Capítulo 13

Cachoeira da Pitanga

Dois dias se passaram desde que André conversou com Ana Carla deixando claro que queria conhece - la melhor. Contudo, ela fugiu! Sim, fugira naquele momento, e depois se afastou totalmente. Por dois... Dois longos e miseráveis dias ( para André) não se viram mais.

Ao menos ele voltou a orar e ler a Bíblia, mesmo que tímido. Desde então passou a pedir a Deus que a trouxesse para ele. Andre nunca foi romântico, porém sempre soube investir na mulher que desejava até conquista - la, mas Ana Carla era diferente. Tanto no seu jeito extrovertido e simples até na sua postura firme nas suas convicções. Tudo nela o atraia, descobriu - se pensando nos últimos dias sobre o medo de Ana Carla dele ir embora e não haver um futuro para eles, o que para ela era muito prematuro de se pensar.

Andre nunca foi um cara afobado, daqueles que metiam os pés pelas mãos e depois não sabiam consertar seus erros. Em sua profissão era necessária certa dose diária de paciência. Usada nos momentos críticos quando se deparava com bêbedos, mulheres loucas ou play boys espertinhos, em fim. E agora se fazia um atributo imprescindível!

Respirou fundo buscando o folego necessário para se recuperar do peso da bolsa que carregava.

- Tem certeza que só vamos para um final de semana?
Seu Tonico desviou a atenção da lista que carregava.
- Absolutamente, além do mais aprendi com minha querida Éster que é melhor previnir.
- Certo. - o rapaz disse desgostoso.
- Tome. - o velho lhe entregou uma caixa. - Não se pode fazer churrasco sem churrasqueira.

Depois de arrumarem tudo na caminhonete de André, partiram rumo a igreja de onde seguiriam viajem. As mãos de André suavam pela ansiedade de rever sua morena. Sua morena. Sentiu muito prazer com o pensamento de posse.

*************

- Eu não preciso de um namorado! - Ana disse entre os dentes controlando sua revolta.
Desde as cinco horas da manhã ouvia a conversa absurda entre sua mãe D. Sol "a conspiradora" e sua amiga Beatriz "a alcoviteira", ambas falavam sobre o interesse claro de Andre em sua... Como elas diziam...? Ha, sim... "Preciosa"!
As duas não se importavam que ela ouvisse suas opiniões. Ana Carla dizia não estar querendo um "peguete" ou qualquer outra coisa do tipo. Era certo para ela que André iria embora quando sua licença acabasse em dois meses, deixando - a com um problema a ser resolvido no coração. Não, definitivamente... Não! Não deixaria brechas para que isso acontecesse, nem com ela nem com seu filho Pedro.

Pedro já gostava de André de um jeito que lhe dava medo. Tudo o que Pedro fazia ou dizia ele perguntava:
- Será que tio André vai gostar? Ou sera que ele não quer ir também?
Sempre queria incluir o tio. E nesses últimos dois dias em que procurou manter uma distância segura dele, seu pequeno mais uma vez não cooperou ligando para desejar bom dia, boa tarde e boa noite. Dando lhe um relatório minucioso de seu dia e curiosamente o de sua mãe. Ana Carla quis saber se André foi quem perguntou. Mas logo deixou a ideia de lado, afirmando a si mesma que não se importava.

E agora estava ali com duas das pessoas que mais amava no mundo e borbulhando de raiva pelas suas palavras e opiniões. Era pro seu bem, sim. Mais não se achava na nessecidade de uma "intervenção" que nesse momento era isso o que parecia.

- Não precisa de um namorado? - repetiu Beatriz deixando claro em seu tom de voz que sua amiga dissera o maior absurdo de sua vida pra ela.
- Repita isso ate você acreditar. - comentou D. Sol distraída com uma vara de pescar que amarrava junto a mais cinco.
- É isso mesmo D. Sol, mesmo sendo uma mulher independente eu amo ter o meu maridinho como companheiro, o Flavio é mais do que um marido ou o pai dos meus filhos, vai muito além.
- Meu Antonio também, nunca pensei sentir tantas saudades dele.
- Mas a senhora é nova nunca pensou em casar de novo?
- Não meu amor, eu sou como meu pai diz... Como as araras que tem apenas um companheiro pra vida toda.

