ego de Valéria. O dia de amanhã era uma matemática incalculável, na mente dela. Mas ele chegou há um ano atrás...

Numa noite seu subgerente, que viajara para a fronteira da Bolívia com o Brasil, com a missão de trazer uma carga de pasta base de cocaína dividida, em caminhões de soja, arroz e café, ligou para ela.

Escobar, fora preso pela polícia federal, já haviam chamado um advogado para ele, por isso ligou para a amiga. Sutilmente, deixou claro que Valéria deveria sumir sem deixar pistas... Por que depois de perder um carregamento tão grande, o Coiote cobraria cada centavo deles.

Essa foi a causa dela ter voltado a morar com os pais, naquela cidadezinha chechelenta! Cheia de pessoas intrometidas... Pelo menos arriscado era dessa firma que pensava, aos poucos seus sentimentos de aversão foram se modificando, trazendo o estranho sentimento de prazer de estar naquele meio. Já não se importava com a curiosidade doa outros ou o clima tranqüilo local. Uma cidadezinha pacata como Cachoeiras, não merecia ser importunada pela polícia federal.

O depoimento de Valéria não seria concluído em apenas uma noite, então por volta das cinco horas da manhã decidiram dar uma pausa para descansar. Ela estava cooperando com tudo, sendo assim nai tinha por que pressiona - la.

- Vá dormir um pouco, Valéria. - Andre deu a ordem saindo do banheiro.

- Vou ficar sozinha aqui? - Perguntou com os olhos arregalados, visivelmente com medo.

- Não, o detetive Solares vai ficar aqui de guarda.

- Andre, se algo me acontecer...

- Não vai te acontecer nada.

- Sim, mas... Se acontecer. Tem um cofre, em meu nome, neste banco no Rio de Janeiro. - Ela entregou a ele um papel com os dados necessários para acessar o cofre pessoal no banco. - La tem provas de tudo o que contei.

Ele olhou o papel por um tempo, depois suspirando, sentou - se ao lado dela na cama.

- É preciso muito mais coragem para ficar e lutar. Então, não se preocupe, Deus esta no controle.

S

orrindo ternamente para ela, Andre afagou carinhosamente sua mão, antes de se levantar e sair. Encontrou Solares chegando com umas bolsa para o café da manhã.

- Volto lá pelas duas da tarde. - Comunicou ao amigo detetive.

- Certo. Daqui a pouco o advogado dela vai voltar para retomarmos seu depoimento.

- OK. Lega leve com ela cara.

Solares apenas o encarou com ar inocente, depois os dois sorriram, até que ele entrou no quarto.

Andre ainda tinha que ir ao quartel ter uma boa conversa com seu comandante. Saber em que pé estava o seu processo.

Quando voltasse para Cachoeiras queria ter novidades para contar a Ana Carla.

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