Capítulo 13
- Papai? - Arregalo os olhos.
- Volte para a cama Justin. - Vincent fala.
- Estou com fome. - Ele fala com a voz dengosa.
- Volte para cama. - Fala novamente. - Vou ver se Joline deixou algo pronto na geladeira e já te levo.
O garoto sobe as escadas correndo então Vincent grita:
- Não corra Justin.
Ele obedece e para de correr, e começa a subir as escadarias andando.
- Não sabia que você era pai. - Falo surpresa.
- Poucas pessoas sabem sobre ele. - Responde.
Provavelmente Milla também não saiba visto que ela não me falou nada sobre isso, ou talvez o senhor Keller tenha pedido para não falar nada para ninguém.
- É um segredo? - Pergunto.
- Não. - Nega com a cabeça. - Justin morava com a avó materna que vivia no Canadá, e passava as férias comigo.
- Entendi. - Digo.
- Depois que a avó faleceu, ele começou a morar comigo. - Diz. - Faz apenas seis meses que estamos morando juntos.
Vincent começa a caminhar, e eu o sigo de perto para saber mais.
- E a mãe dele? - Pergunto curiosa.
- Ela fugiu alguns dias depois de dar a luz. - Fala bravo. - Na verdade não sou seu verdadeiro pai, o adotei depois que fui enganado por sua mãe.
Meu queixo praticamente cai no chão de tanta surpresa. Vincent parece ser um bloco de gelo, mas talvez eu esteja errada e ele não seja tão ruim quanto pensei.
- Sua vó apareceu quando ele tinha três anos, depois de descobrir que tinha um neto. - Fala. - Então ela quis o levar embora, e como eu não era seu verdadeiro pai o deixei partir mesmo contra minha vontade.
- Que história. - Digo.
- Por sorte Joane permitiu que ele viesse me visitar mesmo que fosse só nas férias.
- E a mãe dele?
- Nunca mais soube nada a seu respeito.
Na verdade não se pode nem nomear uma mulher dessa como mãe. Uma mulher capaz de abandonar o próprio filho não merece ser chamada de mãe.
- Tadinho, deve ter sofrido muito. - Suspiro alto.
- Ele finge não se importar, mas o conheço bem o suficiente para saber que ele sente falta de ter uma mãe.
- Por que não se casa? - Pergunto. - Dê uma mãe para ele.
Vincent começa a gargalhar, enquanto me encara. Cruzo os braços e fico o observando, enquanto ele continua rindo.
- Não pretendo me casar. - Fala depois de parar de rir. - Jamais.
- Por que não? - Pergunto. - Você ainda é novo, é um homem bonito...
Me calo no mesmo instante, e ele me observa atento. Para ele me acusar de dar em cima dele não custaria nada, então prefiro me manter quieta.
- Talvez eu não seja o tipo de homem que gostaria de se casar algum dia.
Vincent fica sério de repente, e parece pensar em algo. O coitado deve ter sofrido uma grande desilusão amorosa, e por esse motivo não queira se casar.
- Você sabe o que é melhor para você. - Falo. - Mas digo por experiência própria que não é agradável viver uma vida solitária.
O vazio que sentia antes foi preenchido pela minha família, mas ainda sinto falta de amar e ser amada. Não busco isso no momento porque tenho coisas inacabadas em minha vida para resolver, mas não pretendo e não quero ficar sozinha para sempre.
O amor irá acontecer para mim em algum momento da minha vida. Não o busco, apenas espero que algo aconteça e me surpreenda.
- Prefiro ter uma vida solitária, do que ser enganado novamente. - Ele fala.
- Você sabe que nem todas as pessoas do mundo são ruins não sabe? - Pergunto. - Existe pessoas boas, como existem de mal caráter, então não foque só nas coisas ruins.
Me surpreendo por estar conversando tão abertamente com meu chefe, e mais surpresa ainda por ele ter me contado algo sobre seu passado.
Vincent parece ser um bom homem, caso contrário não adotaria o filho de outra pessoa. Acho que ele está vivendo uma fase não tão boa da sua vida, posso dizer isso porque já estive em seu lugar.