As duas olharam para Ana Carla que se ocupava revisando uma lista com o equipamento de pesca e camping.
-

Só que com a Anika não tem que ser assim, ne? - Mexeu Beatriz.
- É claro que não. Andre é um bom rapaz, eu falei com minha irmã no Rio.
- É mesmo?
- É menina, ele estava para se casar há dois anos com uma professora de inglês super gente boa, mas ela escolheu ir morar em Londres, na Inglaterra fazendo pós graduação em línguas. Muito chique, tá?
- Nossa a senhora é o James Bond da terceira idade.
- Não sou tão velha assim, menina!
E as duas gargalharam. Ana Carla se mantinha alheia, mas elas sabiam que ouvia a conversa pescando os detalhes.
- Vocês duas já acabaram com as fofocas? Temos muito trabalho. - sua voz era um tanto seca de quem não queria participar o assunto. Mentirosa!
- Ai, claro patroinha. Eu vou chamar o Miguel para arrumar o resto das coisas no bagageiro do ônibus. - Beatriz foi até a porta mas parou antes de sair. - Ei D. Sol a Valéria minha vizinha também vai nesse passeio põe mais paciência na minha bolsa para eu poder suportar aquela "pavoá" exibida.
Dando a parceira de tramóias uma picadela discreta, D. Sol acrescentou:
- Mas ela nem vai a igreja.
- Pois é, mas ouvi ela falar que só aceitou o convite do irmão dela por causa do um certo policial charmoso.
- Eita, aquela não dá ponto sem nó, né Ana?
- Hum? Não entendi... Vai logo Bia, por favor.
Sorrindo para a amiga Beatriz desceu as escadas contente com o resultado do seu plano improvisado. Sabia que tinha mexido com a imaginação de Ana Carla provocando - a tudo o que disse era verdade, pra que ela soubesse que tinha mais alguém interessado no André. Mais dia menos dia sua querida amiga daria o braço a torcer. Evidentemente Beatriz e D. Sol estavam dispostas a dar um empurrão, talvez até dois para que isso acontecesse.

*****************

- Você põe essas duas caixas por baixo e sobre elas as bolsas com as barracas. - Ana Carla instruía de perto Miguel o motorista do ônibus da igreja. Quando ouviu um carro estacionar atrás do ônibus. Sem entender o por que se arrepiou ao reconhecer uma das vozes como a de André. Meu Deus o que tem de errado comigo?
Não demorou muito e seu avô se aproximou dela sozinho.
- Oi vô. A sua bênção - seu Tonico não deixou de notar o olhar triste da neta ao perceber que descera da caminhonete sozinho. Deu - lhe um abraço de urso e um beijo no topo da cabeça.
- Oi, meu bem. Deus te abençoe.
- Já está tudo pronto para partirmos as seis e meia.
- Que bom, o André esta na caminhonete ansioso para conhecer a cachoeira da Pitanga. - acrescentou percebendo o olhar dela na direção de onde ele viera.
- Ho... Hum. Tenho certeza que ele vai amar o lugar.

Pedro veio correndo deu um breve abraço no bisavô e disparou de encontro ao tio André.
- Ei garotão ta pronto para o passeio? - André aproveitou o embalo da corrida e pegou o menino nos ombros dando um giro no ar.
- Hooooo. Tio vamos pescar? - gritou ainda no ar.
- Legal, vamos pescar um tubarão e fazer uma sopa de barbatana.
- Eca tio! Tubarão fica na praia e não na cachoeira.
- Ta bom então o que vai ser? - finalmente André o colocou no chão.
- Vamos ver se a gente pesca um dourado bem grande. - e abriu os braços mostrando o tamanho do dourado desejado.
- Desse tamanho tem certeza que não é um tubarão?
- Mas é claro eu sei como é um dourado.
- Então tá bom.
- Vai ser muito legal. Vamos tomar banho na cachoeira, pescar, fazer churrasco, jogar bola.
- Nossa é muita coisa pra fazer.
- Não é não tio.
- Sei não acho que não tenho mais idade para te acompanhar.
Pedro respirou fundo revirando os olhos meio impaciente com o tio.
- Minha mãe falou que você esta em ótima forma é quase um atleta.
Andre ergueu as sombrancelhas surpreso com a informação nova. Então ela reparou nele? Bom saber disso.
Queria ir vê - la mas achou melhor dar - lhe espaço, não queria ser um cara chato que fica em cima, perseguindo e sem dar espaço para ela respirar. Mais a vontade era grande de vê - la, sentir seu perfume ou apenas ficar na mira daqueles olhos de avelã lindos. Pensamentos perigosos que permeavam sua mente logo foram esmagados, quando lembrou - se que devia ter paciência. Meu Deus me ajuda nessa difícil tarefa!

