Capítulo 10
Capítulo 10
Fim da viagem
Kim
Voltei para meu quarto devastado. Tudo dera errado. Pensando bem nem tudo. Tive um jantar, até que divertido, que poderia ter sido mais íntimo. Ela me deu o número do seu celular, apesar de que, não seria difícil consegui-lo, porque já possuía o seu de trabalho. Agora o beijo... Nada! E falam que brasileiras beijam igual um apertar de mãos, dava para ver que nem todas. E justamente quem eu queria, não entrava neste grupo.
Assim que abri a porta do quarto meu celular tocou. Paulo Garcia aparecia na tela sorrindo como um jovenzinho, usava roupas que nada combinava com ele. Ridículo.
— Oi.
— Estou ligando para te acordar. É hora de começar a se arrumar que temos um grande show para fechar essa turnê.
— E acabou por este ano, certo? Férias.
— Acho que sim. Talvez uma participação nas homenagens de natal e teremos ainda os dois programas onde você e o grupo são indicados ao prêmio.
— Sei... — respondi, estes dois últimos eu me lembrava.
Desliguei e olhei a cama. Minha vontade era deitar e acordar apenas no dia seguinte. Sentei na ponta da cama e deitei, melhor, deixei-me cair. Teria trinta minutos de descanso se pensar que meu cabelo já estava arrumado. Peguei a roupa me troquei e deitei novamente. Fechei os olhos.
Despertei com batida na porta e celular tocando. Poxa, nem parece que dormi.
— Já que é preciso continuar o show. Vamos fazer até o fim. — Levantei.
🎶🎶🎶🎶🎶🎶
Acordei no meio da tarde com a insistência de uma batida na porta. Não era possível que nem hoje me deixaria dormir sossegado, levantei resmungando.
— Quem é? — perguntei antes de abrir a porta.
— A executiva que te esnobou — respondeu uma voz forçada para ficar fina com sotaque coreano.
— Ssbai! — falei abrindo a porta.
Tinha contado para ele, porque me arrumou o convite vip e não levei ninguém. Agora teria que escutar zoação.
— Fale!
— Malas prontas? — Olhou pelo quarto e percebeu a bagunça. — Pelo jeito não. Nosso voo é daqui a pouco. Quer ajuda?
— Não vou com vocês — afirmei entrando no banheiro.
— Como assim? Por que não?
— Vou ficar aqui e descansar mais uns dias e volto na quarta.
Ele deu risada e sentou na poltrona. Claro, ele não aceitaria essa desculpa mal-arrumada, sabia que teria dedo da executiva.
— Conta outra, Kim. Tem o lance da mulher que não te quer, confessa!
— Não é bem assim. Ela já se tornou minha amiga. Não foi ao show porque trabalhava agora cedo.
— Sei... Vai ficar e viajar na classe econômica?
— Eu tenho meu esquema. Vai rolar uma coincidência e voltaremos juntos.
— Meu irmão, acho que essa mulher vai te dar trabalho e você já está apaixonado.
— Mwó!!
— Saranghae! — ele fez com os dedos o mini coração, biquinho com a boca e cara de apaixonado.
É o que me faltava. Aproximei dele e falei bem sério:
— Ai de você se espalhar essas mentiras com os meninos.
— Então está apaixonado mesmo?
— Como vou saber?
— Cara, veja tudo que você vem fazendo? Se isso não for amor, pode me explicar o que seja, pois eu nunca te vi assim.
— Vai passar assim que eu a ter nos meus braços. Conquistá-la virou um jogo fe vídeo game, sabe quando a partida é difícil e você passa a noite perdendo e morrendo? É isso! A mesma coisa. Assim que eu entender as estratégias e ganhar, deixo de jogar e parto para algo mais interessante. Entendeu agora?
— Isso se você ganhar o jogo. E se perder todas as partidas?
— O que foi? Vai minar minhas investidas?
— Claro que não! É uma hipótese. Sempre é bom ter plano B, você sempre diz isso.
— Cara, já passei dessa fase. O B já foi há vários dias. Agora que estou no caminho certo. Vai ser meu presente de natal.
