Capítulo 48

- Preciso contar algo para vocês. - Falo para meus tios.

- Aconteceu algo Lisa? - Tia Mary pergunta preocupada.

- Sim, mas não precisa se preocupar, não é nada ruim. - Digo. - Pelo menos eu acho que não é.

- Você está grávida? - Ela leva as mãos a boca.

- Não. - Sorrio abertamente.

- Então o que aconteceu? - Meu tio pergunta.

Me sento na poltrona de frente para eles, e fico um tempo em silêncio tentando criar coragem para falar que encontrei meu pai.

- Espero que não fiquem magoados comigo, mas eu espero que me entendam. - Peço. - Talvez se sintam traídos, mas quero que entendam que jamais deixarei de agradecer por tudo que fizeram por mim.

- Fale logo Lisa, está me deixando nervosa. - Tia Mary diz.

- Eu encontrei meu pai.

- O quê?! - Ela grita.

- Não fui atrás dele, mas o encontrei na rua.

- Mas como isso aconteceu? - Ela pergunta.

- Estava voltando para a empresa depois do almoço, e um mendigo veio nos pedir comida. - Explico. - Mas na verdade o mendigo era meu pai.

Meu tio permanece em silêncio apenas me ouvindo, e eu fico ainda mais nervosa.

- Eu o perdoei mesmo sem saber o que havia acontecido no passado, e de agora em diante quero que meu pai faça parte da minha vida. - Digo. - Mas isso não quer dizer que vou deixar vocês de lado, então não fiquem bravos comigo.

- Por que ficaríamos bravos Lisa? - Meu tio pergunta. - Ele é seu pai, então é compreensivo que deseje isso.

- Não estou brava querida. - Tia Mary sorri. - Na verdade fico feliz por enfim ter encontrado seu pai.

- Obrigada por entenderem. - Suspiro aliviada. - Eu sei que vocês não são egoístas, mas eu fiquei com medo porque amo todos da mesma forma, e não queria abrir mão de nenhum.

- Não precisa se preocupar de agora em diante. - Meu tio diz. - Eu sei que seu pai errou no passado, mas se você decidiu o perdoar é porque viu alguma mudança.

Eu deveria ter adivinhado que estava me preocupando atoa. Meus tios são bons demais para não apoiarem as minhas boas decisões.

- Izaac te contou o motivo de ter mudado? - Minha tia pergunta.

- Ele não se chama mais Izaac, e sim James. - Falo. - E sim, ele me contou.

Meu pai decidiu deixar o nome Izaac para trás quando acabou perdendo tudo, porque não queria mais nada relacionado ao seu passado, nem mesmo o seu nome.

- Que bom que ele te explicou tudo.

- Vocês já sabiam? - Pergunto.

- Sim. - Ela me responde.

- Quando James pediu para eu te buscar para morar comigo, ele me contou o motivo de não querer você por perto. - Tio Steven fala. - Eu achei tudo muito suspeito, mas ele estava tão irado com sua mãe, que não iria acreditar em ninguém naquele momento, então pensei que era melhor não te falar nada, pois poderia te deixar ainda mais magoada com seu pai.

- Foi bom não ter me falado. - Digo.

Talvez eu acabaria acreditando que minha mãe realmente era uma traidora, e iria me rebelar ainda mais. Agora eu tenho maturidade para saber que ela jamais faria isso, então foi bom saber por meu pai anos depois.

- James estava morando na rua? - Minha tia pergunta.

- Sim. - Falo. - Minha ex-madrasta tirou tudo dele e o expulsou de casa.

- Eu sabia que aquela mulher não prestava, mas ele não nos escutou. - Ela nega com a cabeça. - O que ele fará agora?

- Vincent o contratou como guarda na sua empresa.

- Ele tem lugar para ficar? - Meu tio pergunta. - Ele pode ficar aqui em casa.

- Ele está na casa do Vincent. - Digo. - Amanhã vamos procurar por um apartamento, então não precisam se preocupar.

- Seu namorado é tão atencioso. - Tia Mary pisca para mim. - Fez uma boa escolha querida.

