Capítulo 38

- O seu amigo Frank é solteiro? - Camy pergunta.

- Sim. - Falo.

- Interessante. - Ela sorri de canto.

- Pode desistir. - Victor fala. - Você não vai namorar nem tão cedo.

- Você não manda em mim. - Ela mostra língua para o irmão.

- Sou mais velho, então você deve me obedecer.

Camily revira os olhos enquanto bufa frustrada.

- Pode ser meu irmão mais velho, mas isso não lhe dá o direito de interferir nas minhas escolhas.

- Não me desobedeça. - Victor fala sério.

- Acho bom você cuidar da sua vida, que dá minha cuido eu. - Ela revida.

- Não briguem crianças. - Tento apaziguar os nervos.

- Ele quem começou. - Camy aponta o dedo para o irmão.

Victor mostra língua para ela parecendo uma criança birrenta.

- Sua irmã é adulta Victor. - Falo. - Se ela quiser namorar você não pode impedir.

- Vai ficar do lado dela? - Ele pergunta.

- Mas é claro. - Digo. - Camily não é uma criança, então não tem necessidade de proibi-la de fazer alguma coisa.

- Obrigada por me defender cunhadinha. - Ela beija meu rosto.

Victor é tão ciumento com a irmã, quanto Mark é comigo. Entendo o cuidado dos dois, mas chega a ser exagero.

- Ela não vai namorar e pronto. - Cruza os braços irritado.

- O que faria se meu tio ou Mark falasse a mesma coisa com você? - Pergunto.

- É totalmente diferente. - Ele diz.

- Não vejo diferença alguma. - Falo. - Se sua irmã começar a namorar com um bom rapaz, não vejo motivos para tanto drama.

- Mas...

- Ficaria ao seu lado se ela se envolvesse com um homem de mal caráter. - Continuo a falar. - Mas se não for esse o caso, não tem porque tanto receio.

Chega ser irritante ter que tentar explicar para esses homens que eles não tem nenhum direito sobre nossas vidas. Camily já é uma mulher de 25 anos, é independente e sabe se cuidar, mas o irmão a trata como uma garotinha de 10 anos.

Mark me tratou da mesma forma a vida toda, e apesar de gostar de sua preocupação comigo, já estava me cansando dele querer ditar as regras na minha vida.

- Se não quiser perder o respeito da sua irmã, pense bem antes de fazer ou falar algo. - Falo.

- Se juntaram contra eu. - Ele fala irritado.

- Claro que não. - Explico. - Estou apenas tentando abrir seus olhos para a vida.

Preocupação ou cuidado com uma criança é uma coisa, agora tentar mandar em uma mulher já feita é outra totalmente diferente.

É claro que tenho que assumir que me livrei de muitas coisas desagradáveis por causa do Mark. Mas talvez seria esses pequenos detalhes que me faria mais forte. Todo ser humano precisa quebrar a cara de vez em quando para dar valor ao que tem. E é através desses problemas que nos tornamos mais fortes e confiantes.

Não adianta prender uma pessoa e tentar fazê-la enxergar somente o lado bom da vida. É preciso estar preparado para algo bom, como também desagradável.

- Escute sua noiva. - Camy o provoca.

- Acho bom ficar quieta. - Victor aponta o dedo para ela.

- Viu como ele é agressivo comigo? - Camy se faz de vítima.

- Tão cínica. - Victor sorri abertamente.

Victor ama a irmã e tenta de tudo para não vê-la sofrer. Talvez o problema seja esse. Ele deveria deixar a irmã ser independe e fazer suas próprias escolhas. Uma hora ou outra Camily irá passar por um momento desagradável. A vida é assim, nada é perfeito. Mas Victor é tão cuidadoso que acaba sufocando a irmã.

Posso dizer por experiência própria que isso não é nada bom. É claro que sei que é apenas cuidado, mas acaba se tornando algo cansativo.

- Vou falar de você para Frank. - Digo.

- Sério? - Ela arregala os olhos.

- Seríssimo. - Sorrio abertamente.

- Ele é tão lindo. - Diz toda boba.

- Ele é mesmo. - Concordo.

O sorriso nos meus lábios morre quando vejo a cara de bunda do Victor.

- O que foi? - Pergunto.

- Vai ficar falando de outro homem na minha frente?

- E o que tem de mal nisso? - Retruco.

- Não gosto disso. - Diz emburrado.

- Posso achar outros homens bonitos, mas só tenho olhos para você amor. - Lhe dou um beijo no rosto. - Então não precisa ficar com ciúmes.

Vejo que ele sorri um pouco, mas logo em seguida a carranca surge novamente.

- Já vai começar. - Camily faz uma careta.

Jogo uma almofada no seu rosto enquanto ela ri.

- E então... - Ela fala. - Quando vai me apresentar para seu amigo?

- Você já fez isso lembra? - Victor revira os olhos.

- Aquele dia não valeu. - Ela sorri de canto. - Tinha muitas pessoas.

Victor se levanta rápido e some apartamento adentro.

- Seu irmão tá muito bravo. - Gargalho alto.

- Deixa ele. - Ela dá de ombros.

- Se quiser posso ligar para ele agora. - Volto ao assunto.

- Não! - Ela grita. - Espera.

Camily começa a roer as unhas com nervosismo e pergunta:

- O que vai dizer para ele?

- Não sei. - Falo. - Talvez que você queira conhecê-lo.

- Não. - Nega com a cabeça. - Ele pode achar que sou oferecida.

- Não se preocupe. - Falo. - Frank não é o tipo de homem que julga alguém dessa forma.

- Invente alguma coisa, e faça parecer que não sei sobre a ligação. - Ela sorri.

