Capítulo 42
- Como Vincent está? - Kathe pergunta.
- Graças a Deus ele está bem. - Suspiro aliviada.
- Ainda bem. - Ela também fica aliviada.
- O médico disse que o golpe não atingiu nenhum órgão vital, e ele desmaiou apenas porque perdeu muito sangue.
Por sorte meu apartamento não é tão longe do hospital que estamos, então Vincent foi atendido muito rápido, e graças a Deus ele está bem.
De longe vejo Phil e Matt correndo até nós, e ambos parecem preocupados.
- O que aconteceu com você? - Os dois perguntam em uníssono.
- Respirem por favor. - Peço.
- Quem te bateu Lisa? - Phil pergunta. - Não vai dizer que Vincent...
- Claro que não. - O corto. - Vincent me salvou.
- Como ele está? - Matt olha para a porta do quarto.
- Está bem. - Lhe respondo. - Está dormindo agora.
Se não fosse por Vincent, eu não sei o que Alonso teria sido capaz de fazer. Provavelmente eu estaria deitada naquela cama, ou até mesmo morta.
Ao mesmo tempo que me sinto aliviada por ter sido salva, me sinto culpada. Provavelmente Alonso iria me esfaquear, então ele se virou de costas e se machucou para me defender. Graças a Deus não foi nada grave, mas poderia ter sido.
Se ele morresse tentando me proteger, nunca seria capaz de me perdoar ou viver em paz, carregaria a culpa pelo resto da minha vida.
- Onde está o Justin? - Kathe pergunta. - Como ele reagiu a isso?
- Milla e Jared estão cuidando dele. - Falo. - Ele levou um susto enorme, mas ainda bem que tudo não passou de um susto.
- Tadinho. - Kathe suspira baixo. - Deve ter sido difícil para ele.
Se foi difícil para mim que sou adulta, imagina para ele que ainda é uma criança. Mas acho que idade nesse momento não vale de nada, tanto eu como ele ficamos com medo por Vincent. Justin ficou completamente desesperado ao ver o pai sangrando no chão, e tenho medo que isso o afete de alguma forma.
Ele ainda é pequeno, e isso não é algo que uma criança jamais deveria presenciar. Tentei o máximo possível não fraquejar na sua frente, ou então iria deixá-lo ainda mais desesperado.
No momento em que o médico veio nos ver e disse que Vincent ficaria bem, nos abraçamos rindo e choramos aliviados.
- Ainda não nos disse porque seu rosto está machucado. - Phil fala.
- Bem... - Me calo quando escuto um barulho alto.
Não preciso nem me virar para saber que é minha família que chegou no hospital.
- O que aconteceu? - Meu tio pergunta. - Vincent está bem? Por que tem hematomas no seu rosto?
- Você está bem querida? - Minha tia me abraça. - Não está ferida em nenhum lugar?
- Como está se sentindo? - Alice me olha dos pés a cabeça com preocupação. - Tem certeza que está bem?
- Um por vez. - Sorrio fraco. - Nem me lembro as perguntas que meu tio fez.
- Só estamos preocupados. - Emília pega minha mão e aperta de leve.
- Quem foi o desgraçado que ousou colocar as mãos em você? - Mark pergunta com irritação.
Ele fecha os punhos ao lado do corpo e parece pronto para matar alguém.
- Estou tentando descobrir isso desde a hora que cheguei. - Phil cruza os braços.
- Eu vou contar tudo, então fiquem calmos. - Peço.
Eu não gostaria de dizer a eles o que aconteceu no Canadá, mas agora não tenho para onde correr. Infelizmente terei que contar tudo o que eu gostaria que tivesse permanecido em segredo para sempre.
- Quando eu morava no Canadá, trabalhei para um homem chamado Alonso. No começo ele parecia um cara legal, mas nunca tive nenhum tipo de interesse por ele, mesmo o achando um bom partido. - Caminho até uma cadeira e me sento. - Depois de várias tentativas frustradas ele percebeu que não iria conseguir nada, então começou mostrar o seu verdadeiro eu. Alonso começou a vigiar meu apartamento, deixava flores e outros objetos na minha porta, todos os lugares que eu ia ele aparecia de repente, então acabei pedindo demissão do serviço, mas as perseguições não tiveram fim.
- O que aconteceu depois? - Meu tio pergunta.
- Acabei me tornando uma pessoa neurótica, e praticamente não saia do meu apartamento. Conforme o tempo foi passando, parecia que ele havia parado, pois não havia mais presentes, então achei que estava em segurança novamente. - Todo meu corpo gela ao lembrar do ocorrido. - Um dia ele invadiu meu apartamento, e tentou abusar de mim, mas consegui fugir mesmo estando ferida, e fui direto para a delegacia.