- Pode ter certeza que sim. - Sorrio abertamente.

Vincent não tinha a obrigação de ajudar meu pai, mas está fazendo isso sem eu ao menos ter pedido. Na verdade tenho certeza que ele está o ajudando porque tem um bom coração, e não necessariamente por ser pai da sua namorada.

- Diga a ele que pode ficar aqui em casa. - Meu tio fala. - Ele sempre será bem vindo.

- Obrigada tio. - Agradeço.

- Se James precisar de um bom advogado, é só falar com Victor. - Ele fala. - Tenho certeza que ele ajudaria a recuperar seus bens.

- Ele não quer, e também disse que ela provavelmente já gastou tudo, então só daria dor de cabeça. - Falo.

Tentei convencê-lo disso, mas meu pai não quis de maneira alguma. Ele disse que vai deixar tudo para trás e vai começar do zero novamente, e dessa vez sem a interferência de ninguém.

Eu queria que ele pegasse tudo de volta não porque queria me vingar, mas porque era tudo o que ele construiu em anos e anos de trabalho.

Minha ex-madrasta provavelmente já gastou boa parte do seu dinheiro. No passado ela não sabia o que era limites em relação aos gastos, e pelo que meu pai falou piorou ainda mais, então como eu já imaginava irá acabar sem nada no final das contas.

Ela fez tanta maldades, e roubou tudo do meu pai, mas o mais importante ela não pode tirar de nós jamais. O amor que sentimos um pelo outro.

Talvez seja melhor mesmo deixar tudo para trás, pois então não teremos nada que nos lembre aquela cobra.

De agora em diante ninguém irá interferir em nosso relacionamento, e se por uma má sorte ela aparecer para tentar infernizar nossas vidas novamente, vai perceber que não sou mais aquela garotinha boba e inocente de antes, agora sei me defender muito bem.

- Tenho tanto orgulho de você. - Minha diz. - Se tornou uma mulher incrível.

- Devo tudo a vocês.

- Claro que não. - Ela nega com a cabeça. - Fizemos a nossa parte, mas quem realmente dicidiu seguir um bom caminho foi você.

Me levanto da poltrona, caminho até eles e me sento no meio dos dois.

- Obrigada por tudo. - Agradeço. - Eu não sei o que seria da minha vida sem os dois, então muito obrigada.

- Nós que precisamos agradecer querida. - Meu tio pega minha. - Seu pai nos deu um presente, e eu sou muito grato por isso.

- Eu amo vocês. - Abraço os dois.

- Também te amamos meu bem. - Tia Mary parece segurar o choro.

Óbvio que nunca fomos e nem seremos uma família perfeita, mas o mais importante é que nos amamos e respeitamos um ao outro.

🌹

- Deu tudo certo com seus tios? - Vincent pergunta.

- Graças a Deus sim.

- Eu te falei que estava se preocupando atoa. - Ele se deita no meu colo.

- Fiquei com medo que eles achassem que eu estaria traindo eles de alguma forma. - Falo.

- Eu te entendo. - Ele beija minha mão.

Meus tios cuidaram de mim praticamente minha vida toda, e do nada eu digo que perdoei meu pai que me abandonou, mas eu fui boba, e então eu fiquei com receio mesmo sabendo que eles não são o tipo de pessoas que ficariam bravos por causa disso.

- Onde está Justin e meu pai? - Pergunto.

- Justin está estudando, seu pai foi tomar banho.

- Foi tudo bem no seu primeiro dia de trabalho?

- Sim. - Vincent responde. - James é muito educado, então já chegou fazendo amizade com alguns dos trabalhadores.

- Fico feliz e aliviada. - Sorrio abertamente.

- Não precisa se preocupar com nada, irei ajudar seu pai com tudo o que ele precisar.

- Obrigada. - Agradeço.

- Não precisa agradecer. - Ele beija minha mão novamente.

A campainha da casa toca, então Vincent se levanta do meu colo e caminha até a porta em passos largos, e a abre logo em seguida, então continuo olhando e vejo uma mulher, e por algum motivo desconhecido me sinto desconfortável.

- Alyssa? - Ele pergunta.

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