Não confiava em ninguém, e por ser tão distante de todos, acabava sempre sozinha. Não é uma vida nada agradável de se viver, e se ele não mudar seus pensamentos, irá acabar ainda pior.
Confiar não é fácil, mas é preciso, para ter uma vida menos complicada. Óbvio que nem tudo na vida será perfeito, uma hora ou outra, pessoas sem escrúpulos irão cruzar nosso caminho, mas também pessoas que realmente valem a pena também irão surgir.
- Por que me chamou aqui? - Mudo de assunto.
- Poderia cuidar do Justin amanhã? - Ele pergunta.
- Eu? - Arregalo os olhos.
- Sim. - Confirma com a cabeça. - Surgiu um imprevisto, e terei que ir em reunião importante amanhã, e a moça que fica com ele enquanto estou trabalhando entrou de férias.
- Mas... mas eu nunca cuidei de uma criança.
- Justin é um bom garoto, não irá lhe dar trabalho.
- E se eu fizer algo errado? - Pergunto desesperada.
- Tenho certeza que não fará.
Não tenho a mínima ideia de como cuidar de uma criança. Minha família tem uma creche em casa, mas não tive oportunidade de aprender alguma coisa.
- Tudo bem. - Falo. - Mas não me responsabilizo se algo der errado.
- Ok. - Ele sorri de canto.
Provavelmente estou entrando em uma enrascada, mas infelizmente não tenho para onde fugir.
- Vou preparar algo para ele comer. - Vincent abre a geladeira. - Você quer algo?
- Não, obrigada. - Agradeço.
- Preciso sair em duas horas...
- Oi? - O corto. - Não era amanhã?
- Tenho que fazer uma pequena viagem. - Explica. - Então terá que dormir aqui.
- Mas...
- Já já mostro seu quarto.
- Deveria ter dito antes, eu nem trouxe roupas ou escova de dentes.
- Terá tudo o que precisar em seu quarto.
- Me desculpe, mas não irei usar roupas de mulheres que...
- Não se preocupe. - Ele me corta. - Não trago mulheres para minha casa, a não ser que trabalhe para mim.
- Então você seduz as mulheres que trabalham...
- Não Lisa. - Ele me corta. - Apenas profissionalmente.
Menos mal, porque já estava preparando o discurso para xingá-lo.
- Ótimo.
- Parece pensar o pior de mim.
- A culpa é de quem? - Retruco.
Ele percebe no mesmo instante que estou falando sobre o ocorrido mais cedo, e abaixa a cabeça envergonhado.
- Realmente não tem como me defender.
- Não. - Digo. - Mas esqueça tudo sobre esse ocorrido.
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O senhor Keller se despediu do filho e de mim depois que passou suas instruções, e foi viajar.
Não conversei muito com Justin pois ele estava sonolento, e deu tempo apenas de me apresentar e o garoto dormiu.
Agora estou deitada no quarto do lado do seu, e não consigo achar uma posição agradável. Me viro de um lado para o outro e não consigo pegar no sono.
- Que merda. - Praguejo.
Chuto o cobertor e me levanto, caminho até uma janela de vidro e olho para o céu estrelado.
Onde moro não tenho a chance de olhar para as estrelas, então aproveito a oportunidade.
Alguns minutos depois volto para a cama, mas antes de me deitar decido ir dar uma olhadinha em Justin.
Abro a porta do seu quarto lentamente, e coloco minha cabeça para dentro para observá-lo.
- Não me deixe. - Ele pede choroso.
Entro no seu quarto e corro até sua cama.
- Justin. - O chamo.
Ele parece estar sonhando, e provavelmente não é um sonho nada agradável.
- Não me deixe mamãe.
Ele joga os braços em torno do meu pescoço e me abraça com força. Meu coração dói ao ver uma criança tão pequena sofrendo pelo egoísmo da mãe.
Me deito ao seu lado e o puxo para mais perto de mim e o abraço.
- Não vou te deixar pequeno.
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Bom dia flores do dia
Tudo bem com vocês?
Até sexta feira com o próximo capítulo ❤
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