— Boa sorte, não vai mesmo com a gente?
— Não. Já avisei o Garcia. Boa viagem.
Ele saiu do quarto e eu voltei para cama, mas sem sono agora. Precisava dar certo meu plano e mais uma vez Shiko iria me ajudar.
Início da noite eu liguei para ela e a convidei para jantar. Ela não aceitou e me disse que passaria a noite com sua afilhada. Convidei-as para passear no shopping perto do hotel e levar a menina para brincar nos brinquedos.
— Acredito que vai gostar mais que ficar pressa dentro de um quarto de hotel.
— Preciso falar com a mãe dela. Eu te ligo se mudar de ideia.
— Huma, um lanche, um passeio e diversão para essa criança, é só isso.
— Entendi. Não pensei nada diferente disto.
— Espero sua ligação de qualquer jeito.
Eternos minutos.
Ela aceitou. Combinamos em quinze minutos no saguão do hotel. Mas busquei-a na porta do quarto. Coloquei uma calça jeans e uma camiseta preta, boné preto e óculos bem escuros. Assim que me viu ela sorriu:
— Disfarce perfeito. Ninguém vai te reconhecer.
— Ei! Você é aquele moço que canta e dança? — uma vozinha fina e alegre me perguntou, sorridente e saltitante.
Tirei os acessórios e abaixei na altura dela.
— Você me conhece?
— Sim. Já te vi na tevelisão e nos muros da cidade. Tem uma foto sua gandona lá em baixo.
— Você é linda! — comentei e sorri. — Sabe que sua tia nunca me viu e nem sabia quem eu era?
— É minha dindinda. Ela é munto ocupada.
— Entendi. E você muito esperta. Vamos?
— Eu quero blincar na picina de bolinha.
— Eu também — afirmei
Ela deu risada e coloco a mãozinha na boca.
— Eu acho que ele é muito grande não é mesmo, Bruna? — Huma abriu a boca e se manifestou pela primeira vez.
Entramos no elevador, coloquei meu boné e óculos, como tinham mais pessoas, ficamos quietos. A pequena dava risadinhas abafadas pela mãozinha.
Não imaginei que podia me divertir tanto num parque para criança. Entrei no túnel de cercado com barreiras, me enrosquei entre as cordas, fiquei entalado entre blocos e depois desci no escorregador de rolamento e cai na piscina de bolinha. Tudo isso seguindo uma pequena, mas esperta garotinha, que me venceu três vezes na disputa.
Final da noite, cedo para meus parâmetros, deixei-as na porta do quarto, com direito a abraço da pequena Bruna, agradecimento da Huma e de brinde um sorriso. Mais nada. Ela não me contou que terminara seu trabalho e retornaria para São Paulo.
Tudo bem minha executiva favorita, me aguarde — pensei.
🎤🎤🎤
Entrei no avião e ela se encontrava sentada na poltrona de olhos fechados, acredito que esperava o aviso do comandante para decolagem.
Acomodei-me do seu lado, ela respirava profundamente, parecia nervosa e fazia isso para se acalmar.
— Quer que eu segure sua mão? – Abriu os olhos e me encarou com um par de olhos assustados. — Acho que encontrei seu primeiro ponto fraco, senhorita executiva.
Sem permissão peguei em sua mão gelada. Ela não recusou.
Assim que todos os avisos foram dados e o avião começou a se movimentar na pista ela apertou minha mão. A decolagem iniciou, Huma enrijeceu na cadeira e manteve de olhos fechados. Puxei sua cabeça para junto de mim e ela escondeu seu rosto no meu pescoço, rígida como um manequim de loja. Ficamos assim até o avião levantar voo e se estabilizar.
Senti seu corpo amolecer. Sua cabeça ganhou vida novamente e mexeu, na tentativa de se afastar de mim, porém a segurei firme e não deixei. Aproximei nossos rostos de frente um para o outro e falei:
— Não tenha medo. Eu estou com você.
*****
Aff! Acho que ela pensou: Estou com mais medo ainda.
Se perguntou?
Como este coreano caiu assim na minha vida?
Ssibai: vai se ferrar!
Mwó: O quê?
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