Capítulo 2

Tiago

- Mãe entende por favor, eu preciso mesmo de encontrar a Alexandra - sabia que a minha mãe, não iria entender as razões da minha ida ao norte, mas também já pouco ou nada me faria mudar de ideias.

- Mas filho ouve-me, achas que vale a pena colocares a tua carreira em risco? não seria mais fácil esperar que ela voltasse? - perguntou a minha mãe, profundamente desapontada com a minha decisão.

- Também te amo muito mãe, assim que chegar lá eu ligo. Beijo - disse-lhe desligando a chamada de imediato. Assim era mais fácil, até porque já sabia que a opinião dela jamais mudaria.

Eu amo aquela rapariga desde o primeiro minuto que a vi naquele concerto, como poderei esquecer o primeiro olhar que trocamos, o seu tímido "posso tirar uma foto contigo?", o sorriso dela, os olhos dela, tudo faz o meu coração bater num compasso descompassado, tudo nela é a música, a dança, a letra e o ritmo que falta na minha vida. Ela entende-me desde o primeiro dia, nunca fez muitas exigências, sempre aceitou as minhas ausências, aturou os meus telefonemas de madrugada a contar sobre este ou aquele concerto e eu, bem eu sou um estúpido que vai meter-se a caminho do Norte e a rezar para não ser tarde de mais.

Abri a porta do carro para entrar, sabia que tinha uma longa viagem pela frente, senti algo estranho a percorrer-me o corpo. Talvez pudesse ser medo, talvez apenas a insegurança de não saber se aquilo daria certo. O meu coração estava a bater tão forte, que receava que fosse parar a qualquer momento ou até mesmo sentir-me mal, precisava arranjar uma maneira de me acalmar. 

Decidi ligar para o Gonçalo, se calhar ele ainda estaria a dormir, contudo não custava tentar.

-Maluco como estás? - é, o meu amigo estava definitavemente acordado e de bom humor, sem dúvida um ponto a meu favor, iria-me distrair.

- Estou bem faz nenhum e tu? - respondi-lhe também muito divertido.

- Estou bem rapaz! Então ouvi dizer que raptaste a minha mulher? - este Gonçalo tinha mudado muito desde que conhecera Rita, e isso tinha sido algo que até me deixava feliz pelo meu amigo. Precisava de uma pessoa que o soubesse pôr nos eixos e nisso a namorada dele era Mestra.

- Ouviste bem rapaz! Tens andado a limpar os ouvidinhos mano - já me sentia mais descontraido e pronto para enfrentar toda aquela aventura.

- Sempre vais ter com a Alexandra? - tocou na ferida e claro que a namorada já lhe tinha contado tudo. Era normal e eu entendia.

- Vou mano e liguei-te precisamente para me desejares boa sorte - esta chamada já tinha valido a pena, estava mais disposto a enfrentar tudo o que pudesse surgir daqui para a frente.

- Boa sorte macaco. Abraço 

- Obrigada palhaço. Abraço para ti e beijo para a Rita - disse-lhe antes de desligar a chamada.

"Agora sim Tiago é a tua vez" pensei para mim antes de pôr o carro a trabalhar. Ouvi o meu telemóvel tocar, olhei no visor e era uma mensagem da Rita: "Cuida bem dela/Você não vai conhecer alguém melhor que ela/Promete pra mim/O que você jurar pra ela, você vai cumprir" sorri ao ler e reler a mensagem, nem podia a Rita imaginar, o quanto eu queria cuidar da Alexandra, aliás tudo o que eu mais queria e precisava era exatamente disso, por isso mesmo, estava a preparar-me para a encontrar.

Alexandra

Sinto-me bem aqui, afinal a minha mãe tinha razão, estes dias no cruzeiro iriam ser revitalizantes e sem dúvida alguma que estavam a ser, tirando a chamada da Rita que me deixou um pouco preocupada e a pensar nele. mas não iria deixar-me afetar. Certo que penso nele todos os dias, quero saber como está, imagino o que esteja a fazer ou com quem possa estar, contudo prometi para mim mesma aproveitar esta viagem e tudo aquilo que ela tem para oferecer. Daqui a umas horas, iriamos parar na Régua onde teriamos algum tempo para conhecer melhor o local, nunca sítios assim tão remotos me tinham parecido tão atrativos.

- Que faz uma rapariga tão linda num cruzeiro assim? - perguntou aquela voz desconhecida, assustando todos os meus pensamentos.

- Ah Olá - respondo eu quase inaudivelmente. 

- Rodrigo - o rapaz era mesmo atrevido nem perdeu tempo e foi me logo cumprimentando com dois beijos na face.

- Alexandra - retribuo o cumprimento ainda que muito incomodada com a situação.

- Mas então Alexandra que fazes aqui? - caramba que tipo atrevido não gosto muito deste género de abordagem.

- Se calhar o mesmo que tu Rodrigo não!? passear - respondo sarcasticamente e dou-lhe as costas. Cheira-me que este rapaz é daqueles para manter distância.

