Capítulo 7
Capítulo 7
Conhecendo algumas histórias...
Huma
Domingo fiquei um pouco mais na cama, mas às nove horas, meu corpo não aguentava mais e resolvi sair e fazer a caminhada no parque, igual prometi ao senhor que bateu em minha porta ontem.
Depois de andar sentei em um banco para apreciar as crianças brincarem. Era cedo ainda para o que me propus a fazer. No entanto, observei uma moça muito triste um pouco distante. Ela olhava para o horizonte e de tempo em tempo enxugava o rosto, lágrimas desciam. Fiquei invocada com aquilo, e mais, achei seu rosto familiar.
Levantei. Circulei. Sentei ao seu lado. E como quem não quer nada, perguntei:
— Oi, tudo bem?
Ela disfarçou, sorriu forçada e respondeu:
— Tudo. — Exatamente quem eu procurava.
— Pois não parece. Uma moça linda que um dia me recebeu na loja com um sorriso cativante, hoje aparenta tristeza.
Ela olhou-me buscando na memória a minha fisionomia.
— Sei que é difícil lembrar, são muitas pessoas, não é mesmo?
— Não trabalho mais na loja — disse por fim.
— Fiquei sabendo. Fui lá ontem e conheci a ex-gerente.
— Ex? A Silvia foi demitida? — indagou com os olhos arregalados.
— Ainda não, mas com certeza vai ser, ou recolocada. Vou ter uma conversa pessoalmente com o Luiz Alfredo da Mata Neto. Já pesquisei o dono da franquia.
— Então foi a senhora — Olhei feio para ela. —, me desculpe, você. Lembrei agora de você, ficou me corrigindo de chamá-la de senhora quando lhe atendi! — Sorriu. — A Cris me contou o que aconteceu. Nem acreditei. Fiquei frustrada por não ter presenciado a cena. Adoraria ter visto a cara dela sendo repreendida. Pois isto é o que ela mais gosta de fazer, além de humilhar as pessoas.
— E você como está? E não venha dizer que bem, porque não vou acreditar.
— Estou passando por um momento complicado. — Abaixou o olhar — Deixei-me levar por uma ilusão, sonhei, fantasiei coisas e pior, acreditei que poderia se tornar realidade. Tirei da minha vida uma pessoa especial por não enxergar o óbvio. Fiz uma grande besteira. Compliquei minha vida e acho que a do meu pai.
— Mas tudo tem um jeito, é apenas voltar e consertar as coisas.
— Não tem! — Balançou a cabeça. — Eu errei feio mesmo, achei que teria minha chance e... perdi dinheiro, tempo, emprego e agora meu pai pode perder o dele por minha causa.
— Não, minha querida. Somente para morte que não temos solução. Sei bem disto.
— Mas não é a mesma coisa. Eu magoei muito uma pessoa que me amava, — Ela apertou a ponta do nariz de modo a segurar o choro. — Descobri que o amo também. Acho que sempre o amei. Mas me escondia por trás de uma ilusão. Uma fantasia boba e quase infantil. Um fanatismo por uma celebridade.
— Entendo... — Fiquei confusa com sua declaração. Achei que seria mais difícil que ela se abrisse por eu ser uma desconhecida. Mas por outro lado, o desabafo assim era menos doloroso, afinal eu não a julgaria. — O que este famoso fez com você?
— Acho que ele nem tem culpa, fui eu que o coloquei em um lugar principal na minha vida. Vivia em função de sua carreira. Mas a mágoa maior é saber que ele me nem sabe quem sou... e... nem me deu atenção... mentiu e de certa forma me enganou. Justo agora que ele estava tão perto. Olhei para o ingresso deste show há mais de dois meses... — Lágrimas desciam. — Tanto dinheiro perdido...
Segurei firme no seu braço.
— Espera aí! Por acaso o seu príncipe é a tal banda de coreanos que está na cidade?