Após alguns minutos brincando com o Pedro se Tonico voltou mandando o neto entrar no ônibus, pois sua mãe o esperava para partirem.

Sera que não seria melhor voltar para a casa do vô postiço e passar os próximos dias sem incidentes desnessecários? Não haveria incidentes, afinal de contas ele eram ambos adultos para resolverem essa situação do melhor jeito. Com a ajuda de Deus tudo daria certo.

Uma loira alta passou por André devorando ele com os olhos, fazendo - o sentir como se estivesse nu. Ela olhou para trás bebendo água de uma garrafa antes de subir no ônibus. E se foi.


Logo em seguida Ana Carla quando ia subir no ônibus ficou lançou um olhar furioso para André, que estava encostado no capo da caminhonete.

Ele sorriu maroto pra Ana Carla, que desviou o olhar e raivosa entrou.

Ha meu Deus? Ela está com ciúmes? Isso é ótimo! Andre queria comemorar como se fosse gol do Brasil na final da copa do mundo, mas conteve - se dando um suspiro de prazer.

Meu Deus, não sei o que está preparando para o meu futuro, mas posso dizer que estou no mínimo curioso.

Todos partiram rumo a tão falada Cachoeira da Pitanga.
Será uma esperiência e tanto!

*****************

Estacionaram os carros num espaço descampado e minutos depois parte do grupo que já conhecia a cachoeira, começou a preparar o acampamento. E a outra parte do grupo cerca de quinze pessoas que faziam o passeio pela primeira vez, foi acompanhada de um guia até a cachoeira.

- Bom dia, meu nome é Miguel sou o motorista do ônibus e sou o guia "cria" dessa região das cachoeiras. A área de acampamento fica a uns cem metros da cachoeira. Ela não foi feito pelos homens modernos, era usada como acampamento dos capitães do mato, índios e escravos fugitivos. Atualmente é usada para o eco turismo auto sustentável.
Miguel os guiava por uma trilha simples por onde poderia passar uma pequena carroça puxada por um burro ou um mini bug dos tempos modernos.

A paisagens tinha um tom de forca que emanava do solo ou pelos das árvores formosas ao redor da trilha, e ao mesmo tempo via - se a fragilidade da mata nas pequenas flores e pássaros deslumbrantes avistados, nas folhagens ricamente adornadas pelo capricho de Deus. Em suma era evidente a qualquer um, que apenas um Deus tão perfeito e completo poderia criar um ecossistema igualmente vasto.


Que lugar lindo! É encantador, parece que eu estou num mundo paralelo. estou assim e nem vi o ponto alto da caminhada que é a tal cachoeira.

- Satisfaça nossa curiosidade, Miguel. - uma jovem senhora ruiva de mãos dadas com um homem de meia idade disse bem alto já que o barulho da queda das águas estava próximo. - Por que cachoeira da Pitanga?
- É por que? - todos disseram em um coro mau ensaiado.
Fazendo suspense Miguel parou erguendo os braços num sinal para todos pararem também.
- OK, pessoal. Todos aqui juntos, por favor. Obrigado. Vou falar agora pra vocês por que quando chegarem la não vão querer mais papo.
- Você não é tão chato assim. - alguém fez piada e todos riram.
- OK, diz isso pra minha irmã, Valéria. - disse apontando a loira alta que passou por André mais cedo. - Vamos a resposta, que é muito simples, seria mais evidente na época da florada e colheita do fruto, no entanto não poderíamos desfrutar da água, por estar muito suja. Ao redor da cachoeira existem cerca de duzentos pés de pitangas tanto das comuns quanto das pretas, plantadas tanto por Deus quanto pelo homem, que no período de safra deixa a água muito suja. Poderíamos dizer um suco gigante.
- E por que acumula tanto? - uma idosa perguntou.
- Por que não existe um rio que as leve. A cachoeira é uma fenda na rocha que trás a tona águas de uma reserva subterrânea, fazendo uma enorme piscina cristalina. Tudo bem, pessoal. Sem mais demoras vamos nos divertir com respeito. O lixo deve ser colocado nas sacolas que eu distribui antes de sairmos, andem sempre em duplas e não se afastem do grupo por nada, OK?
- OK! - O coro respondeu agora mais ensaiado.

