Capítulo 3

Terceiro Capítulo

Conhecimento

Huma

Assim que entrei no meu quarto soltei a respiração de alívio.

Chegou a ser hilário ver aquele cidadão correndo na tentativa de me alcançar. Guardei minha maleta de trabalho na mesa do quarto e tirei meu celular da bolsa. Meu casaco, o pendurei na poltrona, e os meus saltos no canto perto do armário. Separei uma roupa leve e confortável, tomei um banho e ainda esperei um pouco a minha princesinha chegar.

Bruna é filha de uma grande amiga. Eu e a Joseane crescemos juntas, nossas famílias sempre foram vizinhas. Nós, ficamos pela primeira vez separadas quando fomos para faculdades, nos víamos em feriados e nas férias. Depois de ambas formadas, eu fui fazer especialização fora do Brasil, e ela, trabalhar em um grande restaurante. Ganhou experiência e arrumou um emprego através de uma agência que terceirizava profissionais. Foi trabalhar em um navio de cruzeiros pelo mundo.

Alguns anos mais tarde, em um curso de especialização conheceu o Renato, ficou grávida, casou e mudou. Sou madrinha dessa pequena, mais linda do mundo, que morro de amor. Sempre que posso dou um jeito de encontrá-los, vindo visitá-los, ou sou presenteada com a visita deles.

E todas as vezes que surge essa oportunidade de vir a essa filial, na cidade onde eles moram, não penso duas vezes para voar. Apesar da distância, e eu ter que viajar de avião, algo que detesto.

Josi é uma chef reconhecida e respeitada e o Renato um Sommelier muito bem-conceituado. Depois de formados em gastronomia os dois seguiram por áreas diferentes.

Escutei uma leve batida a porta e uma risadinha conhecida.

— Entrem! — falei, assim que abri a porta e recebi um abraço apertado — Que delícia de abraço minha picurruxa!

— Dinda, minha mãe disse que tem um moço lá em baixo de "zoim" puxado assim — Ela colocou os dedinhos no canto dos olhos e puxou, típico de uma japonesinha. —, além de lindo é famoso, que ficou muito bravo com você.

— Verdade, princesa? — Olhei para minha amiga. — Não sei o porquê, pois não fiz nada.

— Por isto mesmo! — Josi deu risada. — Não deu atenção a ele. Está poderosa hein, amiga! Dispensou um jantar com o famosinho da internet.

— Nem sei quem é esse cara — comentei, em seguido voltei atenção a Bruna — Sabe por que nem liguei para ele? Porque quero a sua companhia e de mais ninguém.

— Huma, tem certeza que ela não vai te atrapalhar? Vamos sair depois das onze da noite hoje.

— Oba! — gritamos, nós duas e completei: – A noite é nossa!

Depois de uma noite deliciosa, onde assistimos desenhos, brincamos de casinha, colorimos e comemos bastante porcaria, acordei renovada.

Entrei no banho.

Passar tempo com minha afilhada me fazia pensar em minha vida. Iria completar trinta anos este ano e não tinha menor vontade de montar uma família, ou seja, ter marido e filhos. Porém, passar horas com Bruna despertava em mim um lado maternal que antes não existia. Balancei a cabeça para tirar estes pensamentos e focar nos gerentes e diretores que iria enfrentar na reunião. Lembrei do Raul, este não deveria estar morrendo de amores por mim, por ser tão indelicada. Depois vi que tinha várias ligações perdida dele.

Sequei meu cabelo, fiz a maquiagem, escolhi uma roupa propícia para aquele dia, pois o futuro da filial May & Day, do grupo BrazilKorea dependeria de acordos fechados nestas reuniões com os empresários.

Desci para o café.

Não esperava um tumulto logo tão cedo. Recebi um comunicado assim que entrei no restaurante do hotel, dizia assim:

"Pedimos desculpas e a compreensão de todos os hóspedes por qualquer transtorno que as gravações do clipe podem vir lhes causar." A gerência.