Tiago

Ser cantor também tem as suas vantagens, acabei por conseguir descobrir, qual o barco que a Alexandra está e que daqui a 1 hora, vão atracar na Régua e passar lá uma boa parte do dia. Tenho ideia que aquele sítio não é muito grande e poderei encontra-la facilmente. Estou ligeriamente ansioso, nervoso e sem saber qual será a reação dela quando me vir, mas espero pelo menos conseguir explicar-me ou simplesmente vê-la. Só eu sei, a vontade que tenho de a sentir nos meus braços, cheirar o cabelo dela, acariciar aquela pele tão suave.

Alexandra

Acabei por ser seguida pelo barco todo (que nestes momentos poderia ser bem maior) pelo tal Rodrigo, que paciência a minha! O tipo vai ser uma grande pedra no meu sapato estou mesmo a ver. A minha mãe foi a única pelos vistos a achar piada á situação, claro pudera só mesmo ela para rir da desgraça da filha. 

Olhei descontentamente ao meu redor, desejando em cada canto ver o Tiago e logo em seguida punindo-me por aquele tipo desagravel, estar a fazer-me lembrar o que eu tanto queria esquecer. Com um sorriso amarelo, decidi ir meter conversa com o rapaz, estava de facto a sentir-me incomodada com toda a aquela pressão e preseguição.

- Só vim até aqui para perceber o que queres? - perguntei da forma mais brusca que arranjei.

- Quanto agressividade vinda de uma princesa - sorriu-me com uma ponta de malicia, mas divertido sem dúvida, olhando para mim que já bufava.

- Tu mal me conheceste e passaste esta hora a tornar este cubiculo ainda mais pequeno !? sempre a seguir-me fosse pelos teus próprios meios ou com o olhar. Desculpa, mas não sei bem quem pensas que sou, mas dessas cenas gosto pouco ou melhor não gosto nada - precisei de respirar depois de ter dito tudo da forma mais rápida que sabia e tratei logo de voltar para perto da minha mãe.

Rodrigo 

Aquela ali já está no papo, é um pouco dura, mas eu bem gosto delas assim, pois para mim, as que se jogam fácil somem fácil e eu gosto de aproveitar bem até a última gota, embora esta aqui me pareca uma "fonte inesgotável".

Tiago 

O ínicio de tarde aproximava-se e com ele a minha chegada á Régua, se pudesse chegar antes do barco era bom, mas sabia que isso poderia ser praticamente impossivel. Acabara por parar mais vezes do que contava, depois de tantos anos a ser "conduzido" já não estava habituado a conduzir. Á medida que a minha meta parecia mais próxima, mais o pensamento balançava entre o coração e a razão, afinal de contas estava preparado para tudo o que pudesse acontecer.

"Se cuidas de mim/Eu cuido de ti também/Dentro da minha mão/Eu guardo te bem"

Alexandra 

Assim que saí do barco expirei bem fundo fechei os olhos e tentei aproveitar tudo o que aquele sítio me poderia trazer, senti alguém a agarrar-me, fui puxada contra um corpo, preparei a minha mão para dar uma cachapa naquele Rodrigo.

- Tia...go??? - senti a minha voz a fugir-me.

- Vou falar tudo o que preciso de falar mas depois - sussurrou aquelas palavras com os lábios quase colados nos meus senti o hálito dele, senti o cheiro, senti o calor da pele. 

- Depoi.. - agarrou-me carinhosamente pela nuca e beijou-me, melhor beijamo-nos como há muito o desejavamos fazer, a doçura no beijo dele misturou-se com o salgado das nossas lágrimas, não sei quanto tempo ficamos assim, mas também naquele momento nada mais importava só eu e ele. 

- Alexandra? - como ele era tão carinhoso e sexy ao mesmo tempo quando me chamava e agora ainda mais porque continuavamos aos beijos.

- Sim ? - respondi-lhe entre beijos e risadas.

- Ficas comigo? - afastou-se de mim e olhou-me nos olhos, meu Deus e que olhos como poderia eu resistir, melhor como teria eu resistido!?

- Para sempre - disse abraçando-o.

- Mas que bela cena - ouvimos umas palmas e quando olhei nem podia acreditar, era o Rodrigo quem nos aplaudia. 

- Quem é este? - Tiago não estava a perceber o que estava a acontecer e francamente nem eu estava muito certa do que se estava a passar.

- Apenas um metido a playboy que também está neste cruzeiro - respondi sem dar grande importância, porque sabia bem que tudo o que o Rodrigo iria querer era isso mesmo e eu estava feliz demais para me incomodar com tipos como ele.

- Estou a ver - respondeu-me fitando-me nos olhos.

- Não olhes assim para mim por favor - pedi muito timidamente.

- Assim como amor? - sorriu-me de forma divertida.

- Estás a fazer de propósito - dei-lhe uma palmada no braço.

- Não estou nada bébé - beijou-me uma e outra vez. Podia mesmo viver assim o resto da minha vida. 

- Vamos procurar a minha mãe - interrompi aqueles beijos não porque estivesse farta, mas porque não queria que a minha mãe acabasse o cruzeiro dela sozinha.

- Txii a tua mãe. Já nem me lembrava - respondeu-me, levando uma das mãos á cabeça.

- Isso eu reparei meu beijoqueiro - disse eu, autoritariamente.

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