Capítulo 8
- Ni... Nina. - Alex está com os olhos arregalados. - O que você acabou de fazer?
- Preciso mesmo responder essa pergunta? - Retruco. - Tenho certeza que você sabe.
- Mas... Por quê fez isso? - Ele pergunta.
- Curiosidade talvez? - Sorrio de canto.
- Nós somos amigos...
- Não se preocupe Alex, isso não vai se repetir. - O corto.
Ele se assusta quando enfio minha mão no bolso da sua calça, mas permanece imóvel enquanto eu pego a chave.
- Você me beija do nada e diz que não vai se repetir? - Ele pergunta incrédulo.
- Por que está tão surpreso? Como eu disse anteriormente, só estava curiosa com algo, mas agora que já matei minha curiosidade, não tenho a intenção de repetir o que acabei de fazer.
- Mas...
- Ficou abalado com apenas um beijo? - O provoco.
- Claro que não. - Ele diz. - Só estou surpreso por ter sido beijado por você tão de repente. Nunca imaginei que você faria isso, então é aceitável minha supresa.
Alex ficou imóvel no mesmo instante que o beijei, e em momento algum ele retribuiu o beijo. Não sei se é porque ele ficou muito supreso, ou se realmente não sente atração alguma por mim.
Nesse momento quero socar minha cara por ter sido tão louca a ponto de beijá-lo, mas já que a merda foi feita, preciso colocar a máscara de desinteresse.
Sinto que vou desmaiar de nervoso a qualquer momento, mas agora não posso me dar ao luxo de fraquejar na sua frente.
Alex tem que acreditar que foi apenas um beijo para matar minha curiosidade, ou eu estarei bem ferrada.
Por mais que eu esteja fingindo ser uma mulher ousada nesse momento, ele sabe que não sou assim, então ele pode acabar desconfiando dos meus sentimentos por ele.
- Vamos esquecer o que acabou de acontecer. - Falo.
- Como se fosse possível. - Ela resmunga.
- Não me diga que o Alex mulherengo vai ficar abalado com apenas um beijo sem graça da sua amiga? - Sorrio de canto.
- Você está me dando medo. - Ele me olha desconfiado. - Onde está a minha amiga tímida? O que você fez com ela?
- Sua amiga tímida decidiu ir embora, então sugiro que começa a se acostumar com uma nova Nina se quiser ser meu amigo. - Dou de ombros. - Mas pode ficar despreocupado, não irei beijá-lo novamente.
- Se não tem a intenção de fazer isso, porque me beijou então? - Ele pergunta.
- Já fazia algum tempo que não beijava alguém, então pensei que seria melhor treinar com meu amigo do que com um estranho. - Minto descaradamente.
Alex não tem interesse algum por mim, mas por algum motivo parece que ele ficou decepcionado quando disse que não iria beijá-lo novamente.
- Para que está treinando Nina? - Ele pergunta irritado.
- Nunca se sabe. - Sorrio de canto. - Talvez...
- Chega de talvez. - Ele me corta. - Não quero saber o que se passa na sua mente agora.
- É melhor não saber mesmo. - Cochicho. - Poderia ficar horrorizado.
Me levanto do sofá e começo a caminhar em direção a porta em passos lentos.
Como estou de costas para Alex, finalmente posso respirar tranquilamente. Levo minha mão ao peito e percebo o quanto meu coração está acelerado.
Apesar de estar morrendo de nervosismo, sei que mereço um Oscar de excelente atriz por ter fingido tão bem.
Se Alex realmente pudesse saber o que se passa na minha mente e no meu coração, com toda certeza ficaria horrorizado. Ele acha que me conhece muito bem, mas se isso fosse verdade já teria percebido que estou apenas mentindo, ou ele sabe e apenas finge não saber.
Coloco a chave na fechadura da porta, mas antes que eu a destranque alguém mexe do lado de fora.
- Heitor? - Arregalo os olhos assim que abro a porta. - O que está fazendo aqui?
- Estava passando em frente, então decidi te chamar para jantar comigo. - Ele sorri de canto.
- Quem está aí Ni... - Alex se cala assim que vê Heitor.
Heitor olha para Alex, em seguida olha para mim e pergunta:
- Quem é esse homem?
- Meu amigo. - Digo apenas.
- Por que estava trancada no seu escritório com seu amigo?
- Não é da sua conta Heitor. - Retruco.
Alex caminha para mais perto de mim, e com um largo sorriso fala:
- Estávamos brincando um pouquinho.
Sua provocação não surte efeito algum em Heitor, então ele rebate:
- Você provavelmente é apenas uma diversão para Nina, porque se fosse algo sério todos já saberíamos.
- Posso ser apenas diversão, mas eu ainda sou alguma coisa. - Alex diz. - E você é o que?
- Por enquanto nada, mas pode ter certeza que Nina será minha algum dia. - Heitor cruza os braços. - Ela pode me rejeitar no momento, mas nunca fujo de uma boa conquista.
Alex tenta avançar sobre Heitor mas entro no meio dos dois.
- Se querem brigar, façam isso fora da minha empresa. - Digo séria.
- Mas...
- Nada de mas. - Corto Alex. - A não ser que querem ser expulsos por mim, continuem com a competição de egos.