- Estava machucada? - Minha tia senta ao meu lado.
Levanto o meu vestido e monstro minha cocha para eles, e os escuto pragejarem no mesmo instante.
- Quebrei uma vaso na sua cabeça enquanto tentava fugir, mas ele ficou furioso e me jogou sobre os cacos.
- O que aconteceu depois? - Minha tia enxuga as lágrimas.
- O denuncie, mas ele conseguiu ser a vítima, enquanto eu me tornei a perseguidora louca. - Sorrio incrédula. - Depois disso decidi me mudar para Nova York novamente.
- Desgraçado! - Matt pragueja entredentes.
- Encontrei com ele novamente quando fui para o Canadá com o Vincent naquela viagem de negócios. - Digo. - Ele tentou se fazer de vítima mais uma vez, mas Vincent acreditou em mim e decidiu não fazer negócios com ele. Achei que estaria livre dele, mas pelo jeito ele estava me vigiando faz novamente. - Suspiro alto. - Alonso invadiu meu apartamento hoje, mas graças a Deus Vincent chegou antes que ele fizesse algo, mas acabou se machucando no meu lugar.
Meu tio continua em silêncio, e não parece nem um pouco feliz por eu ter mantido tudo em silêncio.
- Por que não nos falou nada Lisa? - Alice pergunta.
- Exato. - Kathe concorda com ela. - Era algo muito sério para ter mantido em segredo.
- Eu não queria preocupar nenhum de vocês. - Falo.
- Está escutando a bobeira que está falando Lisa? - Meu tio pergunta bravo. - Somos a sua família, e isso não é algo que se esconda apenas para não nos deixar preocupados.
- Eu sei tio, mas olha o que aconteceu com Vincent. - Aponto para a porta do quarto. - Acabou se machucando porque sabia o que havia acontecido comigo.
- O que teria acontecido se ele não soubesse e não tivesse chegado a tempo? - Ele retruca. - O que teria acontecido com você? Se ao menos soubéssemos, iríamos ajudá-la de alguma forma, mas só descobrimos porque aconteceu algo ruim.
Entendo que meu tio esteja bravo comigo, mas eu realmente pensei que conseguiria passar por isso sozinha, só que para minha infelicidade eu estava errada. Eu pensei que estaria protegendo eles de alguma forma, mas acabei me esquecendo que também preciso de proteção.
Sempre pensei nas consequências que traria para minha família, e esse foi o maior motivo de eu permanecer em silêncio. Tinha medo que acontecesse algo exatamente como aconteceu com Vincent, e sobre isso eu estava certa.
- Jamais esconda algo desse tipo novamente. - Meu tio aponta o dedo para mim. - Não importa o que seja, fale conosco, e se tiver alguma consequência passaremos todos juntos, porque somos uma família.
- Seu tio tem razão querida. - Tia Mary diz.
- Me perdoe. - Peço com lágrimas nos olhos. - Eu não queria deixá-los preocupados.
- Vamos esquecer tudo. - Matt me puxa para um abraço. - De agora em diante esse verme não irá chegar perto de você.
- Apesar de tudo devemos ficar felizes. - Alice fala. - Vincent está bem, então não tem motivos para tristeza.
- Você tem razão. - Emília pega minha mão. - Nada de tristezas.
- Obrigada a todos. - Agradeço. - Muito obrigada por tudo.
Todos me abraçam ao mesmo tempo, e mais do que nunca me sinto ainda mais amada por minha família e meus amigos, e apesar de tudo tenho que assumir que sou uma mulher de sorte.
Meu celular começa a tocar, então todos se distanciam de mim, e logo em seguida atendendo a ligação.
- Alô?
- Elisa Clark?
- Sim. - Digo.
- Somos da delegacia. - Um homem fala.
- Aconteceu alguma coisa? - Pergunto preocupada.
- Estou ligando para avisar que Alonso fugiu, então é melhor não sair sozinha. - Ele fala. - Mandei uns policiais para vigiar seu namorado, então fique com ele no quarto, ou vá para casa da sua família.
- Ok. - Digo apenas.
- Faremos o possível para encontrá-lo o mais rápido possível. - Ele diz.
- Obrigada. - Agradeço.
Ele finaliza a ligação, então me sento antes que eu caia pois minhas pernas estão todas trêmulas.
- O que aconteceu? - Kathe pergunta.
- Alonso fugiu.
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