- Aproveitem. - Dito isto Miguel afastou as cordas dos cipós que formavam a cortina natural.
Ela era linda! Uma das maravilhas que Deus faz parecer tão simples.
Porém, imagens valem mais que palavras em alguns momentos.

Lágrimas vieram nos olhos de alguns, outros exclamavam palavras de fascínio e haviam aqueles que escolheram o silêncio para reverenciar seu Deus criador.

Fascinado André ficou algum tempo observando as outras pessoas explorando e algumas enchendo Miguel de perguntas.
Estava tão distraido que mau sentiu alguém agarrar seu braço.
- Sério, não esta se divertindo? - Valéria estava colada ao seu lado.
- Ha... Oi, eu te conheço? - meio desconcertado pela abordagem.
- Não, meu nome é Valéria e você é...
- André, prazer.
- Todo meu, querido. - e sorriu faltando pouco agarra - lo ali mesmo. O olhar de Valéria incomodou ele, pois o fez lembrar das piriguetes das boates que ia com os amigos no Rio de Janeiro, claro que nem sua mãe ou sua tia Alda sabiam disso caso contrário seriam semanas de sermão nos seus ouvidos.
E lá estava aquela mulher segurando o seu braço e alisando insinuante.
- Tá legal, eu vou dar uma volta. - André tentou puxar o braco em vão pois isso a motivou a segurar mais firme.
- Vamos juntos, meu irmão disse devemos andar juntos.
"Contra fatos não há argumentos" se deu por vencido, pois não conhecia ninguém no grupo, seu Tonico e os outros estavam no acampamento.
Engoliu em seco e concordou com a cabeça.
Valéria sorriu triunfante, pelo que julgava ser uma conquista sua.

Em nenhum momento ela o soltou, se sua intenção era marcar presença, com toda certeza conseguiria, pois André tinha certeza que seu braço ficaria cheio de marcas rochas.

Após algumas horas do grupo se divertir tomando banho na piscina natural de água gelada, o guia Miguel anunciou que retornariam para o acampamento para o almoço.
- Por que você não entrou na água? - perguntou Valéria a André.
Por que você ficou agarrada em mim como um chiclete quente que grudou na sola do meu sapato uma vez. Pensou chateado.
Mas deu um pequeno sorriso e disse educadamente.
- Hoje eu não quis talvez amanhã.
- Talvez nós dois possamos vir nadar juntos mais tarde, o que acha? - disse com uma expressão tão descarada quanto sua pergunta.
- Com licença. - pediu puxando o braço e finalmente ela soltou. - Já vou logo avisando, senhorita, que não estou procurando nenhum tipo de relação.
Valéria pois as mãos nos quadris empinando os seios na blusa decorada.
- Senhorita? Querido, vamos ver se mantem sua palavra até o fim do acampamento no domingo. Eu espero. - e jogando um beijo para Andre segui para o grupo, onde logo começou uma conversa animada com uma amiga.

"Livrai nos do mau! Amém."

*****************

Oi gente! To muito feliz não só por mim, mais por vocês todos que me deixam animada com suas observações, mandem tudo o que vocês tiverem: sugestões, opiniões, críticas boas ou não,
sei que vão me fazer crescer.
Bom, se não nos falarmos antes feliz natal e um ano novo cheio da presença desse Deus maravilhosos, pois com Ele ao nosso lado tudo está ao nosso alcance.
😘Beijo😘

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