Os dois se distanciam enquanto se encaram, então coloco os dois para fora do escritório e fecho a porta em seguida.
- Vai jantar comigo Nina? - Heitor pergunta. - Já fiz a reserva no seu restaurante preferido.
- Sério? - Me animo por alguns segundos.
- Nina já tem compromisso comigo. - Alex fala. - Então vá jantar sozinho.
- Não me lembro de ter marcado alguma coisa com você. - Olho confusa para Alex.
- Você esqueceu Nina? - Alex começa a fazer umas caretas engraçadas. - Hoje iríamos ao cinema.
- Está louco? - Pergunto. - Não marcamos de ir ao cinema hoje.
- Então se não tem nenhum compromisso com seu amigo, venha jantar comigo. - Heitor sorri abertamente. - Você deve estar com fome.
- Estou. - Assumo enquanto passo a mão na barriga.
Sou surpreendida quando Heitor pega minha mão, e começa a caminhar em direção ao elevador. De repente sou impedida de continuar a andar quando Alex também segura minha mão, e me puxa para perto de si.
Heitor me puxa para seu lado novamente, em seguida Alex faz o mesmo, e ficamos nesse vai e vem por alguns segundos, então começo a me irritar com a atitude infantil dos dois.
- Vocês dois poderiam parar?! - Puxo minhas mãos com brusquidão.
Eles ainda tem a cara de pau de me olharem constrangidos, como se não fossem culpados por minha irritação.
- Desculpe. - Os dois pedem ao mesmo tempo.
- Eu pedi desculpa primeiro. - Alex fala.
- Eu pedi primeiro. - Heitor retruca.
- Não foi eu Nina? - Alex me pergunta.
- O que fiz para merecer isso? - Começo a caminhar em direção ao elevador. - Tão infantis.
Antes que eu aperte no botão do elevador, Heitor faz isso por mim, então agradeço:
- Obrigada.
- Por nada. - Ele sorri.
Alguns segundos depois a porta se abre, então entro no elevador, e em seguida os dois fazem o mesmo e começa a guerra para ver quem vai apertar o botão do elevador.
- Para fora! - Grito.
- Mas...
- Agora! - Corto Heitor.
Alex dá um sorriso de satisfação quando Heitor sai do elevador, então cruzo os braços e pergunto:
- O que está fazendo? Por quê ainda não saiu?
- Mas... eu... ele...
Dessa vez Heitor sorri enquanto Alex sai do elevador, então aperto no botão em seguida, e a última coisa que vejo antes que a porta se feche, são os dois se encarando de perto.
- Idiotas. - Murmuro baixinho.
Parecem dois adolescentes brigando por uma garota, e olha que Alex é apenas meu amigo, e Heitor nem isso é.
Para falar a verdade estou surpresa com a atitude dos dois. Achei que Heitor iria agredir Alex, mas por incrível que pareça ele não fez isso.
O motivo do Alex estar agindo dessa forma, é porque não confia no Heitor, mas mesmo que eu tenha prometido a mim mesma esquecê-lo, isso me faz me iludir novamente, e ter um pouco de esperança.
Eu deveria socar minha cara por ser tão estúpida, deveria me escutar e tentar esquecer Alex por completo, mas eu passo muito tempo ao seu lado, e isso torna tudo ainda mais difícil.
A porta do elevar se abre, então começo caminhar rapidamente, mas antes que eu tenha a chance de sair do prédio, os dois aparecem ao meu lado ofegantes.
- Vocês...
- De... descemos... as... as... escadarias... co... correndo. - Alex fala praticamente sem fôlego.
Ignoro que os dois estejam praticamente mortos de cansados, e começo a caminhar novamente.
Como não poderia ser diferente, Heitor e Alex começam a caminhar atrás de mim, mas escuto os dois praguejando, então paro e olho para trás de repente, e os dois estão andando apoiado um no outro.
Os dois se empurram com tanta força quando percebem que me virei, que quase caem no chão.
- Podem continuar. - Aponto para os dois. - Não irei atrapalhar os pombinhos novamente.
- Não...
Quando Alex começa a falar, me viro e começo a andar rapidamente. Assim que saio do prédio, abro minha bolsa para pegar a chave do meu carro, mas logo me lembro que ele está no conserto e eu vim de Táxi.
- Merda. - Praguejo.
Não posso nem sonhar em pegar carona com um dos dois, se não terei que aguentar um dos dois reclamando no meu ouvido o resto da vida.
Me assusto quando alguém para um carro ao meu lado e buzina. Quando o vidro é aberto, automaticamente um sorriso se forma no meu rosto.
- Oi Pablo.
- Boa noite Nina. - Ele deseja. - Quer uma carona?
- Claro. - Digo ainda sorrindo.
Pablo sai do carro, caminha até eu e abre a porta.
- Obrigada. - Agradeço ao me sentar.
Enquanto coloco o cinto de segurança, Pablo dá a volta no carro, em seguida se senta no banco e fecha a porta.
Olho para o lado e não vejo Alex e Heitor, então suspiro aliviada por ter me livrado dos dois, mas minha alegria se acaba quando vejo que os dois se sentaram no banco do passageiro.
- O que pensam que estão fazendo? - Pergunto incrédula.
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