Capítulo 3
- Lisa? - Alguém chama por mim.
- Oi?
Abro os olhos lentamente, e quando percebo levanto do sofá onde estou deitada mais que depressa e me sento.
- O que aconteceu? - Finjo não me lembrar.
Estou tão envergonhada com o mico que paguei que prefiro mentir que não me lembro.
- Acertaram a porta no seu rosto. - Jared parece segurar o riso.
Levo a mão ao rosto porque dói um pouco, mas não tem nenhum sinal de sangramento.
- Você nem sangrou. - Jared parece adivinhar meus pensamentos.
- Menos mal. - Sorrio sem graça.
- Me perdoe Lisa. - Milla pede.
- Não precisa se preocupar com isso. - Lhe ofereço um sorriso sincero.
- Obrigada. - Ela agradece em silêncio apenas mexendo os lábios.
Vou me levantar, então Jared me oferece a mão e me ajuda.
- Obrigada. - Agradeço.
O senhor Vincent continua trabalhando em sua mesa, e nem ao menos olhou para mim uma única vez.
Gostaria de saber o motivo dele não gostar de mim, já que nem me conhece. Mas também não me preocupo muito com sua opinião, sei que sou boa no que faço, e não vai ser esse idiota que vai dizer ao contrário.
- Desculpe por ter dado trabalho. - Peço para Jared.
- Não precisa pedir desculpa. - Ele exibe um sorriso largo. - Foi um prazer lhe carregar nos braços, pode desmaiar quantas vezes quiser.
Arregalo os olhos incrédula, e como me conheço bem devo estar muito corada.
- Não... espera. - Ele leva as mãos a cabeça. - Isso não soou muito bem.
- Se acabaram podem sair da minha sala. - Vincent diz sem tirar os olhos do computador.
Jared lhe mostra a língua no mesmo instante que ele olha para nós. Vincent fica vermelho de raiva, mas como imaginei Jared pouco se importa com sua cara amarrada.
- Deixa eu ir embora. - Falo. - E mais uma vez... Obrigada por tudo.
Me despeço de Jared e Milla, com certeza ignoro o senhor Keller porque quero, e porque sei que ele não iria dizer nada, e se por um milagre ele abrisse a boca para dizer algo, seria para cuspir seu veneno.
Abro a porta do meu carro, e me sento no banco lentamente. Jogo minha bolsa no banco do passageiro e fecho a porta em seguida.
- Que merda. - Praguejo.
Estou na estaca zero novamente, e o desespero começa a querer aparecer.
Estava preocupada se meu tio descobrisse que iria trabalhar em uma empresa rival, mas agora não preciso mais ficar com medo. Não fui contratada, e agora não sei mas o que fazer.
Ouvi falar em algum lugar que a empresa do Senhor Keller é bem mais nova que a do meu tio, mas está se destacando entre as melhores, e se Phil e Matt não fizerem um excelente trabalho, podem perder o posto para uma empresa menor que a deles.
Talvez seja até bom que eu não tenha sido contratada, meu tio e meus primos iriam arrancar meu coro viva se descobrissem.
Com toda certeza não decidi trabalhar nessa empresa para provocá-los, ou para ser espiã da minha família. Quando eu soube que eram rivais da minha família, eu já tinha sido chamada para a entrevista e sido contratada.
Havia assinado um contrato de apenas seis meses, pois Jared queria ver como eu iria me sair trabalhando para o senhor Keller. Mas nem ao menos deu tempo de trabalhar um mês sequer, aquele traste me demitiu antes.
Se eu não fizesse um bom trabalho, ou fosse uma pessoa irresponsável lhe daria toda razão, mas ele nem ao menos me deixou mostrar no que sou capaz e me chutou sem dó alguma.
Fiquei tanto tempo imersa em pensamentos olhando para o nada pelo vidro do carro, quando me dou conta da hora, percebo que perdi muito tempo.
- Se anime Lisa. - Digo a mim mesma. - Você consegue algo melhor.
Estou morrendo de vergonha de chegar em casa e dizer aos meus tios que acabei perdendo o emprego no mesmo dia. Tenho certeza que eles acharam ótimo, mas eu não estou nem um pouco feliz.
Amanhã terei que começar tudo de novo, e espero que consiga algo o mais rápido possível.
Meu celular começa a tocar, então o pego na bolsa e atendo a ligação.
- Oi Matt.
- Oi Lisa. - Fala. - Está ocupada?
- Não. - Digo.
- Não está trabalhando? - Ele pergunta.