Gravariam um clipe de uma música, da tal banda do cantor, eles precisavam aproveitar o horário de menos fluxos de pessoas no restaurante. Entrei e fui para o outro lado, assim não iria atrapalhar o meu café nem as filmagens. No entanto, era preciso dizer às atendentes que o trabalho precisava continuar.

Era somente isso que me faltava, pensei contrariada.

— Querida — chamei atenção da moça que servia as mesas —, poderia repor o leite e o café. Estou com um pouco de pressa — completei, assim que percebi que ela não se mexia, continuava a olhar em direção das filmagens.

Bati palma a sua frente.

— Oiê! Vamos trabalhar? — Ela saiu de seu transe e me encarou como se a errada fosse eu. — Quero café fresco.

Servi-me de frutas e suco até que o meu café viesse. Percebi que tudo estava do outro lado e este era o ponto que precisava evitar. Um garçom veio trazer o café e comentou.

— Desculpe-me senhorita, está complicado essas meninas trabalharem direito com aquele galã ali tão perto. — Sorriu. Com a voz mais baixa, completou: — Ainda se as bailarinas estivessem ali para alegrar a ala masculina.

— Ainda bem que não! Já bastam as moças ficarem distraídas. — Experimentei o café. — E essas filmagens não atrapalham o trabalho?

— Não, pois é a primeira vez que temos uma filmagem aqui. E eles preferiram este horário para não atrapalhar os clientes. — Ele checou o relógio. — Não são sete horas ainda, a senhorita que madruga mesmo.

Depois que ele afastou olhei em direção ao movimento. Além de curiosos tinham muitos equipamentos como: luz, câmeras e microfones.

Peguei meu tablet para verificar a agenda e ler alguns jornais para me atualizar no dia que estava por vir. Ser economista requer estar sempre focada nas finanças do Brasil e do mundo.

Acabei de tomar meu café. Guardei meus pertences para levantar, pressenti uma aproximação e escutei:

— Bom dia!

— Bom dia — respondi, antes de olhar de quem se tratava e se encontrava parado a minha frente.

E como ele não falou mais nada, voltei atenção para minha bolsa. Levantei, ajeitei-a no meu ombro, peguei minha pasta e ele continuou parado.

— Quer alguma coisa? — perguntei, já que ele não falou não e não se mexia do lugar.

— Uma explicação!

Apertei meus olhos como se buscasse na memória qual o significado dessa afirmação, no entanto, não encontrei.

— Posso saber qual?

— Você me deixou plantado ontem, não me respondeu, sem falar que fugiu de mim.

— Não me lembro de ter marcado nada com você e, desculpe-me — Olhei no relógio. —, estou atrasada. E por falar nisto, nem te conheço.

— Porque não quis.

Ignorei seu comentário e comecei a andar. Ele, porém, caminhou do meu lado e entrou à minha frente.

— Podemos marcar para hoje?

— Hum... Não! — Tentei sair de sua frente e fui barrada por ele. — Qual é a sua? Eu já disse que não te conheço e não pretendo marcar nada com você. Está difícil de entender isto?

Seus olhos escuros pareceram surpresos com as minhas palavras. Mas, sinto muito, este era meu jeito de resolver as coisas.

— Como assim não me conhece? Sou K.K.

— Sim. E você acha que eu deveria saber o que significa e representa?

— Sim. Quem não me conhece Kim Koon e a banda Hyung KK?

— Muito prazer. — Estendi a mão para ele. — Eu! Eu não te conheço.

Voltei a andar. Esbarrei nele que ficou parado, acho que demorou um pouco para assimilar o que eu tinha falado. Então parei, voltei e perguntei:

— Não é dupla sertaneja, certo?

Seu olhar pareceu-me mais confuso, perdido, enquanto isso, voltei para a tela do meu celular que vibrava, onde uma mensagem avisava que o motorista da empresa se encontrava a porta do hotel à minha espera.

******

Sério que ela fez essa pergunta para ele?

Pelo jeito nem está processando até agora o que Huma quis dizer. 

Digam aí, o que vocês acharam destes primeiros capítulos?

Votem... E muito obrigada.

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