Aceno com a cabeça, pego meu celular e ligo para Frank. Já coloco em viva voz para Camily escutar a conversa.

- Alô. - Ele atenda na terceira chamada.

- Oi. - Digo. - Tudo bem com você? - Pergunto.

- Estou ótimo e você?

- Estou bem também. - Falo.

- E o bebê? Aconteceu algo?

- Não não. - O tranquilizo.

- Que alívio. - Ele suspira. - Fiquei preocupado.

Já escolhi Frank para ser meu médico, mas ainda não falei para Victor sobre minha decisão.

- Você está saindo com alguém no momento? - Sou direta como sempre.

- Não. - Diz apenas.

- Se lembra da Camily? - Pergunto. - Irmã do Victor.

- Sim. - Ele diz.

- Ela é nova na cidade e não tem muitos amigos. - Falo. - Pensei que você talvez pudesse levá-la para jantar ou algo do tipo.

- Claro. - Concorda mais rápido do que imaginei.

- Por isso perguntei se não está saindo com alguém. - Me explico. - Se tivesse não teria pedido esse favor.

- Não se preocupe. - Ele diz. - Estou envolvido apenas com o trabalho.

Minha vontade é de rir mas me seguro quando Camy se levanta e começa fazer uma dança ridícula silenciosamente.

- Vou te passar o número dela por mensagem. - Falo.

- Vou ficar aguardando. - Ele diz.

- Vou desligar então. - Me despeço.

- Espere! - Ele grita.

- Sim?

- Não se esqueça na nossa consulta. - Frank fala. - Consegui uma vaga na minha agenda.

Já tem uma semana que tento marcar uma consulta com ele, mas parece que toda mulher grávida de Nova York vai para sua clínica.

- Tudo bem então. - Falo.

- Minha secretária vai entrar em contato com você.

- Vou aguardar.

Finalizo a ligação, e me assusto com Camily me abraçando.

- Obrigada. - Ela me balança de um lado para o outro.

- Não precisa agradecer. - Digo. - Mas já vou avisando logo que se ferir os sentimentos do meu amigo, teremos problemas mocinha.

- Não precisa se preocupar quanto a isso. - Ela diz.

Envio uma mensagem para Frank com o número de Camily, e ela já pega seu celular na expectativa de receber uma mensagem.

- Você vai se consultar com o Frank? - Victor pergunta atrás de mim.

- Que susto. - Levo as mãos ao peito.

- Responda minha pergunta. - Ele caminha até ficar de frente comigo.

- Sim. - Digo. - Escolhi ele para ser meu médico.

- Por que não me falou nada?

- Eu ia falar. - Digo. - Mas acabei esquecendo.

Victor passa a mão pelo rosto e diz:

- Não quero isso.

- Está querendo dar ordens em todo mundo hoje em amor? - Reviro os olhos.

- Estou falando sério Lya.

- Eu também estou. - Digo seria. - Frank é um excelente médico, não sei o porque está dando chilique.

- Sei que ele é um bom médico. - Fala. - Mas não quero que ele faça seu parto.

Começo a me irritar com Victor também já querendo mandar em mim.

- Posso saber o motivo?

- Ele é seu amigo.

- Ele é amigo da Emília, Alice e Kathe. - Digo. - E isso não interferiu em nada.

- Ele vai ver uma região onde não quero que ela veja.

- Está falando sério Victor?

- Estou. - Diz.

Tento me acalmar para não voar no pescoço dele e estrangula-lo até a morte.

- Frank será meu médico e está decidido. - Falo.

- O filho também é meu. - Ele fala. - Também tenho o direito de opinar, então escolha uma médica.

- Frank será meu médico. - Falo novamente.

- Você já beijou ele, e agora quer que ele veja sua... sua... - Aponta para minha preciosa.

- Você o quê? - Camily pergunta.

- Foi apenas um beijinho. - Explico para ela. - Não precisa se preocupar com isso.

Ela acena com a cabeça e volta sua atenção para o celular.

Pego minha bolsa e me levanto. Decidi ir embora antes que eu brigue com Victor.

- Onde está indo? - Ele pergunta.

- Indo embora. - Digo apenas.

- Está brava? - Faz uma pergunta estúpida.

- Não. - Minto.

Me despeço da Camily e caminho em direção a porta do apartamento.

- Amor...

- O quê?

- Me perdoe. - Ele pede.

Victor envolve minha cintura com as mão e me puxa para junto de si.

- Você sabe que sou ciumento. - Ele diz. - É por esse motivo que não queria que ele fosse seu médico.

- Não tem necessidade alguma de ter ciúmes. - Falo. - Frank é um excelente profissional, por isso escolhi ele.

- Tudo bem. - Ele suspira alto.

- Vai aceitar? - Pergunto.

- Sim. - Fala sem muita convicção.

- Ótimo. - Sorrio abertamente.

Lhe dou um beijo no rosto, em seguida um rápido beijo nos lábios.

- Só isso? - Ele pergunta. - Mereço bem mais que um beijinho.

- Merece mesmo. - Cochicho no seu ouvido.

Victor me levanta nos braços e começa a caminhar em direção ao corredor que dá no seu quarto.

- O que está fazendo? - Pergunto baixinho.

- Quero privacidade. - Ele para e olha para Camily. - Acho que vou mandar ela embora.

Victor começa a andar novamente comigo nos braços.

- Ele mandou mensagem! - Me assusto com o grito animado de Camily. 

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Bom dia meninas
Tudo bem com vocês?
Desejo a todas um bom final de semana.

Até segunda feira com o próximo capítulo ❤

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