Ela me olhou assustada e não precisou responder.
— O que ele fez a você? — perguntei — Abusou de você?
— Você o conhece?
— Muito pouco, mas sei que é um chato, insistente e convencido. Se acha uma estrela e quer todos aos seus pés.
— Não... Ele não é assim... — Olhei muito séria para ela. — a verdade a culpa foi mais minha que dele.
— Então me conta que vou tirar minhas próprias conclusões.
— Eu sou apaixonada por séries asiáticas, os doramas, você já assistiu algum? — Balancei a cabeça negando. — Comecei a gostar dos grupos K-pops por consequência. Aí me apaixonei pelo Kim Kool. Além de lindo, ele sempre me pareceu mais maduro, mais homens que os demais do grupo. Acompanhei tudo que eles faziam, ia em vários shows onde o meu dinheiro pudesse me levar. Ficava horas viajando, horas em filas, não dormia e comia mal, tudo para poder vê-los cantar. Tenho tudo deles que saem em revista e jornais. Criei fã clube e sou a administradora, por essa razão recebo tudo: onde vão estar, o que estão planejando na internet e era tratada especial. Pelo menos pensava assim. Mas... Como disse passei do limite.
— Como assim? Quem passou, ele ou você?
— Eu.
— Quer me contar? Quem sabe posso ajudá-la.
— Eu tenho até vergonha — Abaixou a cabeça de novo e olhou as mãos inquietas. — Eles estão no hotel da rua Visconde, aquele luxuoso, sabe? A diária é meu salário quase. E eu fiz uma reserva de uma noite para ficar perto deles e ter uma oportunidade. E não deu nada certo. Pior, papai pode perder o emprego se ele fizer a queixa formal.
— O que você fez de tão grave?
— A minha maior raiva é essa. Nada! Nem cheguei a conversar com ele direito, nem uma foto tirei. Apenas com os meninos, os outros do grupo... Vou te contar desde o início.
...
Final de tarde fui ao bar do hotel, apreciar uma bebida especial do meu compadre, sabia que encontraria muito movimento. O grupo musical coreano dava entrevista no salão de convenções que se encontrava lotado e eles rodeados de suas fãs enlouquecidas e vários repórteres, que tiravam fotos e filmavam.
Precisava dar certo do coreano estrela vir falar comigo.
Bingo!
Mais tarde, me arrumava para o jantar, peguei-me pensando no moleque. Pois era um, no mínimo uns três a quatro anos, mais novo que eu. Lindinho na verdade, hoje observei bem, não era de estranhar as meninas todas apaixonadas. Sua beleza diferente oriental.
O que não fazia meu tipo de homem para um relacionamento. Ainda mais com um fã clube de mulheres ensandecidas. Este não era o tipo de coisa que desejava para minha vida de executiva: um astro e coreano.
Cheguei ao restaurante no horário e ele tirava fotos, distribuía autógrafos e sorrisos. Passei reto e fui procurar uma mesa. Minutos depois um garçom veio comunicar-me que tinha uma mesa exclusiva reservada para meu jantar com o senhor kim kool.
— Obrigada, mas vou ficar aqui. Não gosto de exclusividade.
Já saboreava minha salada quando ele chegou e demostrava irritação, bufava de raiva, vestido impecavelmente.
— Você não coopera comigo, Huma! — Sorri para ele e continuei a mastigar — Podemos sentar num lugar mais... Mais... Como posso dizer, tranquilo?
— Eu estou tranquila aqui. Longe da música, perto das mesas de alimentos. Perfeito!
— Você aceitou jantar comigo! — Puxou a cadeira e sentou.
— Não senhor! Eu disse que viria jantar e aceitei que me acompanhasse. Nunca falei que seria um encontro. — Tomei um pouco de água. — Se você concluiu, sinto muito.
🎶🎵🎼🎵🎶🎵🎼
Até mais, o jantar não vai esfriar.
Beijos.
Lena Rossi
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