- É uma longa história. - Suspiro alto. - Depois te conto.
Ele fica em silêncio por alguns segundos, em seguida diz:
- Achei um apartamento para você.
- Sério? - Pergunto feliz da vida.
- Estava conversando com a Alice sobre isso, e ela me falou que a moça que estava morando no apartamento da Emília está de mudança. - Ele diz. - Então a Emi sugeriu que você morasse em seu apartamento.
Esse apartamento já passou por tantas pessoas, e é como um cupido. Todas minhas amigas que moraram lá, se casaram depressa. Não tenho a intenção de me envolver com ninguém no momento, então não tem o porque me preocupar com isso.
- Vou visitar Emília então. - Digo. - Obrigada pela ajuda.
- Precisando é só falar.
Nos despedimos e finalizo a ligação feliz da vida. Pelo menos alguma coisa boa aconteceu nesse dia caótico.
Minha animação acaba no instante que me lembro que não tenho um emprego, então não tenho condições de pagar aluguel e manter um apartamento.
- Que merda... Merda... Merda... - Bato as mãos no volante.
Estava bom demais para ser verdade, deveria ter adivinhado que estava tudo tão fácil.
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- Lisa?
- Oi Emi. - Sorrio fraco.
- Entre. - Ela dá espaço para eu entrar na casa.
- Obrigada. - Agradeço.
- Eu ia te ligar agora mesmo. - Sorri abertamente.
Ela se senta e me aponta uma poltrona.
- Sério?
- Alice me falou que Matheus estava procurando um lugar para você morar. - Ela diz.
- Sim.
- Pode morar no meu apartamento se quiser.
- Isso vai depender do aluguel. - Falo.
- Não irei cobrar nada de você.
- Mas...
- Não somos tão próximas, mas sinto que seremos boas amigas. - Ela sorri abertamente.
Passei algum tempo morando no Canadá, então não tive tanto contato com Emília nesse meio tempo.
- Fico feliz ao saber que me vê como uma provável amiga. - Falo.
- Isso nós já somos. - Pisca para mim.
- Mas voltando ao assunto do apartamento... - Digo. - Não posso aceitar.
- Por que não?
- Estaria abusando da sua boa vontade.
- Esse apartamento já passou por várias mãos, e como somos todas amigas não vejo motivo algum de cobrar aluguel de você. - Ela diz.
- Tem certeza disso? - Pergunto.
- Claro. - Diz. - Pode se mudar amanhã se quiser.
- E a inquelina?
- Está de mudança hoje.
Não tenho certeza se devo aceitar, mas também me lembro que nesse momento não posso me dar ao luxo de negar.
- Se realmente não for atrapalhar, então eu aceito. - Digo por fim.
- Ótimo. - Ela exibe um sorriso largo.
Olho para o lado quando a porta da casa é aberta, e Mark entra com Hugo nos braços.
- Oi Lisa. - Ele fala. - Como você está?
- Estou bem e você?
- Ótimo.
Mark me dá um beijo no rosto, em seguida faz o mesmo com Emília.
Hugo fica meio distante de mim, e parece me estudar.
- Dê um oi para sua tia Hugo. - Emília fala.
- Oi. - Ele diz com a voz fraquinha.
- Oi. - Sorrio abertamente.
Lentamente ele vem chegando para mais perto de mim, e quando me dou conta já está sentado no meu colo.
Por passar muito tempo fora de casa, acabei não vendo os filhos de Matt e Phil crescerem. Terei que correr atrás do prejuízo agora, pois para alguns sou uma estranha.
- Você é um rapazinho muito bonito. - Aperto sua bochecha rosada.
- Obligada. - Ele sorri.
Memórias do passado me vem a mente, e me recordo que era apaixonada por Mark. Meus tios tinham quase certeza que nós dois iríamos acabar ficando juntos em algum momento de nossas vidas, mas isso nunca aconteceu, ele sempre me viu como uma irmã, e isso me deixou triste por muitos anos.
Já tem alguns anos que superei minha paixão por ele, e fico muito feliz ao ver que aquele Mark cafajeste se tornou um homem de família.
Me assusto com meu celular tocando, então o pego na minha bolsa. Vejo que é um número desconhecido, mas decido atender mesmo assim.
- Alô?
- Lisa?
Meu coração gela quando reconheço a voz no outro lado da linha.
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Bom dia meninas
Tudo bem com vocês?
Desejo a todos um bom final de semana ❤ Até segunda feira com o próximo capítulo.
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